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Cartaz do show do Rio |
Deixando O Odisseia Em
Ruínas!
Texto
e Fotos por Trevas
Meio de semana no Rio
de Janeiro e a expectativa estava mais alta do que o normal para o show dos
lusitanos do Moonspell. O
cancelamento da turnê anterior pela América Latina deixou os fãs da banda
escaldados e temerosos de que evento semelhante voltasse a ocorrer. Some-se
isso ao fato dos portugueses estarem justamente promovendo seu primeiro disco
gravado integralmente em sua língua pátria, o que desperta aquela curiosidade
de como o ótimo material novo funcionaria diante de uma plateia lusófona, e
temos um cenário de apreensão para o primeiro show completo da banda no Rio de Janeiro
(o do Rock In Rio foi um set curto).
O belo cenário armado no acanhado palco do Teatro
Odisseia já profetizava uma noite
especial, a máquina de gelo seco esfumaçando a casa de shows como se nos
preparasse para a entrada do Sisters
Of Mercy. O público, parecia então não somar mais do que a metade da
casa, o que apresentava um cenário desolador, a baixa venda de ingressos vem
minando cada vez mais a cena carioca de Metal, e mais um fracasso em um evento
de uma banda que anda de vento em popa no resto do mundo certamente não jogaria
a favor dos fãs do estilo, podendo minar a oportunidade de novos shows no
futuro próximo na cidade do caos.
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Fernando e a lanterna: prenúncio macabro para os cariocas no brasileirão? |
Poucos minutos após o horário marcado, a banda toma seus lugares, com um
Fernando Ribeiro teatral empunhando uma lanterna à óleo e entoando a versão
mais recente do hino Em Nome Do Medo. Fernando, com
uma expressão corporal que em muito remete Till
Lindemann, deixa o refrão para o
público e...então me dou conta de que a casa repentinamente enchera bastante. E,
melhor ainda, enchera de aficionados pelo som variado dos portugueses. Ah, sim,
agora o cenário parecia extremamente favorável.
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Oremos... |
O show segue com as novas 1755,
In Tremor Dei e Desastre, todas apresentadas com
elementos cenográficos para lá de especiais, e muitíssimo bem recebidas pelo
público. Night Eternal testa o som geralmente tacanho do Teatro Odisseia, e ele responde
razoavelmente bem, a despeito do vocal um pouco abafado no mix. O terreno
estava pronto para a dobradinha do clássico Irreligious: Opium e Awake em sequência levaram alguns
marmanjos e moçoilas ao delírio.
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Pedro e Fernando |
O simpático frontman se
destaca pela versatilidade vocal, presença de palco teatral e pela simpatia na
comunicação com o público. Mas a banda toda funciona como um relógio: Aires (baixo) não para de agitar por um
segundo sequer, Miguel Gaspar (bateria) desce a lenha nos
tambores com aquele estilo vistoso que serviria bem até mesmo à uma banda sleaze, Pedro Paixão (teclado)
segura as pontas das orquestrações detrás de um excelentemente bem bolado
praticado de teclados que simula um órgão de igreja gótica, e Ricardo Amorim (guitarras e voz) é clínico nas seis cordas, seus belos
solos merecendo um reconhecimento maior do que tem. A sinergia dos membros da
banda se faz evidente na excelente versão de Ruínas, ainda melhor que sua contraparte de estúdio.
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Ricardo Amorim, Morning Blade em ação |
O repertório, muito bem escolhido, segue com duas músicas do ótimo Extinct: Breathe e a faixa título. Evento
e Todos Os Santos (com a bem
sacada cruz-com-laser) comprovam que a banda também estava cheia de vontade de
poder mostrar mais das músicas em português no setlist. É chegada a hora de Vampiria, com Fernando envolto numa capa de fazer inveja à Bela Lugosi. Longe de
ser minha favorita dos lusos, não me empolguei tanto, mas era só olhar ao redor
e ver a goticaiada indo aos prantos para lembrar o impacto que Wolfheart e essa música tiveram em seu
tempo. Alma Mater aparece para roubar o que ainda sobrava do nosso fôlego, mas
não parava por aí. Lanterna dos Afogados, a bela balada dos Paralamas,
convertida com maestria em hino gótico, ganhou uma rendição para lá de
emocionante, encerrando a primeira parte de um show que já ganhara a todos.
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Sob a luz da cruz |
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Fernando Ribeiro |
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Ehr, qual era a letra mesmo? |
Mas havia mais...o bis nos guardou a surpreendente e monstruosa Everything Invaded (uma de minhas favoritas), seguidas das clássicas Mephisto e Full Moon Madness, cantadas à plenos pulmões por
um Odisseia em êxtase. A felicidade
desse público refletia nos rostos dos membros da banda, sabedores que a
conquista iniciada no Rock in Rio
agora se fazia efetiva. E, citando a piada que Fernando fizera naquele festival: caros amigos do Moonspell, definitivamente vocês têm
muito mais que 10 fãs nessa cidade. E eles aguardarão ansiosamente pelo momento
em que o feitiço da lua cairá novamente sobre o Rio de Janeiro. Memorável (NOTA:10).
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Mephisto em pessoa |
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Hora do "até logo" |
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