Dracula: Swing Of Death (Cd -2015) |
Um Vampiro Romeno na Escandinávia
Por
Trevas
Disco Conceitual? Eca!
Não
sou exatamente um entusiasta dos famigerados álbuns conceituais. A despeito de
algumas pérolas produzidas nesses moldes (e.g.: Dark Side Of The Moon e The
Wall do Pink Floyd, Operation Mindcrime do Queensrÿche, Into the Electric Castle do Ayreon
e Leviathan do Mastodon), geralmente vejo o artista sacrificar a música em prol da
narrativa de uma história nem sempre tão interessante assim. E lá vem
interlúdios pomposos, longos trechos narrados, discos duplos de 80 minutos
cada...enfim, uma ode ao ego. Quando ouvi falar sobre esse disco aqui, uma
versão musicada da história contada originalmente por Bram Stoker e revisitada zilhões de vezes em mídias diferentes
desde então, fiquei bastante reticente.
Os atores principais envolvidos,
ambos veteranos e noruegueses, também não despertaram minha curiosidade. Jorn lande, vocalista de talento
indiscutível, parece sofrer do mesmo mal de Tim Ripper Owens: raramente canaliza seu talento para algo que
mereça ser ouvido. Sua carreira solo alterna entre grandes discos como The Duke e Spirit Black com coisas absolutamente “qualquer nota” como Lonely Are The Brave. Suas
participações em outros projetos produzem tanto discos memoráveis (como Burn The Sun, do Ark e o primeiro do Masterplan)
quanto álbuns fracos (como os dois outros discos dele com o Masterplan e o novo do Allen/Lande).
Jorn imita muito bem Dio, Coverdale e...Leôncio??? |
Já o caso do guitarrista Trond
Holter envolve meu desinteresse pela cena que o consagrou: Mr. Holter fez sua fama como Teeny, guitarrista do venerado combo
Glam Metal Wig Wam, que passa longe
do meu gosto musical. As conversas para esse projeto nasceram quando Trond produziu o último disco de
estúdio de Jorn, o apenas razoável Traveller. Aqui Mr. Holter assume a produção (ao lado de Lande), mixagem e masterização, além da
guitarra e piano.
Trond Holter duckface |
O disco
Com apenas o som de
uma tempestade assolando um mar agitado, a algo Doom Hand Of Your God inicia o trabalho inusitadamente. A boa faixa
prepara terreno para a fantástica Walking
On Water, música de trabalho (ver clipe abaixo) que já me deixou
arrependido do ceticismo inicial. Um Hard pesado e moderno com ótima
interpretação de Jorn. Aliás, como é
bom ver o gorducho saindo de sua zona de conforto, que é misturar em suas
linhas melódicas influências de Whitesnake,
Dio e Thin Lizzy. Não que seja um Jorn
como aquele brilhante do segundo disco do Ark,
em absoluto, mas ao menos um vocalista bem mais inventivo do que nos últimos
discos. E não posso esquecer de citar o ótimo trabalho de Holter nas guitarras, trazendo belas dobras à lá Iron/Thin Lizzy e um belo solo.
O clima do disco oscila entre um Hard/Heavy moderno com elementos de
clara influência de Broadway, soando por vezes como a parceria Meat Loaf/Jim Steinman, tal qual na
ótima faixa título e em Masquerade Ball.
Some a isso algumas influências folk nas dobras de guitarra e lá vamos nós. De
negativo, apenas os efeitos sonoros nessa última, representando o romeno sugando
sangue de Mina, que soaram mais como algo retirado de uma sessão de Deep throat
de algum filme da Sasha Grey.
Jorn & Trond não podem ser considerados só rostinhos bonitos... |
Save Me e River Of Tears apresentam outro trunfo
do disco, a vocalista Lena Floitmoen,
cujo trabalho desconheço, mas que faz uma aparição bastante marcante aqui. Sua
participação, aliás, faz com que fique ainda mais evidente o paralelo com os
discos do Meat Loaf, que sempre
trazem duetos marcantes com alguma voz feminina. A voz de Lena lembra muito mais o canto de uma Christina Scabbia do que aquelas chatices operísticas de Simone Simmons ou Tarja, o que conta muitos pontos a favor para o resultado final. O
restante do line up conta com os pouco conhecidos Bernt Jansen no baixo e Per
Morten Bergseth na bateria, ambos com grandes atuações.
Lena Floitmoen, o bendito fruto na bolachinha |
Queen of the Dead segue a toada em grande estilo,
terminando em um festival de guitarras indefectível. Into the Dark é outra pérola da dupla Lena/Jorn que grudará no teu cérebro. O desavisado poderia achar
que essa música é alguma coisa nova do Lacuna
Coil seguindo um estilo mais tradicional dentro do metal. Isso por conta do
refrão, que parece muito algo dos italianos. Reparou que em nenhum momento
falei sobre interlúdios inúteis ou narrativas em Off? Então, é porque nenhum desses
artifícios idiotas de discos conceituais existe aqui. True Love Through Blood é uma instrumental pesada e bacana que
antecede o encerramento – Under the Gun
– que está longe de ser o destaque aqui, mas tem lá seu charme, muito por conta
da dobradinha vocal marcando a despedida de Mina e o infame Conde.
Saldo Final
Jorn Lande precisava de uma sacudida em sua
carreira, e essa parceria com Trond
Holter veio a calhar. Esse Swing Of
Death é um discaço Hard/Heavy com uma pegada moderna e criativa que não
deve nada aos melhores momentos do norueguês. Pontos para Trond e para a pouco conhecida Lena,
que transcende seu posto original como artista coadjuvante, brilhando em pé de
igualdade com os nomes maiores do letreiro. Uma tremenda bola dentro.
NOTA: 9
Prós:
Grandes
performances vocais, grandes músicas, grandes guitarras.
Contras:
A sessão de
Deep throat da Sasha Grey em Masquerade Ball.
Classifique
como: Hard Rock, Heavy Metal
Para Fãs de: Dio,
Meat Loaf, Jorn
Ficha Técnica
Banda: Jorn
Lande & Trond Holter
Origem: NOR
Site Oficial: http://www.jornlande.com/
Disco (ano): Dracula:
Swing Of Death (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Frontiers
Records
Faixas
(duração): CD - 10 (45’).
Produção: Jorn
Lande & Trond Holter
Arte de Capa: Stan
W Decker
Formação:
Jorn Lande –
voz;
Lena Floitmoen –
voz;
Trond Holter –
Guitarra e piano;
Bernt Jansen –
baixo;
Per
Morten Bergseth – bateria.
Um dos melhores discos que já ouvi na vida!!!!
ResponderExcluirRealmente surpreendente.
ExcluirAbraço
T