Defenders Of the Faith - Special Anniversary Deluxe Edition |
Uma Edição à Altura do
Clássico
Por Trevas
Junho de 1983, o Judas Priest vivia um momento especial.
Duas semanas antes a banda havia tocado para nada menos que meio milhão de
espectadores no US Festival. Screaming For Vengeance havia
catapultado a carreira do Priest em
território estadunidense, com uma vendagem já superior a 2 milhões de discos (Screaming chegaria posteriormente à
marca de 5 milhões). Deveria a banda, excursionando e gravando ininterruptamente
desde 1974, dar uma pausa nas atividades ou deveriam os britânicos aproveitar a
maré e entrar novamente em estúdio? A escolha parecia óbvia, e o quinteto rumou
então para o mesmo estúdio do disco anterior, sem uma linha escrita, para
tentar aproveitar o momento.
O Priest no US Festival, em 1983 |
Chegando ao Ibiza Sound Studios,
na Espanha, uma surpresa: os donos do estúdio, chafurdando em dívidas, haviam
perdido tudo para os credores. O estúdio estava vazio. Não só de equipamentos,
nem as janelas e portas haviam sobrevivido ao espólio judicial. A maré era tão
favorável à banda que os caras resolveram simplesmente remontar pacientemente o
estúdio, peça por peça. E isso com um disco a ser composto do zero, sob o
escrutínio da Atlantic Records, que estava
ávida por um sucesso do quilate de You’ve
Got Another Thing Coming e havia estipulado um cronograma apertado para a
feitura do novo trabalho.
No
meio desse clima que navegava entre a pressão absoluta e a descontração
comedida, Defenders Of The Faith foi
composto e gravado. A propósito, dentro do cronograma estipulado!
Defenders, faixa a
faixa
Freewheel Burning – Música de trabalho,
gerou um clipe moderno para a época (ver vídeo). Veloz e direta, tornou-se um
clássico da banda, mas falhou retumbantemente em suceder os hits Breaking the Law e You’ve Got Another thIng Coming nas paradas americana e britânica.
Jawbreaker – Feroz e certeira, outro clássico
inconteste. Sua letra seria esclarecida anos depois por Rob como sendo explicitamente gay. Jawbreaker seria uma gíria comum no mundo gay que faria referência
à felação num membro demasiadamente avantajado. Leia a letra depois de saber disso e seu mundo nunca mais será o mesmo. (Ganhou um bom cover pelos
teutônicos do Rage e recentemente
voltou aos sets do JP).
Rock Hard Ride Free – reinserida no set na turnê do Nostradamus, essa ótima faixa é uma perfeita
mistura entre Hard e Heavy, algo que sempre destacou o Priest dentro do mundo do metal.
The Sentinel – Metal até a medula, Sentinel é perfeita. Os duelos nos
solos antecipariam o deleite guitarrístico das faixas de Painkiller. Uma das músicas mais populares do Priest, ganhou ótimos covers pelo Machine Head e pelo extinto Heavens
Gate.
Love Bites – essa música, um clássico imediato, abriria a
turnê vindoura e ganhou um clipe que mostrava o novo design de palco dos shows
da banda (ver vídeo). Foi recentemente adicionada ao set do JP, mas somente em algumas ocasiões. Ganhou
um cover bem diferente nas mãos dos americanos do Nevermore.
Eat Me Alive – controversa e extremamente pesada
para a época, seria colocada no top 3 de músicas subversivas pela Parents Music Resource Center, co-capitaneada
por Tipper Gore, esposa de Al Gore, por seu teor lírico
sadomasoquista. Por conta da polêmica, foi a única faixa do disco que só
ganharia exibição ao vivo muito tempo depois, mais especificamente na turnê de Nostradamus.
Some Heads Are Gonna Roll – repetição da parceria com Bob Halligan Jr. Que havia rendido bons
frutos com take These Chains no
disco anterior, Some Heads...
misturava Hard e Heavy com grande êxito, ficando no repertório até a turnê de Ram It Down.
Night Comes Down – mais um exemplo da capacidade do Priest em compor boas baladas, Night Comes Down é facilmente uma das
melhores já escritas pela banda nesse quesito.
Heavy Duty/Defenders Of
The Faith – na verdade
são uma só música, apesar de fisicamente separadas, e representam uma ode ao
heavy metal e seu público. Com um andamento bastante calcado no que a banda
fizera na década anterior, mais especificamente em Hell Bent For Leather, a dupla seria o ponto baixo de um disco até
então perfeito. Não, não são ruins, apenas aquém do restante.
As Novidades da Edição
Comemorativa
A edição importada
tem um visual bem caprichado, com um slipcase recortado que permite apenas a visualização
do rosto do monstro-tanque Metallium. Os três discos ficam bem alojados num
digipack robusto, nada de ter que arrastar e arranhar seus disquinhos naqueles envelopes
apertados, o digipack tem os miolinhos para encaixe dos discos. Sonoramente,
está tudo perfeito e muito mais alto que nas edições anteriores em CD. O pacote
foi lançado em edição nacional, mas ainda não esbarrei com a mesma e não sei se
mantém a mesma qualidade.
Edição Importada |
As liner notes do encarte são bem sucintas e nada trazem de novo. No
mais, temos os créditos e algumas belas fotos do evento que aparece como grande
bônus dessa edição: um show completo gravado em maio de 1984 na Long Beach Arena,
contendo 21 faixas! Esse show foi originalmente transmitido ao vivo para uma estação de rádio estadunidense e aparece aqui com uma qualidade sonora excelente e
é um representante fidedigno do Priest à época. O set list é monstruoso, tal
qual a pegada da banda. E trata-se de um ao vivo mais interessante que o Priest
Live, por ser muito mais vigoroso e direto, e sem retoques em estúdio: erros pequenos
da banda e uma certa rouquidão de Halford (no auge do vício em cocaína e
birita) dão um toque de honestidade e ferocidade no material. Muito bom, mesmo!
Priest no show da Long Beach Arena |
Saldo Final
Defenders falharia retumbantemente em repetir o
sucesso de vendas de Screaming For
Vengeance, ainda que tenha suplantado o milhão de cópias vendidas e tenha
atingido disco de ouro. Ainda assim é um dos meus trabalhos favoritos de uma e
minhas bandas favoritas em todos os tempos. Essa reedição, além de trazer uma
remasterização perfeita do material original e belo trabalho gráfico, conta
também com um registro ao vivo muito bom. Ou seja, se você ainda não tem essa
pérola, essa é a hora. E para quem tem a versão antiga em CD, faça-se um favor,
presenteie um amigo com tua bolachinha velha e pegue essa edição, sem falta!
NOTA: CLÁSSICO DA
CRIPTA!!!!OBRIGATÓRIO!!!!!!
Indicado
para:
Qualquer
ser vivo que se diga fã de Heavy Metal.
Fuja
se:
Sua
ideia de mundo perfeito passe por músicas da Vanessa Da Mata.
Classifique
como: Heavy Metal, Hard Rock.
Para
Fãs de: Iron Maiden, Saxon.
Ficha
Técnica
Banda:
Judas Priest
Origem:
ING
Site
Oficial: judaspriest.com/
Disco
(ano): Defenders Of The Faith - Special
30th Anniversary Deluxe Edition (1984/2015)
Mídia:
3CDs
Lançamento:
Epic (existe versão nacional)
Faixas
(duração): CD 1 - 10 (38’).
Produção:
Tom Allom
Arte
de Capa: Doug Johnson
Formação:
Rob
Halford – voz;
KK
Downing – Guitarras;
Glenn
Tipton – Guitarras;
Ian
Hill – baixo;
Dave Holland –
bateria.
Trevas
ResponderExcluirAté que um dia você posta algo que preste aqui. Esse disco marcou muito meus primórdios de guri headbanger, é foda e fica pau a pau com o British Steel e o Scriming For Vengence. Eu desenhava o metalion em tudo o que era caderno. Vou arranjar essa versão aí, sabe onde eu encontro?
Danilo Z.
Gwhahahaha, fala Danilo
ExcluirPorra, tu está uma velha mimizenta mesmo.
Cara, comprei na galeria do Rock, a versão importada. Saiu em edição nacional, cd triplo, mesmo. Só não sei a qualidade do pacote gráfico. Assim que souber informo aqui.
Abraço
Trevas
Muito boa a matéria! Bom, o álbum é duca, um dos melhores do gênero. Peguei o seu lançamento... fui correndo comprar, mas claro, o meu preferido de todos, não só do Judas, mas do heavy metal, é o Screaming ;)
ResponderExcluirOlá!
ExcluirObrigado! O Screaming é realmente excelente e teve um relançamento bem interessante também, com um DVD ao vivo bom pacas!
Abraço
Trevas
Melhor disco do JP na minha opinião, e meu favorito dentre tudo que eles lançaram. Esta edição de 30 anos de DOTF está ótima, assim como as edições dos discos anteriores British Steel e Screaming for Vengenace, que formam com DOTF uma perfeita trilogia da banda nos anos 80. O bom é que seis anos depois do DOTF e de mais dois discos não tão bons quanto, o grupo se reergueu com Painkiller, no início dos anos 90.
ResponderExcluirOlá, Igor
ExcluirConfesso que também acho esse disco um dos meus favoritos dentro da história do metal.
Abraço
T
Pra você também, meu amigo! É nóis!
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