Orange Goblin - Back From The Abyss |
Os Ogros Contra-atacam!
Por
Trevas
Prólogo: Ou Vai ou
Racha
Dezoito anos de
estrada, e o Orange Goblin já havia
se acostumado ao papel de mero figurante na cena metálica mundial. No próprio Reino Unido a banda desfrutava de
um status menor, um bando de ogros simpáticos e batalhadores que fazem discos
simples e divertidos de heavy metal. Os eternos postulantes a reis do
underground britânico. A cada disco lançado um curto cronograma de shows que algumas
bandas teriam vergonha de chamar de turnê – tudo para poder conciliar as
atividades musicais com empregos comuns. Entregadores de material de
construção, vendedores de sanduíches em estádios – nem de longe o glamour que
se imagina de uma banda com discos lançados em outros países.
Orange Goblin - Ben Ward mostra seus bons modos |
Contas a pagar, famílias a sustentar, talvez fosse o momento de deixar o
hobby de lado e encaram a realidade. Lançado em 2012, A Eulogy For The Damned seria o canto do cisne para o Orange Goblin. Se o disco não causasse
uma miraculosa reviravolta, o quarteto abraçaria a aposentadoria sem grande
alarde. Era ou vai ou racha. E não é que foi? Sucesso de crítica e venda (ok,
relativo, mas os caras entraram no top 100 britânico, ora bolas), A Eulogy entrou na lista de melhores
discos do ano de várias revistas especializadas ao redor do globo, catalisando
o interesse de mercados anteriormente não explorados pelos shows dos caras. Até
uma bem sucedida turnê pelos Estados Unidos eles conseguiram. Com um ano e meio
de turnê previamente agendados, os quatro ogros se viram diante de uma decisão
difícil: a de encarar o sonho e largar seus empregos em prol de uma
profissionalização definitiva do Orange Goblin.
Back From the Abyss é o primeiro
rebento dessa nova era, um salto para o desconhecido.
Conceito e Arte Gráfica
A ideia inicial do
disco era que o mesmo fosse gravado durante a infindável turnê (o abismo do
título). Não funcionou. Aproveitando o momento, tão logo a banda terminou seu
último show já agendou tempo em estúdio. Com Ben Ward trabalhando no empresariamento do Scorpion Child, o restante da banda compôs boa parte do material
sem ideias concretas para as melodias, que foram adicionadas poucos dias antes
do encerramento das sessões de gravação. Para marcar o renascimento do OG, foi convidado para criar a arte
gráfica, o mesmo artista responsável pela capa do primeiro disco dos caras: Martin Hanford. A arte acabo ficando
bastante semelhante à capa de Final
Frontier, do Iron Maiden. Como
também são londrinos, os ogros resolveram manter a arte, como uma espécie de
homenagem aos ídolos. Para a produção, repetiram a dobradinha com Jamie Dodd.
O Disco
Sabbath Hex (vídeo abaixo), abertura do disco e primeira
música de trabalho, é o típico som do Goblin,
direto e algo tosco, mas diversão garantida. Tem toda pinta que funcionará
muito bem ao vivo. Übermensch é
legal, mas não traz lá nada de muito novo ao repertório habitual dos londrinos.
O disco absolutamente engrena com a vigorosa The Devils Whip, uma homenagem explícita e bem vinda ao Motörhead que funciona quase como se
tivessem feito um reboot para Iron Fist.
A voz rouca e grosseira de Ben Ward,
diga-se, facilita bastante a tarefa de fazer referência a Lemmy e sua trupe. Demon
Blues evoca um vampiro com escopeta nas mãos e anfetamina nas veias em um
momento para lá de inspirado, com um refrão daqueles que talvez tenha faltado
em parte da discografia da banda.
A genial Heavy Lies The Crown
consegue misturar um clima setentista que por vezes remete ao Thin Lizzy a um final completamente
True Metal. Com direito ao grandalhão Ward
entoando “To Vallhalla” sobre os riffs mastodônticos de Joe Hoare!! Into the Arms Of
Morpheus (com o baixo de Millard
bem ao estilo Geezer) soa um pouco
mundana comparada à faixa anterior, mas após a terceira audição te desafio a
não cantar junto Praise The Valium.
Mythical Knives começa com um belo e
climático dedilhado, descambando para ótimos riffs e um refrão marcante que faz
dela um dos destaques do disco. Bloodzilla
é acelerada, com uma performance visceral do baterista Chris Turner. Nesse ponto fica claro que a evolução da banda em
muito se deve à aposta em um pouco mais de dinâmica, o material está bem mais
diversificado, dentro dos padrões permitidos para ogros, claro. A produção busca
com sucesso o equilíbrio, o disco soa muito bem, mas não fica polido demais,
até porque não combinaria em nada com a proposta do OG.
Orange Goblin 2014 - Ogros profissionais |
The Abyss traz pitadas de efeitos sonoros que
fazem referência de leve ao passado mais stoner dos caras, uma faixa bacana marcada
por bons riffs e que é seguida por Titan,
uma instrumental que também não faz feio. Blood
Of them é o típico épico OG, com
ótimos riffs, andamento contagiante, bateria bacana e uma melodia simples coroada
pela performance ogrona e efetiva de Ward.
Apesar do longo título, The Shadow Of
Innsmouth é uma curta instrumental híbrida, estilisticamente entre o stoner
e o doom, que encerra o disco de maneira diferente e bem bolada.
Saldo Final
O
primeiro rebento da fase profissional do Orange
Goblin é uma ode ao ogro pride, um disco de heavy metal com toques
equilibrados de stoner e doom que deve angariar novos fãs para os londrinos sem
em nenhum momento desagradar quem acompanha a banda desde sempre. Como dito
pela Classic Rock Magazine, um Orc’n’roll
de respeito!
NOTA: 8,5
Prós:
Direto e sem
frescuras, mas sem soar demasiadamente tosco.
Contras:
Direto e sem
frescuras, não deve agradar quem busca algo muito trabalhado.
Classifique
como: Heavy Metal, com elementos de stoner e doom
Para Fãs de:
Heavy metal clássico em geral
Ficha Técnica
Banda: Orange
Goblin
Origem: ING
Site Oficial: http://www.orange-goblin.com/
Disco (ano): Back
From The Abyss (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Candlelight
(Importado)
Faixas
(duração): CD - 12 (54’).
Produção: Jamie
Dodd
Arte de Capa: Martin
Hanford
Formação:
Bem Ward – voz;
Joe Hoare –
Guitarra;
Martyn Millard
– Baixo;
Chris Turner –
bateria.
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