Olá, Guardiões da Cripta!
Chega o fim de um ano e me
pego tendo a mesma impressão de sempre, quantos bons lançamentos que tive em
mãos! E quantos outros podem ter me escapado...
A facilidade de acesso que
instrumentos como o streaming nos proporciona faz com que consigamos explorar
cada recanto do “universo música”, se assim nosso dia a dia permitir.
E se considerarmos que ainda
assim existem mundos pouco afeitos a expor sua arte nessas plataformas, chega a
assustar quanta coisa boa pode estar perdida por aí...
Quem já lê a Cripta com
frequência, provavelmente sabe que a maior parte do material nela resenhado é
composta por aquisições em mídia física para a minha coleção pessoal. Como não
sou rico, claro que isso limita bastante meu range. O Spotify tem me ajudado a
ter acesso a materiais que não encontro e/ou não consigo comprar.
Como habitual, tentei escutar
nesse janeiro eventuais “discos do ano” que me passaram desapercebidos. Uma
tarefa dura, a cada lista de “melhores do ano” que exploro, ao menos dois ou
três discos que nunca ouvi são citados. Na maioria das vezes, com mérito.
Então, encarem essa presente
lista como um instrumento falho, incompleto, mas cheio de boas intenções. Uma
lista de recomendações, já que o conceito de “melhor ou pior” me parece
injusto.
Por tabela, segue a minha playlist do spotify para 2019.
Leiam, escutem, divirtam-se,
cornetem. E se quiserem, me mostrem suas listas!
Saudações
Trevas
Revelação
No Rio de Janeiro, o
Facing Fear lançou seu primeiro disco (Ana Jansen) e vem causando barulho com seu metal
revivalista (até no visual) e com letras eventualmente em português. Já o combo
Prog Metal Vikram, com músicos de vários lugares de nosso vasto país, fez um
disco que merece com sobras entrar na nossa listinha. O Tanith, que traz Russ
Tippins, do Satan, Tysondog e Blind Fury fez uma promissora estreia num elo
perdido musical entre os anos 1970 e a NWOBHM. Somaria aos três a brilhante
estreia dos paraguaios do Nightbound, num Ep homônimo caprichado, que soa uma
delícia aos ouvidos dos fãs de bandas como Thin Lizzy.
Revelações |
Melhor
DVD/Blu-Ray
Ainda que não conte
com nenhum extra de bastidores, Songs From The Dead é o Home Video dos sonhos
(ou pesadelos?) de qualquer fã do mestre King Diamond que se preze. O
dinamarquês, aliás, está em forma impressionante após quase antecipar sua
sentada no colo do Capeta. Em contrapartida, o apoteótico registro da
bem-sucedida turnê Punpkins United, reunindo eras diferentes dos Lordes
teutônicos do Power Metal Helloween, é tão recheado de material caprichado, que
não poderia ficar de fora da lista. Um dos pacotes mais bem servidos já
lançados no formato.
Os melhores Home Videos que o dinheiro pode comprar, em 2019 |
PLAYLIST
de 2019 – Criptozoologia 2019:
Agora, fiquem com a lista dos 30 (+1, pois errei a conta e só vi quando
fui publicar...típico, hehehehe) melhores trabalhos de 2019:
30. Baroness – Gold & Grey
Os esquisitões
estadunidenses por pouco não lançaram seu disco definitivo. Ainda que minado
por exageradas 17 faixas e uma produção incomodamente suja, quando Gold &
Grey acerta a mão, é espetacular e único.
29. Gloryhammer - Legends from
Beyond the Galactic Terrorvortex
Power Metal escocês e
galhofeiro entre os melhores do ano? Teria Trevas comido um cogumelo estragado?
É possível. Mas é inegável que os caras conseguiram lançar um disco para lá de
divertido e diferente, mesmo brincando com clichês de um dos gêneros mais
bobocas dentro do Metal.
28. Vírus – Contágio
O tão aguardado disco
de estreia dos veteranos da cena Brazuca enfim chegou. E mesmo com o atraso de
décadas, impossível resistir às versões definitivas para petardos como Matthew
Hopkins e Batalha No Setor Antares. Isso sem contar com os “novos” clássicos
Povo do Céu e Sacrifício. Imperdível aos ouvidos dos fãs do metal em Português.
27. Týr – Hèl
Essa lista está tão
estranha que entra até banda das Ilhas Faroe. Sim, os caras chegam aqui na cota
de Viking que deveria ser do Amon Amarth. Já que os suecos lançaram um disco
bom, mas inferior ao alto padrão por eles imposto...fico com esse belo trabalho
que mistura de forma única vários gêneros dentro do metal.
26. The 69 Eyes – West End
Olha, mesmo eu
curtindo muito vários trabalhos dos Vampiros de Helsinque, os caras andavam
tanto no piloto automático que jamais imaginei gamar em um disco deles de novo.
West End é uma delícia do Gothic Rock, viciante.
25. Overkill – The Wings Of
War
Faz tempo que a
máquina de Thrash estadunidense não erra a mão. Em Wings Of War o Overkill se
recusa a trilhar a fórmula que dera tão certo no surpreendente disco anterior.
Com uma sonoridade mais próxima de seus primórdios, acertam em cheio em um
disco que é uma muqueta na zoreia.
24. Pristine – Road Back To
Ruin
Heidi Solhein comanda
com sua bela voz e feeling o combo norueguês em Road Back To Ruin, um disco que,
apesar da evidente cara retro-rocker, não é para ficar limitado somente a esse
nicho. Um baita trabalho que merece ser ouvido por fãs de Rock em geral
23. Arch/Matheos – Winter
Ethereal
A junção de metade da
formação original do Fates Warning traz um trabalho complexo e repleto de
melancolia, com cascatas de melodias vocais e instrumental sofisticado nos
levando para uma viagem sombria. Um disco de Prog Metal maduro, sem os
exibicionismos estéreis do gênero.
22. RAM – The Throne Within
Para não dizer que
não há espaço para o Metal-Metal da nova leva nesse 2019, o novo trabalho dos
suecos troozões chuta bundas com seu coturno gasto e surrado. Fãs de Accept e
Judas Priest certamente ficarão com suas cacetas em riste perante o Metal puro
e vigoroso do quinteto, que parece nunca errar a mão.
21. Angel Witch – Angel Of
Light
Eu falei Metal-Metal?
Pois olha quem nos surpreendeu esse ano: Direto e certeiro, Angel Of Light pode
ser a luz (oops) que faltava para o Angel Witch enfim engrenar e, quem sabe,
construir uma reputação que faça justiça ao status de lenda que o quarteto
ganhou exclusivamente por conta de seu excelente debut. Imperdível
20. Sacred Reich – Awakening
Despretensioso,
virulento e direto ao ponto! De onde menos se esperava veio um disco de retorno
dos mais legais que já escutei. Viciante, Awakening tem como único grande
“defeito” durar parcos 30 minutos.
19. Death Angel – Humanicide
Desde seu triunfal e
prolífico retorno, os ex-menudos da Bay Area definitivamente não podem ser
acusados nem de amansar seu som, nem de se deitar no saudosismo repetitivo que
acomete a cena Thrasher. Humanicide é definitivamente um dos discos mais
poderosos dos californianos, audição obrigatória para qualquer fã de Thrash, de
qualquer era.
18. In Flames – I, The Mask
Ainda que seja fã de
carteirinha dos suecos, fazia tempo que nada deles me empolgava tanto. Longe da discussão infrutífera sobre os rumos
que a banda tomou quase 20 anos atrás, temos em mãos o melhor e mais
equilibrado disco do In Flames em muito tempo. Um disco direto, moderno,
grudento e ainda assim cheio de nuances. Viciante.
17. Crobot – Motherbrain
Os malucos do Crobot
conseguem unir em Motherbrain elementos de Retro-Rock e Stoner com o som
alternativo dos anos 1990 e tempero Hard/Heavy, num dos discos mais viciantes
desse 2019. E Brandon Yeagley é um dos vocalistas mais bacanas que ouvi da nova
safra.
16. Vikram – Behind The Mask –
I
Um punhado de ótimos
músicos de nossa cena se unem em uma viagem conceitual num dos melhores Debuts
dos últimos anos. Prog Metal inteligente, único e vigoroso, uma feliz prova de
que há sim renovação e esperança para a cena Bazuca!
15. Evergrey – The Atlantic
Se alguém quer um
exemplo de como uma banda pode amadurecer seu som sem soar meramente
pretensiosa, reserve uma hora de seu tempo e embarque em The Atlantic. Um disco
colossal, ao mesmo tempo pesado, denso e sensível. Isso sem nunca soar piegas. Uma
pena que não consegui conferir o show no Rio.
14. Lacuna Coil – Black Anima
Após alguns anos de
estagnação, os italianos acertaram a mão ao apostar em uma guinada no peso e em
temáticas mais sombrias. Delirium já era matador, mas Black Anima vai além, um
forte concorrente a melhor disco da prolífica carreira de Cris Scabbia e seus
amigos.
13. Thunder – Please Remain
Seated
Fiquei em dúvida se
incluía ou não esse disco aqui, já que se trata praticamente de uma compilação.
Mas esse não é um Best Of normal, os britânicos escolheram faixas não
necessariamente incensadas de sua carreira e praticamente as reconstruíram em
um delicioso formato anos 1950. Uma bela maneira de se explorar o passado sem
soar apelativo. Um disco único e muito bacana de se ouvir.
12. Cellar Darling – The Spell
The Spell pode se
mostrar uma jornada demasiadamente longa e melancólica ao ouvinte de um Metal
mais convencional, mas é uma jornada na qual vale a pena embarcar, para aqueles
afeitos a músicas que permeiam várias vertentes do estilo. O Cellar Darling
encontrou enfim sua cara, e ela é bela e triste.
11. Kadavar – For The Dead
Travel, Fast
Os retro-rockers
teutônicos do Kadavar mergulham de maneira firme e certeira na história de
Drácula e num som que parece erguido triunfantemente das brumas lisérgicas do
final dos anos 1960. Absolutamente matador.
10. Eclipse – Paradigm
Paradigm pode não ter
exatamente quebrado nenhum paradigma do Melodic Hard Rock/AOR, mas é facilmente
um dos melhores trabalhos do estilo que escuto em anos, e provavelmente o
melhor disco da carreira dos prolíficos suecos.
09. Sabaton – The Great War
Os simpaticíssimos
suecos do Sabaton vêm tomando o mundo do Metal de assalto. The Great War
alcançou o Top 10 em nada menos que 13 países (e Top 50 em 21), chegando ao
número 1 na Alemanha. E é merecido. Dentro do estilo que se propõe, é
facilmente um dos melhores discos desse 2019, e tem aquele raro mérito de pedir
por um repeteco tão logo os 39 minutos se encerram. Excelente.
08. Rammstein – Rammstein
Com a estética do
“menos é mais”, o quinteto ganhou foco, caprichando bastante nas composições.
Até aquelas que aparentemente nada trazem de novo ao bestiário Rammsteiniano
soam deliciosas. Com parcos 46 minutos de duração (e as tradicionais 11
músicas), Rammstein é cirúrgico e denso. Um dos melhores discos de 2019, que
também ameaça se tornar um dos favoritos dos fãs dentro da discografia da
banda.
07. Insomnium – Heart Like A
Grave
Retornando a um
formato de disco mais tradicional, o combo finlandês mergulha ainda mais na
melancolia para produzir um disco de Melodic Death Metal excepcional, adotando
elementos de diversos gêneros dentro do rock para temperar seu som. Denso e
pesado, belo e sombrio.
06. Tuatha De Dannan – The
Tribes Of Witching Souls
Um Ep vitaminado por
algumas versões diferentes de faixas já apresentadas anteriormente, The Tribes
Of Witching Souls é a prova cabal de que os mineiros são das melhores bandas de
nossa cena. Um daqueles trabalhos que tão logo terminam já pedem por um novo
toque compulsivo no “PLAY” do aparelho de som.
DAQUI PARA FRENTE, A ORDEM NÃO IMPORTA!
Tygers Of Pan Tang – Ritual
Difícil esperar de um
combalido veterano do segundo escalão da NWOBHM qualquer sinal vital em pleno
2019, certo? Porra nenhuma. Os tigres britânicos já vêm ameaçando lançar um
novo clássico tem pelo menos 10 anos. E Ritual, ainda que seja apenas um
simples disco de Metal tradicional, consegue grudar em nossa mente feito
chiclete. 53 minutos que farão qualquer fã Old School sorrir sem parar.
Jinjer- Macro
Eis que vem da
improvável Ucrânia um dos melhores e mais inventivos discos de 2019, que nos
prova com sobras que o Jinjer não é mais uma promessa da cena, e sim uma
retumbante realidade. Pesado, inteligente, criativo e diversificado.
Rival Sons – Feral Roots
Incapaz de fazer um
disco minimamente medíocre, o combo Retro-rocker estadunidense nos presenteia
com um discaço ao mesmo tempo simples e bastante sofisticado. Um forte rival
(oops) para The Great Western Valkyrie pelo trono de melhor disco da carreira
dos caras.
Candlemass – The Door To Doom
Os mestres suecos do
Doom Metal parecem uma fênix sombria. Renasceram anos atrás com o impecável
disco homônimo, ressurgiram de novo quando Rob Lowe assumiu os vocais da banda.
Anunciaram o fim. E do nada retornam, com o vocalista original que gravara
Epicus Doomicus Metallicus, com um disco tão matador que não merecia o título
tosco. Um dos melhores de toda a carreira.
Swallow The Sun – When A
Shadow Is Forced Into The Light
Quando os finlandeses
sorumbáticos lançaram o ambicioso disco triplo Songs From The North, acreditei
piamente que esse seria o ápice criativo que uma banda como eles poderia
atingir. Ledo engano. Movidos pela dor do luto de seu líder e principal
compositor, os caras fizeram um disco tão sombrio e denso quanto delicado e
belo. Um Gothic Doom de cortar o coração (e os pulsos).
Soilwork - Verkligheten
E não é que o The
Night Flight Orchestra fez muito bem ao Soilwork? Após anos de estagnação
criativa, os caras vêm enfileirando discaço atrás de discaço. Até fica difícil
escrever aqui sem cair na armadilha da adulação gratuita de fanboy. Mas o fato
é que no novo trabalho os suecos conseguiram encontrar um raro equilíbrio entre
peso, melodia e inserção de elementos estranhos ao seu som tradicional. As
composições são tão caprichadas, e o clima tão único, que nos resta aplaudir
quando You Aquiver nos presenteia com os últimos acordes de um disco fadado a
se tornar um clássico do estilo.
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