terça-feira, 20 de agosto de 2019

Soilwork – Verkligheten (CD-2019)



Realidade Aumentada
Por Trevas

Os inéditos quatro anos que separam Verkligheten do lançamento anterior dos suecos do Soilwork estão longe de representar uma preguiça dos músicos. E o motivo é simples: com o inesperado e arrebatador sucesso do projeto (outrora mera brincadeira) The Night Flight Orchestra, o núcleo criativo do Soilwork se envolveu nesse período na produção, lançamento e divulgação de nada mais nada menos que dois trabalhos do combo Brega’n’Roll. Na verdade, até fiquei preocupado que o estrondo causado pelo TNFO pudesse chutar o longevo baluarte do Melodeath sueco para escanteio. Afinal, Moneytalks. Por sorte, esse investimento de tempo e criatividade em outras paragens musicais serviu de uma espécie de arrefecimento na mufa de Strid e sua trupe, que voltaram então as ações para o sucessor de The Ride Majestic em meados de 2018. Sob a batuta de Thomas "PLEC" Johansson (que masterizara os três últimos trabalhos do TNFO e a compilação Death Resonance, do próprio Soilwork), partiram para estúdios em sua terra natal, dessa vez carregando o “novato” baterista Bastian Thusgaard para participar do processo criativo (com David Andersson assumindo o baixo, vago desde a saída de Markus Wibom). Sabedor que a obra prima The Living Infinite praticamente esgotara um caminho para a banda, e que Ride Majestic, ainda que um bom disco, apenas revolvera a mesma caixa, Strid viu que era hora de reinventar seu filhote musical favorito.

The Night Flight, ooops, Soilwork 2019
A proposta dessa vez foi de envolver todos os músicos no processo de composição, experimentando o quanto achassem que as músicas pediam. Um método de trabalho até então inédito e que, segundo Strid, mudou também o resultado final: “a sonoridade saiu mais Metal básico e direto, mas com uma carga de melancolia típica do Soilwork...os fãs irão identificar elementos de nossos últimos trabalhos aqui e ali, mas há um clima diferente no ar, uma diversidade maior”. A faixa título (“realidade” em sueco), que abre o disco, já mostra de cara o nível de experimentalismo: uma curta e atmosférica instrumental que não ficaria perdida num disco do Pink Floyd dos tempos áureos. Mas Arrival, com Blast Beats fundidos a aura espacial, trazem os ouvidos a uma realidade diferente. As melodias em profusão contrastam com o peso muma faixa que é tudo o que se esperaria do Soilwork, mas de uma maneira diferente. A matadora Bleeder Dispoiler tem uma guia em slide guitar e clima bem rocker. Já Full Moon Shoals me faz pensar em como o público da cena é tapado. Precisou do inesperado Boom do Night Flight Orchestra para então Bjorn Strid ser reconhecido como o grande vocalista que é. Versátil até a medula, soa bem desde os guturais até os falsetes, passando pelos graves góticos e uma pegada mais industrial num piscar de olhos. A aura bluesy da introdução da música seguinte parece referendar ainda mais a versatilidade apregoada, mas logo The Nurturing Glance se transmuta no indefectível Gothemburg Sound dos caras, só que com uma aura mais rocker que deixa o som ainda mais irresistível. Um início para lá de promissor!


O time atual do Soilwork pode não ser o mais virtuoso que a banda já teve, mas funciona brilhantemente. David Andersson e Sylvain Coudret trazem muito de classic rock aos riffs e solos do Melodeath típico dos suecos. Bastian Thusgaard pode não ter impressionado de cara nos shows ao substituir o monstro Dirk Verbeuren (uma missão sabidamente ingrata), mas pelo que se escuta aqui, está finalmente adaptado. Um baita trabalho! Sven Karlsson continua colaborando com aquele clima espacial/progressivo nas linhas de teclado, um pouco menos evidentes do que em The Living Infinite, mas muito bem pensadas. E no baixo, assumido por Andersson na gravação, linhas competentes, mas não tão evidentes no meio de tanta melodia e de uma bateria cheia de notas. A quantidade de informação musical por faixa é tremenda, e aí entra em cena o brilhante trabalho do produtor Thomas "PLEC" Johansson, que deixou tudo límpido e agradável aos ouvidos, cheio de dinâmica, mas com peso colossal. Ouça as brilhantes When The Universe Spoke (novamente com Blast Beats em meio aos climas espaciais), Stålfågel (grudenta até a medula, uma das melhores do pacote), Needles and Kin (com Tomi Joutsen) e The Wolves Are Back In Town e tire a prova.



O disco segue extremamente variado, e imensamente inspirado até o fim. Até fica difícil escrever aqui sem cair na armadilha da adulação gratuita de fanboy. Mas o fato é que no novo trabalho os suecos conseguiram encontrar um raro equilíbrio entre peso, melodia e inserção de elementos estranhos ao seu som tradicional. As composições são tão caprichadas, e o clima tão único, que nos resta aplaudir quando You Aquiver nos presenteia com os últimos acordes de um disco fadado a se tornar um clássico do estilo (NOTA: 10).



Nota sobre a Edição Nacional: O lançamento nacional vem encartado em slipcase trazendo a capa do EP Underworld, contendo três faixas inéditas de qualidade equivalente ao repertório já caprichado do novo disco. Ainda temos uma versão diferente para Needles and Kin no pacote. Ou seja, vale cada centavo.

Visite o The Metal Club

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: O provável ápice da carreira do Soilwork, com um baita Ep de bônus
Contras: o disco acaba
Classifique como: Death Metal Melódico
Para Fãs de: In Flames, Dark Tranquility, Amorphis


2 comentários:

  1. Gostei do que li e do que escutei nos clipes, além de tudo a capa é sensacional!
    Não entendo o porquê de tanta gente metida a tr00zão detestar o Soilwork.
    Valeuzão, mizifio!
    Aquele abraço
    ML

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tr00zão é que nem Bolsomínion
      Nem tente entender hehehehe
      Abraço
      T

      Excluir