Festa no Jardim
Texto
e fotos por Trevas
Prólogo – Trevas e
Marillion
Sim, o Marillion já foi uma de minhas bandas de cabeceira. Faz muito
tempo, é verdade, mas eu conhecia de cor e salteado todos os discos desde à
era Fish até a era Steve Hogarth (ou, como os caras da própria banda chamam, H) circa This Strange Engine. A partir daí continuei
acompanhando, mas meu carinho pelos britânicos foi minguando enquanto
lançamentos modorrentos como Radiation,
Marillion.com e Anoraknophobia se
sucediam. Até que esbarrei com uma cópia baratíssima do mais recente trabalho
da banda, Sounds That Can’t Be Made e resolvi dar uma chance, para
descobrir que eles estavam criativamente, muito bem, obrigado. Só então me dei
conta que nunca havia visto o Marillion
ao vivo, apesar de ter assistido a um ótimo show do Fish num para lá de vazio Canecão. Novo show anunciado, Rio de
Janeiro confirmado, lá fui eu. Mas confesso, não esperava nada demais, a vida
me mostrou que bandas progressivas usualmente são soníferas ao vivo,
tecnicamente perfeitas e emocionalmente vazias...na verdade acho que quem me
mostrou isso foi o Dream Theater, mas deixa quieto...mais seguro
provocar o EI do entrar nesse mérito com os fãs mais malas e psicóticos do
planeta...
Pré
Show
Ainda sem ingressos, cheguei com
uma hora de antecedência para me deparar com uma casa assustadoramente vazia e
com um preço ainda mais assustador para uma assustadoramente ruim cerveja com
nome de Kenga...Será que o Marillion
está tão em baixa assim para merecer uma casa tão vazia? Será que estou tão em baixa
assim para pagar tão caro num mijo de babuíno engarrafado? Não para a primeira
pergunta, claro que sim para a segunda. Com o belo palco ornado com a projeção
de todas as variantes de logotipos utilizados pela banda, quando das 22:00 a
casa já se encontrava com um público para lá de bom.
Com dez minutos de
atraso os simpáticos britânicos adentram o palco sob o som de King Of Sunset Town, outrora cartão de visitas para o
recém reformado Marillion, que
apresentava um galãzinho inglês de voz suave no lugar do gigante escocês de voz
de pato Fish. Um baque quase tão
grande quanto ver Steve Hogarth parecendo uma versão “férias no
caribe” do professor Snape. Se a
silhueta rotunda comparável a do guitarrista (e senhor do feeling e bom gosto) Steve Rothery dão aquele choque de realidade (o tempo passa, parece que
foi ontem que o cara estreou justamente no rio de Janeiro, num Hollywood Rock),
a bela voz ainda está tinindo, pouco demonstrando seus 56 anos de idade.
Professor Snape, digo, H |
H carrega uma leveza e
descontração contagiantes através do palco, compensando com seu carisma e
afetação a pouca mobilidade de seus companheiros. O som perfeito coroa a
performance brilhante de músicos que jogam para o time, num estilo que prima
por contar com pavões empunhando instrumentos como quem pendura melancia no
pescoço. O repertório passeia pelos “hits” da fase Hogarth (Easter, cantada
efusivamente, Afraid Of Sulight
e Cover My Eyes), entremeadas
por outras não tão conhecidas e igualmente boas (a excelente e nova Power, Man
Of A Thousand faces e Afraid Of Sunrise)
e algumas pérolas da era Fish. Nesse
caso, Sugar Mice, Kayleigh e uma Lavender conquistada à base do grito e
de faixas do pessoal do Fã Clube. O grande trunfo de todas essas músicas não
residiu apenas na proficiência da banda e na simpatia de H (que chegou a interromper sorridentemente a execução da faixa
título do último disco por que soou para ele como “um desastre”), eles tinham centenas
de cúmplices, fãs que sabiam de cor cada letra cantada. E foi emocionante ver a
banda se despedir inicialmente sob o som da ótima King (Afraid Of Sunlight
foi possivelmente o disco mais representado essa noite, curiosamente) que
contou com dedicatória ao Prince e
projeção de imagens de diversos artistas falecidos (e outros poucos ainda
vivos, mas que estão jogando vida e carreira pelo ralo).
O eterno Mark Kelly |
Talvez o único ponto baixo da
noite tenha ficado por conta do primeiro bis, onde a banda preparou toda uma
encenação performática para a execução da longa e chata Invisible Man. Mas o
segundo retorno foi coroado por Beautiful
(hit mor da fase H por aqui – e mais
uma do Afraid...) seguida pela
surpreendente Garden Party, que funcionou brilhantemente bem ao
vivo e encerrou as rápidas duas horas de um show excelente e descontraído. (NOTA 9).
Mestre Rothery e o sorriso de quem sempre acha a nota certa |
Você ofendeu o progressivo!!!!!!!!!! Kkkkkkk. Marillion não é mais a mesma banda. Sempre achei a fase H bem efadonha com raríssimas exceções.
ResponderExcluirFala, camarada! Pô, acho que a chatice do Dream Theater ao vivo minou minha impressão sobre o gênero ao vivo, hehehehe
ExcluirMas cara, independente de preferir a fase Fish ou H, tenho que admitir que eles são bem bacanas ao vivo!
Ah, só para ver como estou enganado, yes e camel foram duas bandas que me eixaram de queixo caído ao vivo, hehehe
Abração
T
Salve Trevas! Que bom você ter a chance de ver um show que valeu a pena do velho Marillion. Minha experiencia com a banda não foi essas coisas... achei a apresentação deles no extinto Hollywood Rock um tanto fraca. Não sei se eles estavam putos por abrir para o Bon Jovi, ou estavam se adaptando ao novo vocalista (pra minha tristeza o Fish tinha acabado de deixar o barco), ou ambos. Já o Yes ao vivo é de fato o bicho. Abraço Júlio !
ResponderExcluirFala, Júlio!
ExcluirPois foi justamente por relatos como o do Hollywood Rock que nunca dei bola para a chance de ver os caras ao vivo. os discos ao vivo deles sempre me pareceram meio frios, mas talvez eu tenha dado sorte - foi realmente muito bom!
Abração
T
Talvez seja o caso de bandas que funcionam melhor em espaços menores (nada de arenas...), e públicos mais restritos. Ou não. Abraço!
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