Honrando
o Passado
Por Trevas
O mundo dos fãs do Metal e do Rock Progressivo adora histórias de heróis desconhecidos, pequenos tesouros que, em períodos pré-internet, eram guardados a sete chaves, já que a divulgação ampla desses trabalhos tiraria o poder de “sou fodão e só eu conheço/tenho isso”. O tesouro perderia seu valor se sua existência caísse nas mãos dos fãs mundanos que gostam do que todo mundo gosta. São as amadas “bandas cult”. Na verdade, a grande maioria dessas bandas definitivamente foi relegada a um segundo plano na história por alguma razão concreta, seja ela artística (sonoridade bacana, mas sem nada de diferente de outros contemporâneos, sonoridade à frente do gosto da época, sonoridade realmente ruim...) ou profissional (falta de profissionalismo dos membros, substâncias demais causando problemas, problemas com gravadoras e contratos ruins...). Quando eu era moleque, Frost And Fire, disco de estreia do Cirith Ungol era tido como uma das pérolas das pérolas dos discos “Cult”. Não irei mentir, mas achei o disco uma bosta quando escutei, muito por conta do vocal esquisito de Tim Baker. Acreditei ser mais um disco alçado à um status importante só por que não era fácil de achar.
O "lendário" Frost & Fire |
Anos se passaram e acabei dando uma segunda chance à banda. Tim Baker continuou soando esquisito aos meus ouvidos, mas é inegável que a banda tinha uma cara bem própria e um charme tosco que unia os mundos do emergente Metal oitentista com o legado que o Black Sabbath deixara na década anterior. A banda lançou mais três (bons) discos em dez anos, encerrando suas atividades justamente por problemas contratuais, somados à mudança de interesse na cena Rocker com a chegada do Hair Metal ao mainstream e o posterior surgimento da cena de Seattle.
Os rostinhos bonitos do Cirith Ungol em 2020 |
Uma mania que costuma andar de mãos dadas com o culto à bandas desconhecidas, é a de ressuscitar as mesmas para reaparecimento em shows comemorativos em festivais. E foi com uma proposta de um festival que o Cirith Ungol retornou, em 2015. Quatro dos membros originais (com reforço do novato baixista Jarvis Leatherby) fizeram shows concorridos, que renderam um ótimo ao vivo. A receptividade foi tão boa que optaram por entrar em estúdio e adicionar um quinto rebento de estúdio à discografia, Forever Black. Com produção da banda junto à Armand Anthony (guitarrista do Night Demon), o disco abre com uma introdução épica que nos joga direto para a ferocidade da excelente Legions Arise. A impressão que temos é de que o tempo mal passou. Ao menos em termos de intenção e sonoridade, já que a produção (precisa e orgânica) faz Tim Baker soar muito mais poderoso que no passado (mas ainda esquisito), e a banda, mais pesada e concisa.
Quem busca novidades, aqui não as encontrará. Se eu dissesse se tratar de um disco nunca lançado gravado logo após Paradise Lost, você acreditaria. Longe de ser um demérito, aquela mescla de Black Sabbath com NWOBHM tem grandes chances de ainda acalentar os corações dos Headbangers, e as composições podem raramente atingir o patamar de novos clássicos (posto que Legions Arise e Fire Divine podem requerer facilmente), mas também nunca passam perto de fazer feio. Um disco de retorno honesto e recheado de um Heavy metal cru, empolgante e sem frescuras. Uma ótima pedida! (NOTA: 8,42)
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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: Heavy Metal cru e empolgante, com
cara bem própria
Contras: Tim Baker continua soando como
Tim Baker
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Trouble, Black Sabbath
"8,42" KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirEu conheci o CU (ops, pun intended... hehe) na época que seus dois primeiros discos foram lançados aqui, sim, foram lançados juntos e, bizarramente, com as capas trocadas!!!!
Aliás, foram as capas que me chamaram a atenção, aquele estilo parecido com do Boris Valejo era uma das minhas manias na época. Pedi pro Maurílio, dono da Sub Som, pra dar uma zuvida e ele foi logo dizendo, "...isso é uma merda..." KKKKK Eu sempre curti coisas esquisitas e, bem, os vocais eram realmente bem estranhos, mas o som era bãozão, e, de qualquer maneira, não era mais esquisito que os vocais do King Diamond, convenhamos... Aí, querendo ou não, os vocais fizeram a banda soar única e só isso já fala muito alto, ao menos pra mim.
Escutei esse disco novo há pouco tempo e é bem isso que você escreveu, parece ser a mesma banda de sempre, só um pouco menos tosca, tanto musicalmente quanto na questão da produção. Bãozão!!!
Valeu, mizifio trevoso!!!
Aquele abraço!
Fala Lacerda!
ExcluirO CU sempre gerou opiniões acaloradas gwhahhahahahha
Abraço!
T