segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Blues Pills – Blues Pills (Cd +DVD – 2014)

Blues Pills
Do caos ao estrelato
Por Trevas

Nas décadas anteriores, os executivos da indústria musical matavam e morriam (figurativamente falando, acho) tentando descobrir fórmulas mágicas para levar bandas ao sucesso. Raramente conseguiam. Com raras exceções (lembro de Led Zeppelin e Bad Company) a maioria das tentativas de bandas previamente planejadas fracassaram retumbantemente. O caos parece muitas vezes conspirar a favor do bom rock and roll. E a Blues Pills é o mais recente exemplo disso. Vamos lá: 2011 - jovem sueca (Elin Larsson) é demitida de seu emprego em sua terra natal e resolve tirar um ano sabático na Califórnia.  Lá, conhece dois irmãos que, assim como ela, são apaixonados pela música dos anos 1960/70. Esses dois, Zack Anderson (baixo) e Cory Berry (bateria), já haviam tocado com a Radio Moskow e tinham bons contatos e alguma experiência.

Elin - uma bela vocalista, ou uma vocalista bela?
Elin já havia cantado antes e resolve participar de algumas jams com os dois, gravando uma demo para duas músicas. As músicas foram postadas no youtube, chamando a atenção de um selo sueco, que oferece um contrato à (ainda nem existente) banda. Para completar a formação, convocam para a guitarra um prodígio francês de apenas 16 anos, Dorrian Sorriaux. Para o nome da banda, buscaram inspiração em um fanzine dedicado a bandas obscuras dos anos 1960 e 70. E lá está: direto do caos, Blues Pills toma a Europa de assalto, ganhando ótimas resenhas para os três eps lançados (dois em estúdio, um ao vivo) e em especial, atuando convincentemente em cima dos palcos. Apesar dos parcos três anos de existência, o primeiro full lenght da banda foi lançado sob a sombra de uma grande expectativa.

Blues Pills
Bem vindos à máquina do tempo
O disco, homônimo, conta com bela embalagem em digipack, trazendo como bônus uma apresentação ao vivo no festival Hammer Of Doom, em 2013. A arte gráfica ficou a cargo de Marijke koger-Dunham e casa perfeitamente com a proposta musical. A produção ficou nas mãos de Don Alsterberg, que já produzira anteriormente dois grandes nomes da cena Retro-rocker, Graveyard e Horisont.
High Class Woman (ver vídeo) começa quase que como um rip-off do Foghat, até que Elin Larsson mostra sua voz carregada de blues, culminando num refrão para lá de bacana. O interlúdio com forte marcação rítmica aumenta a sensação de volta ao tempo. Musicaço.


Ain’t No Chance parece continuar de onde a música anterior parou em seu primeiro minuto, mas ganha vida própria depois, em mais uma boa exibição de blues rock carregado de elementos setentistas. Jupiter (vídeo no link abaixo) eleva o nível, com melodias marcantes de Elin e um clima ligeiramente psicodélico que contagia.


Black Smoke, já conhecida de quem acompanha os shows da banda, é tão a cara do Graveyard que até fui checar os créditos de composição. Muito boa. A balada River deveria servir perfeitamente como canal para Elin brilhar, mas embora seja bonita, não chega a cativar. Falta algo, embora possa se destacar a beleza das guitarras de Dorrian, ainda um garoto. No Hope Left For Me, outra balada, dessa vez trafegando um pouco mais no terreno do Rythm and Blues, acerta em cheio com bela interpretação vocal e um tempero bacana por parte da guitarra.




A já para lá de conhecida Devil Man acelera o ritmo, voltando a carga para um rockão setentista encardido. O trabalho da cozinha chama a atenção nessa faixa, que geralmente se destaca no set ao vivo dos caras. Outra que já faz parte do repertório, Astralplane mistura Hendrix com a delicadeza da interpretação da sueca de forma absolutamente irresistível.



A acelerada Gypsy também tem aquele feeling Hendrixiano, mas não empolga tanto. A power balada Little Sun, obrigatória nos shows, fecha de forma bela e melancólica os poucos mais de quarenta minutos de música.





Saldo Final

O primeiro disco completo da Blues Pills faz justiça à expectativa gerada, mostrando uma ótima alternativa a quem anda apaixonado pela onda retro-rocker que se espalha pelo mundo de forma surpreendente. O disco estreou com o pé direito, ficando com o quarto lugar nas paradas germânicas, e o mais legal é que fica evidente, pela idade dos músicos, que ainda há espaço para evolução. Poderia dizer se tratar de uma banda promissora, mas seria injusto, a Blues Pills já é uma realidade.

NOTA: 8,5

DVD Bônus

O DVD encartado na edição deluxe do disco traz uma apresentação de pouco menos de 40 minutos (e 7 músicas) no festival Hammer of Doom de 2013 além de uma entrevista feita nos bastidores após o referido show. Considerada o grande destaque do festival em 2013, a apresentação da banda é crua, coesa e inspirada. Elin canta muito, é bonita e possui grande carisma, e o misto de timidez nos intervalos das músicas com a confiança na execução das mesmas dá um charme especial à frontwoman. Se considerarmos que Dorian tem apenas 18 anos, fica claro que estamos diante de um talento bruto com um puta futuro. E os irmãos Azk e Cory formam uma cozinha coesa. O som é excelente e a qualidade de imagem é boa, contando com uma edição correta. Já a entrevista, essa é legal, mas não acredito que valha mais que uma rápida assistida. Em suma, uma grande apresentação que vale o investimento na edição deluxe.

Prós:
Bela voz, bons riffs e produção cuidadosa que cria um clima retrô envolvente.
Contras:
Lembra um bocado o Graveyard em determinados momentos, não que isso seja ruim.

Classifique como: Retro-rock, Blues Rock

Para Fãs de: Hendrix, Cream, Graveyard

Ficha Técnica
Banda: Blues Pills
Origem: VAR
Disco (ano): Blues Pills – Deluxe Edition (2014)
Mídia: CD + DVD
Lançamento: Nuclear Blast (Importado, versão nacional anunciada)

Faixas (duração): CD  - 10 (42’).
DVD  – 7 + entrevista (50’)

Produção: Don Alsterberg
Arte de Capa: Marijke Koger-Dunham

Formação:
Elin Larsson – voz;
Dorian Sorriaux – Guitarra;
Zack Anderson – baixo;
Cory Berry – bateria. 

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