Criador
x Criatura
Por
Trevas
Quando Vincent
Furnier e seus colegas de banda plantaram a sementinha do Shock Rock lá nos
idos de 1968, duvido que tenha passado por suas ébrias cabeças a possibilidade
de que aquela aventura marcaria tanto a história do rock a ponto de influenciar
gerações e gerações de jovens ao redor do globo. De Ozzy a Marilyn Manson,
passando por Dio e Rammstein, praticamente toda a cena Hard e Heavy pescou
alguma coisinha de Alice Cooper.
Seria o chapeleiro louco ou a Gretchen??? |
Dentre todas as crias diretas que tia Alice e seu Shock Rock geraram,
poucas se tornaram mais emblemáticas do que o multimídia Rob Zombie. Seja com o
White Zombie, seja em carreira solo, Rob sempre fez questão de deixar claro sua
idolatria por Alice Cooper, em especial no que tange à produção dos seus shows.
Rob tentando pegar um trampo de Top Model |
Em 2014 tivemos o lançamento em BD e DVD de shows de criador e criatura,
Rob com seu primeiro registro em vídeo oficial, The Zombie Horror Picture Show
e Alice com Raise The Dead Live From Wacken. Nada mais justo então que a Cripta
faça uma dobradinha especial com Alice e Rob!!!!
Shock Rock ontem e Hoje |
Banda,
som, repertório e performances
Alice e Rob sempre
contam com bandas no mínimo para lá de funcionais. Nos dois casos as execuções
são clinicamente corretas, com destaque absoluto para o cuidado com a dinâmica das
músicas da banda da tia Alice, o que ajuda a tornar as partes teatrais da
apresentação ainda mais bacanas e dramáticas. É um show para se apreciar como
um todo, e seu repertório pesca pérolas da fase hard (Poison, House Of Fire),
mistura com clássicos eternos (Under My Wheels, School’s Out), material recente
(Dirty Diamonds) e covers, esses últimos bem inseridos no contexto (My
Generation, Another Brick In the Wall). Além de Alice, que usa com perfeição
sua limitada e imitada voz, destacaria a presença da pequenina guitarrista
australiana Orianthi, que fica à frente dos outros dois bons guitarristas da
formação. O som do show é perfeito e a contraparte do pacote em CD duplo ainda
apresenta duas faixas a mais.
Rob possui uma banda para lá de competente e que segura muito bem o
show, com destaque absoluto para John 5. O vocalista está em ótima forma mesmo
aos 50 anos e quica pelo palco mais que cantora de axé no carnaval de Salvador.
O som da apresentação é ótimo, mas o show peca um pouco no quesito repertório. Músicas
excelentes como Dragula, Super-charger Heaven e Superbeast acabam destoando de
coisas menos inspiradas como Ging Gang Gong De Do Gong De Laga Raga (????) e Dead
City Radio. No mais, impossível não notar a semelhança vocal entre criador e
criatura.
Produção
de Palco e reação do Público
A produção de palco
dos dois shows é excelente. Na verdade, o show de Rob Zombie parece uma versão
atualizada das artimanhas que Alice utiliza desde sempre. Um tem robôs gigantes, o outro, guilhotinas e camisas de força. Tudo
bacana de assistir, mas o clima de humor do show de Alice torna as coisas mais
interessantes. Quanto à reação da plateia, o show de Zombie leva ampla vantagem,
com mulheres histéricas colocando seus peitos de fora contra um público
respeitoso e mais comportado, ainda que participativo, no show do Wacken. É a
diferença entre tocar exclusivamente para seu público e tocar num festival para
um público variado.
Orianthi e Alice |
Qualidade
de Vídeo e Edição
Nesse
quesito, curiosamente o diretor renomado Rob Zombie toma uma lavada. Enquanto o
show do Wacken conta com uma excelente qualidade de imagens, sempre cristalinas
e com uma edição correta e que destaca as brincadeiras no palco, o show de
Zombie fica contaminado por uma edição repleta de efeitos visuais
desnecessários, tornando tudo muito cansativo e com aquela cara desagradável de
videoclipe estendido. Algumas câmeras, em especial as que captam o público,
contam com imagens granuladas que estragam a experiência em HD. Realmente decepcionante
se considerarmos se tratar do primeiro lançamento em vídeo para um artista cuja
marca é justamente o cuidado visual em suas apresentações.
Duração
e Extras
Os
viciados em conteúdo adicional ficarão muito decepcionados. No caso de Raise
The Dead, há apenas uma entrevista de 20 minutos com Alice Cooper, nada mais. E
Zombie decepciona mais uma vez ao não incluir absolutamente nada além do
tradicional slideshow de fotos no pacote. Tsc tsc.
Em
relação à duração dos shows, os dois ficam próximos de 90 minutos, um pouco
mais para Alice, um pouco menos para Rob.
Saldo
Final
Os
dois lançamentos são divertidos e tem tudo para agradar aos fãs dos respectivos
artistas, mas Alice Cooper leva vantagem pelo repertório melhor escolhido
(também, convenhamos, o cara tem muito mais material em quantidade e qualidade
para escolher), pela edição correta e pela alta qualidade de imagens. Mas que
não fique aqui a impressão de que Zombie falhou retumbantemente. É que em
termos de shock rock, tia Alice ainda reina absoluta!!!
NOTAS
Alice
Cooper - Raise The Dead Live From Wacken – 9
Rob
Zombie – The Zombie Horror Picture Show - 7
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