sexta-feira, 29 de maio de 2015

Faith No More – Sol Invictus (Cd – 2015)

Faith No More - Sol Invictus (Cd - 2015)
O retorno do Estranho Familiar
Por Trevas

O Jovem Trevas e o FêNêMê

1992, o jovem Trevas ainda engatinhava em relação a conhecimentos musicais, sua dieta se equilibrava entre o consumo de bandas de rock radiofônicas (ah sim, fitas cromo de 90 minutos e o dedo sempre rápido no gatilho do “rec”) e aventuras gourmet com as belezuras que me eram apresentadas por amigos e/ou parentes. Dentro da primeira categoria, uma de minhas favoritas naqueles tempos era justamente o Faith No More (FNM ou FêNêMê, para os íntimos). Epic havia catapultado a banda estadunidense ao Valhalla da MTV, e as músicas do Real Thing, terceiro trabalho dos caras, eram uma constante na programação das rádios jovens (chamar de rádios rock é um baita exagero, não?). O infame Rap/Funk Metal era tentativamente a modinha da hora, e o descolado Mike Patton, vejam só, era então um projeto de sex symbol para as meninas. Era um mundo estranho. E nesse mundo estranho, na minha vitrola (sim, vi-tro-la) Live At The Brixton Academy rodava sem parar.

Quase furei esse disco de tanto escutar
Estava sentado na minha carteira na escola quando um caboclo chega com uma notícia bombástica: ele havia visto um disco novo do FNM numa loja lá no centro da cidade do Rio. Tinha a porra duma garça na capa!!! Sim, pessoal, nesse mundo estranho não havia internet para nos antecipar faixas meses antes do lançamento do álbum e sim, existiam lojas de discos aos montes, tal qual existiram dinossauros milhares de anos atrás...

Naquela época eu estava fazendo bicos revendendo livros (Círculo do Livro, lembram?), o que dava uma certa aditivada na minha mesada. Juntei os cascalhos e rumei para uma lojinha de discos lá no bairro onde morava. Voltei para casa felizão com Angel Dust debaixo do braço. Rapidamente desembalei o disco e coloquei na vitrola. Land Of Sunshine tomou de assalto os alto-falantes e pensei: QUE PORRA É ESSA?!?!?!?!??!?!?!

Angel Dust - um clássico amalucado
Angel Dust era um disco estranho, em especial para moleques que como eu não tinham lá muitas referências musicais. A imprensa se dividiu, muitos acharam o disco genial, outros tantos, uma bosta retumbante. Todos concordavam em um ponto: o FNM havia cometido o famigerado suicídio comercial. A banda parecia irritada com seu sucesso e fazia de tudo para miná-lo: as letras passaram a ser provocativas demais para o mainstream (Be Aggressive e sua ode a felação gay, por exemplo), Patton resolveu adotar um visual porteiro feioso em resposta aos gritinhos das fãs, e o experimentalismo foi a arma usada contra a MTV. Daí em diante se sucederam King For a Day Fool For A Lifetime e Album Of The Year, mais dois esforços gratuitos de desconstrução de tudo o que o grande público esperava do FNM

Angel Dust se tornou um de meus discos favoritos, mas minha relação com a banda sofreu um duro golpe em 1995. Finalmente tive a oportunidade de ver os caras, numa edição do Monsters Of Rock que contou também com Paradise Lost (divulgando Draconian Times) e Ozzy. O show foi simplesmente horrível, um dos piores que já vi. Tão ruim que mesmo com todo o apelo de Epic e afins junto ao público headbanger, a banda foi enxotada do palco aos gritos de Ozzy, Ozzy. Tentaram ainda ganhar o público tocando o início da versão de War Pigs imortalizada em Live At The Brixton Academy, mas foi em vão. O FNM foi enxotado dos palcos e da minha coleção de discos ao mesmo tempo.

Do Culto ao Retorno Silencioso

Apesar de todos os esforços, e talvez justamente por conta deles, o FNM acabou perdendo seu espaço no mainstream e galgando terreno naquele estranho limbo no qual colocamos as bandas Cult. Do Prog Metal ao Nu Metal, muitas bandas surgidas ao final dos anos 1990 evocariam os amalucados estadunidenses como sua principal influência. Uma nova geração de fãs do FNM surgiu sem nunca ter visto a banda na ativa. Eis que em 2009 os caras retornam aos palcos sem muito alarde. A turnê foi se esticando conforme a demanda surpreendentemente aumentava, só terminando lá pelos idos de 2012. Apesar do sucesso do retorno, nada era falado nas entrevistas que desse a entender que os cabruncos gravariam novamente. Num dos raros casos de surpresa nos tempos atuais, ao final e 2014 foi anunciado que o novo disco, Sol Invictus, já estava no forno. Agora o desafio do FNM é totalmente diferente: se nos anos 1990 eles desafiavam o mainstream, sempre lutando contra o que o grande público deles esperava, o que fazer quando justamente se espera de você o inesperado????

Sol Invictus

Sol Invictus, a faixa, traz um piano e uma batida marcial com um Mike Patton emulando em seus versos o ébrio Tom Waits em toda sua glória. Tão logo ela encerra, somos assaltados por Superhero (ver vídeo), segunda música de trabalho e grande destaque do disco. Talvez o mais próximo que a banda já chegou de condensar todas as suas nuances em uma só faixa, parece impossível ela não se tornar um novo clássico. 


Sunny Side Up fica situada naquele lugar estranho entre a radiofonia e cacofonia, especialidade do FNM. O refrão chega a enjoar um pouquinho pela repetição, mas no final das contas o resultado é positivo. Separation Anxiety é virulenta e climática, marcada pelo baixo de Billy Gould (produtor da bolacha), com um interessante crescendo do meio para o final, mas nada de realmente especial. Cone Of Shame em seu início parece querer invocar a trilha sonora de algum western ruim e, tal como sua antecessora, cresce em seu final. Uma peça bastante experimental, mas bacana.  Rise Of the Fall lembra algo do Mr. Bungle em seus momentos menos inspirados, e tem um clima caribenho meio sacal, apesar de algumas linhas interessante de Patton.

FNM conjurando o caboclo papacu
A ótima Black Friday tem que ser uma homenagem à Nick Cave & The Bad Seeds! Certamente um dos destaques da bolachinha. A primeira música de trabalho, Motherfucker (ver vídeo), só pareceu realmente estranha àqueles que pouco conhecem os discos do FNM. Uma faixa curta e certeira guiada pelo teclado de Roddy Bottum, que sintetiza algumas características da banda muito bem (o interlúdio de guitarra é o mais próximo de Real Thing que eles se permitem chegar atualmente).


Matador pode parecer estranha em seu início, mas se desenvolve de forma familiar e deve agradar aos fãs de todas as fases da banda. Já From The Dead é bem fraquinha, um arremedo de folk alegrinho para lá de dispensável.

Saldo Final
A loucura e caos controlados do FNM estão presentes em cada um dos parcos 39 minutos de Sol Invictus e a banda parece ter sobrevivido ao peso da expectativa da melhor maneira possível: sendo honesta. Ao contrário de outrora, o novo material dificilmente causará espanto, mas temo que também não venha causar muito frisson. Sol Invictus é um bom disco, daqueles que fazem muito mais sentido como um todo do que por suas faixas em separado, mas está longe de ser um marco na história do rock e até mesmo na discografia não tão longa da banda.

NOTA: 7

Indicado para:
Fãs do FNM de Angel Dust em diante
Fuja se:
A banda para você se resume a The Real Thing.

Classifique como: Faith No More

Para Fãs de: Faith No More, Pain Of Salvation.
Ficha Técnica
Banda: Faith No More
Origem: EUA
Site Oficial: http://www.fnm.com/
Disco (ano): Sol Invictus (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Voice Music (nacional)

Faixas (duração): CD  - 10 (39’).

Produção: Billy Gould
Arte de Capa: Martin Kvamme

Formação:
Mike Patton – vocals;
Billy Gould – baixo;
Joh Hudson – guitarra;
Roddy Bottum – teclados;
Mike Bordin – bateria.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Scorpions - Return To Forever (Cd - 2015)

Scorpions - Return To Forever
O Ferrão Sem Veneno do Escorpião Geriátrico
Por Trevas

Falar sobre o passado do Scorpions é balela, não teria absolutamente nada de novo a acrescentar. A maior banda de rock alemã em todos os tempos tem lá seus mais de 100 milhões de discos vendidos na carreira e sua fama transcende em muito o nicho do rock pesado. O fato é que o avassalador sucesso dos anos 1980 esmoreceu um pouco nos meados da década seguinte, e os caras viveram um ciclo alternando reinvenção (às vezes com sucesso, como em Face The Heat e Humanity, às vezes beirando a catástrofe, como no horroroso Eye II Eye) com apelação para os velhos clássicos em formatos diferentes (também com resultados diferentes, Acoustica é uma bomba inclemente, mas Moment Of Glory tem seu charme).

Escorpiões vestindo Lycra? Ah os anos 1980!!!
Após essa fase confusa e já começando a enxergar o fim da linha (Klaus Meine e Rudoplh Schenker já estão se aproximando dos 70), os teutônicos resolveram fazer as pazes com seu passado e concentraram seus esforços no Hard Rock que fizera sua fama. Vieram o legalzinho Unbreakable e os ótimos Humanity e Sting In The Tail. Esse último então supostamente o canto do cisne, seguido de uma turnê de despedida algo acidentada devido a problemas nas cordas vocais de Klaus.


Ok, respeitando a cartilha dos clichês do mundo do rock, os alemães cancelaram a aposentadoria e desde então vem fazendo shows e novamente remexendo o catálogo pregresso em formatos diversificados (regravações em Comeblack e novamente acústicos pela MTV).

Remexendo o passado
Após rearranjar algumas faixas antigas para o show acústico para a MTV, a banda resolveu abrir o baú e mexer em faixas inacabadas. A intenção era trabalhar algumas dessas ideias e lançar sem muito alarde, como um presente para os fãs. Mas ao trabalhar nessas faixas com os produtores Martin Hansen e Mikael "Nord" Andersson (que já vinham trabalhando com o Scorpions desde Sting In The Tail), acabaram por optar lançar um disco inteiro, misturando ideias antigas e novas faixas.


O Disco
A premissa parece interessante, mas uma pena que pouco disso transpareça no resultado final. Só para se ter noção, das 12 faixas presentes, nada menos que 5 foram compostas integralmente pela dupla de produtores. Ou seja, a imagem vendida de que estamos lidando com pérolas perdidas dos anos 1980 é pura balela. Mas nada disso importaria caso as músicas fossem bacanas. Mas não é o que acontece.

Going Out With a Bang é uma faixa algo bluesy e sem muito brilho, muito pouco para uma abertura de disco. Já We Built This House (ver vídeo) é o típico Scorpions que muitos aprenderam a amar (ainda que curiosamente seja escrita pelos produtores), uma power ballad bonita e marcante, com algo da parceria com Desmond Child.


Rock My Car efetivamente é uma das músicas retrabalhadas do passado. Bem e é apenas...passável. A balada House Of Cards faz um papel melhor, é bonitinha, ainda que nada especial. All For One é um rockão direto e curto, bacana e com algo de Kiss em um dos riffs. A simplicidade rocker continua com a boa Rock’n’Roll Band, que perde um pouco por contar com um refrão preguiçoso. A dupla Catch Your Luck And Play e Rollin’ Home parece parte daquelas músicas sem pegada de discos menores como Pure Instinct e Eye II Eye, aguadas e facilmente esquecíveis.

2015, sessão de fotos num asilo em Hannover?
O peso retorna apenas um pouquinho com Hard Rockin’ The Place, mas o disco só recuperou mesmo minha atenção com a bonitinha Eye Of the Storm (ver vídeo), balada composta durante as sessões do subestimado Humanity. O bom Boogie The Scratch tem algo de Alice Cooper em sua aura, o que definitivamente é muito bom. Sem muito alarde, o repertório da edição normal encerra com a sem graça Gypsy Life, faixa inicialmente composta para o acústico da MTV. Dá para entender o porquê de ter ficado de fora. A edição limitada ainda conta com quatro faixas bônus, mas não tive acesso à essa versão.


Saldo Final
Após dois ótimos discos de inéditas, infelizmente o Scorpions errou a mão. Return To Forever passa muito longe de ser um disco ruim ou irritante, mas talvez sofra de um mal pior: é insosso, daqueles discos que você coloca para tocar enquanto faz alguma coisa e nem percebe a passagem das músicas. Possivelmente poucos se lembrarão dele no meio da longa discografia da banda. Não, não há sequer uma faixa aqui que mereça um espacinho no set dos shows vindouros. Espero que esse não venha a ser o último da carreira dos caras, pois nesse quesito eles estavam muito melhor servidos com o delicioso Sting In the Tail.

NOTA: 6

Indicado para:
Fãs incondicionais e aqueles afeitos à roquinhos Rádio Cidade.
Fuja se:
Se estiver atrás de músicas mais vigorosas.

Classifique como: Hard Rock, Melodic Rock

Para Fãs de: Scorpions, Alice Cooper, Def Leppard.
Ficha Técnica
Banda: Scorpions
Origem: ALE
Disco (ano): Return To Forever (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Sony Music (nacional)

Faixas (duração): CD  - 12 (47’).

Produção: Martin Hansen e Mikael "Nord" Andersson
Arte de Capa: Não encontrei informações

Formação:
Klaus Meine – voz;
Rudolph Schenker – guitarra e backing vocals;
Matthias jabs – guitarra;
Pawel Maciwoda – Baixo;
James Kottak – bateria e backing vocals.

domingo, 24 de maio de 2015

S.O.T.O. – Inside the Vertigo (Cd - 2015)

S.O.T.O. - Inside The Vertigo (Cd -2015)
Expurgando demônios
Por Trevas

Mais que um disco solo
Jeff Scott Soto é um dos vocalistas mais talentosos e prolíficos da história do rock pesado, e é muito difícil esbarrar com algum fã do estilo que não tenha tido contato com algum trabalho do grandalhão Nova Iorquino. Malmsteen, Axel Rudi Pell, Takara, Talisman, Soul Sirkus, Journey - a lista de bandas e projetos das quais JSS já participou poderia encher uma resenha inteira. Como artista solo, a carreira de Soto ficou muito mais próxima da vertente AOR/Melodic Rock do que outros estilos mais pesados. Mas Jeff vem passando por tempos sombrios ultimamente: o suicídio de seu amigo e parceiro do Talisman, Marcel Jacob; um divórcio milionário; sua demissão mal explicada do Journey – tudo levando a um estado de espírito sombrio que deveria ser expurgado através da música, obviamente demandando um estilo mais carregado de peso que o habitual.

JSS
Tendo divulgado amplamente sua vontade de trilhar um caminho mais pesado em seu próximo trabalho, JSS foi surpreendido negativamente por sua gravadora, a Frontiers Records, que cerceou sua criatividade quando da produção do ótimo Damage Control – a pressão existiu para que o disco não assumisse toda a carga de negatividade e peso que Soto visava, ficando o disco num meio termo entre o resultado esperado pelo artista e o enfoque desejado pelo selo (o padrão AOR/Melodic Rock). Soto não se deu por satisfeito e resolveu levar à cabo seu retorno ao heavy metal, mesmo que para isso fosse necessário lançar o trabalho por outra gravadora e sob um nome diferente. Então Inside The Vertigo foi pensado e trabalhado como um projeto, uma banda chamada S.O.T.O.


Uma boa solução, mas que não espelha a realidade: Inside The Vertigo foi executado por uma miríade de músicos de todos os cantos do planeta, com apenas um ponto em comum: todos são excelentes! Estão presentes Jorge Salán (guitarra – Mago de Oz), Gus G (guitarra – Firewind e Ozzy), Casey Grillo (bateria – Kamelot), Mike Orlando (guitarra – Adrenaline Mob), Al Pitrelli (guitarras – ex Savatage, Megadeth, Widowmaker...) e grande elenco. E em se tratando de brasileiros, temos uma legião de grandes músicos: os já costumeiros parceiros de JSS, Edu Cominato (bateria) e BJ  (guitarra e baixo), além de Henrique Baboom (baixo); Leo Mancini (guitarra - Noturnall) e Hugo Mariutti (guitarra – Viper, Henceforth). A brasilidade ainda aparece na ótima arte gráfica, ao encargo do sempre excelente Gustavo Sazes. A produção ficou nas mãos do próprio JSS, auxiliado por Cominato e pelo guitarrista, produtor e compositor americano Connor Engstrom. Com todo esse apoio, teria JSS conseguido se desvencilhar de seu DNA voltado para o AOR?  

Um precário Equilíbrio
ITV inicia com o pé fincado no peso, com a avassaladora Final Say e sua rifferama à lá Ozzy (cortesia de Mike Orlando) em uma versão aditivada e moderna. A igualmente matadora The Fall (ver lyric vídeo abaixo) é tão influenciada por Disturbed (em especial no refrão) que chega ser difícil acreditar que o Adrenaline Mob não a tivesse gravado antes (ok, sarcasmo, sorry).


Wrath mantém a qualidade do material, até agora absolutamente impressionante, ainda que nela já tenhamos um exemplo dos problemas que atrapalharam parte do material, as harmonias vocais à lá AOR típicas dos arranjos do JSS no refrão. O mesmo se repete de maneira aceitável na música de trabalho, também ótima, Break (ver vídeo).


Narcissistically Yours é a primeira bola fora, desinteressante, ainda que pesada. End Of Days foi obviamente pensada para ser um grande destaque: sombria, épica e algo progressiva, com orquestrações que deixam um clima de trilha sonora. Mas afunda completamente ao incluir um pavoroso coro de crianças (porra, quem diabos acha coro de crianças em música pesada bacana?????Já devo ter ouvido essa josta dúzias de vezes!!) e nas harmonias vocais à lá Queen que em absoluto não combinam com o peso e com a temática densa da música. Over para cacete. Parece que JSS por vezes não sabe soar tão malvado quanto intenciona.

Contracapa com a suposta formação do S.O.T.O.
Curiosamente a partir daí a bolachinha nunca mais retorna àquele padrão de qualidade absurdo de seu início. A faixa título chega perto, When I’m Older é uma ilha AOR bacaninha em meio ao restante do material. Já Trance flerta com o industrial de maneira algo preguiçosa e Jealousy é um hard moderno bem legal que lembra o material solo de Gus G (do qual JSS participou).  Karma’s Kiss lembra em seus riffs algo do material mais recente de Ozzy, mas não empolga (ah e as harmonias vocais...). Fall To Pieces é outra que difere bastante do restante do material, um Hard Rock mais tradicional que fecha o disco de forma agradável, mas nada marcante.

Saldo Final
Cercado de grandes músicos, Jeff bem que tentou fazer desse Inside the Vertigo um discaço de metal moderno. Não diria que falhou por completo, em seu melhores momentos ITV ameaçou passou perto de chegar ao patamar pretendido. Mas o material mostrou-se um pouco inconsistente e mesmo JSS pareceu algo perdido entre a tentativa de soar moderno e sombrio e não abrir mão de suas marcas registradas. De qualquer maneira, é um belo ponto de partida e se Jeff resolver soltar outro trabalho nesse estilo, é bem possível que tenhamos um disco monstruoso.

NOTA: 7,5

Indicado para:
Fãs da fusão entre metal moderno e clássico.
Fuja se:
For um fã xiita de AOR e Melodic Rock.

Classifique como: Hard Rock, Heavy Metal

Para Fãs de: Disturbed, Adrenaline Mob.
Ficha Técnica
Banda: S.O.T.O.
Origem: VAR
Disco (ano): Inside The Vertigo (2015)
Mídia: CD
Lançamento: e-a-r music

Faixas (duração): CD  - 12 (54’).

Produção: Jeff Scott Soto
Arte de Capa: Gustavo Sazes

Formação:
Muita gente, ler resenha!!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Eclipse – Armageddonize (Cd-2015)

Eclipse - Armageddonize (Cd-2015)
Prólogo: de promessa a realidade
Texto por Trevas

A história do Eclipse teve início em Estocolmo, em 1999. Jovens amigos montam uma banda para fazer o som que tanto curtem, o Hard Rock. Após 3 bons álbuns, espaçados por hiatos típicos de bandas que trafegam mais na estrada dos hobbies do que do profissionalismo, as lideranças criativas do Eclipse (a saber: o vocalista/baixista/guitarrista/produtor Erik Martensson e o guitarrista Magnus Henriksson) são cooptadas por Serafino Perugino (sim, o onipresente presidente do selo Frontiers) como produtores e compositores para diversos projetos da gravadora (inclusive o aclamado primeiro disco do W.E.T.).

Erik e Magnus borrado
Esses quatro anos de trabalho para a Frontiers parece ter moldado o talento dos dois, que voltaram com o excelente Bleed & Scream, que rapidamente catapultou o nome do Eclipse entre fãs e imprensa especializada em Hard/AOR (tendo inclusive figurado na lista de melhores de 2012 aqui na Cripta). Após a primeira turnê em formato verdadeiramente profissional e mais algumas participações e produções em projetos alheios, finalmente o Eclipse lança seu quinto trabalho, com a difícil tarefa de suprir as expectativas que agora acompanham o nome da banda.

O Disco
Produzido por Martensson e Henriksson, Armageddonize começa mostrando ótima qualidade sonora e aquela rifferama à lá Whitesnake/ Blue Murder contida no disco anterior, com os teclados do convidado Johan Berlin emoldurando a matadora I Don’t Wanna Say I’m Sorry (ver vídeo abaixo).


A primeira música de trabalho, Stand On Your Feet (ver vídeo abaixo), é presença obrigatória nos sets da banda daqui para frente tamanha sua qualidade. Se afastando da fórmula do último disco, é a mistura perfeita de Melodic Rock/AOR com elementos modernos. The Storm começa com um dedilhado quase folk, mas logo cai em sua forma verdadeira, uma música mais cadenciada com bela interpretação de Erik e mais um refrão capaz de fazer um fã de Journey chorar.


A matadora Blood Of The Enemies evoca aquele combo “música celta com Hard Rock” que permeou os trabalhos de Gary Moore e Thin Lizzy, adicionando elementos de Power metal, numa das músicas mais pesadas do disco. Não por acaso parece um bocado com o som do Black Star Riders!! Wide Open evoca as influências “Journeyanas” de maneira exemplar em seu refrão e a balada live Like I’m Dying quase perde a mão ao esbarrar de leve na pieguice.

Eclipse 2015
Breakdown quebra (ops) o clima Hard Europeu e soa impressionantemente Badlands, o que obviamente é um grande elogio. Love Bites pode não ser o título mais original do mundo e exalar anos 1980 por todos os poros, mas é boa o suficiente para não darmos a mínima para esses fatos. Caught Up In The Rush possui uma dinâmica bacana que permite a Ulfstedt mostrar seus dotes como baixista. Ah e só para variar, possui um refrão matador, claro.  Mais uma enxurrada de bons riff, grandes vocais e solos matadores nos assombram em One Life-My Life e na acelerada All Died Young, que não deixam a qualidade cair, fechando um disco que passa longe de ter uma música ruim sequer.

Saldo Final
O Eclipse conseguiu superar Bleed & Scream, fazendo desse Armageddonize um disco praticamente perfeito dentro do estilo. Obrigatório a todos os fãs de Melodic Rock, Hard Europeu e AOR.

NOTA: 9

Indicado para:
Aqueles que não dispensam refrães grudentos em seu hard rock.
Fuja se:
Tiver urticárias ao ouvir músicas com cara de comercial de marca de cigarro.

Classifique como: Hard Rock, AOR, Melodic Rock

Para Fãs de: Whitesnake, Blue Murder, H.E.A.T., W.E.T., Talisman...
Ficha Técnica
Banda: Eclipse
Origem: SUE
Disco (ano): Armageddonize (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Frontiers Records

Faixas (duração): CD  - 11 (42’).

Produção: Erik Martensson & Magnus Henriksson
Arte de Capa: Anders Fastader

Formação:
Erik Martensson – voz e guitarra;
Magnus Henriksson – Guitarras;
Magnus Ulfstedt – baixo;
Robban Bäck – bateria.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Blue Öyster Cult - Secret Treaties (CD - 1974)

Blue Öyster Cult - Secret Treaties 
A OSTRA AZUL ENCONTRA SEU SOM
Por trevas (resenha originalmente publicada na antiga Cripta)

Em seu terceiro trabalho de estúdio, os americanos do BÖC ainda não encontrariam o sucesso comercial, (que viria dois anos depois com Agents of Fortune e o seu maior sucesso Don’t Fear The Reaper), mas começaram a escrever em definitivo seu nome na história do rock.

Você chamaria os cabruncos aí de cima para bater o rango da mamãe na tua casa?
Mas antes de chamar a atenção da crítica pelas músicas, a banda atraiu muita curiosidade por uma polêmica causada pela arte de capa. Ainda seguindo o padrão quase totalmente preto-e-branco dos álbuns anteriores, Secret Treaties trazia um desenho da banda à frente de um Messerschmitt ME 262 (com a morte no cockpit), primeiro avião a jato a entrar em operação no mundo. O ME 262 seria um grande trunfo da Luffwaffe (força aérea alemã) durante a segunda grande guerra. E na capa, o símbolo do BÖC aparece na cauda do avião, onde normalmente aparecia originalmente a suástica. Como a banda ainda não era mundialmente conhecida, essa polêmica trouxe uma repercussão na mídia inesperada e muito bem-vinda.




Se esse fato tivesse acontecido alguns discos depois, todos perceberiam que tudo havia sido plenamente calculado, o BÖC sempre soube muito bem como chamar a atenção, mas na época a imprensa mordeu a isca, tolinhos...

Bom, musicalmente falando, o material contido nos parcos 38 minutos de Secret Treaties é tão bom que os leitores da conceituada Melody Maker o elegeram como o melhor álbum de rock de todos os tempos! Exagero, mas um exagero perdoável.

Talvez com a exceção de Cagey Cretins, que é apenas divertida, todas as outras faixas são presença constante nos shows e coletâneas da banda. O som aqui é o BÖC em essência: estranho, porém grudento. Simples, porém inteligente. Um crítico da época chamaria a banda de The Thinking men’s metal band. Hoje parece até engraçado chamar essa banda de Heavy Metal, mas serve para exemplificar o quão perdida a crítica se sentia perante o BÖC.



As músicas praticamente emendam umas nas outras, um artifício muito usado por grupos progressivos, e que funciona muito bem aqui. E mesmo o trabalho sendo bom por inteiro, Astronomy já valeria o preço da bolacha, mesmo que o resto fosse uma bomba!! Esqueça a releitura pífia do Metallica, escute a original!!!Fantástica!!




Outro ponto positivo são as letras, geralmente falando sobre misticismo e ficção científica: quantas bandas possuem títulos tão esdrúxulos quanto: She’s As Beautiful as a foot, Flaming Telepaths, Mistress Of The Salmon Salt? Patty Smith assinaria algumas das letras em Secret Treaties, parceria que viria a ser repetida futuramente.

A turnê desse álbum renderia o primeiro ao vivo do BÖC, On your Feet or On Your Knees, e a cara e superproduzida turnê, com palcos imensos e uso de lasers, foi uma aposta da Atlantic no som do grupo devido a resposta da crítica a Secret Treaties: Estava, portanto, pavimentado o caminho para o multiplatinado Agents Of Fortune, quando então o mundo inteiro cairia aos pés do estranho culto da ostra azul.

NOTA: CLÁSSICO DA CRIPTA!!


CD - Faixas: 8 Duração: 38’26”
Lançamento Nacional Sony Music

1. Career Of Evil
2. Subhuman
3. Dominance and Submission
4. ME 262
5. Cagey Cretins
6. Harvester of Eyes
7. Flaming Telepaths
8. Astronomy