sábado, 4 de abril de 2020

The Night Flight Orchestra – Aeromantic (CD-2020)



De Volta à Ponte Aérea
Por Trevas

Criado em 2007 como mera brincadeira entre os Soilworkianos Björn Strid e David Andersson durante os momentos de tédio de uma turnê pelos EUA, a The Night Flight Orchestra (a partir daqui, TNFO) virou um canal para os dois exercitarem composições voltadas para o Classic Rock/AOR, brincando nas letras com situações diversas que aconteciam durante as turnês, em especial envolvendo os baratos e infalíveis “voos noturnos” e os casos de uma noite só com mulheres de todos os países. Em determinada turnê conjunta com o Arch Enemy, o duo ganhou o reforço de Sharlee D’Angelo, e em 2012, uma pequena gravadora italiana topou lançar Internal Affairs, o descompromissado (e bom!) rebento dessa junção. Em 2015 a brincadeira ganhou um ótimo segundo capítulo (Skyline Whispers), mas tudo ainda era feito de maneira nada ambiciosa. Vide que, em 2016, ganhei um Meet & Greet com o Soilwork no show do Rio e levei, em meio aos encartes dos discos da banda, dois dos discos do TNFO. A cara de surpresa de Strid e David foi impagável! Foi só em 2017, quando Gemini (com ajuda da Nuclear Blast) catapultou Amber Galatic ao grande público, que a coisa engrenou. O sucesso foi tão avassalador que eclipsou até mesmo o trabalho com o próprio Soilwork. O pessoal não perdeu tempo e já em 2018 soltou Sometimes The World Ain’t Enough, esse já numa versão algo diluída da fórmula que tinha ganho atenção. Quando foi anunciado esse novo Aeromantic, não me empolguei. Achei que a brincadeira já estava perdendo um bocado da graça e charme, mas vim conferir assim mesmo.

Kitsch? Nah, que isso? Impressão sua
Estática. Falas femininas em outras línguas. Introdução que fica entre o Prog e o AOR. A bela produção de Thomas Plec Johansson saltando aos ouvidos e temos então Servants Of The Air trazendo de volta o charme dos dois primeiros trabalhos! Dessa vez quase todas as canções ficaram nas mãos de David Andersson, mas é justamente numa das duas músicas de Strid (um dos meus “vocal heroes”, que novamente se sente em casa nos vocais limpos) que temos a brilhante Divinyls, uma das melhores canções que o agora sexteto já fez.



A pegada impressionantemente inspirada continua com as grudentas e para lá de vivas If Tonight Is The Only Chance e This Boy’s Last Summer. Curves infelizmente nos faz lembras das pisadas na bola que afetaram os dois discos anteriores, com seu refrão irritante derivado de alguma banda Z do AOR oitentista, mas é seguida com precisão pela belíssima Transmissions (com direito a solo de violino).


A faixa título se parece demais com materiais anteriores, tal como Sister Mercurial, mas Taurus (contribuição do guitarrista Sebastian Forslund), Carmencita Seven, Golden Swansdown e o encerramento com a magistral Dead of Winter colocam o novo trabalho como forte postulante ao mais equilibrado do projeto, que recuperou a vitalidade de seus primeiros discos e é tão agradável que mal se percebe seus quase 57 minutos de duração. Se você curte aquele Rock que cheira a algum lugar no tempo entre 1978 e 1983, não precisa procurar mais, só colocar Aeromantic para rodar. (NOTA: 9,18)


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Gravadora: Shinigami Records (Nacional)
Prós: ótima produção, músicas inspiradas e grudentas
Contras: sim, é bem kitsch
Classifique como: Melodic Hard Rock, AOR
Para Fãs de: Meat Loaf, Kansas, Journey


4 comentários:

  1. É meu camarada, valeu pela dica. Sharlee D'angello não para mesmo é um workahollic.

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  2. Até hoje não sei se gosto ou não desse "projeto"; não foi feito pra se levar a sério, é óbvio, mas quando a pegada pesa no AOR, fica realmente insuportável (ao menos pra mim, que tenho verdadeira ojeriza a esse tipo de música cafona em sua essência, extremamente estilizado, FMzado e pasteurizado).
    Na verdade, escutei todos os discos, inclusive esse, mas somente uma vez cada um, e as músicas relamente não "colaram", a ponto de eu nem lembrar do que escutei.
    Talvez, futuramente, eu pare pra dar mais atenção e faça uma coletânea do tipo "best of", se tiver realmente algo do tipo nos discos...
    Abração, mizifio!!
    ML

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    Respostas
    1. Fala Lacerda!
      Te entendo perfeitamente...
      Então, eu tenho pouca tolerância a AOR, mas da mesma maneira do que acontece com o Steel Panther, sei lá por que prefiro as bandas "piadas" aos originais "homenageados" por elas
      Abraço
      T

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