Monsters Of Rock 2015
Texto e fotos por Trevas
Realizado
nos dias 25 e 26 de abril na Arena Anhembi, o festival desse ano focou seu cast
majoritariamente em bandas veteranas, apostando num público um pouco mais velho
(e potencialmente mais apto a consumir). Separei a resenha em duas partes, a
primeira focada na estrutura em si, a outra nas performances das bandas.
PARTE I – O FESTIVAL
O
festival Monsters Of Rock, marca famosa na Europa da década de 1980, sempre
esteve diretamente correlacionado ao heavy Metal e Hard Rock. Aqui no Brasil,
foi realizado algumas vezes na década de 1990, tanto em São Paulo quanto no Rio
de Janeiro. Assisti duas edições, a última em 1998. Essa edição foi apoteótica,
contando com Korzus, Dorsal, Glenn Hughes, Saxon, Savatage, Dream Theater,
Manowar, Megadeth e Slayer. Um cast para lá de caprichado. Ano passado o evento
voltou a ser realizado, centrado numa mistura de duas eras diferentes do rock
pesado, confrontando nomes como Limp Bizkit e Whitesnake. Pela segunda vez
sediado na Arena Anhembi, como é comum em eventos desse porte, o Monsters 2015
viveu entre erros e acertos.
Ingressos
Primeiro
ponto negativo dessa edição, foi um absoluto parto adquirir ingressos pela
internet. Os preços, pouco convidativos de início, logo se tornaram abusivos
conforme os lotes de ingressos se sucederam. Aliás, esse esquema de lotes com
preços diferenciados me parece realmente ridículo.
Acesso
Principal
ponto negativo para muitos, pois no sábado a média de espera na fila para
adentrar a Arena foi de uma hora e meia. Inexplicavelmente, quando nos
aproximávamos do único portão aberto (19), tudo transcorria velozmente e
ficamos sem entender o motivo de tanta retenção. O problema poderia ter sido resolvido
com uma melhor orientação ao longo da fila, ou melhor ainda, com outro portão
de acesso disponibilizado. No domingo tudo transcorreu sem entraves e adentrei
a Arena em menos de 2 minutos, ainda que o número do público tenha sido o mesmo
do dia anterior. Nas catracas, outro problema, ao contrário do anunciado no
site, os funcionários impediam a entrada de água em embalagens plásticas.
Próximo à fila, o jeitinho brasileiro: uma casa oferecendo o prazer de uma cagada por preço módico |
Atividades
Um espaço chamado
Galpão do Rock trouxe dezenas de stands vendendo acessórios e roupas ligadas à
cultura rocker, dentre outras atividades. Ao longo da Arena também tivemos a
disposição um stand de venda de vinil e diversos stands vendendo merchandise
das principais bandas do festival e do próprio evento. Os preços variaram de
R$60 (as camisetas mais vagabundas) a salgados R$250 (moletons). Apenas o Manowar
montou um stand próprio para seu merchandise e todos os stands contavam com
máquinas para pagamento em cartão. Um stand de promoção do filme Mad Max inovou
ao fazer maquiagens e penteados inspirados no visual pós apocalíptico do filme
naqueles que se dispusessem a enfrentar uma fila de pelo menos meia hora. Também
haviam barracas de revistas especializadas e de um selo de cds.
O Galpão do Rock |
Stand Mad Max |
Alimentação e bebida
Dezenas de stands e
bares foram espalhados ao longo da Arena, e os caixas também estavam presentes
em número satisfatório. Durante os shows foi bem tranquilo se alimentar ou
comprar bebidas, as filas ficavam bem pequenas. O esquema de pagamento nos
caixas consistia na conversão de uma quantia em fichas do festival (Monster
Money), cada ficha equivalendo a R$3. Seria um esquema bem bacana, não fosse a
maioria dos bares situados na arena limitados a receber o pagamento em dinheiro
vivo, assim como todos os ambulantes. Esse fato, somado ao abusivo e
estratégico valor de R$ 9 cobrado por uma simples lata da pavorosa Budweiser,
resultou em uma picaretagem homérica: a maioria dos ambulantes, geralmente mais
para o final do dia, vendia as latinhas a R$10. Quando interpelados, colocavam
a desculpa na falta de troco de R$1,00. Os alimentos, em sua maioria
sanduíches, também custavam bem caro. Uma pequena porção de batatas fritas
valia R$12, um pacote médio de pipoca saía a R$10. A maioria dos sanduíches não
ficava por menos de R$18. Foi instalada uma área gourmet concentrando os
stands de comida e algumas mesas, que serviam de salvação aos pés cansados ao
fim do dia.
Bares e lanchonetes em profusão |
O (desvalorizado) dinheiro metálico |
A área gourmet e suas mesinhas salvadoras |
Som e palco
O som da grande
maioria dos shows foi no mínimo muito bom, embora talvez um pouco baixo para aqueles
que optaram por assistir mais de longe para se afastar da muvuca. As exceções
se deram nos shows do Manowar e Malmsteen, no domingo. Provavelmente muito mais
por culpa das bandas e suas trupes, ao que pareceu. Visualmente o palco estava
muito bonito, com um grande telão ao fundo que engrandeceu até mesmo as
apresentações iniciais de cada dia. A torre no meio da Arena atrapalhou um
pouco a visibilidade e o palco baixo, somado aos não tão grandes três telões
(dois laterais e um na torre) acabou por limitar a experiência para aqueles que
assim como eu, são desprovidos de altura. De negativo, apenas destacaria a
insistência do som mecânico em músicas do Pantera no sábado. Até os fanáticos
pela banda devem ter saído enjoados de escutar as mesmas músicas.
Vista do palco no show do Kiss |
PARTE II – OS SHOWS
Primeiro dia – 25.04.15
Cast do primeiro dia de festival |
(perdi
o primeiro show do festival, com o De La Tierra, por pura incompetência minha,
mesmo)
Primal Fear
Do
lado de fora numa fila infinita, meus ouvidos foram inaugurados nesse Monsters
ao som do Primal Fear. Som perfeito, repertório aparentemente equilibrado e
Ralph Scheepers gritando a todos os pulmões. Acho o careca fortão extremamente
competente, mas muito chato. Prefiro mil vezes o patrão e baixista Matt Sinner
cantando, mas quem é fã dos caras aparentemente teve todos os motivos para
ficar feliz. Ah, cabe ressaltar que essa foi a estreia do Brasuca Aquiles
Priester tocando com eles em território tupiniquim, e o cara tocou bem como
sempre.
Coal Chamber
Um dos ícones do Nu
Metal, rótulo que soa anacrônico diga-se, o Coal Chamber foi a primeira banda
que pude conferir já dentro da arena. Começando com a matadora Loco, Dez Fafara
e sua trupe pareciam algo deslocados no cast desse ano, mas fizeram um show
honesto, e por isso mesmo receberam uma acolhida respeitosa e em alguns
momentos até mesmo positiva. Algumas músicas do vindouro álbum de retorno
adornaram o set, fazendo do show algo mais que uma viagem nostálgica aos anos
de ouro do infame Nu Metal. Um show correto (NOTA 5).
Nadja e Dez falharam em conquistar o público |
Rival Sons
Já enchi a bola do
som dos caras na Cripta em outras ocasiões, mas confesso que não sabia muito o
que esperar do show dos americanos, ainda mais se considerarmos que eles são
desconhecidos do grande público. O som retrô dos caras parece ter conquistado
em definitivo boa parte dos metalheads presentes, ainda que tenham insistido em
duas ocasiões em jams um pouco longas demais para um festival. Facilita em
muito o fato das músicas trazerem muito de Led, The Who, Doors e afins. Ah, e o
afetadíssimo Jay Buchanan pode concorrer facilmente ao posto de vocalista
revelação do evento, tamanha a qualidade de sua performance vocal. Um showzaço
que deve ter angariado muitos novos fãs à banda (NOTA 8,5).
Rival Sons, a grande surpresa do festival (para aqueles que não leem a Cripta, claro) |
Black Veil Brides
A inclusão do Black
Veil Brides em meio a um cast tão tradicional certamente foi uma aposta
arriscada. Amparados por um visual que fica em um meio termo entre o Motley e o
gothic rock (lembrando uma versão juvenil do 69 Eyes), o BVB faz um som que em
muito lembra uma versão de segunda divisão do Avenged Sevenfold. Tudo
extremamente técnico e até mesmo com alguns momentos bem pesados, mas creio que
o visual carregado e a aparência de Justin-Bieber-do-mal do vocalista Andy
Biersack (disparado o ponto fraco da banda, diga-se) tenham jogado por terra as
chances da banda em conquistar o Monsters. Mas aqui cabe uma ressalva, você tem
todo o direito do mundo de não gostar dos caras, mas hostilizar e tacar
garrafas no palco? Atitude desnecessária e infantil, que só mostra nossa
incapacidade como público de curtir festivais. Os festivais de verão na Europa
misturam desde Black metal a AOR sem que esse tipo de imbecilidade aconteça.
Não quer assistir, o evento tem várias opções de diversão, vá curti-las e volte
na hora do show que você tanto quer curtir. Também não concordo com a atitude
do vocalista, de choramingar e fazer com que a banda encurte seu set. os
babacas eram uma minoria e abandonar o palco foi um desrespeito ao não tão
pequeno contingente (em sua maioria meninas) que foram ao evento só para ver o
BVB. Ou seja, bola fora dos dois lados (NOTA 6).
Perdão, criançada, Tio Trevas não aprovou nem um pouco as vaias! |
Motörhead
O mal-estar causado
pelos problemas no show do BVB foi amplificado ao máximo quando um dos
produtores do evento adentrou o palco para dar a temida notícia: Lemmy estaria
com grandes problemas estomacais e teria sido impedido de tocar. As poucas
vaias foram logo suplantadas por um ensurdecedor silêncio e por uma espontânea
perplexidade. Um dos grandes bastiões do rock pesado mostrando a crua
realidade, até as lendas uma hora enfrentam de frente sua mortalidade. O
anúncio da corajosa Mimi-Jam entre ¾ do Sepultura junto a Mickey Dee e Phil
Campbell pouco ajudou a diminuir a sensação de perda iminente: muito ali
estavam no festival somente para ver o Lemmy, alguns por ser a primeira vez, a
maioria por imaginar que aquela poderia ser a última chance de ver o tio
Crocotó detonando. A Jam durou apenas três músicas e se representou um momento
único na história do rock, poucos ali pareceram perceber. Andreas, com Paulo e
Derrick fizeram um esforço bonito ao ajudar Mickey e Phil, mas tudo soou amargo
demais aos ouvidos da ainda incrédula plateia.
O telão anunciando uma promessa não cumprida. Melhoras, tio Crocotó!!! |
Judas Priest
Coube aos Metal Gods
a tarefa árdua de restaurar o ânimo do público, e com um set ligeiramente
aumentado em relação ao previsto, tomaram as rédeas da Arena Anhembi com
propriedade. Um Rob Halford que até dois anos atrás estava em uma situação
bastante delicada de saúde que quase o impediu de andar em definitivo, agora
andava pelo palco cantando absurdamente bem, mesmo do alto de seus 63 anos. O repertório,
que trouxe boas novas faixas (Dragonaut, a muito bem recebida Halls Of Valhalla
e Redeemer Of Souls) com clássicos absolutos (Victim Of Changes) e algumas
surpresas (Love Bites, Jawbreaker e Devil’s Child) agradou a todos, fazendo
deste um dos melhores shows que já presenciei da banda, e certamente um dos
destaques do festival. The Priest is Back!! (NOTA 9).
Rob fazendo graça com a bengala, uiuiui |
Ozzy Osbourne
Com meu combalido
joelho em frangalhos, presenciei metade do show do Madman, o suficiente para
perceber três coisas: 1. Gus G, Blasko e Clufetos formam um time e tanto,
certamente uma das melhores formações da banda do Ozzy, e o tempo dará razão a
isso; 2. O repertório quase idêntico ao da última passagem do comedor de
morcegos por aqui, privilegiando material do Sabbath em detrimento aos sons da
carreira solo, absolutamente difícil de entender, tendo em vista a passagem do
BS por aqui recentemente; 3. Das quatro vezes que vi Ozzy em ação, essa foi
disparado a pior em relação a performance vocal. Fairies Wear Boots e War Pigs
foram absolutamente assassinadas. Bom, de qualquer maneira, trata-se sempre de
um show divertido e impactante, em especial para os marinheiros de primeira
viagem (NOTA 7).
Ozzy trazendo seu manicômio a São Paulo |
Segundo dia – 26.04.15
Cast do segundo dia do evento |
Dr. Phoebes
Desconhecia o
trabalho dos caras e presenciei apenas o final, com presença de uma dançarina
fazendo um número de pole dance no palco. Pareceu um rock pesado e competente,
e obviamente foi bem recebido pelo público presente. Ponto para os caras, mas
não tenho como avaliar.
Dr. Phoebes e sua arma secreta |
Steel Panther
Difícil
expressar em palavras o grau de diversão que esses caras proporcionaram sem
parecer um pouco bobo. O show do Steel Panther poderia ser resumido em um
esquete de comédia, todos na banda tem seu papel e o desempenham com louvor e a
profusão de piadas de baixo calão com enorme foco nas referências sexuais
poderia causar alguns narizes torcidos. Mas tudo isso ainda é adornado com
músicas excelentes tocadas por músicos bem acima da média, então se você não é
fã da gaiatice, pode ainda assim curtir o som. Bom, e no ramo das gaiatices,
nada mais próprio (ou seria impróprio?) que piadas sobre a sexualidade e idade
avançada de alguns dos caras (todos eles figurinhas carimbadas da cena
Californiana), sobre o tamanho diminuto dos membros dos membros e até mesmo uma
impagável sacaneada dos insuportáveis solos de baixo do bobalhão Joey De Maio.
Some isso tudo com uma profusão de belos peitos sendo mostrados e temos aí um
dos grandes shows do evento todo (NOTA 9).
p.s.: Só não consegui
até agora entender a garota chorando horrores no refrão de Community Property
(cheque a letra e entenda...).
Satchel e Starr detonando no monsters |
Yngwie Malmsteen
O sueco grandalhão
sempre teve o talento proporcional a seu ego, e ele tem um ego Godzillico.
Então, mesmo sabendo que os bons tempos ficaram bem para trás, estava bastante
curioso em conferir o show de um dos maiores guitarristas em todos os tempos.
Problemas técnicos intermináveis atrasaram um bocado o início do show, e quando
o mesmo teve início, que decepção, Malmsteen conseguiu cagar os solos da
fantástica Rising Force. E a banda do cara parece um apanhado de xepa da feira,
disparado a pior formação que ele já teve. Um tecladista (bom) que pessimamente
se desdobra nos vocais e uma cozinha meia boca. Mas o que impressiona mesmo é o
desleixo do outrora mestre do rock neoclássico com seus timbres e solos,
comendo muitas notas e fazendo muita pose e pouco som. Um fiasco completo (NOTA
2).
Malmsteen 2015, apenas um borrão do que já foi um dia... |
Unisonic
Qualquer coisa com
Kiske nos vocais me faz querer estar em uma caverna isolada no Afeganistão,
milhas de distância de qualquer emissão sonora. Mas respeito Kai Hansen, que
acho um bom guitarrista e um puta showman. Bom, o Unisonic não me fez mudar de
ideia sobre o Kiske. Um metal europeu para lá de melódico e pasteurizado, como
era de se esperar. Mas claro, tudo muito bem tocado. Kiske envelheceu, mas sua
voz não sentiu tanto, atingindo uma maturidade que em muito lembra o que
aconteceu com o Geoff Tate (Queensrÿche). Acredito que os fãs de metal
melódico, afeitos a esses shows bonitinhos e de certa forma distantes do
conceito do Heavy metal não tenham nada a reclamar. Eu aproveitei e assisti o
show à distância, comendo um bacon burguer, que tem muito mais potássio, atitude e
energia em 200 gramas de carne do que em uma hora de show dos caras (NOTA 6).
Accept
Precisou outro combo
alemão para mostrar aos garotos leite com pera como se faz. O Accept aproveitou
cada um dos minutos de sua apresentação para destilar em alto e bom tom todos
os bons clichês do heavy metal clássico. Guitarras esporrentas, bateria cavalar,
baixo competente e um vocal que parece ter feito gargarejo com cerol entoando
petardos que usam sim de melodia, mas na medida certa, sem Abdicar do peso. A
reta final, com Teutonic Terror (recente e já clássica) e Balls To The Wall
levantou até defunto. E Mark Tornillo definitivamente faz com que a ausência do
anão UDO mal seja sentida. Em suma, o Accept veios em muito alarde e
simplesmente destroçou, fazendo aquele que muito consideraram ser o melhor show
do festival. Matador! (NOTA 10).
Accept fazendo mais um gol para a Alemanha! |
Manowar
O
show no Monsters Of Rock de 1998 corou triunfalmente o Manowar no coração dos
headbangers nacionais. Eu estava lá, e gaiatices à parte, foi destruidor! Que
diferença... o Manowar até começou muito bem, mas chafurdou seu bom repertório
num som horroroso. Em quase todo o show o que se ouviu foi o sempre ótimo Eric
Adams cantando em cima das linhas de bateria, entrecortado por solos de
guitarra e o pior som de baixo que já ouvi. Poderia se culpar o som do evento,
mas curiosamente Accept veio antes, som perfeito, Judas veio depois, som
perfeito... E o babacão do Joey de Maio com suas bravatas soa como o Steel
Panther, só que com uma pequena grande diferença: ele se leva à sério.
Absolutamente triste. E o cara ainda tirou onda por falar português, talvez se
esquecendo que os gaiatos da Califórnia já tinham falado algumas piadas em bom
português horas antes. O sentimento de vergonha alheia tomou conta de muitos, e
olha que o público estava bem receptivo. Na plateia, uma profusão de gorilas
musculosos sem camisa, se abraçando e chorando, bêbados e provando que o
excesso de testosterona se aproxima demais da veadagem absoluta. Assistindo
essa apresentação e tentando lembrar o último disco razoável dos caras, me
peguei pensando que é hora de programar a aposentadoria: talvez seja melhor
dividir o preço do psiquiatra com o Malmsteen. Pífio! (NOTA 4)
p.s.:
Ah, sim, teve a participação de Robertinho do Recife, mas ao que parece poucos
entenderam quem era.
Judas Priest
Assistir
dois shows seguidos de qualquer banda pode ser um pouco desanimador, certo?
Sim, mas a fase do Judas está tão boa que fiz questão de ver tudo de novo. Uma
ou duas músicas foram trocadas em relação ao show da noite anterior (saiu Love
Bites, infelizmente) e Halford estava um tiquinho menos inspirado. Ainda assim
um grande show que terminou com uma performance apoteótica de Painkiller
seguida de Living After Midnight, a música mais Kiss que o Judas já fez. Muito
bom. (NOTA 8)
Kiss
Com quase uma hora de
atraso, o Kiss assombra o palco com o costumeiro festival pirotécnico. As
pessoas esquecem que fosse somente pela pirotecnia, o Kiss não teria tamanho
longevidade e/ou adoração na cena. O grande trunfo dos caras são as músicas:
Detroit Rock City, Creatures Of the Night, Psycho Circus, Deuce, God Of
Thunder...até mesmo Parasite deu as caras!!! Um show perfeito, certo?
Infelizmente não. Paul Stanley está com um físico privilegiado em sua idade,
mas ao contrário de Halford, seus 63 anos transparecem por inteiro em sua voz.
O cara mal consegue falar, quanto mais entoar os hinos imortais da banda. A voz
de Gene também já viveu dias melhores e fica impossível nãos sentir uma pontada
de desapontamento em relação ao que se ouviu ontem, a despeito da superprodução
e do repertório muito bem escolhido. Ainda assim, um show para lá de empolgante
(NOTA 7)
Gene, lá do topo do mundo! |
Saldo Final
O triste imprevisto
em relação ao Motörhead não pode ser levado em consideração, assim como a má
forma de algumas atrações. Ao que pude constatar com quem compareceu na edição
do ano passado, o Monsters Of Rock melhorou em termos de estrutura e o som
beirou a perfeição na maioria dos shows. A diversidade de stands e afins tornou
a experiência de passar o dia no meio de nossos iguais, curtindo um monte de
coisas que fazem referência ao universo que tanto amamos, ao som de grandes
bandas, uma oportunidade única. E o melhor, em território brasileiro!
Particularmente, reencontrei em mim uma paixão pelos shows que vinha aos poucos
esmorecendo. O melhor ponto foi a sensação de igualdade, as bandas que tocaram
no início da tarde dispondo de ótimo som e do telão fantástico. Afora os já
relacionados entraves na organização, o grande ponto negativo foi a notada
ausência de nomes brasucas no cast. Sem nenhuma patriotada, temos nomes que
podiam muito bem entrar no lugar da galera xepa da feira, como atualmente são o
Manowar e Malmsteen. Que venha a edição 2016!!