Lords Of Black II (Cd - 2016) |
Lords Of Black(more)?
Por
Trevas
Prólogo – Pote de Ouro
Chileno ao Fim do Arco Íris
Novembro de 2015, o
mundo já estava suficientemente assombrado com a decisão do recluso menestrel e
piroca das ideias Ritchie Blackmore,
um dos maiores guitarristas e escroques da história do rock, que anunciara o
outrora improvável retorno do Rainbow
para um punhado de shows em 2016. Mas como nada com o Man In Black parece seguir uma simples linha
reta, a formação para esses shows pegou todo mundo com as calças arriadas: nada
de Joe Lynn Turner, Doogie White ou qualquer membro do passado da banda (e olha que são muitos
para escolher). Ritchie driblou a
todos e anunciou os azarões David Keith (Blackmore’s Night) na
bateria, Bob Noveau (nome artístico de Bob
Curiano, um pouco conhecido multi instrumentista)
no baixo, Jens Johansson (Stratovarius,
Malmsteen) nos teclados.
Rainbow redivivo |
Mas
dentre todos os anunciados, nenhum causou mais espanto e curiosidade que o nome
de Ronnie. Não, não usaram um
tabuleiro ouija e trouxeram Dio de
volta, isso seria demais até para o velhaco guitarrista trollador, o Ronnie da vez é o até então
desconhecido Romero. Chileno
radicado na Espanha em 2011, Ronnie Romero foi definido pelo novo patrão
como “Uma mistura entre Ronnie James Dio e Freddie Mercury”. Puta que o pariu, se a
responsabilidade já era grande, imagina depois de uma declaração dessas! Os
cotovelos do peruquento Joe Lynn Turner sofreram de dores lancinantes e todos os holofotes então e
voltaram para a banda do vocalista chileno, uma tal de Lords Of Black. Ufa, enfim chegamos ao ponto.
Mas não há muito a dizer sobre os caras. Trata-se de um projeto do guitarrista Tony Hernando que lançara um disco homônimo em 2014. Um baita disco, mas
que obteve pouca divulgação fora da Espanha natal.
Ronnie levando a sério demais o lance do Freddie Mercury... |
Começando a Jornada
Malevolently Beautiful
é a curta introdução que abre o disco e prepara terreno para Merciless, um Power metal pesado e
repleto de dramaticidade, carregado pela voz de Ronnie Romero. E já que
na voz do chileno reside a maior parcela de interesse pela bolachinha, vou
abrir aqui um parágrafo.
Lords Of Black, a "banda de Tony "que virou a "banda de Ronnie" |
O “Outro Ronnie”
Ter nas costas a
carga que Mr. Blackmore colocou em Ronnie não deve ser fácil. Mas esse
“outro Ronnie” tem talento, e muito.
Embora dê perfeitamente para entender o que Ritchie quis dizer com a comparação, pois Romero tem trejeitos dramáticos e algo no timbre que lembram os
raros momentos de agressividade de Freddie
(ver I Want it All) e uma tonelada
de influência do Ronnie original,
mas a voz do cara não é só isso. Mr. Romero
é um vocalista com V maiúsculo e sem a menor sombra de dúvidas, vai fazer justiça
ao material do Rainbow. Eu
particularmente o colocaria como uma versão mais carregada de drive e maldade
de caras como Robin McAuley (Survivor, Grand Prix, McAuley Schenker Group) e Johnny Gioeli (Hardline, Axel Rudi Pell). Enfim, referências de respeito.
(Nota do Trevas: a resenha foi escrita antes dos primeiros shows da nova
formação do Rainbow, agora já não há
dúvidas, o cara manda muito – ver vídeo abaixo).
Voltando ao disco:
Only One Life Away é muito boa, pesada
e sombria. Mas é com Everything You’re
Not que fui definitivamente conquistado pelo som do Lords of Black, mais dinâmica que as faixas anteriores e contando
com ótimo refrão, dando espaço para Romero mostrar sua versatilidade, diria sem
medo se tratar de um dos grandes sons de 2016. Não à toa, foi a escolhida para
o videoclipe (ver abaixo).
Definir o som dos caras é complicado, é um power metal, fato. Mas longe
dos maneirismos das bandas melódicas, apostando prioritariamente em músicas mid
tempo, com riffs monolíticos e cozinha pesada e sem invencionices. Diria que é
um meio termo entre um Axel Rudi Pell e um Kamelot
(devido a algumas intervenções mais modernas e sombrias nos arranjos). A aposta
é na voz de Romero, mas quem comanda
o barco é o guitarrista Tony Hernando. Além de tocar muito bem as
guitarras e baixos do disco, Tony
compôs todo o material e quase todas as letras, além de dividir a produção com
o veterano Roland Grapow. Essa aliás talvez o ponto baixo
do disco. Longe de ser uma produção ruim ou desleixada, mas o som estridente e
saturado acaba tornando a audição de uma hora de material cansativa mesmo
contando com boas composições.
Segue a toada de boas faixas mid tempo, algumas com as pitadas muito bem
dosadas de metal sinfônico, com destaque para os nove minutos da épica e excelente
Ghost Of You (ver vídeo). Como
que um aperitivo, o disco se encerra com uma versão vitaminada para Lady Of the Lake, uma música menor dentro da
discografia do Rainbow.
Saldo Final
Pouco
importa à maioria dos mortais que o Lords
Of Black seja a canalização da criatividade de Tony Hernando, mas a
qualidade de suas composições definitivamente engrandece ainda mais o talento
latente de Ronnie Romero. Um discaço que me deixa
torcendo que a exposição exacerbada do vocalista chileno não abrevie a carreira
dessa promissora banda.
NOTA: 8,84
Para
fãs de: Rainbow, Axel Rudi Pell
Fuja
se: for um fã apenas de metal moderno
Classifique
como: Heavy Metal, Power Metal