Um tosco apanhado dos ingressos de alguns dos shows citados |
O
que faz de um show um evento inesquecível?
Difícil
dizer.
Um
Set List perfeito? Nah, já vi shows com set lists fantásticos que não
funcionaram (Iron Maiden na Apoteose, por exemplo). Técnica conta? Claro que
não, só tentar assistir 20 minutos de qualquer apresentação do Dream Theater
para descartar essa teoria. Hm, a atitude da banda, então? Bom, carisma e sangue
nos olhos costumam fazer bons pontos num show. Mas também não é a resposta
exata. Já vi bandas tocarem um show como o último das suas vidas e a plateia não
esboçar muita reação (fato comum aliás na geração Youtube).
Não
estamos falando de uma ciência exata. E por isso mesmo não há uma reposta
exata. Alguns shows simplesmente possuem uma aura mágica, uma química
inexplicável entre músicos e público. Não é minha intenção tentar explicar, não
faço nenhuma questão de entender esse fenômeno, diga-se. Apenas me considero bastante
sortudo de nesses 25 anos em que pude comparecer a mais de uma centena de shows
(nacionais e internacionais), ter presenciado um punhado de apresentações que
se enquadram perfeitamente na expressão “momentos mágicos”
Listarei
aqui 15 dos shows que mais me marcaram, partindo de um desafio do grande
vocalista Gus Monsanto, de quem sou fã, vizinho e amigo. Na verdade ele havia
desafiado a listar 10 shows (desafio estendido ao grande Delacroix, de quem
também sou amigo e fã), mas desisti e alonguei um pouco minha lista, exposta
aqui em ordem cronológica, para não complicar ainda mais minha vida na árdua
tarefa de ordenar quem seriam os maiores dentre os maiores.
Divirtam-se,
comentem, critiquem...e principalmente, postem suas próprias listas!
Grande
Abraço
Trevas
1.
Ramones – Circo Voador – Rio de Janeiro – RJ – Acid Eaters World Tour (05.11.94)
Um
jovem Trevas partia para seu segundo show internacional (o primeiro havia sido
Oingo Boingo, na Gávea, vejam só). Um set perfeito, acelerado e matador, da
banda que era minha favorita à época. Some-se à emoção o fato de no meio do set
mais de um ônibus de Carecas do Brasil ter adentrado um já abarrotado Circo
Voador, deixando a todos perplexos e temendo pelo pior. Eu, já cabeludo, tive a
certeza, mesmo que por alguns poucos instantes, de que ia morrer. Alarme falso,
poucos acordes depois os grandalhões se misturaram ao público agitando na paz
diante do contagiante som dos lendários estadunidenses.
2.
Rainbow – Olympia – São Paulo – SP - Stranger In Us All Tour (05.07.96)
Primeiro
dos três shows que Ritchie Blackmore e sua trupe fizeram no Olympia em sequência,
numa sexta feira, acabou por ser ainda mais especial por um inusitado motivo: a
casa estava razoavelmente vazia. Sim, era possível pegar sua cerveja e ver
Ritchie desfilar riffs e solos memoráveis do Purple e Rainbow lá da primeira
fila, como se fosse um show da banda de um amigo num barzinho. E que show!
Doogie White estava no auge de sua forma vocal e Ritchie Blackmore, inspirado
como poucas vezes se viu. Vi muito marmanjo chorando ao ouvir rendições de
Mistreated e Temple Of the King. Bom, se eu chorei também? Nunca saberão.
Inesquecível!
3.
Saxon – Philips Monsters Of Rock – Pista de Atletismo do Ibirapuera – São Paulo
– SP (26.09.98)
Num
cast repleto de monstros sagrados do rock pesado (Glenn Hughes, Megadeth,
Slayer, Manowar, Korzus, Dorsal, Dream Theater, Savatage), o dinossauro da
NWOBHM Saxon é que acabou por comer o festival com farinha. Biff é um frontman
espetacular e seu talento e carisma, somados a um set repleto de hinos do Metal,
uma banda azeitada e mais o truque (hoje datado, mas à época pareceu espontâneo)
do “vamos rasgar o set list” conquistaram um público de 40.000 que estavam lá
esperando outras bandas. Uma banda que quero ter a oportunidade de ver de novo!
4.
Halford – Rock In Rio III – Rio de Janeiro – RJ – Ressurection World Tour (19.01.01)
Sim,
como a maioria dos que foram à noite do metal nessa edição do Rock In Rio,
estava esperando o show da “turnê de retorno” do Iron Maiden. E como muitos,
fui surpreendido pelo fantástico show de Halford, a banda. E que banda. E que
repertório. E que show. Misturando clássicos esquecidos do Judas (Stained Class,
carái!!) com belezuras do Fight e de seu recém lançado disco de retorno ao Metal,
o careca fez uma apresentação memorável. Para a nova geração, que só havia tido
contato com a molambenta versão Ripper do Judas Priest, uma demonstração avassaladora
do porquê Halford é o Metal God. Se você esteve lá e não se arrepiou com
Breaking the Law cantada apenas pelo público (gesto que Rob repetiria outras
vezes após esse show), sinto muito informar, você está morto. Ah, o show do
Iron depois foi legal.
5.
Camel – Garden Hall – Rio de Janeiro – RJ – Rajaz World Tour (24.03.01)
O
que dizer quando você vai a um show duma banda da qual você conhece apenas
parte da discografia, gosta mas não acha nada de especial, mas sai desse show
de boca aberta e envergonhado por ter quase desdenhado dos caras? Pois é, esse
foi o show do Camel. Já vi diversos monstros sagrados da guitarra (Satriani,
Vai, Malmsteen, Bonamassa, Blackmore, Wylde...) ao vivo, mas poucas vezes me
senti tão assombrado pela pegada de um guitarrista como nessa noite. Andy Latimer
infelizmente é pouco lembrado no hall dos monstros sagrados da guitarra e isso
é uma vergonha. O cara toca parecendo que a coitada vai desmontar em suas mãos.
Um excelente show que me fez sair de lá com o disco dos caras.
6.
Anthrax – Claro Hall – Rio de Janeiro – RJ – The Greater Of Two Evils Tour (26.02.05)
Vez
ou outra a cidade do Rio de Janeiro me surpreende negativamente em relação ao
público nos shows. Def Leppard e Slash já dividiram o recorde negativo de
público do eterno Metropolitan (200 e 400 espectadores, respectivamente). E o
show do Anthrax na turnê do Greater Of Two Evils também não ficou muito atrás,
com cerca de 800 pessoas testemunhando um massacre sonoro. A banda havia
ressurgido de uma maré ruim com o ótimo We’ve Come For You All e estava com
sangue nos olhos. Ah, e John Bush chutabundas violentamente, me perdoem os fãs
do simpático “tia velha” Belladonna. Uma lição dos veteranos ao tocar com tanta
garra e felicidade para um público bastante reduzido. E rolou até homenagem ao
Dimebag com uma versão para A New Level! Aí você entende o porquê eles merecem
estar no Big 4.
7.
Testament – Canecão – Rio de Janeiro – RJ (27.04.07)
Com
abertura de Taurus e WarFx, um falecido Canecão agitou tresloucadamente a uma
pancadaria sonora de qualidade irrepreensível (mesmo com as furadas do batera
Nick Barker, bêbado feito um gambá). O fato da banda não estar promovendo
nenhum disco à época deu liberdade na montagem do repertório, muito bem
escolhido e cobrindo praticamente todos os discos da carreira. Chuck Billy
urrava como se ele quisesse mostrar ao câncer que vencera poucos anos antes que
sua força havia sido renovada. Ah, e Alex Skolnick é um dos maiores
guitarristas que o metal já viu. Big 4? Nah, não troco os caras por um show do Testament,
não! E já garanti meu ingresso para o próximo show dos caras. Será que vou ter
que alterar essa lista???
8.
Whitesnake – Citibank Hall – Rio de Janeiro – RJ – Good To Be Bad World Tour
(07.05.08)
Ah,
o Tio Cobrabranca. Já vi o Whitesnake uma penca de vezes, e apesar de sempre
ser um show vigoroso e repleto de hits, o termômetro da apresentação acaba por
ser a performance vocal de Coverdale. E nessa noite ele estava com o gogó em
dia, e quando é assim, pode apostar que o jogo estará ganho. Com monstros como
Tommy Aldridge, Reb Beach, Doug Aldrich acompanhando o chefe, e com uma
apresentação repleta de clássicos e promovendo um bom disco, não só os três
pontos foram conquistados como o troféu foi entregue. Em ótimas mãos, diga-se.
9.
Queensrÿche – Citibank Hall –Rio de janeiro – RJ – Take Cover World Tour (08.05.08)
O
‘Rÿche é uma banda de altos e baixos tanto em estúdio quanto ao vivo. Vi os
caras três vezes e cada uma teve um grau de qualidade. Curiosamente, foi
justamente num show vazio (dia seguinte do show lotado do Whitesnake citado
acima) e de uma turnê low profile, promovendo um disco de covers, que
presenciei uma performance assombrosa. Com um repertório repleto de “lados B”,
tocados com esmero e com Geoff Tate inspiradíssimo, dando aula de técnica e
interpretação à cada linha cantada, o Queensÿche fez o show dos sonhos para aqueles que conhecem o material da banda de ponta a ponta.
10.
Kiss – Praça da Apoteose – Rio de Janeiro – RJ – Alive 35 Tour (08.04.09)
You
Wanted the Best....ah, nem preciso falar, né? Ao assistir pela primeira vez a
um show do Kiss, percebi o quanto o conceito de show de rock que hoje tanto
amamos deve a esses caras. Tudo é exagerado e superlativo, mas não renderia
resultados tão duradouros se a banda por trás do espetáculo não fosse tão
repleta de carisma e, principalmente, grandes músicas. O show foi tão
absurdamente contagiante que nem mesmo um tenebroso temporal (que prejudicou a
apresentação, impedindo a execução do vôo de Paul Stanley em Love Gun) ao
decorrer do mesmo conseguiu esfriar a plateia.
11.
Heaven & Hell – Citibank Hall – Rio de Janeiro – RJ – The Devil You Know
World Tour (17.05.09)
Por
várias e várias vezes tive a oportunidade de assistir ao magistral Ronnie James
Dio ao vivo. Mas nem em meus sonhos mais loucos imaginaria que o gnomo voltaria
a capitanear o Black Sabbath. Iommi tem um som de guitarra monolítico e
assombroso, difícil entender como algo tão imitado pode ainda assim soar tão
novo. Ronnie estava cantando como sempre, poderoso e altivo, não dando nem um
pouco a pinta de que já estava doente e que exatamente um ano depois
abandonaria esse mundo. Sortudos aqueles que não deixaram passar a oportunidade
de ver esse monstruoso show.
12.
Judas Priest – Citibank Hall – Rio de Janeiro – RJ – Epitaph World Tour
(11.09.11)
Judas
é minha banda favorita de metal Tradicional e já tive a oportunidade de ver os
caras ao vivo umas 8 vezes, cada uma delas soando especial por algum motivo
(até mesmo com o mala do Ripper). Foi difícil escolher o meu show favorito dos
caras, já que ao contrário de outros dinossauros do rock, eles sabem pescar
preciosidades de sua discografia para diferenciar o repertório de uma turnê
para outra. Fico com o show da suposta turnê de despedida justamente pela
presença de uma música de cada disco dos caras (menos da fase Ripper, o que
agradeço). Ouvir Blood Red Skies ao vivo fez desse cabra aqui um homem ainda
mais feliz. Uma pena que o Whitesnake não teve lá uma noite tão inspirada na
abertura.
13.
Lynyrd Skynyrd – SWU – Paulínia-SP – God And Guns Tour (13.11.11)
O
festival SWU teve alguns problemas de organização, e um dia inteiro de
biritagem de pé tentando curtir as bandas do festival cobraram um preço alto aos
pés e pernas combalidos quando o Lynyrd estava prestes a entrar em cena (ao
final de um incrivelmente chato show do Peter Gabriel com orquestra). Bom, aos
primeiros acordes qualquer cansaço milagrosamente foi dissipado. Podem criticar
à vontade a existência do Lynyrd atual, mas os caras sabem como poucos entregar
um show emocionante. Não bastasse o repertório repleto de clássicos, o imenso
carisma e simpatia, além da proficiência nos instrumentos, vale qualquer preço.
Absolutamente fantástico.
14.
Joe Bonamassa – Teatro Coliseo – Buenos Aires – Argentina – Driving Towards The
Daylight Tour (29.05.12)
A
resenha para esse show foi minha primeira postagem na Cripta (ver aqui). Cheguei
à Argentina levando comigo uma virose forte. Me sentia tão mal no momento que
adentrei com minha esposa o bonito Teatro Coliseo que achei que fosse desmaiar.
Foram necessários poucos minutos de show para minha condição de saúde ser
esquecida pelas próximas duas horas. Quem imagina um show de blues morno (com o
público sentado), está enganado, Bonamassa toca com a mão pesada, e sua banda
tem um vigor impressionante (com destaque para o batera Tall Bergman, a quem um
incauto fã apelidou “Animal” a plenos pulmões, no meio de seu solo, para risos
gerais). E nem vou comentar aqui que tive calafrios (não da doença) ao ver o
cara homenagear Rory Gallagher e o então recém falecido Gary Moore (nesse
ponto, os calafrios foram acompanhados de olhos mareados). Foda!
15.
Amon Amarth – Circo Voador – Rio de Janeiro – RJ – Deceiver Of the Gods Tour (16.5.14)
Uma das minha bandas
favoritas da atualidade, o Amon Amarth é conhecido por fazer boas
apresentações. Mas me surpreendeu o quanto os caras detonam ao vivo, e
principalmente o quanto são amados pelo público daqui. Com uma performance tecnicamente
perfeita, e o contraste entre a ogridão visual e musical com a simpatia e senso
de humor dos caras, o que se viu foi uma comunhão entre público e banda que
poucas vezes presenciei. Uma grata surpresa! (ver resenha aqui)
Fui em alguns desses aí, como Heaven & Hell e Lynyrd e sim, foram grandes espetáculos mesmo!
ResponderExcluirOlá, Alexandre, tudo bem?
ExcluirLegal, depois de ter feito a lista me lembrei de mais uns 10 shows que bem poderiam constar aí. E você, já pensou nos teus shows favoritos?
Abraço
Trevas
Inveja dessa lista hehe. Fui em bastante show já, mas a maioria dos shows "grandes" foi de 2010 pra cá, sendo que foram poucos os que me marcaram muito. Fiz uma lista de 15 porque eu adoro listas hauehauhe. Abraço!
ResponderExcluirRaimundos 1999 Florianópolis
Marduk 2003 Curitiba
Iron Maiden 2004 São Paulo
Rammstein 2010 São Paulo
Katatonia 2011 São Paulo
Roger Waters 2012 Porto Alegre
Sleep 2013 Hellfest
Red Fang 2013 Hellfest
Neurosis 2013 Hellfest
Converge 2013 Hellfest
Black Sabbath 2013 Porto Alegre
Anathema 2013 São Paulo
Alcest 2014 São Paulo
God Is An Astronaut 2014 São Paulo
Mono 2015 São Paulo
Fala, camarada!
Excluir- Esse Hellfest foi irado, pelo visto!!!
- Tenho certeza que se um dia eu conseguir assistir um show do Rammstein, ele passará a fazer parte da minha lista!
- Roger Waters eu vi em 2007, acho, foi foda mesmo.
- O Black Sabbath com o Ozzy bem poderia estar na minha lista, tal como um show solo do Ozzy de 95 que foi absurdo;
- O Iron já vi quatro vezes, mas acho que não dei sorte de encarar um show foda dos caras. O do Rock In Rio 2001 foi muito bom, mas devidamente eclipsado pelo do Halford. Quem sabe na turnê do Book Of Souls?
Abração
T
Podcre. O Iron eu só vi em 2004 e foi o primeiro grande show que eu vi. Foi no Pacaembu lotado e eu curto bastante o álbum daquela tour, o BNWorld. Acho que essas coisas me influenciaram bastante, apesar de ter sido um bom show também.
ResponderExcluirPostando meu top 15 aqui e agora...
ResponderExcluirPor que NINGUÉM gosta de fazer listas??? Porque elas são injustas! Mas fiz aqui meu top 15:
1. Judas Priest (23/01/1991) – Rock in Rio, Maracanã.
2. Black Sabbath (30/06/1992) – Canecão.
3. Slayer (27/08/1994) – Monsters of Rock, Pacaembu.
4. Rush (23/11/2002) – Maracanã.
5. Roger Waters (29/03/2012) – Engenhão.
6. Black Sabbath (13/10/2013) – Apoteose.
7. Metallica (04/10/1989) – Maracanãzinho.
8. Body Count (17/05/1995) – Imperator.
9. The Ramones (07/03/1996) – Metropolitan.
10. Plant & Page (27/01/1996) – Apoteose.
11. Iron Maiden (19/01/2001) – Rock in Rio, Cidade do Rock.
12. Heaven & Hell (17/05/2009) – Metropolitan.
13. Halford (19/01/2001) – Rock in Rio, Cidade do Rock.
14. Roger Waters (23/03/2007) – Apoteose.
15. Pantera (26/04/1995) – Imperator.
Impressionante que eu, um Maidenmaníaco, tenha colocado apenas UM show na lista, e ainda assim FORA dos 10 melhores!!!
Pantera entrou só para eu poder dizer: MENINOS, EU VI!!!, porque foi um show mega burocrático... Não sei se o Phil estava mais chapado do que o normal, mas o fato é que tocaram UMA HORA, se tanto...
Deixei de fora uma super menção mega-ultra-honrosa: Ennio Morricone no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Oficial), em 05/05/2007, e só porque não é roquenrou!!! Ou será que sempre foi e ninguém nunca notou???
Meu Deus!! Krill voltou!!! Agora tenho 1 leitor dessa bodega novamente.
ExcluirAbracetas
T