terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Zodiac – A Bit Of Devil (CD – 2012)




Retro Rock com Blues e ...Chucrute?

Com um nome absolutamente nada original (tente buscar por Zodiac Band no google e acharás grupos de todos os estilos, países, raças e crenças), o Zodiac nasceu em 2010, de jams realizadas entre músicos amigos de diversas bandas teutônicas.


Sem muito alarde gravou um EP homônimo em 2011, que chamou a atenção de jornalistas de veículos como a Classic Rock Magazine e Rock Hard. As críticas surpreendentemente positivas encorajaram os músicos a seguir em frente e gravar um disco completo, dando origem a esse A Bit Of Devil.

Zodiac - EP de 2011
Stoner My Ass!

A faixa título (ver vídeo) pode enganar o mais desavisado e apressado e colocar o Zodiac nesse balaio de gato de bandas genéricas que geralmente atende pelo rótulo Stoner. Não seria muito injusto, apesar de boa, soa algo genérica como acontece a muitas bandas da atualidade que tentam emular a sonoridade setentista. A produção longe do fuzz e sujeirada pasteurizados que contaminam boa parte dos discos do stoner atual dá a pista que estamos diante de algo diferente.


Carnival começa com um baixo gorduroso (cortesia do bom Ruben Claro, que também cuida do órgão) ditando o ritmo e guitarras dobradas que lembram os melhores exemplares da música de outrora. O vocal roufenho de Nick Van Delft demora um pouco a chamar a atenção, mas assim que dá o clique, contagia e casa perfeitamente com o som. Mas a mágica da banda reside na outra função de Nick, seu timbre e pegada na guitarra solo seriam suficientes para fazer a audição dessa bolachinha valer a pena, e isso pode ser sentido em doses menores já no bonito solo de Carnival.

Zodiac
E é na terceira faixa que o disco decola para além da estratosfera. Nick e sua trupe simplesmente conseguem algo raro no mundo do rock e executam uma versão para Blue Jean Blues, do ZZ Top, que não só rivaliza com a original, como a deixa a comer poeira. Nick simplesmente destrói a guitarra e canta com tanta poeira na voz que você pagaria uma dose de Bourbon para o cara se pudesse. Fica claro então que a banda está muito mais para o retro rock recheado de Blues de bandas como o Rival Sons, Witchcraft, The Answer e Graveyard que coisas como o superfaturado The Sword, por exemplo.


A maquinaria de riffs contagiantes da dupla de guitarristas Nick Van Delft e Stephan Gall continuada afiada em músicas bacanas como Horrorvision e Diamond Shoes, mas mostra que sabe também visitar o Southern Rock com maestria em belezuras como Assembly Line (que me lembrou o ótimo Pride & Glory) e na magistral, empoeirada e semiacústica Thunder, um dos destaques aqui (ver vídeo).


A cereja do bolo ainda estava por vir: a fantasmagórica e soturna Coming Home (ver vídeo) é uma daquelas faixas que por si só valeriam o investimento no disco. Saída diretamente de algum vinil mofado dos anos 1970, além de muito bem construída (e de contar com um belo trabalho de bateria de Janosch Rathmer), essa faixa mostra um trabalho de guitarra impressionantemente forte, com um feeling que evoca gente como Rory Gallagher e Gary Moore de seus túmulos. Seria um excelente encerramento, mas ainda somos apresentados à boa instrumental Dying Done, que não consta no repertório oficial impresso à contracapa.


Saldo Final

A Bit Of devil é um ótimo cartão de visitas dessa promissora banda, que se sai melhor nos momentos mais bluesy que nos mais diretos e roqueiros. Certamente ficarei atento aos futuros lançamentos do Zodiac e em qualquer coisa que contenha as guitarras de Nick Van Delft.


NOTA: 8,5


Ficha Técnica

Banda (nacionalidade): Zodiac (Ale)

Mídia: CD

Faixas: 9

Duração: 48’

Lançamento: Honest Hound Records (importado)


Rotule Como: Blues Rock, Retro rock, Heavy Rock, Stoner (vá lá...)

Indicado para: Fãs de rock setentista e do retro rock atual

Evitar se: não for lá muito fã de ondas nostálgicas...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Nightwish – Circo Voador/RJ (10.12.12)

Cartaz do Show, ainda com Anette

Pernas (e gogó) para que te quero!

Prólogo – Not My Cup Of Tea

Vamos ser honestos: Nightwish nunca fez exatamente meu tipo de som.


Descobri a banda através de um amigo, que me emprestou entusiasmado o recém lançado Oceanborn, em 1998. Achei tudo muito chato, típico metal melódico, em voga na época, com um agravante: vocais líricos femininos. O que era o diferencial da banda, diga-se de passagem. Tenho uma aversão por vocais líricos. Risquei a banda do meu mapa.


Nightwish em seus primórdios

Curiosamente o acaso me levou de volta à banda. Em 2000, assinei uma revista especializada em metal e meu brinde foi um ingresso para a apresentação do Nightwish na Via Funchal, em São Paulo. À época boa parte da minha família residia na capital paulista e o ingresso serviu de uma bela desculpa para uma visita familiar (e outra à galeria do Rock, meu Valhalla).

Era a turnê de promoção de Wishmaster e o que presenciei foi desanimador: uma banda muito fraca ao vivo, tanto musicalmente quanto em termos de postura. Mas capitaneada por uma vocalista com um poderio sobre o público e sobre a própria voz dignos de nota: Tarja Turunen, depois fiquei sabendo, estava com uma bruta febre naquela noite, mas carregou a banda nas costas, hipnotizando a todos com seus trejeitos e poderosa voz. Não foi o suficiente para me transformar em um fã, mas certamente a caruda finlandesa ganhou meu respeito. A banda, essa definitivamente não impressionou ninguém.


Tarja (leia-se Tária) - a caruda entende do riscado

Bom, tudo evolui, e assim aconteceu com o Nightwish. Veio Once (2004), e com ele a apresentação em estúdio do veteraníssimo Marco Hietala, vocalista e baixista do lendário Tarot, grupo de heavy Tradicional oitentista considerado um dos baluartes do estilo na Finlândia. Marco compensou a falta de talento e carisma do restante da banda, ajudando Tarja a segurar o peso ao vivo. Once se tornou um sucesso comercial, muito por conta da superexposição da bacana Nemo e da pesadinha Wish I Had an Angel, que justamente mostrava o poderio da dupla vocal do Nightwish.


Marco Hietala - trazendo metal e barba maneira ao Nightwish

Eis que no auge da fama uma briga feia entre o patrão, careteiro e suposto aprendiz de ditador Tuomas Holopainen e Tarja Turunen terminou em uma catástrofe comercial, a cantora deixava o grupo. Substituindo a diva por Anette Olzon, possuidora um estilo de canto muito mais próximo ao popular, a banda lançou seu mais pesado e maduro disco, Dark Passion Play (2007). A receptividade foi um tanto dividida, a bolacha foi aclamada pela crítica, mas a banda parece não ter tido a mesma sorte perante os fãs, talvez pela falta de carisma de Anette. Veio então Imaginaerum (2011), outro bom disco, que novamente dividiu opiniões. Datas da turnê de Imaginaerum já estavam marcadas para a América do Sul, quando todos foram pegos de surpresa: Anette Olzon abandonara a banda. Para alegria de muitos, Floor Jansen, a grandona holandesa que tornara-se famosa com o After Forever, era anunciada como a substituta temporária de Anette.

Anette e o então querido patrão
Torcendo fortemente por um set baseado nos últimos dois discos e curioso com a adição de uma vocalista consideravelmente mais metalizada que as anteriores rumei para o Circo Voador em uma infernalmente quente noite de segunda feira para conferir o novo Nightwish.

Floor Jansen
Marco, Floor, samplers e o convidado

Com meia hora de atraso o som mecânico do Circo Voador cuspiu o que pareceu uma interminável introdução enquanto todos aguardavam ansiosos a entrada triunfal da banda em um palco bonito, repleto de painéis com imagens referentes à arte conceitual do novo disco. Normal, portanto, que a primeira música apresentada tenha sido a faixa de trabalho deste, a ótima Storytime, que ficou ainda melhor na voz de uma espetacular Floor Jansen, que então hipnotizara de imediato tanto marmanjos quanto marmanjas com sua presença de palco e suas coxas torneadas pessimamente escondidas em uma micro saia.

Mãos ao alto!
Dark Chest of Wonders seguiu quase de imediato, como que para saudar as viúvas de Tarja. O público foi ganho de vez com o hit Wish I Had an Angel, na qual a dupla Marco e Floor mostraram poderio vocal e entrosamento. Scaretale veio evidenciar o que qualquer um com um pouco mais de senso crítico já havia percebido: boa parte do som da banda fica na dependência de bases pré-gravadas. Emppu Vuorinen e até mesmo o suposto gênio Tuomas Holopainen executam partes absolutamente banais em seus instrumentos, enquanto Floor, Marco e o baterista Jukka Nevalainen se digladiam tocando de verdade perante uma avalanche de samplers que simulam orquestras e outros trocentos instrumentos.

O britânico Troy Donockley veio então se juntar aos músicos de verdade da banda na execução de I Want My Tears Back. Depois de outra faixa do novo trabalho, a banda apresenta seu hit maior, Nemo. A platéia está esfuziante, e mesmo com o calor intenso os 2.000 headbangers presentes fizeram bonito e não deixaram de cantar e pular um só instante, o que impressionou claramente a todos na banda. Troy retorna ao palco para dar um show particular na instrumental The Last Of The Wilds, e foi inevitável sentir uma certa vergonha alheia por conta da inaptidão do pequenino e simpático Emppu. Talvez seja ele o guitarrista menos talentoso que já vi em uma banda de renome, o cara beira o tosco, o que ficou mais evidente no embate com o músico convidado.

E Tuomas, bem...ok, o cara é algo como um sex-symbol para as meninas e compõe bem. Mas ao vivo fica resignado a tocar meia dúzia das notas em seu teclado (mesmo boa parte dos teclados são pré-gravados) e a fazer caras e bocas e bebericar uma garrafa de vinho. Sua figura à lá Jack Sparrow definitivamente não faria muita falta caso optassem por incluir suas poucas partes no batalhão se samplers.
Floor e seus súditos
Wishmaster e Ever Dream agitaram o público, mostrando que Floor se sai bem tanto no material da fase Tarja quanto no material da fase Anette. Logo depois começou uma levada de bateria que eu reconheceria até debaixo da terra: Over The Hills And Far Away, do saudoso Gary Moore foi apresentada com o bônus da presença de Troy, o que diminiu a raiva em ver o bisonho Emppu e sua imperícia perante a obra de um dos maiores guitarristas em todos os tempos. Uma boa versão com Marco dando uma bela ajuda a Floor no refrão.
Emppu fracasso, Marco Hietala e Floor Jansen
A banda teve um certo problema com a escolha de repertório ao final do show, já que Ghost Love Score e Song Of Myself derrubaram consideravelmente a empolgação do público. Last Ride Of The Day corrigiu o problema, até que a mesma se encerrou e então o púbico percebeu pelos intensos agradecimentos da banda que esta havia sido a última música da noite.

Nightwish e seu convidado
Saldo Final

O Nightwish evoluiu em estúdio, mas ao vivo ainda depende da força de Marco Hietala e de alguma vocalista com carisma suficiente para obscurecer as limitações do restante da trupe – no caso, a ótima Floor.  Que bom que os dois, em conjunto com o convidado Troy tenham talento de sobra. Mas apesar disso, há de se ressaltar que Tuomas compôs nesses anos (em especial de Once para cá) algumas músicas realmente marcantes e a qualidade delas comandou a noite.

Sobre a troca de vocalistas, a escolha de Floor Jansen foi para lá de brilhante, a holandesa tem luz própria, uma bela e potente voz e se encaixa perfeitamente em qualquer fase do material da banda. Torcemos para que seja efetivada.

No geral, um show intenso e bem produzido, e duvido que muitos tenham saído do Circo Voador decepcionados com o que viram.

SETLIST:

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Re-Machined – A Tribute to Deep Purple’s Machine Head (CD - 2012)



They All Came Out To Montreux

Uma Justa Homenagem


O mais virtuoso dos grupos que compõe a Santa Trindade Britânica dos primórdios do Metal (completam a lista o Led Zeppelin e o Black Sabbath), o Deep Purple conta com um punhado de discos clássicos em sua extensa discografia, talhada ao longo de quatro décadas quase ininterruptas de existência. Por isso mesmo, uma eventual discussão sobre o melhor disco do Purple pode render horas de acalorados papos de bar. Na minha opinião a escolha parelha seria entre Burn (1974) e In Rock(1970). Mas se existem dúvidas sobre qual seria o melhor disco da banda, poucos ousariam discordar qual foi o disco de estúdio mais importante para a carreira da banda. Esse disco foi Machine Head, que em 1972 apresentou ao mundo dois dos maiores hinos da história do rock, Highway Star e Smoke On The Water, que contém o provável riff de guitarra mais conhecido do mundo em todos os tempos.


Deep Purple - MK II (1972)

Produzido por Martin Birch, Machine Head representaria o disco mais maduro da banda até então, encontrando um meio termo entre a fúria de In Rock e a musicalidade de Fireball. Smoke On The Water se tornaria a maior marca da banda, ainda que Machine Head só tenha se tornado um sucesso absoluto de vendas por conta da versão ao vivo desta música inclusa no seminal Made In Japan, registro considerado por muitos um marco dos shows de rock.

O Icônico Machine Head
Em comemoração aos 40 anos do disco, a excelente Classic Rock Magazine preparou um baita pacote, uma edição especial contando com matérias sobre a gravação do disco, entrevistas com membros do Purple (inclusive a última entrevista com Jon Lord antes de seu falecimento), além de entrevistas com artistas famosos influenciados pela banda (Lars Ulrich, Satriani, Bruce Dickinson, Joe Elliot...). A cereja do bolo atende pelo nome de Re-Machined, um disco tributo inicialmente encartado com a revista (e que atualmente já pode ser adquirido separadamente) contando com um plantel de respeito reinterpretando as músicas desse clássico do rock, cada qual à sua maneira.

O Apetitoso Pacote da Classic Rock
Re-Machined Passo a passo

Além das músicas de Machine Head executadas em sua ordem original, o tributo traz algumas “faixas-bônus”, sob a forma de versões alternativas para duas músicas (Smoke on The Water e Highway Star) e uma releitura para o B-side When A Blind Man Cries, clássica música gravada nas sessões originais na Suíça, mas deixada de fora da versão final do disco por mais um capricho do genioso maluquete Ricthie Blackmore.

Curiosamente Re-Machined começa justo com uma das “faixas-bônus”, uma releitura bastante inspirada para Smoke On The Water, sob a batuta de Santana (originalmente gravada para o disco de covers Guitar Heaven, do próprio Mexicano). Tremei, puristas, Santana coloca sua marca latina em um dos mais famosos estandartes do Hard/Heavy e o fez com a ajuda de Jacoby Shaddix, do (ugh) Papa Roach, na voz. Nada a reclamar aqui, a dupla nos entregou uma releitura muito boa, que consegue mostrar personalidade e ao mesmo tempo uma boa dose de respeito à original.

A versão de Smoke On The Water de Santana apareceu originalmente nesse disco

O repertório original tem então início com uma versão ao vivo de Highway Star executada com muita garra e classe pelo supergrupo com nome mais idiota do mundo, o Chickenfoot. Todos demonstram ótima performance, valendo destacar dois pontos: Sammy Hagar, aos 65 anos, tem um gogó para lá de privilegiado e é uma pena que Satriani não tenha sido efetivado no Purple em 94, pois fica claro e evidente que ele teria levado a banda a um patamar muito mais interessante que aquele mala do Steve Morse.

O Pé-de Galinha, ê nome horroroso

A Funky e pouco lembrada pérola Maybe I’m A Leo não poderia ter ficado em melhores mãos, com Glenn Hughes cantando e tocando magistralmente, ancorado pelo ótimo Chad Smith (Chickenfoot, Red Hot Chilli Peppers) na bateria e por Luis Maldonado (que já atuou como dublê de um fugido Michael Schenker em discos do UFO) na guitarra.

Hughes e Chad - Espero que tenham demitido a personal stylist




Zakk Wylde surpreende ao se recusar a executar uma óbvia releitura meramente porrada e suja para Pictures Of Home (minha favorita do Machine Head), música com maior potencial metálico do disco original. Ao invés de sentar a pua, Zakk levou seu Black Label Society a uma execução muito mais próxima do estilo Southern Metal praticado no Pride And Glory. Uma bela bola dentro.

O bando do velho Zakk

Bem, nem tudo são flores. Kings Of Chaos, supergrupo montado especialmente para o tributo e que conta com Joe Elliot (voz, Def Leppard), Steve Stevens (Guitarra - Billy Idol), Duff McKagan (baixo - Guns And Roses) e Matt Sorum (The Cult, Guns And Roses), simplesmente não consegue transformar a já não tão boa Never Before (disparada a menos legal de Machine Head) em algo além de burocrático.

Kings Of Chaos - Supergrupo superchato

Mas “burocrático” seria um mega elogio para o Flaming Lips, que assassinou de maneira covarde e brutal Smoke On The Water. Realmente não consigo acreditar que a banda tenha tido algum intuito aqui além de soar absolutamente irritante. Uma das piores releituras que uma boa música já recebeu na história do rock.

Flaming Shits, ops, Lips

Por sorte logo em seguida temos o artista do momento, Joe Bonamassa, capitaneando com maestria Lazy, contando com a ajuda das privilegiadas cordas vocais de Jimmy Barnes (Cold Chisel). Barnes, a quem só conheci tardiamente, mais exatamente no último disco de Bonamassa, Driving Towards The Daylight, é um monstro e em conjunto com o belo trabalho do guitarrista americano transforma Lazy na provável melhor releitura desse disco.

Bonamassa (primeiro à direita), sua banda e Jimmy Barnes (à frente, de vermelho xadrez)

Bruce Dickinson já declarou algumas vezes seu apreço por Ian Gillan, e aqui tem sua chance de prestar homenagem a seu ídolo. Uma pena que a chance foi desperdiçada, pois o Iron Maiden não consegue emplacar sua Space Truckin’, que soa emperrada e prá lá de burocrática, com uma performance especialmente desinspirada do próprio Bruce. Bruce Dickinson que, diga-se de passagem, não canta realmente bem em estúdio com o Iron desde Brave New World. Como o vocalista vive desancando em entrevistas o produtor Kevin Shirley, adotado pelo resto da banda desde o já citado disco de retorno, começo a achar que Bruce não se esforça mais em estúdio por pura pirraça, mesmo.

A donzela podia ter acertado como na versão para Massacre  do Thin Lizzy, não?

Outro grande fã declarado de Deep Purple, Lars Ulrich chegou a oferecer uma montanha de dinheiro para reunir o MK III do Purple, se oferecendo inclusive para assumir a bateria caso Ian Paice não quisesse se indispor com seus companheiros do Purple atual. Aqui ele tem a chance de homenagear a MK II, surpreendentemente escolhendo o B-Side When A Blind Man Cries. A escolha pode ser considerada surpreendente por se tratar de uma balada na qual o grande destaque fica por conta da interpretação vocal belíssima de Gillan. James Hetfield, reconhecidamente um vocalista prá lá de limitado, poderia passar vergonha aqui. Mas não é o que acontece, o Metallica se sai muito bem, obrigado, mesmo com James se esforçando tanto que de início fica até difícil reconhecer sua voz.

É, James, que sufoco!

A última faixa, uma segunda versão de Highway Star, conta com um line-up de peso: Steve Vai, Glenn Hughes, Chad Smith e Lachlan Doley (que toca com Jimmy Barnes). Entretanto, nem Hughes nem Vai acertam o tom aqui, fazendo uma releitura que se não compromete, também não chega a lugar nenhum.



Saldo Final

Como tradicionalmente acontece em tributos do gênero, Re-Machined é marcado por altos e baixos. Fortuitamente, com a exceção ao bolo fecal expurgado pelo Flaming Lips, temos aqui um disco de audição bastante agradável, que merece uma chance pela qualidade musical e não somente pela curiosidade em torno dos grandes nomes envolvidos.


NOTA – 7,5


Ficha Técnica

Título (ano de lançamento): Re-Machined – A Tribute to Deep Purple’s Machine Head (2012)

Mídia: CD

Gravadora: Eagle (Importado)

Faixas: 10

Duração: CD – 52’