terça-feira, 21 de junho de 2016

Lords Of Black – II (Cd – 2016)

Lords Of Black II (Cd - 2016)
Lords Of Black(more)?
Por Trevas

Prólogo – Pote de Ouro Chileno ao Fim do Arco Íris

Novembro de 2015, o mundo já estava suficientemente assombrado com a decisão do recluso menestrel e piroca das ideias Ritchie Blackmore, um dos maiores guitarristas e escroques da história do rock, que anunciara o outrora improvável retorno do Rainbow para um punhado de shows em 2016. Mas como nada com o Man In Black parece seguir uma simples linha reta, a formação para esses shows pegou todo mundo com as calças arriadas: nada de Joe Lynn Turner, Doogie White ou qualquer membro do passado da banda (e olha que são muitos para escolher). Ritchie driblou a todos e anunciou os azarões David Keith (Blackmore’s Night) na bateria, Bob Noveau (nome artístico de Bob Curiano, um pouco conhecido multi instrumentista) no baixo, Jens Johansson (Stratovarius, Malmsteen) nos teclados.

Rainbow redivivo
Mas dentre todos os anunciados, nenhum causou mais espanto e curiosidade que o nome de Ronnie. Não, não usaram um tabuleiro ouija e trouxeram Dio de volta, isso seria demais até para o velhaco guitarrista trollador, o Ronnie da vez é o até então desconhecido Romero. Chileno radicado na Espanha em 2011, Ronnie Romero foi definido pelo novo patrão como “Uma mistura entre Ronnie James Dio e Freddie Mercury”. Puta que o pariu, se a responsabilidade já era grande, imagina depois de uma declaração dessas! Os cotovelos do peruquento Joe Lynn Turner sofreram de dores lancinantes e todos os holofotes então e voltaram para a banda do vocalista chileno, uma tal de Lords Of Black. Ufa, enfim chegamos ao ponto. Mas não há muito a dizer sobre os caras. Trata-se de um projeto do guitarrista Tony Hernando que lançara um disco homônimo em 2014. Um baita disco, mas que obteve pouca divulgação fora da Espanha natal.

Ronnie levando a sério demais o lance do Freddie Mercury...
Começando a Jornada
Malevolently Beautiful é a curta introdução que abre o disco e prepara terreno para Merciless, um Power metal pesado e repleto de dramaticidade, carregado pela voz de Ronnie Romero. E já que na voz do chileno reside a maior parcela de interesse pela bolachinha, vou abrir aqui um parágrafo.



Lords Of Black, a "banda de Tony "que virou a "banda de Ronnie"



O “Outro Ronnie”

Ter nas costas a carga que Mr. Blackmore colocou em Ronnie não deve ser fácil. Mas esse “outro Ronnie” tem talento, e muito. Embora dê perfeitamente para entender o que Ritchie quis dizer com a comparação, pois Romero tem trejeitos dramáticos e algo no timbre que lembram os raros momentos de agressividade de Freddie (ver I Want it All) e uma tonelada de influência do Ronnie original, mas a voz do cara não é só isso. Mr. Romero é um vocalista com V maiúsculo e sem a menor sombra de dúvidas, vai fazer justiça ao material do Rainbow. Eu particularmente o colocaria como uma versão mais carregada de drive e maldade de caras como Robin McAuley (Survivor, Grand Prix, McAuley Schenker Group) e Johnny Gioeli (Hardline, Axel Rudi Pell). Enfim, referências de respeito. (Nota do Trevas: a resenha foi escrita antes dos primeiros shows da nova formação do Rainbow, agora já não há dúvidas, o cara manda muito – ver vídeo abaixo).



Voltando ao disco:

Only One Life Away é muito boa, pesada e sombria. Mas é com Everything You’re Not que fui definitivamente conquistado pelo som do Lords of Black, mais dinâmica que as faixas anteriores e contando com ótimo refrão, dando espaço para Romero mostrar sua versatilidade, diria sem medo se tratar de um dos grandes sons de 2016. Não à toa, foi a escolhida para o videoclipe (ver abaixo).


Definir o som dos caras é complicado, é um power metal, fato. Mas longe dos maneirismos das bandas melódicas, apostando prioritariamente em músicas mid tempo, com riffs monolíticos e cozinha pesada e sem invencionices. Diria que é um meio termo entre um Axel Rudi Pell e um Kamelot (devido a algumas intervenções mais modernas e sombrias nos arranjos). A aposta é na voz de Romero, mas quem comanda o barco é o guitarrista Tony Hernando. Além de tocar muito bem as guitarras e baixos do disco, Tony compôs todo o material e quase todas as letras, além de dividir a produção com o veterano Roland Grapow. Essa aliás talvez o ponto baixo do disco. Longe de ser uma produção ruim ou desleixada, mas o som estridente e saturado acaba tornando a audição de uma hora de material cansativa mesmo contando com boas composições.


Segue a toada de boas faixas mid tempo, algumas com as pitadas muito bem dosadas de metal sinfônico, com destaque para os nove minutos da épica e excelente Ghost Of You (ver vídeo). Como que um aperitivo, o disco se encerra com uma versão vitaminada para Lady Of the Lake, uma música menor dentro da discografia do Rainbow.


Saldo Final

Pouco importa à maioria dos mortais que o Lords Of Black seja a canalização da criatividade de Tony Hernando, mas a qualidade de suas composições definitivamente engrandece ainda mais o talento latente de Ronnie Romero. Um discaço que me deixa torcendo que a exposição exacerbada do vocalista chileno não abrevie a carreira dessa promissora banda.


NOTA: 8,84


Para fãs de: Rainbow, Axel Rudi Pell
Fuja se: for um fã apenas de metal moderno
Classifique como: Heavy Metal, Power Metal  

sábado, 18 de junho de 2016

Os 10 discos que não gosto, de bandas que gosto

Ainda bem que imagem não tem cheiro: só caca
Olá, Guardiões da Cripta

As redes sociais podem ser um pé no saco eventualmente, mas também nos premiam com diversos momentos inspirados. Coloco nessa lista os desafios envolvendo listas, já que sou um aficionado em listar coisas, em especial coisas relativas à música e cinema. Já participei de inúmeros desafios desse tipo, alguns deles acabaram por se tornar post aqui na Cripta (vide o post sobre shows favoritos).

Hoje me deparei com o desafio por parte do mitológico André Delacroix (o mega boa praça e mega batera de Metalmorphose e Imago Mortis).

O desafio? Bem interessante e diferente: Listar 10 álbuns que NÃO GOSTO de bandas que GOSTO.


Não tive tantos problemas quanto a isso, sou um cara chato mesmo e não tenho idolatria gratuita, pode ser minha banda de coração, pisou na bola, pisou na bola, não fico dando uma de fanboy. Mas obviamente, fico imensamente mais feliz em falar bem das bandas que gosto, hehe. Mas confesso que me diverti colocando aqui minha frustração com as bolachinhas listadas, até por que na maioria dos casos eu comprei (não, eu não baixo discos) elas à época cheio de expectativas.

Divirtam-se e, de preferência, postem aqui suas listas!!!
Abraço
Trevas

P.s.: a lista não está em ordem de despreferência...

Espero que o coveiro tenha morrido antes de escutar essa josta!
1. Iron Maiden – No Prayer for the Dying

Ok, poderia ter colocado aqui os igualmente péssimos Virtual XI ou Final Frontier, mas confesso que nesse ponto o encanto pela banda já havia acabado. No Prayer foi um choque, minha banda favorita à época lançava um disco com lixos homéricos como Mother Russia, Bring Your Daughter To the Slaughter (tida pelo próprio Bruce como sua pior música) e, principalmente, the Assassin, fácil fácil a pior composição já feita por uma grande banda de metal. Some isso a um Bruce em péssima fase técnica e temos um cagalhão com caroço de milho em forma de disco.

A capa ainda é mais profunda e criativa que o conteúdo musical...

2. Judas Priest – Demolition

Nada contra (e nem a favor) do Ripper. Acho Jugulator um disco bacaninha, embora tenha ficado extremamente datado. À época a grana estava curta, mas mesmo assim saí da loja onde trabalhava e fui comprar a edição especial desse disco, que havia encomendado e aguardado ansiosamente. Quando coloquei para rodar, que decepção. O Judas havia se tornado uma banda qualquer, parecia querer seguir os seguidores de seu próprio legado. O som, magrinho, sem pressão e artificial. Coisas como feed On Me, Metal messiah, Machine Man, One On One e Bloodsuckers são tão genéricas e desinteressantes que é impossível não acionar o skip do controle remoto. Ripper, esse faz o que sabe, resolver qualquer parte da música com algum grito. Gritar ele sabe. Graças a Odin, Halford retornou e o Judas voltou a ditar regras e não a segui-las.

Sim, os robôs gigantes podiam ter esmagado o estúdio com a fita master dessa bosta dentro
3.  Dio – Angry Machines

É, nem o mestre escapa da minha lista macabra. Ao contrário de boa parte de meus amigos, eu havia adorado o Strange Highways, que entendi como uma continuação da ideia do Dehumanizer. Então o fato do direcionamento mais “realista” do material do Dio não me assustava em absoluto. Mas a falta de qualidade das músicas desse Angry machines é de chorar. Afora o encerramento com a bela This Is Your Life (lembro bem, numa entrevista com o Gastão, Dio referiu-se a ela como uma continuação temática da igualmente bela Rainbow Eyes, do Long Live Rock N Roll...), não há nada, nada mesmo, zero, rosca, que se salve aqui. Simplesmente horrível.

Os incautos que ousaram ouvir esse lixo arrancaram as próprias orelhas e colocaram em potes, como podemos ver acima...
4. Queensrÿche – hear in The Now Frontier

Entendo que seja difícil para a galera mais nova entender o por que tanta gente reverencia os nerds de Seattle. Fato é que desde o disco citado acima os caras só fizeram coisas decepcionantes. Mas nenhum dos trabalhos ruins deles me chocou tanto negativamente quanto esse aqui, até por que veio depois de uma sequência brilhante que incluía três discos diferentes em intenção e iguais em qualidade: Operation Mindcrime, Empire e Promised Land. Esse Hear In The Now Frontier jogava o som algo cerebral dos caras na vala comum do rock alternativo tão em voga à época. Nada se salva nada, nem música nem os timbres. A primeira vez que os vi ao vivo foi nessa turnê, e a experiência foi tão ruim que quase me desfiz dos discos todos. Curiosamente a banda se reencontrou justamente com a saída de seu líder. 


Ok, podia ser o Bananas, o Abandon, o Rapture...tanto faz...
5. Deep Purple – Tudo depois do Purpendicular.

Ritchie Blackmore é o artista de quem cheguei mais perto de ser um fanboy. Ele é o culpado por eu ser um músico (ainda que um de final de semana, hehehe): eu queria ser um guitarrista, mas a falta de talento e disciplina me levou acidentalmente para os microfones, hehehe.  E Deep Purple foi por muito tempo minha banda favorita. Mas quando Ritchie saiu, não fiquei tão revoltado quanto imaginava, conferi o Purpendicular e achei bem bacana. Mas desde então meu gosto pelos caras foi ladeira abaixo. Seguiram-se discos no mínimo sem sal (Abandon, bananas, Rapture e o pavoroso Now What). Mas o que é pior, o som da banda foi se moldando ao estilo do novo guitarrista, e não o contrário. E cara, Steve Morse pode ser muito técnico, mas por Odin, como é capaz de compor tanta coisa chata. Isso somado ao declínio técnico de Mr. Gillan me fez amaldiçoar o DP. Uma banda que morreu para mim.

Acredite, você ia preferir uma bala de canhão a ouvir esse disco...no meio dos ovos
6. Van Halen – Van Halen III

Confesso que o retorno com Diamond dave me decepcionou bastante e fiquei na dúvida se não seria ele a constar aqui na lista. Mas bastou uma breve olhada na contracapa dos dois para me certificar que é até uma injustiça e quiçá pecado ter pensado nessa hipótese. O A Different kind pode ser sem sal e ter gosto de comida requentada, mas esse VH III é comida estragada e contaminada, cruz em credo! E cara, injustiça também é jogar a culpa dessa josta nas costas do pobre vocalista. O cara já tem que carregar a pesada cruz de ter feito parte do Extrume e da inominavelmente insuportável More Than Words, deixe ele com esse karma, já é mais do que um humano mortal deveria poder suportar. Aqui a culpa é do ególatra guitarrista, que até mesmo se meteu a cantar, pessimamente, claro. Difícil escutar esse disco inteiro. Difícil mesmo. Aliás, o que ele ainda faz na minha coleção é um mistério inexplicável. Um dos piores discos já feitos.

caras, não olhem para os lados, sigam em frente e finjam que não gravamos esse cocô... 
7. Scorpions – Eye II Eye

Ok, a carreira do Scorpions é quase uma montanha russa em termos de altos e baixos. E já não vinha lá em um momento muito inspirado, se contarmos que o disco anterior fora o fraquinho Pure Instinct (sim, da nojenta You And I). Mas nada poderia preparar o espírito humano para uma hecatombe do nível desse Eye II Eye, repleto de elementos eletrônicos, melodias rasas e produção de fazer inveja ao NSync. Particularmente eu demoraria anos até recuperar o gosto pela banda, mais especificamente com Humanity. Triste.

Como diria Ripper: Waaaaaaaaaaaaaahhhh, Waaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhh, WAAAAAAAAAAAHHHHH
8. Iced Earth – The Glorious Burden

Cara, Something Wicked this Way Comes é um disco tão foda que tornara o IE uma de minhas bandas favoritas à época. Confesso que Horror Show já havia sido um baque em termos de queda de qualidade e que eu ficara extremamente apreensivo quando o ótimo Matt Barlow saiu da banda e Ripper fora anunciado. Não consigo gostar de Ripper. Não me entenda mal, o cara parece ser muito gente fina, mas dá no saco o bicho apelando para gritinho em todas as músicas em que já cantou nessa encarnação. Parece que ele escutou Painkiller uma vez na vida e pronto, o cérebro entrou em Loop e não saiu mais disso. Junte-se a voz do cara com músicas bem abaixo da crítica e um ufanismo doentio do patrão Schaeffer, fruto da rebordosa do 11 de setembro, e temos um dos discos mais decepcionantes da história do metal. Chato à vera.

vermes saindo da boca, vermes na cachola...combina com o disco...
9. Nevermore – Enemies Of Reality

Uma banda que foi praticamente uma monomania para mim durante muito tempo. Politics of Ecstasy, Dreaming Neon Black e em especial Dead Heart in a Dead World estavam em alta rotação no meu aparelho de som quando saiu Enemies of Reality. E que imensa decepção esse lançamento foi para mim. Hoje em dia muita gente culpa a produção e/ou mixagem pelo fiasco, mas é bem óbvio que faltava qualidade para boa parte do material incluso na bolachinha. Por sorte a banda viria a se redimir com o espetacular This Godless Endeavor. Uma mancha na carreira dos estadunidenses.

Como fazer o Wishbone Ash parecer o Slayer, parte I
10. opeth – Pale Communion

Nesse aqui reproduzo minha decepção com o desfecho de minha resenha na Cripta do Trevas:
“Pale Communion dificilmente irritará aqueles que vociferaram contra Heritage, já que fora cantado em prosa e verso o novo caminho escolhido pelo Opeth. O disco provavelmente será recebido com louros pelos fanboys, mas é certo que com o passar dos anos ganhará camadas de poeira na própria coleção destes. Acho irônico que uma banda das mais inventivas dos últimos tempos pregue evolução e ousadia desenterrando e reciclando clichês de bandas do passado. O Opeth escolheu deixar de ser líder e passar a ser um reles seguidor. Respeito a opção. Talvez esse novo caminho agrade aos fãs incondicionais de progressivo, ou aqueles que estejam descobrindo o estilo agora. Confesso que não me sinto tentado a gastar novamente meu dinheiro com futuros lançamentos dos caras. Com licença, vou lá escutar o Damnation e o Blackwater Park. Sem mais, desligo.”

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Rainbow – Monsters Of Rock – Live at Donington 1980 (Cd+DVD – 2016)

Rainbow  - Monsters of Rock - Live at Donington 1980
O Baú do Raul, digo, Ritchie
Por Trevas

Não foi só o perplexo fã de rock que abriu um sorriso de ponta a ponta com a notícia de que o doido do Ritchie Blackmore estaria momentaneamente largando suas roupas de bardo para reativar o Rainbow. A Universal, detentora dos direitos do catálogo pregresso da banda também ficou muito feliz. E rapidamente já remexeu o baú atrás de preciosidades nunca lançadas antes. De cara fomos surpreendidos pelo anúncio de um pacote Cd+ DVD do show do Rainbow como Headliner do Monsters Of Rock de 1980. Um show tão lendário que rendeu até homenagem na letra de And The Bands Played On, clássico do Saxon.

O background histórico dessa apresentação pode ser resumido rapidamente: insatisfeito com o desdém do mercado americano com seu supergrupo, Ritchie Blackmore avisa que pretende americanizar seu som. Ronnie Dio, com suas letras calcadas em fantasia capa-e-espada, sente-se de certa forma pressionado a mudar seu estilo. Seus desentendimentos constantes com Cozy Powell, um baterista de personalidade forte que então tinha até mais cacife na cena do que o próprio baixinho, serviram para tornar Ronnie mais um número na infindável lista de demissões do patrão. Ironia do destino, para americanizar o som o Rainbow tirou um estadunidense e substituiu por um britânico, o estranho Graham Bonnet. Bonnet vinha da cena pop rock e tinha alguns anos que se dedicava cada vez mais a usar sua voz diferente para a criação de jingles. Com Graham se associando a Cozy, Roger Glover e o então desconhecido Don Airey, o Rainbow lança o excelente Down To Earth, título sintomático para uma banda que fugia dos temas fantasiosos.

Bonnet 1980: Menina venenoooo
Curiosamente Down To Earth não era tão mais americanizado do que seu antecessor (Long Live Rock And Roll) havia sido, misturando temas épicos como Lost In Holywood e Eyes Of the World com os hard pops Since You’ve Been Gone (de Russ Ballard) e All Night Long. A turnê seguiu e o comportamento errático de um Bonnet com sérios problemas ligados ao alcoolismo logo o tornariam a próxima vítima da maldição da demissão do tio Ritchie. Depois disso a banda finalmente encontraria um som mais voltado para o AOR, muito em voga na terra do tio Sam, entrando na sua fase mais fraca, mas mais bem sucedida financeiramente (com Joe Lynn Turner na voz). O curto reinado de Graham Bonnet também está sendo explorado através de uma caixa de Cds trazendo algumas apresentações. Mas aqui ficamos com a rendição em Cd e DVD do show do Monsters, cada qual analisado separadamente.

Down to Earth - o último grande disco do Rainbow, ao menos até 1995
O Cd – Clássico Instantâneo
O CD é um registro cru e poderoso de um show lendário. Após uma breve introdução, a banda joga na cara a agressiva e excelente Eyes of The World, que mostra a muitos que caíram na ladainha de que o Rainbow sem Dio havia se tornado uma banda pop o quanto estão enganados. A seguir vem uma ótima rendição de Stargazer, que deixa claro que britânico Bonnet era um perfeito substituto para o pequeno estadunidense de voz gigante. A voz de Bonnet é inimitável e potente, mas se você é um dos muitos que como eu se pegaram pensando como ele canta aquelas notas estratosféricas ao vivo, aqui vai a resposta – não canta. Mas isso não tira o brilho de sua performance, agressiva e crua, e muito, muito boa.

E o resto da banda? Um imberbe Don Airey já mostrando todo seu talento cercado pelo Drum Hero Cozy Powell e por um baixista que joga para o time, Roger Glover. Ah, e o patrão Blackmore estava numa noite inspirada, seus devaneios guitarrísticos em Catch the Rainbow valendo cada centavo pago pela bolachinha.

De resto, Lost In Hollywood vem quebrada ao meio pelos obrigatórios solos individuais, mais enxutos que nos shows da década de 1970. Eyes of The Wolrd e Catch The Rainbow estão presentes em versões de fazer muito marmanjo chorar de emoção. Já Lazy, All Night Long e Long Live Rock And Roll vem no repertório naquele típico esquema de medley, entremeadas pela instrumental Blues e por uma versão bem legal de Will You Love Me Tomorrow, então um hit de Carole King.

Enfim, um material que não perde em nada para o clássico registro On Stage e que nos deixa tristes e perplexos pela curta vida que essa formação teve na história do Rainbow. Absolutamente obrigatório.

NOTA: 10

Ritchie - um monstro no Monsters
O DVD – Picaretagem Explícita!

O DVD, bem esse faz a qualidade do pacote dar uma considerável despencada. Já não bastasse a imagem bastante fraca, você certamente já viu imagens muito melhores de shows de décadas anteriores (isso não é desculpa), inexplicavelmente temos somente meia hora do set incluso aqui. O som sofreu de pequenos e constantes glitches em todos os tocadores testados. E ainda enfrentamos uma edição que deixa o repertório fora de ordem, sem fazer lá muito sentido. O material tem meia hora de duração, e se contarmos que boa parte desses preciosos minutos se baseiam nos solos individuais e na papagaiada de Bonnet em All Night Long, dá aquela sensação de desperdício de imagens de um show histórico. E o fiasco absoluto fica ainda mais claro por conta das impagáveis rendições para Catch the Rainbow e Eyes of the World mutiladas e reduzidas a pequenos minutinhos na edição! Ou seja, nem o curto material anunciado na contracapa se encontra completo. Um embuste vergonhoso!


Nota: 3

Saldo Final

Um CD histórico junto a sua para lá de decepcionante contraparte em DVD. Não seria exatamente um problema se existisse uma edição somente em Cd ou o preço pelo pacote fosse baseado apenas como um item só. Mas infelizmente só está sendo vendido o pacote com os dois itens, cobrados como tal. Ou seja, não dá para não se sentir ludibriado. Sendo assim, a nota seguirá a média entre as duas desiguais partes desse pacote. Que tenham mais capricho da próxima vez que resolverem revirar o baú do Ritchie!


NOTA FINAL: 6,50


Indicado para: todos aqueles que tem curiosidade em ouvir como o Rainbow soava ao vivo com Mr. Bonnet

Fuja se: o que tiver te atraído seja o DVD

Classifique como: Classic Rock, Heavy Metal 

sábado, 4 de junho de 2016

Grand Magus – Sword Songs (Cd-2016)

Grand Magus, Sword Songs


Canções da Espada de Madeira

Por Trevas


Os suecos do Grand Magus desde o fantástico Iron Will vem ganhando novos fãs a redor do planeta, saindo aos poucos do status de banda cult e se tornando um nome forte, em especial no cenário europeu. A boa receptividade do disco anterior, Triumph And Power, que conseguira agradar tanto os fãs mais antigos como os da nova fase, colocou muita expectativa para o lançamento desse Sword Songs, adornado pela arte de capa bacana de Anthony Roberts (que já fez capas para o Conan e para o próprio Grand Magus).



O Disco
Freja’s Choice parece brincar com o riff e estrutura de Painkiller, sem nem um terço de sua qualidade, claro. Uma abertura que me colocou uma impressão confirmada pelas faixas seguintes, a banda optou por seguir o caminho de um metal tradicional/true metal sem espaço para o Doom, e a produção de Nico Elgstrand (guitarrista do Entombed e que grava com o GM desde Hammer of the North) deixou tudo extremamente límpido, mas falta punch, e muito. A segunda música, Varangian (Ver vídeo), poderia soar poderosa caso estivesse num disco do Hammerfall, aqui soa apenas murcha.



Forged In Iron – Crowned In Steel (ver vídeo) parecia trilhar o mesmo caminho da faixa anterior, mas se salva pelo excelente pós refrão. Talvez seja a única música no disco todo a valer um espaço nos futuros sets da banda.




Born For Battle nasceu para figurar em algum disco do meio dos anos 1980, mas não em posição de destaque, infelizmente.  Master of The Land sobe o nível de peso da então razoavelmente murcha bolachinha, nada absurdo, mas finalmente com o punch esperado. Daí em diante parece que a banda acordou um pouco, Last One To Fall e Frost And Fire podem não representar nada de novo ou especial no bestiário do Grand Magus, mas ao menos são dignas.

Me passa a picanha!!!
 
Hugr é uma instrumental curta, no estilo já consagrado pela banda em discos anteriores, servindo de preparação para o encerramento com a razoável Every day There’s A Battle to Fight. A edição nacional (via Nuclear Blast/Shinigami records) traz ainda duas faixas Bônus, a razoável In For The Kill e uma versão pau mole para a clássica Stormbringer, do Deep Purple



Saldo Final

Sword Songs está longe de ser um disco ruim, ao menos para aqueles fissurados por um metal tradicional e sem frescuras. Mas é inegável que a banda pode muito mais do que mostrou aqui. O material de Sword Songs sofre em parte de uma certa falta de punch e criatividade. Mesmo o fã mais aficionado terá dificuldades em encaixar o material dessa bolachinha no repertório de um show da banda. Certamente o disco mais fraco da carreira do Grand Magus.


NOTA: 7,20


Indicado para: Fãs de um True Metal desnatado.

Fuja se: Você espera algo que se compare a Wolf’s Return, Grand Magus, Hammer of The North ou Iron Will

Classifique como: True Metal, Metal Tradicional