Rainbow - Monsters of Rock - Live at Donington 1980 |
O Baú do Raul, digo,
Ritchie
Por Trevas
Não
foi só o perplexo fã de rock que abriu um sorriso de ponta a ponta com a
notícia de que o doido do Ritchie Blackmore estaria momentaneamente
largando suas roupas de bardo para reativar o Rainbow. A Universal,
detentora dos direitos do catálogo pregresso da banda também ficou muito feliz.
E rapidamente já remexeu o baú atrás de preciosidades nunca lançadas antes. De
cara fomos surpreendidos pelo anúncio de um pacote Cd+ DVD do show do Rainbow como Headliner do Monsters Of Rock
de 1980. Um show tão lendário que rendeu até homenagem na letra de And The Bands Played On, clássico do Saxon.
O background
histórico dessa apresentação pode ser resumido rapidamente: insatisfeito com o
desdém do mercado americano com seu supergrupo, Ritchie Blackmore avisa
que pretende americanizar seu som. Ronnie
Dio, com suas letras calcadas em
fantasia capa-e-espada, sente-se de certa forma pressionado a mudar seu estilo.
Seus desentendimentos constantes com Cozy
Powell, um baterista de
personalidade forte que então tinha até mais cacife na cena do que o próprio
baixinho, serviram para tornar Ronnie
mais um número na infindável lista de demissões do patrão. Ironia do destino,
para americanizar o som o Rainbow
tirou um estadunidense e substituiu por um britânico, o estranho Graham Bonnet. Bonnet vinha da
cena pop rock e tinha alguns anos que se dedicava cada vez mais a usar sua voz
diferente para a criação de jingles. Com Graham
se associando a Cozy, Roger Glover e o então desconhecido Don
Airey, o Rainbow lança o excelente Down
To Earth, título sintomático para uma banda que fugia dos temas
fantasiosos.
Bonnet 1980: Menina venenoooo |
Curiosamente Down To Earth
não era tão mais americanizado do que seu antecessor (Long Live Rock And Roll) havia sido, misturando temas épicos como Lost In Holywood e Eyes Of the World com os hard pops Since You’ve Been Gone (de Russ
Ballard) e All Night Long. A turnê seguiu e o comportamento errático de um Bonnet com sérios problemas ligados ao alcoolismo
logo o tornariam a próxima vítima da maldição da demissão do tio Ritchie. Depois disso a banda
finalmente encontraria um som mais voltado para o AOR, muito em voga na terra do tio Sam, entrando na sua fase mais fraca, mas mais bem sucedida
financeiramente (com Joe Lynn Turner
na voz). O curto reinado de Graham
Bonnet também está sendo explorado através de uma caixa de Cds trazendo
algumas apresentações. Mas aqui ficamos com a rendição em Cd e DVD do show do Monsters, cada qual analisado
separadamente.
Down to Earth - o último grande disco do Rainbow, ao menos até 1995 |
O Cd – Clássico Instantâneo
O
CD é um registro cru e poderoso de um show lendário. Após uma breve introdução,
a banda joga na cara a agressiva e excelente Eyes of The World, que mostra a muitos que caíram na ladainha de
que o Rainbow sem Dio havia se tornado uma banda pop o quanto
estão enganados. A seguir vem uma ótima rendição de Stargazer, que deixa claro que britânico Bonnet era um perfeito substituto para o pequeno estadunidense de
voz gigante. A voz de Bonnet é
inimitável e potente, mas se você é um dos muitos que como eu se pegaram
pensando como ele canta aquelas notas estratosféricas ao vivo, aqui vai a
resposta – não canta. Mas isso não tira o brilho de sua performance, agressiva
e crua, e muito, muito boa.
E
o resto da banda? Um imberbe Don Airey já mostrando todo seu talento
cercado pelo Drum Hero Cozy Powell e por um baixista que joga para
o time, Roger Glover. Ah, e o patrão Blackmore
estava numa noite inspirada, seus devaneios guitarrísticos em Catch the Rainbow valendo cada
centavo pago pela bolachinha.
De
resto, Lost In Hollywood vem
quebrada ao meio pelos obrigatórios solos individuais, mais enxutos que nos
shows da década de 1970. Eyes of The
Wolrd e Catch The Rainbow estão
presentes em versões de fazer muito marmanjo chorar de emoção. Já Lazy, All Night Long e Long Live
Rock And Roll vem no repertório naquele típico esquema de medley, entremeadas
pela instrumental Blues e por uma versão bem legal de Will You Love Me Tomorrow, então um hit de Carole King.
Enfim,
um material que não perde em nada para o clássico registro On Stage e que nos deixa tristes e perplexos pela curta vida que
essa formação teve na história do Rainbow.
Absolutamente obrigatório.
NOTA: 10
Ritchie - um monstro no Monsters |
O DVD – Picaretagem Explícita!
O
DVD, bem esse faz a qualidade do
pacote dar uma considerável despencada. Já não bastasse a imagem bastante
fraca, você certamente já viu imagens muito melhores de shows de décadas
anteriores (isso não é desculpa), inexplicavelmente temos somente meia hora do
set incluso aqui. O som sofreu de pequenos e constantes glitches em todos os
tocadores testados. E ainda enfrentamos uma edição que deixa o repertório
fora de ordem, sem fazer lá muito sentido. O material tem meia hora de duração,
e se contarmos que boa parte desses preciosos minutos se baseiam nos solos
individuais e na papagaiada de Bonnet
em All Night Long, dá aquela
sensação de desperdício de imagens de um show histórico. E o fiasco absoluto fica
ainda mais claro por conta das impagáveis rendições para Catch the Rainbow e Eyes of
the World mutiladas e reduzidas a pequenos minutinhos na edição! Ou seja,
nem o curto material anunciado na contracapa se encontra completo. Um embuste vergonhoso!
Nota: 3
Saldo Final
Um
CD histórico junto a sua para lá de
decepcionante contraparte em DVD. Não
seria exatamente um problema se existisse uma edição somente em Cd ou o preço pelo pacote fosse baseado
apenas como um item só. Mas infelizmente só está sendo vendido o pacote com os
dois itens, cobrados como tal. Ou seja, não dá para não se sentir ludibriado.
Sendo assim, a nota seguirá a média entre as duas desiguais partes desse
pacote. Que tenham mais capricho da próxima vez que resolverem revirar o baú do
Ritchie!
NOTA FINAL: 6,50
Indicado
para: todos aqueles que tem curiosidade em ouvir como o Rainbow soava ao vivo
com Mr. Bonnet
Fuja
se: o que tiver te atraído seja o DVD
Classifique
como: Classic Rock, Heavy Metal
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