terça-feira, 26 de maio de 2015

Scorpions - Return To Forever (Cd - 2015)

Scorpions - Return To Forever
O Ferrão Sem Veneno do Escorpião Geriátrico
Por Trevas

Falar sobre o passado do Scorpions é balela, não teria absolutamente nada de novo a acrescentar. A maior banda de rock alemã em todos os tempos tem lá seus mais de 100 milhões de discos vendidos na carreira e sua fama transcende em muito o nicho do rock pesado. O fato é que o avassalador sucesso dos anos 1980 esmoreceu um pouco nos meados da década seguinte, e os caras viveram um ciclo alternando reinvenção (às vezes com sucesso, como em Face The Heat e Humanity, às vezes beirando a catástrofe, como no horroroso Eye II Eye) com apelação para os velhos clássicos em formatos diferentes (também com resultados diferentes, Acoustica é uma bomba inclemente, mas Moment Of Glory tem seu charme).

Escorpiões vestindo Lycra? Ah os anos 1980!!!
Após essa fase confusa e já começando a enxergar o fim da linha (Klaus Meine e Rudoplh Schenker já estão se aproximando dos 70), os teutônicos resolveram fazer as pazes com seu passado e concentraram seus esforços no Hard Rock que fizera sua fama. Vieram o legalzinho Unbreakable e os ótimos Humanity e Sting In The Tail. Esse último então supostamente o canto do cisne, seguido de uma turnê de despedida algo acidentada devido a problemas nas cordas vocais de Klaus.


Ok, respeitando a cartilha dos clichês do mundo do rock, os alemães cancelaram a aposentadoria e desde então vem fazendo shows e novamente remexendo o catálogo pregresso em formatos diversificados (regravações em Comeblack e novamente acústicos pela MTV).

Remexendo o passado
Após rearranjar algumas faixas antigas para o show acústico para a MTV, a banda resolveu abrir o baú e mexer em faixas inacabadas. A intenção era trabalhar algumas dessas ideias e lançar sem muito alarde, como um presente para os fãs. Mas ao trabalhar nessas faixas com os produtores Martin Hansen e Mikael "Nord" Andersson (que já vinham trabalhando com o Scorpions desde Sting In The Tail), acabaram por optar lançar um disco inteiro, misturando ideias antigas e novas faixas.


O Disco
A premissa parece interessante, mas uma pena que pouco disso transpareça no resultado final. Só para se ter noção, das 12 faixas presentes, nada menos que 5 foram compostas integralmente pela dupla de produtores. Ou seja, a imagem vendida de que estamos lidando com pérolas perdidas dos anos 1980 é pura balela. Mas nada disso importaria caso as músicas fossem bacanas. Mas não é o que acontece.

Going Out With a Bang é uma faixa algo bluesy e sem muito brilho, muito pouco para uma abertura de disco. Já We Built This House (ver vídeo) é o típico Scorpions que muitos aprenderam a amar (ainda que curiosamente seja escrita pelos produtores), uma power ballad bonita e marcante, com algo da parceria com Desmond Child.


Rock My Car efetivamente é uma das músicas retrabalhadas do passado. Bem e é apenas...passável. A balada House Of Cards faz um papel melhor, é bonitinha, ainda que nada especial. All For One é um rockão direto e curto, bacana e com algo de Kiss em um dos riffs. A simplicidade rocker continua com a boa Rock’n’Roll Band, que perde um pouco por contar com um refrão preguiçoso. A dupla Catch Your Luck And Play e Rollin’ Home parece parte daquelas músicas sem pegada de discos menores como Pure Instinct e Eye II Eye, aguadas e facilmente esquecíveis.

2015, sessão de fotos num asilo em Hannover?
O peso retorna apenas um pouquinho com Hard Rockin’ The Place, mas o disco só recuperou mesmo minha atenção com a bonitinha Eye Of the Storm (ver vídeo), balada composta durante as sessões do subestimado Humanity. O bom Boogie The Scratch tem algo de Alice Cooper em sua aura, o que definitivamente é muito bom. Sem muito alarde, o repertório da edição normal encerra com a sem graça Gypsy Life, faixa inicialmente composta para o acústico da MTV. Dá para entender o porquê de ter ficado de fora. A edição limitada ainda conta com quatro faixas bônus, mas não tive acesso à essa versão.


Saldo Final
Após dois ótimos discos de inéditas, infelizmente o Scorpions errou a mão. Return To Forever passa muito longe de ser um disco ruim ou irritante, mas talvez sofra de um mal pior: é insosso, daqueles discos que você coloca para tocar enquanto faz alguma coisa e nem percebe a passagem das músicas. Possivelmente poucos se lembrarão dele no meio da longa discografia da banda. Não, não há sequer uma faixa aqui que mereça um espacinho no set dos shows vindouros. Espero que esse não venha a ser o último da carreira dos caras, pois nesse quesito eles estavam muito melhor servidos com o delicioso Sting In the Tail.

NOTA: 6

Indicado para:
Fãs incondicionais e aqueles afeitos à roquinhos Rádio Cidade.
Fuja se:
Se estiver atrás de músicas mais vigorosas.

Classifique como: Hard Rock, Melodic Rock

Para Fãs de: Scorpions, Alice Cooper, Def Leppard.
Ficha Técnica
Banda: Scorpions
Origem: ALE
Disco (ano): Return To Forever (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Sony Music (nacional)

Faixas (duração): CD  - 12 (47’).

Produção: Martin Hansen e Mikael "Nord" Andersson
Arte de Capa: Não encontrei informações

Formação:
Klaus Meine – voz;
Rudolph Schenker – guitarra e backing vocals;
Matthias jabs – guitarra;
Pawel Maciwoda – Baixo;
James Kottak – bateria e backing vocals.

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