sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Striker – City Of Gold – Limited Edition (Cd-2014)



Deliciosamente Old School!!
Por Trevas

NWOBHM canadense?
O Striker surgiu bem recentemente, mais precisamente em 2007, no Canadá. Após lançar uma demo em 2008 e causar um burburinho na cena local, a banda se arriscou num EP auto-financiado, Road Warrior. O disquinho trazia 5 músicas próprias calcadas na NWOBHM com uma leve mistura do Power Metal europeu noventista. Não à toa, a sexta música do EP nada mais era que uma cover do cultuado Grim Reaper. Road Warrior foi muito bem recebido mundo afora, em especial na Europa, onde a onda de Retro-rock (e Retro-metal) anda a todo vapor.

Road Warrior EP
Em 2010, Eyes In The Night foi lançado por um selo local. O disco novamente fez a alegria dos saudosistas e a resposta a ele foi tão boa que chamou a atenção da Napalm Records. Por ela saiu o excelente Armed To The Teeth, de 2012. Aos poucos o som dos caras foi deixando alguns exageros estilísticos de lado, absorvendo uma produção mais atual sem perder a essência.

Armed To The Teeth
City of Gold é o primeiro lançamento do Striker a ser lançado já com a banda tendo um certo renome na cena metálica, ou seja, pela primeira vez os caras tiveram que lidar com alguma expectativa. Teriam os tresloucados canadenses mantido sua paixão pelo revival do metal tradicional?

Good To Be The King
Bom, ter crescido em popularidade traz algumas grandes vantagens a qualquer banda. Logo de cara percebe-se que longe ficaram os tempos de capas amadorísticas como as de Road Warrior e Eyes In The Night. A arte de capa ficando aos cuidados do renomado Eliran Kantor (responsável pelos trabalhos atuais de Kreator, Iced Earth e Testament). Já a produção, que deixou o disco com uma sonoridade excelente, ficou nas mãos de Fredrik Nordström, o guitarrista e produtor sueco responsável por boa parte do encanto do Gothenburg Sound.

Nordström, o mago sueco
Full Speed!!!
Não, isso tudo não quer dizer que os caras tenham mudado seu som para algo mais sofisticado. Aos primeiros instantes de Underground, somos atacados ferozmente por um heavy/thrash que lembra desde Anthrax (de Metal Thrashing Mad ou Deathrider) a Savatage (de Taunting Cobras). Um início virulento e viciante!!!



A faixa título (ver vídeo) é a síntese do Striker em 2014 – metal à lá NWOBHM com toques de Power e Speed Metal alemão (só da parte boa, nada de coisas alegrinhas tipo show da Xuxa e Dr Stein). O ótimo vocalista Dan Cleary está cada vez mais preciso e contendo melhor os exageros no que diz respeito à sua extensão vocal. As guitarras de Tim Brown e Chris Segger despejam riffs empolgantes e solos bem interessantes. E que legal que os caras mantém aquela saudável tradição e indicar nas letras do encarte quem faz qual solo! A bateria de Adam Brown é sempre frenética e William Wallace (??) é um daqueles baixistas típicos do metal tradicional, jogando para o time e buscando seu espaço ao meio de bumbos e solos em profusão.


Start Again (ver vídeo) traz bons solos em seu início e descamba em uma faixa que mescla elementos de Power/Speed/Thrash Metal com louvor, com um final de fazer chorar fã de Iron Maiden. Bad Decisions traz uma deliciosa mescla de Hard/heavy com gang vocals e um refrão para tocar em festa headbanger. Aliás, nesses sons mais voltados para o Hard Rock, Dan soa como uma versão recente do saudoso Ray Gillen (o que é um puta elogio).


Crossroads e All For One seguem a trilha de ótimas guitarras, refrões grudentos e uma bateria rolo compressor. A velocidade diminui com a grooveada Mind Control (que dá a chance de William Wallace aparecer um pouco), que novamente lembra algo que poderia estar em um dos discos clássicos do Anthrax. Second Attack frita nossos cérebros com sua velocidade absurda e um refrão totalmente Bay Area, um dos destaques na certa.

Os caras do Striker sabem o que é melhor para vc: Metal e cerveja! 
All I Want traz de volta as influências de Hard Rock, para o bem de nossos pescoços. Novamente, uma música que faria muito sentido lá pelos idos de 1988, mas ainda que anacrônica, gruda no teu HD com facilidade absurda. Rise Up tem um riff que possivelmente já fora gravado em algum canto pelo Saxon, trazendo de volta a velocidade do disco. Não é das mais inspiradas, mas seu pescoço irá balançar assim mesmo. A edição normal fecha com Taken By Time, que possui andamento cadenciado em seu início, com cara de True metal, mas logo descamba para a velocidade e harmonias de guitarra Maidenianas. Os vocais nessa faixa me lembram e muito o material do Grim Reaper. Um encerramento para lá de digno, batendo aqueles saudosos 45 minutos de audição dos clássicos de outrora!

Saldo Final

O Striker entrega o que promete, Heavy Metal clássico tocado à velocidade da luz, com todos os clichês que você pode imaginar para o estilo. Não é nada sofisticado, as letras são simples, os instrumentais e vocais são muito bem executados, mas nem de longe almejam reinventar a roda. Sinceramente, vinha sentindo falta de algo mais simples e direto, que lembrasse estilisticamente o Heavy oitentista mas sem cair na vala comum da imitação barata. Se é isso que você procura, o Striker é a sua banda, e esse City Of Gold bem poderá figurar na sua lista de destaques de 2014.

NOTA: 8,5




Músicas Bônus da Edição Limitada

A edição limitada do disco traz 4 faixas bônus, um cover e três próprias. Bem, eu sequer sei por que o Iron continua a tocar 2 Minutes To Midnight, então não sou a melhor pessoa para avaliar qual o motivo que levou os canadenses a escolher uma música tão manjada e batida do prolífico repertório clássico Maideniano. Uma versão respeitosa e legal, nada além disso. Watching You e Roll With The Punches são duas faixas rápidas e tão oitentistas que chega a assustar. A produção, ainda com qualidade de demo, dá um charme especial às duas, bem legais mesmo. Já Fuck Volcanoes tem momentos interessantes em suas harmonias de guitarras e uma letra e exageros vocais que evidenciam o óbvio: trata-se de uma música-piada (a mesma já fora lançada em 2011 como single). Enfim, se esbarrar com a edição limitada, não hesite em pegar, pura diversão.

Prós:
Simples, direto e muito bem tocado.
Contras:
Grau zero de refinamento estilístico, letras tão oitentistas quanto o som.

Classifique como: Heavy Metal Tradicional, Speed Metal

Para Fãs de: Grim Reaper, Iron maiden, Judas Priest, Satan, Vicious Rumors

Ficha Técnica
Banda: Striker
Origem: CAN
Disco (ano): City Of Gold – Limited Edition (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Napalm Records (Importado)

Faixas (duração): CD  - 11 (45’). 15 (63’) na edição limitada

Produção: Striker e Fredrik Nordström
Arte de Capa: Eliran Kantor

Formação:
Dan Cleary – voz;
Tim Brown – Guitarra;
Chris Segger – Guitarra;
Willam Wallace – baixo;
Adam Brown – bateria.

sábado, 25 de outubro de 2014

Clássicos Da Cripta: Moonspell - Night Eternal (Special Edition: Cd +DVD - 2008)



Olá, Criptomaníacos
Geralmente quando se fala de um "clássico", as pessoas logo imaginam um disco ou filme com 789 anos de existência. Não concordo. Alguns discos cheiram a clássico e nem preciso dar tempo ao tempo para chamá-los assim. Esse foi um caso. Lançado em 2008, já sabia se tratar de uma bolachinha que entraria para minha lista interminável de favoritos em todos os tempos. 
O texto abaixo é a republicação do post feito em 2008 no antigo jazigo digital de opiniões inúteis deste escriba aqui.
Divirtam-se
T

MALVADAMENTE FIXE, Ó PÁ!!!!
Por Trevas

O Moonspell é a melhor banda de Heavy Metal portuguesa em todos os tempos, ponto!

Bom, tendo em vista que eu só me lembro do Heavenwood e do Tarântula vindo de lá, isso não chega a ser um grande elogio...

O fato é que já faz um bocado desde que o promissor Wolfheart (1995) tirou os gajos do anonimato, mas embora sejam uma banda muito bem vista pela crítica e que possui um status cult, eu realmente acredito que eles mereciam mais reconhecimento...

Wolfheart em uma de suas 789 encarnações


Talvez isso nunca tenha acontecido porque embora todos os seus trabalhos sejam dignos de nota, eles sempre experimentaram muito, e nunca chegaram a lançar sua obra prima. Até agora!!


Depois de bater na trave com o ótimo e pesado Memorial e revisitar seu passado em Under Satanae, os lusos conseguiram achar um equilíbrio entre todas as fases da banda nesse Night Eternal.

Uma introdução climática e narrada descamba para uma pancadaria death/black sombria e muitíssimo bem produzida na faixa de abertura, At Tragic Heights: Coisa de quem amadureceu bastante desde os exageros estilísticos dos primeiros álbuns.

A faixa título é um novo clássico, pesada e matadora, seguida pela ótima Shadow Sun, com sua bateria tribal, uma característica que a banda passou a usar por influência do Sepultura!



Como tocam os rapazes de Lisboa! A dupla de guitarristas Pedro Paixão e Ricardo Amorim tira um som pesado, belo e criativo. O baterista Mike Gaspar detona, com uma pegada impressionante. O baixista Niclas, emprestado junto ao Amorphis, contribui bastante para o peso absurdo do resultado final.

Bem, e Fernando Ribeiro usa muito bem sua voz limitada. Seu inglês melhorou um bocado e seus guturais certamente estão entre os melhores da cena. E nesse CD raramente sua voz é registrada de forma limpa. E uma das exceções é justamente o primeiro single: Scorpion Flower, onde Mr. Ribeiro faz um belíssimo dueto com a melhor voz feminina da cena: Anneke van Giersbergen (Água de Anikke, ex- The Gathering). Uma música de gelar a espinha, muito bonita mesmo!


A porradaria volta com Moon in Mercury e Hers is The Twilight, excelentes. Outro momento mais climático, Dreamless é uma baita faixa que remete aos tempos de gothic-rock da banda no fim dos anos 90.

Spring of Rage é outra porradaria matadora e a épica First Light fecha a edição normal desse CD, com participação de um belo coral em português.

Moonspell em 2008
A edição limitada traz a bônus Age of Mothers, que, não faço idéia do porquê, foi excluída do CD normal. As duas versões para Scorpion Flower são remixes feitos por grupos de música eletrônica europeus. Os dois são muito bons e diferem bastante um do outro e da versão do cd. Bem legal, mesmo. Nessa edição ainda existe um DVD com os belos clipes de “Finisterra” (com seu respectivo making-of) e Luna (ambas do Memorial), além de três faixas da apresentação do Moonspell no Wacken em 2007. Seria perfeito se essa apresentação estivesse completa!!há de ser ressaltado ainda o belo trabalho gráfico por conta de Seth Siro Anton.

Assim como este escriba, os jornalistas especializados de todo o mundo estão exaltando Night Eternal como um trabalho brilhante e que deve catapultar os gajos a um novo patamar na cena metálica. Honestamente, esse CD certamente é a melhor coisa surgida na cena gótica desde Draconian Times do Paradise Lost. O que não é pouco. Um novo favorito pessoal que certamente estará junto ao Formation of Damnation do Testament na minha lista de melhores de 2008.


NOTA: CLÁSSICO DA CRIPTA!


Prós: Excelente produção, músicas marcantes e muito peso.

Contras: Scorpion Flower contaminou meu cérebro, e não sai de lá, aaaaahhhhhhh.

Classifique como: Gothic Metal

Para Fãs de: Metal e Rock gótico, Paradise Lost, My Dying Bride e congêneres

CD - Faixas: 12 Duração: 58’39”
SteamHammer Records (importado)

1. At Tragic Heights
2. Night Eternal
3. Shadow Sun
4. Scorpion Flower
5. Moon in Mercury
6. Hers is The Twilight
7. Dreamless (Lucifer and Lilith)
8. Spring of Rage
9. First Light
10. Age of Mothers *
11. Scorpion Flower  Dark Lush Cut  By Orchestra Mortua *
12. Scorpion Flower  The Feeble Cut  By F.E.V.E.R.*

DVD*
Live at Wacken 2007: 1. Finisterra/ 2. Memento Mori/ 3. Blood Tells
Clipes: Finisterra (com making of)/ Luna

* Bônus da Special Edition

sábado, 18 de outubro de 2014

Opeth - Pale Communion (CD-2014)



A Revolução Inócua das Ideias Recicladas
Por Trevas


Prólogo – Reinvenção à vista

Depois de ter dividido opiniões com Heritage, Mikael Akerfeldt parece ter vestido a carapuça de gênio incompreendido. E dá-lhe declaração de como o Metal anda previsível, como as bandas não ousam mais, como ele é conhecedor de Rock Progressivo e comprometido com a progressão estilística do Heavy Metal. Ok, boa parte de suas declarações tem um fundo de verdade. Particularmente, acho o Opeth uma banda inventiva e original. Pouco me interessa a polêmica em torno da declaração de que Mikael não mais usaria seus famigerados guturais nos futuros lançamentos. Afinal, meu disco favorito dos caras é Damnation, uma pérola recheada de melancolia e vocais limpos. Com toda a empáfia do criador e líder da banda, esperei por um disco revolucionário e de alta qualidade nesse novo Pale Communion.

Pálida Reciclagem

Os primeiros instantes de Eternal Rains Will Come cospem agressivamente na minha esperançosa cara: parecem uma compilação de todos os clichês do segundo escalão do rock progressivo setentista. A coisa melhora um bocado após a entrada de um belo piano e de um suave solo de guitarra. A música fica então bem interessante e os vocais, que parecem saídos de algum disco perdido do Wishbone Ash são bem legais. Por fim, uma música bastante legal. Cusp Of Eternity é exatamente o que eu poderia esperar do novo Opeth, pesada e cheia de meneios orientais, a música traz uma visível evolução na voz de Mikael. Uma faixa excelente que provavelmente cairá nas graças da maioria do público da banda.




Infelizmente, daí para frente nada mais causará tamanho impacto. Moon Above, Sun Below parece um corte e colagem dos momentos menos inspirados de trabalhos desconhecidos do King Crimson. O dedilhado de Elisian Woes trouxe alguma esperança. Em alguns momentos ela lembra algo retrabalhado do fantasmagórico projeto Storm Corrosion. Uma música bacana, mas que passa longe de algo memorável dentro da discografia Opetheana.



Goblin é uma homenagem instrumental à banda italiana homônima. Novamente uma colcha de retalhos de clichês progressivos, deve agradar somente aos que estão descobrindo o estilo agora (ou aqueles que consomem avidamente qualquer coisa do gênero). The River é em sua primeira parte um rock setentista tão primário e simples que chega a assustar. Infelizmente depois ainda piora, descambando para um festival de clichês progressivóides de terceiro escalão.


Akerfeldt e sua turma
O clima oriental misterioso de Voice Of Treason ameaça elevar o nível da bolachinha, reintroduzindo elementos diluídos do antigo som da banda.  Uma faixa legal, mas nada de outro mundo. O arranjo calmo e orquestrado de Faith In Others serve como canal para Mikael mostrar a evolução de sua voz limpa numa faixa que se arrasta por quase oito minutos para encerrar o disco sem alarde e sem deixar saudade.

Saldo Final

Pale Communion dificilmente irritará aqueles que vociferaram contra Heritage, já que fora cantado em prosa e verso o novo caminho escolhido pelo Opeth. O disco provavelmente será recebido com louros pelos fanboys, mas é certo que com o passar dos anos ganhará camadas de poeira na própria coleção destes. Acho irônico que uma banda das mais inventivas dos últimos tempos pregue evolução e ousadia desenterrando e reciclando clichês de bandas do passado. O Opeth escolheu deixar de ser líder e passar a ser um reles seguidor. Respeito a opção. Talvez esse novo caminho agrade aos fãs incondicionais de progressivo, ou aqueles que estejam descobrindo o estilo agora. Confesso que não me sinto tentado a gastar novamente meu dinheiro com futuros lançamentos dos caras. Com licença, vou lá escutar o Damnation e o Blackwater Park. Sem mais, desligo.

NOTA: 6

Prós:
Excelente produção, Cusp Of Eternity é excelente.

Contras:
Músicas desinteressantes e de pouco impacto, reciclando clichês do rock progressivo.

Classifique como: Rock Progressivo, Prog Metal

Para Fãs de: Apenas para os aficionados pelo progressivo em sua forma menos inspirada

Ficha Técnica
Banda: Opeth
Origem: SWE
Site Oficial: www.opeth.com
Disco (ano): Pale Communion (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Warner (nacional)

Faixas (duração): 8 (58’).

Produção: Mikael Akerfeldt
Mixagem: Steven Wilson
Arte de Capa: Travis Smith

Formação:
Mikael Akerfeldt – voz e guitarra;
Fredrik Akesson – Guitarra;
Joakim Svalberg – Teclados;
Martin Mendez – baixo;
Martin Axenrot – bateria.