Scorpions - Return To Forever |
O Ferrão Sem Veneno do
Escorpião Geriátrico
Por
Trevas
Falar sobre o passado
do Scorpions é balela, não teria
absolutamente nada de novo a acrescentar. A maior banda de rock alemã em todos
os tempos tem lá seus mais de 100 milhões de discos vendidos na carreira e sua
fama transcende em muito o nicho do rock pesado. O fato é que o avassalador
sucesso dos anos 1980 esmoreceu um pouco nos meados da década seguinte, e os caras
viveram um ciclo alternando reinvenção (às vezes com sucesso, como em Face The Heat e Humanity, às vezes beirando a catástrofe, como no horroroso Eye II Eye) com apelação para os velhos
clássicos em formatos diferentes (também com resultados diferentes, Acoustica é uma bomba inclemente, mas Moment Of Glory tem seu charme).
Escorpiões vestindo Lycra? Ah os anos 1980!!! |
Após essa fase confusa e já começando a enxergar o fim da linha (Klaus Meine e Rudoplh Schenker já estão se aproximando dos 70), os teutônicos
resolveram fazer as pazes com seu passado e concentraram seus esforços no Hard
Rock que fizera sua fama. Vieram o legalzinho Unbreakable e os ótimos Humanity
e Sting In The Tail. Esse último
então supostamente o canto do cisne, seguido de uma turnê de despedida algo
acidentada devido a problemas nas cordas vocais de Klaus.
Ok,
respeitando a cartilha dos clichês do mundo do rock, os alemães cancelaram a
aposentadoria e desde então vem fazendo shows e novamente remexendo o catálogo
pregresso em formatos diversificados (regravações em Comeblack e novamente acústicos pela MTV).
Remexendo o passado
Após
rearranjar algumas faixas antigas para o show acústico para a MTV, a banda resolveu abrir o baú e
mexer em faixas inacabadas. A intenção era trabalhar algumas dessas ideias e
lançar sem muito alarde, como um presente para os fãs. Mas ao trabalhar nessas
faixas com os produtores Martin Hansen
e Mikael "Nord" Andersson
(que já vinham trabalhando com o Scorpions
desde Sting In The Tail), acabaram
por optar lançar um disco inteiro, misturando ideias antigas e novas faixas.
O Disco
A
premissa parece interessante, mas uma pena que pouco disso transpareça no
resultado final. Só para se ter noção, das 12 faixas presentes, nada menos que
5 foram compostas integralmente pela dupla de produtores. Ou seja, a imagem
vendida de que estamos lidando com pérolas perdidas dos anos 1980 é pura
balela. Mas nada disso importaria caso as músicas fossem bacanas. Mas não é o
que acontece.
Going Out With a Bang é uma faixa algo
bluesy e sem muito brilho, muito pouco para uma abertura de disco. Já We Built This House (ver vídeo) é o típico
Scorpions que muitos aprenderam a
amar (ainda que curiosamente seja escrita pelos produtores), uma power ballad
bonita e marcante, com algo da parceria com Desmond Child.
Rock My Car efetivamente é uma
das músicas retrabalhadas do passado. Bem e é apenas...passável. A balada House Of Cards faz um papel melhor, é
bonitinha, ainda que nada especial. All
For One é um rockão direto e curto, bacana e com algo de Kiss em um dos riffs. A simplicidade
rocker continua com a boa Rock’n’Roll
Band, que perde um pouco por contar com um refrão preguiçoso. A dupla Catch Your Luck And Play e Rollin’ Home parece parte daquelas
músicas sem pegada de discos menores como Pure
Instinct e Eye II Eye, aguadas e
facilmente esquecíveis.
2015, sessão de fotos num asilo em Hannover? |
O peso retorna apenas um pouquinho com Hard Rockin’ The Place, mas o disco só recuperou mesmo minha
atenção com a bonitinha Eye Of the Storm
(ver vídeo), balada composta durante as sessões do subestimado Humanity. O bom Boogie The Scratch tem algo de Alice Cooper em sua aura, o que
definitivamente é muito bom. Sem muito alarde, o repertório da edição normal encerra
com a sem graça Gypsy Life, faixa
inicialmente composta para o acústico da MTV.
Dá para entender o porquê de ter ficado de fora. A edição limitada ainda conta
com quatro faixas bônus, mas não tive acesso à essa versão.
Saldo Final
Após
dois ótimos discos de inéditas, infelizmente o Scorpions errou a mão. Return
To Forever passa muito longe de ser um disco ruim ou irritante, mas talvez
sofra de um mal pior: é insosso, daqueles discos que você coloca para tocar
enquanto faz alguma coisa e nem percebe a passagem das músicas. Possivelmente
poucos se lembrarão dele no meio da longa discografia da banda. Não, não há
sequer uma faixa aqui que mereça um espacinho no set dos shows vindouros. Espero
que esse não venha a ser o último da carreira dos caras, pois nesse quesito
eles estavam muito melhor servidos com o delicioso Sting In the Tail.
NOTA: 6
Indicado
para:
Fãs
incondicionais e aqueles afeitos à roquinhos Rádio Cidade.
Fuja
se:
Se
estiver atrás de músicas mais vigorosas.
Classifique
como: Hard Rock, Melodic Rock
Para
Fãs de: Scorpions, Alice Cooper, Def Leppard.
Ficha
Técnica
Banda:
Scorpions
Origem:
ALE
Site
Oficial: http://www.the-scorpions.com/
Disco
(ano): Return To Forever (2015)
Mídia:
CD
Lançamento:
Sony Music (nacional)
Faixas
(duração): CD - 12 (47’).
Produção:
Martin Hansen e Mikael "Nord" Andersson
Arte
de Capa: Não encontrei informações
Formação:
Klaus
Meine – voz;
Rudolph
Schenker – guitarra e backing vocals;
Matthias
jabs – guitarra;
Pawel
Maciwoda – Baixo;
James
Kottak – bateria e backing vocals.
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