Blues Pills |
Do caos ao estrelato
Por Trevas
Nas décadas
anteriores, os executivos da indústria musical matavam e morriam (figurativamente
falando, acho) tentando descobrir fórmulas mágicas para levar bandas ao
sucesso. Raramente conseguiam. Com raras exceções (lembro de Led Zeppelin e Bad Company) a maioria das tentativas de bandas previamente
planejadas fracassaram retumbantemente. O caos parece muitas vezes conspirar a
favor do bom rock and roll. E a Blues
Pills é o mais recente exemplo disso. Vamos lá: 2011 - jovem sueca (Elin Larsson) é demitida de seu emprego
em sua terra natal e resolve tirar um ano sabático na Califórnia. Lá, conhece dois irmãos que, assim como ela,
são apaixonados pela música dos anos 1960/70. Esses dois, Zack Anderson (baixo) e Cory
Berry (bateria), já haviam tocado com a Radio Moskow e tinham bons contatos e alguma experiência.
Elin - uma bela vocalista, ou uma vocalista bela? |
Elin já havia cantado
antes e resolve participar de algumas jams com os dois, gravando uma demo para
duas músicas. As músicas foram postadas no youtube, chamando a atenção de um selo
sueco, que oferece um contrato à (ainda nem existente) banda. Para completar a
formação, convocam para a guitarra um prodígio francês de apenas 16 anos, Dorrian Sorriaux. Para o nome da banda,
buscaram inspiração em um fanzine dedicado a bandas obscuras dos anos 1960 e
70. E lá está: direto do caos, Blues
Pills toma a Europa de assalto, ganhando ótimas resenhas para os três eps
lançados (dois em estúdio, um ao vivo) e em especial, atuando convincentemente
em cima dos palcos. Apesar dos parcos três anos de existência, o primeiro full
lenght da banda foi lançado sob a sombra de uma grande expectativa.
Blues Pills |
Bem vindos à máquina do
tempo
O
disco, homônimo, conta com bela embalagem em digipack, trazendo como bônus uma
apresentação ao vivo no festival Hammer
Of Doom, em 2013. A arte gráfica ficou a cargo de Marijke koger-Dunham e casa perfeitamente com a proposta musical. A
produção ficou nas mãos de Don
Alsterberg, que já produzira anteriormente dois grandes nomes da cena
Retro-rocker, Graveyard e Horisont.
High Class Woman (ver vídeo) começa
quase que como um rip-off do Foghat,
até que Elin Larsson mostra sua voz
carregada de blues, culminando num refrão para lá de bacana. O interlúdio com
forte marcação rítmica aumenta a sensação de volta ao tempo. Musicaço.
Ain’t No Chance parece continuar de
onde a música anterior parou em seu primeiro minuto, mas ganha vida própria
depois, em mais uma boa exibição de blues rock carregado de elementos
setentistas. Jupiter (vídeo no link
abaixo) eleva o nível, com melodias marcantes de Elin e um clima ligeiramente psicodélico que contagia.
Black Smoke, já conhecida de
quem acompanha os shows da banda, é tão a cara do Graveyard que até fui checar os créditos de composição. Muito boa. A
balada River deveria servir
perfeitamente como canal para Elin
brilhar, mas embora seja bonita, não chega a cativar. Falta algo, embora possa
se destacar a beleza das guitarras de Dorrian,
ainda um garoto. No Hope Left For Me,
outra balada, dessa vez trafegando um pouco mais no terreno do Rythm and Blues,
acerta em cheio com bela interpretação vocal e um tempero bacana por parte da
guitarra.
A já para lá de conhecida Devil
Man acelera o ritmo, voltando a carga para um rockão setentista encardido.
O trabalho da cozinha chama a atenção nessa faixa, que geralmente se destaca no
set ao vivo dos caras. Outra que já faz parte do repertório, Astralplane mistura Hendrix com a delicadeza da interpretação
da sueca de forma absolutamente irresistível.
A
acelerada Gypsy também tem aquele
feeling Hendrixiano, mas não empolga tanto. A power balada Little Sun, obrigatória nos shows, fecha de forma bela e
melancólica os poucos mais de quarenta minutos de música.
Saldo
Final
O
primeiro disco completo da Blues Pills faz justiça à expectativa gerada,
mostrando uma ótima alternativa a quem anda apaixonado pela onda retro-rocker
que se espalha pelo mundo de forma surpreendente. O disco estreou com o pé
direito, ficando com o quarto lugar nas paradas germânicas, e o mais legal é
que fica evidente, pela idade dos músicos, que ainda há espaço para evolução. Poderia
dizer se tratar de uma banda promissora, mas seria injusto, a Blues Pills já é
uma realidade.
NOTA:
8,5
DVD Bônus
O
DVD encartado na edição deluxe do disco traz uma apresentação de pouco menos de
40 minutos (e 7 músicas) no festival Hammer of Doom de 2013 além de uma
entrevista feita nos bastidores após o referido show. Considerada o grande
destaque do festival em 2013, a apresentação da banda é crua, coesa e
inspirada. Elin canta muito, é bonita e possui grande carisma, e o misto de
timidez nos intervalos das músicas com a confiança na execução das mesmas dá um
charme especial à frontwoman. Se considerarmos que Dorian tem apenas 18 anos,
fica claro que estamos diante de um talento bruto com um puta futuro. E os
irmãos Azk e Cory formam uma cozinha coesa. O som é excelente e a qualidade de imagem é boa, contando com uma edição correta. Já a entrevista, essa é legal, mas
não acredito que valha mais que uma rápida assistida. Em suma, uma grande
apresentação que vale o investimento na edição deluxe.
Prós:
Bela voz, bons
riffs e produção cuidadosa que cria um clima retrô envolvente.
Contras:
Lembra um
bocado o Graveyard em determinados momentos, não que isso seja ruim.
Classifique
como: Retro-rock, Blues Rock
Para Fãs de: Hendrix,
Cream, Graveyard
Ficha Técnica
Banda: Blues
Pills
Origem: VAR
Site Oficial: http://www.bluespills.com/
Disco (ano): Blues
Pills – Deluxe Edition (2014)
Mídia: CD + DVD
Lançamento:
Nuclear Blast (Importado, versão nacional anunciada)
Faixas
(duração): CD - 10 (42’).
DVD – 7 + entrevista (50’)
Produção: Don
Alsterberg
Arte de Capa: Marijke
Koger-Dunham
Formação:
Elin Larsson –
voz;
Dorian Sorriaux
– Guitarra;
Zack Anderson –
baixo;
Cory
Berry – bateria.
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