Deliciosamente Old School!!
Por Trevas
NWOBHM canadense?
O Striker
surgiu bem recentemente, mais precisamente em 2007, no Canadá. Após lançar uma
demo em 2008 e causar um burburinho na cena local, a banda se arriscou num EP
auto-financiado, Road Warrior. O
disquinho trazia 5 músicas próprias calcadas na NWOBHM com uma leve mistura do Power Metal europeu noventista. Não
à toa, a sexta música do EP nada mais era que uma cover do cultuado Grim Reaper. Road Warrior foi muito bem recebido mundo afora, em especial na
Europa, onde a onda de Retro-rock (e Retro-metal) anda a todo vapor.
Road Warrior EP |
Em
2010, Eyes In The Night foi lançado
por um selo local. O disco novamente fez a alegria dos saudosistas e a resposta
a ele foi tão boa que chamou a atenção da Napalm
Records. Por ela saiu o excelente Armed
To The Teeth, de 2012. Aos poucos o som dos caras foi deixando alguns
exageros estilísticos de lado, absorvendo uma produção mais atual sem perder a
essência.
Armed To The Teeth |
City of Gold é o primeiro lançamento do Striker a ser lançado já com a banda tendo um certo renome na cena
metálica, ou seja, pela primeira vez os caras tiveram que lidar com alguma
expectativa. Teriam os tresloucados canadenses mantido sua paixão pelo revival
do metal tradicional?
Good To Be The King
Bom, ter crescido em popularidade traz algumas
grandes vantagens a qualquer banda. Logo de cara percebe-se que longe ficaram
os tempos de capas amadorísticas como as de Road Warrior e Eyes In The
Night. A arte de capa ficando aos cuidados do renomado Eliran Kantor (responsável pelos trabalhos atuais de Kreator, Iced Earth e Testament).
Já a produção, que deixou o disco com uma sonoridade excelente, ficou nas mãos
de Fredrik Nordström, o guitarrista
e produtor sueco responsável por boa parte do encanto do Gothenburg Sound.
Nordström, o mago sueco |
Full Speed!!!
Não, isso tudo não quer dizer que os caras
tenham mudado seu som para algo mais sofisticado. Aos primeiros instantes de Underground, somos atacados ferozmente
por um heavy/thrash que lembra desde Anthrax
(de Metal Thrashing Mad ou Deathrider) a Savatage (de Taunting Cobras).
Um início virulento e viciante!!!
A
faixa título (ver vídeo) é a síntese do Striker
em 2014 – metal à lá NWOBHM com
toques de Power e Speed Metal alemão (só da parte boa, nada de coisas
alegrinhas tipo show da Xuxa e Dr Stein).
O ótimo vocalista Dan Cleary está
cada vez mais preciso e contendo melhor os exageros no que diz respeito à sua
extensão vocal. As guitarras de Tim
Brown e Chris Segger despejam riffs
empolgantes e solos bem interessantes. E que legal que os caras mantém aquela
saudável tradição e indicar nas letras do encarte quem faz qual solo! A bateria
de Adam Brown é sempre frenética e William Wallace (??) é um daqueles
baixistas típicos do metal tradicional, jogando para o time e buscando seu
espaço ao meio de bumbos e solos em profusão.
Start Again (ver vídeo) traz bons solos em seu início e
descamba em uma faixa que mescla elementos de Power/Speed/Thrash Metal com
louvor, com um final de fazer chorar fã de Iron
Maiden. Bad Decisions traz uma
deliciosa mescla de Hard/heavy com gang vocals e um refrão para tocar em festa
headbanger. Aliás, nesses sons mais voltados para o Hard Rock, Dan soa como uma versão recente do
saudoso Ray Gillen (o que é um puta
elogio).
Crossroads e All
For One seguem a trilha de ótimas guitarras, refrões grudentos e uma
bateria rolo compressor. A velocidade diminui com a grooveada Mind Control (que dá a chance de William Wallace aparecer um pouco), que
novamente lembra algo que poderia estar em um dos discos clássicos do Anthrax. Second Attack frita nossos cérebros com sua velocidade absurda e um
refrão totalmente Bay Area, um dos destaques na certa.
Os caras do Striker sabem o que é melhor para vc: Metal e cerveja! |
All I Want traz de volta as influências de Hard Rock, para o bem de
nossos pescoços. Novamente, uma música que faria muito sentido lá pelos idos de
1988, mas ainda que anacrônica, gruda no teu HD com facilidade absurda. Rise Up tem um riff que possivelmente
já fora gravado em algum canto pelo Saxon,
trazendo de volta a velocidade do disco. Não é das mais inspiradas, mas seu
pescoço irá balançar assim mesmo. A edição normal fecha com Taken By Time, que possui andamento
cadenciado em seu início, com cara de True metal, mas logo descamba para a
velocidade e harmonias de guitarra Maidenianas. Os vocais nessa faixa me lembram
e muito o material do Grim Reaper.
Um encerramento para lá de digno, batendo aqueles saudosos 45 minutos de
audição dos clássicos de outrora!
Saldo Final
O Striker entrega o que promete, Heavy Metal clássico tocado à velocidade
da luz, com todos os clichês que você pode imaginar para o estilo. Não é nada
sofisticado, as letras são simples, os instrumentais e vocais são muito bem
executados, mas nem de longe almejam reinventar a roda. Sinceramente, vinha
sentindo falta de algo mais simples e direto, que lembrasse estilisticamente o
Heavy oitentista mas sem cair na vala comum da imitação barata. Se é isso que
você procura, o Striker é a sua
banda, e esse City Of Gold bem
poderá figurar na sua lista de destaques de 2014.
NOTA: 8,5
Músicas Bônus da Edição Limitada
A edição limitada do disco traz 4
faixas bônus, um cover e três próprias. Bem, eu sequer sei por que o Iron continua a tocar 2 Minutes To Midnight, então não sou a
melhor pessoa para avaliar qual o motivo que levou os canadenses a escolher uma
música tão manjada e batida do prolífico repertório clássico Maideniano. Uma
versão respeitosa e legal, nada além disso. Watching You e Roll With The
Punches são duas faixas rápidas e tão oitentistas que chega a assustar. A
produção, ainda com qualidade de demo, dá um charme especial às duas, bem
legais mesmo. Já Fuck Volcanoes tem
momentos interessantes em suas harmonias de guitarras e uma letra e exageros
vocais que evidenciam o óbvio: trata-se de uma música-piada (a mesma já fora
lançada em 2011 como single). Enfim, se esbarrar com a edição limitada, não
hesite em pegar, pura diversão.
Prós:
Simples, direto
e muito bem tocado.
Contras:
Grau zero de
refinamento estilístico, letras tão oitentistas quanto o som.
Classifique
como: Heavy Metal Tradicional, Speed Metal
Para Fãs de: Grim
Reaper, Iron maiden, Judas Priest, Satan, Vicious Rumors
Ficha Técnica
Banda: Striker
Origem: CAN
Site Oficial: http://www.striker-metal.com/
Disco (ano): City
Of Gold – Limited Edition (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Napalm
Records (Importado)
Faixas
(duração): CD - 11 (45’). 15 (63’) na
edição limitada
Produção: Striker
e Fredrik Nordström
Arte de Capa: Eliran
Kantor
Formação:
Dan Cleary –
voz;
Tim Brown –
Guitarra;
Chris Segger –
Guitarra;
Willam Wallace
– baixo;
Adam
Brown – bateria.
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