Curtas: Dave Mustaine + Avenged Sevenfold + Motörhead + Beth Hart & Joe Bonamassa
Mustaine - Memórias do Heavy metal |
Dave Mustaine (com Joe Layden) – Memórias do Heavy Metal (Livro - 2013)
O Incrível Testemunho de Dave
Megamouth
Primeira edição brasileira da autobiografia de Dave Mustaine, inicialmente publicada
lá fora nos idos de 2010, Memórias do
Heavy Metal chega às lojas pela Benvirá.
Contando com a correta tradução de Marcelo
Barbão, temos aqui 376 páginas de um conteúdo desigual, que explora desde os
primórdios da vida de David Scott
Mustaine, até os dias (não tão) atuais.
Lars, seu gnomo maldito!!! |
O livro poderia ser resumido da seguinte
forma: garoto criado num lar de Testemunhas de Jeová escolhe o caminho de sua
vida como uma fuga à religiosidade excessiva de sua criação, atinge o sucesso,
paga o preço com a degradação moral (e quase com a própria vida) e então
reencontra abrigo e alento na fé que por anos renegara.
Parece um enfadonho exercício de
estender um típico testemunho religioso ao longo de um livro inteiro, não?
Mas acredite Dave Mustaine o faz com um grau de honestidade tão grande que a
obra torna-se interessante. Expiando culpas e tratando todos os assuntos com um
bem vindo senso de humor (que eu nem sabia existir dentro da cachola de Dave), o livro peca apenas pela divisão
desigual da narrativa.
Se temos detalhes bastante
interessantes sobre os primórdios do pequeno Dave Mustaine e de sua curta passagem pelo Metallica, pouco efetivamente é discutido sobre as relações dentro
do Megadeth. Membros entram e saem
da banda sem sequer merecer mais que uma citação no livro.
Ou seja, após uma excelente
primeira metade a obra vai perdendo a força conforme se concentra menos nos
acontecimentos que envolvem o Megadeth
para centrar na redenção de Mustaine,
sua libertação das drogas e reencontro com JC.
De qualquer forma, a primeira
metade do livro é suficientemente boa para torná-lo obrigatório àqueles que são
viciados em biografias sobre o mundo do rock.
NOTA: 8
Recomendado para: fãs de biografias de rock em geral e mais
especificamente para os roqueiros cristãos.
Passe longe se: sei lá como, você ainda tiver
simpatia pelo babaca do Lars Ulrich...
Avenged Sevenfold - Hail To The King |
Avenged
Sevenfold – Hail To The King (CD - 2013)
Maturidade Alcançada
Meu primeiro contato com o Avenged Sevenfold não foi dos mais
animadores. Não lembro a música exatamente, mas o clipe trazia um som que
parecia uma mescla do Poppy Punk pavoroso dos anos 1990 com guitarras de metal
tradicional e toques modernos, somados a um visual mezzo emo, mezzo gótico de
butique. Isso sem contar com os pífios nomes artísticos: Synyster Gates, M. Shadows...e
os caras ainda roubam o mascote do Overkill?????
Em suma, achei um horror e torci
o nariz por anos para a banda, como muitos da minha idade fizeram. Reação
tipicamente “troo”, claro. Obviamente não levei em conta se tratar de uma banda
formada por garotos ainda, e que existia muito potencial a ser desenvolvido
ali. E muito menos levei em conta que várias bandas “Troo” das quais sou fã já
passaram por fases vergonhosas, em especial quando se trata de fotos, nomes
artísticos (o que dizer de Angelripper,
Warrior, Cronos e baboseiras afins? Porra, e eu ainda sou conhecido como
Trevas, quer coisa mais ridícula?) e roupas nos vexatórios anos 1980. Levei
menos em conta ainda que o mascote roubado do Overkill já havia sido roubado da
capa de um EP do Queensryche! E que parte das bandas de metal passaram a copiar
o bem sucedido mascote do Iron (Megadeth, Iced Earth, Helloween, só para citar
alguns que me vem a cabeça).
Mas é
tendência dos mais velhos sempre ter implicância com novidades. A galera da NWOBHM torcia o nariz pra “modinha” do Thrash da Bay Area, no início. Mas a
ficha ainda não tinha caído, ao menos para o escriba aqui.
Ah, sim, metal é homem de tanguinha e óleo no corpo, né Manowar? |
Por isso mesmo fiquei bastante
surpreso quando Mike Portnoy, o
prodigioso baterista do Dream Theater,
e ávido consumidor de material Thrash
Metal dos anos 1980 emprestou seu talento ao Avenged Sevenfold quando este perdeu seu baterista para as drogas.
Que diacho? Fui checar o
resultado, um disco chamado Nightmare,
e fiquei positivamente surpreso. Um bom disco de metal moderno, com mais toques
clássicos que a maioria de seus contemporâneos da New Wave Of American Metal.
Mais curioso ainda fiquei ao
saber que a banda, um sucesso entre os Metalheads
mais novos, não estava satisfeita com a não aceitação de seu som por parte da
velha guarda. Em uma entrevista à Metal
Hammer UK, o vocalista M Shadows
disse que o novo disco viria para mudar essa visão. E foi então que o A7X (como conhecido pelos fãs) em um
passo arriscado, produziu esse Hail To
The King diretamente para os Haters de plantão. Funcionou? Veremos...
Shepherd Of Fire já mostra de cara a mudança no som. Não que não dê
para reconhecer a banda, mas fica clara a intenção em soar mais tradicional o
possível. Grande começo. E já a segunda música, que dá título ao disco, bem
poderia ser assinada pelo Accept.
Guitarras classudas, bons riffs e uma melhora considerável na voz de M Shadows, que abandonou quase que por
completo aquele timbre anasalado que faz referência ao mala do Axl Rose. QUASE disse eu, pois Doing Time traz o timbre de volta e se
parece bastante com qualquer coisa do Guns.
Mas diga-se, quisera que o GNR ainda
fosse capaz de produzir algo tão direto e eficiente quanto essa música.
This Means War causou polêmica, por lembrar em partes Sad But true do Metallica. E lembra mesmo, mas ainda assim a música é bem bacana. Requiem traz um coro bem encaixado e
uma aura épica que a banda já explorara antes. Outra boa música. A reta final
do disco traz um dos destaques, Planets,
que junto Heretic e Coming Home, mantém o nível alto. Para não dizer que tudo são flores, as duas
baladas do disco, Crimson Day e Acid Rain parecem coisa de banda
iniciante e são absolutamente desnecessárias.
Dez músicas e cinqüenta minutos
depois, fica a sensação que o A7X
acertou a mão em sua tentativa em agradar o público mais velho. Mas é difícil
para caramba vencer preconceitos, e o meio metálico costuma ser ainda mais
cruel que o normal nesse quesito. A banda corre o risco de desagradar parte de
seus fãs com a mudança de sonoridade e não conquistar a velha guarda como
gostaria. Bom, a considerar as vendagens, deu certo: pela primeira vez o A7X estourou nas paradas européias,
ficando no topo em 15 países simultaneamente.
É merecido, Hail To The King é um puta disco de metal. Muita banda que se diz Troo
daria um rim para fazer um disco assim. E muita gente vai me xingar por dizer
isso, mas é a vida. Os ídolos antigos estão chegando ao fim de suas carreiras
(e vidas) e a renovação é necessária, queira ou não. Quem não gostar pode
reviver para sempre seus discos favoritos do passado.
Prefiro ouvir os ídolos do
passado sem fechar meus ouvidos para os do futuro. Que bom que tem gente para
manter a chama acesa. Que o A7X mantenha a toada e venham novos discos como
esse.
NOTA: 8,5
Recomendado para: fãs de metal tradicional e quem estiver a
fim de dar uma chance a uma banda nova.
Passe longe se: estiver convencido de que não há a menor
possibilidade de mudar seus conceitos.
Motörhead - Aftershock |
Motörhead – Aftershock (CD - 2013)
As Verrugas da Danação
Falando em velha guarda, o novo disco do Motörhead ganhou destaque antes de seu
lançamento por um motivo triste. Uma seqüência de cancelamentos de shows por
parte da banda expuseram a atual fragilidade da saúde de Lemmy kilmister, personificação do roqueiro durão, figura que todos
gostaríamos acreditar ser tão imortal quanto sua música.
Não, forasteiro, não tem nenhum Avenged sei-lá-o-que por aqui. Vá embora! |
Muita gente correu para escutar o
disco, com aquela curiosidade mórbida tipicamente humana de quem pode estar
apreciando a obra derradeira de um gênio.
Trazendo quatorze faixas espalhadas em pouco
mais de 45 minutos, Aftershock não
dá nenhuma pista de que a fragilidade de Lemmy
tenha afetado seu gosto por rockões rápidos e certeiros. Heartbreaker, música de trabalho, é tão boa quanto qualquer faixa
de abertura de um disco da banda. Coup
De Grace mantém a toada e então temos a primeira surpresa do disco. Lost Woman Blues, um bluesão (dã) encardido
que em dobradinha com a também ótima Dust
And Glass trazem um clima setentista para quebrar o senso de urgência do
resto do material. Mas quando falo em Blues, não entenda BB King ou Bonamassa,
isso é Motörhead, e a versão
blueseira da banda se aproxima mais do ZZ
Top dos bons tempos. Nem preciso dizer que essas faixas evidenciam o
talento subestimado de Phil Campbell
nas guitarras.
De resto, grandes faixas típicas
do Motörhead, com destaque para End Of Time, Death Machine, Queen of the
Damned e o encerramento com Paralyzed.
Não sei se esse será o último
capítulo do Motörhead. Se for, Aftershock encerra uma longa história de
maneira para lá de honrosa!
NOTA: 8,5
Recomendado para: todos aqueles que gostariam de ter
verrugas na cara e Jack Daniels correndo nas veias...
Passe longe se: você nunca gostou de Motörhead.
Nesse caso, nem sei o que você está fazendo aqui, vá embora!!!!
Beth Hart & Joe Bonamassa - SeeSaw |
Beth Hart
& Joe Bonamassa – See Saw (CD – 2013)
Faltou
Algo Na Sopa
Joe
Bonamassa é
um artista tão prolífico quanto talentoso. Mas sua produtividade estonteante, de
ao menos dois produtos audiovisuais trazendo sua marca por ano, começa a beirar
o limite da superexposição. Na maioria das vezes essa superexposição acaba
sendo perdoável pela alta qualidade dos produtos lançados, como fora o caso de
sua parceria com a talentosíssima cantora californiana Beth Hart em Don’t Explain,
discaço de 2011 no qual a dupla passeava com desenvoltura por clássicos do Soul
e Blues de décadas passadas. Quando foi anunciado um repeteco dessa fórmula,
fiquei bastante animado.
Foto bacana, disco chato |
Uma pena que tudo que funcionara
a perfeição no disco anterior não engrene nesse See Saw. O repertório, contendo desde Ike & Tina Turner (Nutbush City Limits), Louis Armstrong (Them There Eyes) até Al Cooper (I Love You More Than you’ll Ever Know) não é nem de longe ruim, mas
por algum motivo não empolga. Bonamassa
continua destruindo sua guitarra e Beth
Hart possui uma voz fantástica e que se molda a qualquer canção, mas o
resultado do disco fica aquém da soma dos dois talentos. Talvez sejam os
arranjos, mais próximos das big bands, com sopros em profusão, talvez tenha
faltado dinâmica na escolha do repertório. O certo é que See Saw acaba sendo uma tremenda decepção. Um disco chato, por falta de melhor definição.
NOTA – 5,5
Recomendado apenas para fãs
incondicionais dos dois artistas...
Não recomendado para todos os outros, nesse
caso, passe para o item Motorhead, acima.
Camarada, do Dave Mustaine prefiro a música, porque a cabeça dele é de mamão podre.
ResponderExcluirA7X foi um certo anticlimax no RiR. Também, depois do Slayer e antes do Maiden chega a ser covardia. Contudo, chamou a atenção o fato de ser uma tremenda colcha retalhos, cheio se referências a diversas bandas mas, ao mesmotmesmo tempo, sem identidade. E a música que você citou é uma chupacao descarada do Metallica. Causou-me enorme vergonha alheia.
Motorhead: Lemmy é imorrivel. SIMPLES ASSIM!
Bonamassa é seu queridinho, mas ainda não ouvi nada dele.
FELIZ NATAL, BIBONA, E UM 2014 DE MUITO ROQUENROU!!!
Krillzito
ResponderExcluirPrefiro sempre a música, mas a biografia é legal.E depois de ler até passei a simpatizar um pouco mais como cabeça de mamão. MUITO menos escroto que Lars e James, pode crer.
ESSE disco do A7X merce uma tentativa, vai por mim.
Lemmy é imorrível e horrível, com certeza!
Se ainda não escutou nada do BoiNa Massa,corre atrás dos dois primeiros do Black Country, ou o ao vivo, que é ainda melhor.
jundis e bom natal!
T