Realidade
Aumentada
Por Trevas
Os inéditos quatro
anos que separam Verkligheten do
lançamento anterior dos suecos do Soilwork
estão longe de representar uma preguiça dos músicos. E o motivo é simples: com
o inesperado e arrebatador sucesso do projeto (outrora mera brincadeira) The Night Flight Orchestra, o núcleo
criativo do Soilwork se envolveu nesse
período na produção, lançamento e divulgação de nada mais nada menos que dois
trabalhos do combo Brega’n’Roll. Na verdade, até fiquei preocupado que o
estrondo causado pelo TNFO pudesse
chutar o longevo baluarte do Melodeath
sueco para escanteio. Afinal, Moneytalks.
Por sorte, esse investimento de tempo e criatividade em outras paragens
musicais serviu de uma espécie de arrefecimento na mufa de Strid e sua trupe, que voltaram então as ações para o sucessor de The Ride Majestic em meados
de 2018. Sob a batuta de Thomas
"PLEC" Johansson (que masterizara os três
últimos trabalhos do TNFO e a
compilação Death Resonance, do próprio Soilwork), partiram para estúdios em
sua terra natal, dessa vez carregando o “novato” baterista Bastian Thusgaard para
participar do processo criativo (com David
Andersson assumindo o baixo, vago
desde a saída de Markus Wibom). Sabedor que a obra prima The Living Infinite
praticamente esgotara um caminho para a banda, e que Ride Majestic, ainda que
um bom disco, apenas revolvera a mesma caixa, Strid viu que era hora de reinventar seu filhote musical favorito.
The Night Flight, ooops, Soilwork 2019 |
A proposta dessa vez foi de envolver todos os músicos no processo de composição,
experimentando o quanto achassem que as músicas pediam. Um método de trabalho até
então inédito e que, segundo Strid,
mudou também o resultado final: “a sonoridade saiu mais Metal básico e direto,
mas com uma carga de melancolia típica do Soilwork...os
fãs irão identificar elementos de nossos últimos trabalhos aqui e ali, mas há
um clima diferente no ar, uma diversidade maior”. A faixa título (“realidade”
em sueco), que abre o disco, já mostra de cara o nível de experimentalismo: uma
curta e atmosférica instrumental que não ficaria perdida num disco do Pink Floyd dos tempos áureos. Mas Arrival,
com Blast Beats fundidos a aura espacial, trazem os ouvidos a uma realidade
diferente. As melodias em profusão contrastam com o peso muma faixa que é tudo
o que se esperaria do Soilwork, mas
de uma maneira diferente. A matadora Bleeder
Dispoiler tem uma guia em slide guitar e clima bem rocker.
Já Full Moon Shoals me faz pensar em
como o público da cena é tapado. Precisou do inesperado Boom do Night Flight Orchestra para
então Bjorn Strid ser reconhecido como o grande vocalista que é. Versátil até a
medula, soa bem desde os guturais até os falsetes, passando pelos graves
góticos e uma pegada mais industrial num piscar de olhos. A aura bluesy da introdução da música seguinte
parece referendar ainda mais a versatilidade apregoada, mas logo The Nurturing Glance se transmuta no
indefectível Gothemburg Sound dos caras, só que com uma aura
mais rocker que deixa o som ainda
mais irresistível. Um início para lá de promissor!
O time atual do Soilwork pode
não ser o mais virtuoso que a banda já teve, mas funciona brilhantemente. David Andersson e Sylvain Coudret trazem muito de classic rock aos riffs e solos
do Melodeath típico dos suecos. Bastian Thusgaard pode não ter impressionado de cara nos shows ao
substituir o monstro Dirk Verbeuren (uma missão sabidamente
ingrata), mas pelo que se escuta
aqui, está finalmente adaptado. Um baita trabalho! Sven Karlsson continua
colaborando com aquele clima espacial/progressivo nas linhas de teclado, um
pouco menos evidentes do que em The Living Infinite, mas muito bem pensadas. E no baixo, assumido por Andersson
na gravação, linhas competentes, mas não tão evidentes no meio de tanta melodia
e de uma bateria cheia de notas. A quantidade de informação musical por faixa é
tremenda, e aí entra em cena o brilhante trabalho do produtor Thomas "PLEC" Johansson, que
deixou tudo límpido e agradável aos ouvidos, cheio de dinâmica, mas com peso
colossal. Ouça as brilhantes When The Universe
Spoke (novamente com Blast Beats em meio aos climas espaciais), Stålfågel (grudenta até a medula, uma
das melhores do pacote), Needles and Kin (com Tomi Joutsen) e The Wolves Are Back In Town e tire a prova.
O disco segue extremamente variado, e imensamente inspirado até o fim.
Até fica difícil escrever aqui sem cair na armadilha da adulação gratuita de fanboy. Mas o fato é que no novo
trabalho os suecos conseguiram encontrar um raro equilíbrio entre peso, melodia
e inserção de elementos estranhos ao seu som tradicional. As composições são
tão caprichadas, e o clima tão único, que nos resta aplaudir quando You Aquiver nos presenteia com os
últimos acordes de um disco fadado a se tornar um clássico do estilo (NOTA: 10).
Nota sobre a Edição
Nacional: O
lançamento nacional vem encartado em slipcase trazendo a capa do EP Underworld,
contendo três faixas inéditas de qualidade equivalente ao repertório já
caprichado do novo disco. Ainda temos uma versão diferente para Needles and Kin no pacote. Ou
seja, vale cada centavo.
Visite o The Metal Club |
Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: O provável ápice da carreira do
Soilwork, com um baita Ep de bônus
Contras: o disco acaba
Classifique como: Death Metal Melódico
Para Fãs de: In Flames, Dark Tranquility,
Amorphis
Gostei do que li e do que escutei nos clipes, além de tudo a capa é sensacional!
ResponderExcluirNão entendo o porquê de tanta gente metida a tr00zão detestar o Soilwork.
Valeuzão, mizifio!
Aquele abraço
ML
Tr00zão é que nem Bolsomínion
ExcluirNem tente entender hehehehe
Abraço
T