terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Dobradinhas: 5FDP + Queensrÿche



Dobradinhas: 5FDP + Queensrÿche






Five Finger Death Punch – The Wrong Side Of Heaven And The Righteous Side Of Hell

Macho, Macho (pop) Metal em Duas Viciantes Partes

A New Wave Of American Metal tem sido extremamente prolífica em bandas, todas elas contando com pontos em comum a despeito do subestilo: músicas pesadas, que fazem uma ponte entre modernidade e o passado do metal e com um tino incrível para melodias radiofônicas.
Um dos exemplares que melhor ilustram esses pontos, o Five Finger Death Punch (ou simplesmente 5FDP) estourou para o grande público com uma versão pesada para Bad Company (sim, da banda homônima de Paul Rodgers) e desde então vem angariando tantos fãs quanto detratores, muitos desses últimos geralmente críticos da postura “testosterona ao máximo” que a banda passa. Apesar da postura “Macho Man” e belicista, na verdade o 5FDP é das bandas mais palatáveis para o grande público dessa nova safra, talvez devido à simplicidade de suas músicas.

Só cabra bonito e simpático

A suposta falta de conteúdo da banda fez com que muitos estranhassem quando a mesma anunciou o lançamento de um disco duplo, atitude muito mais comum em se tratando de bandas mais ambiciosas estilisticamente. A produção das duas bolachinhas ficaria ao encargo de Kevin Churco (produtor da safra atual de discos do Ozzy Osbourne) e foram anunciados alguns artistas convidados: Max Cavalera, Rob Halford, Jamey Jasta e Maria Brink.

Volume 1

O primeiro disco, saído em julho desse ano, começa arrasador, com o single Lift Me Up (ver vídeo) contando com ótimo refrão e participação marcante de Rob Halford, como que para mostrar que a valha guarda aprova o trabalho do 5FDP. Watch You Bleed mantém a toada, mostrando que a banda vem se especializando em uma mistura de metal moderno com referências a bandas clássicas e uma veia radiofônica típica do metal americano, sem que isso represente música estéril e sem peso. Tudo isso em faixas que raramente ultrapassam 4 minutos. O peso dá as caras com maior intensidade em números como You, Burn MF, Dot Your Eyes e I.M. Sin, sendo essas últimas dois dos destaques, em especial nas versões bônus da edição limitada.



Mas o 5FDP mostra também ter uma mão bastante boa para Power ballads, diga-se de passagem, fazia tempos que não ouvia boas baladas metálicas como a faixa título, M.I.N.E. (lembrando bastante o lado melódico do Stone Sour) e Anywhere But Here, essa última contando com a discreta participação de Maria Brink (In This Moment) em sua versão original.


As participações especiais trazem um diferencial para a edição limitada do disco. Em Anywhere But Here, Maria Brink aparece em maior destaque na versão bônus. Dot your Eyes melhora ainda mais com a possante participação de Jamey Jasta (Hatebreed), assim como o faz Max Cavalera (inclusive em português) com I.M Sin. Até mesmo a participação do rapper Tech N9ne em Mamma Said Knock You Out (versão para a música do também rapper LL Cool J) ficou legal, lembrando as interações metal/rap da trilha sonora clássica do filme Judgement Night.



A edição limitada também possui um CD ao vivo de bônus, contendo uma apresentação completa da banda, com 17 faixas em ótima qualidade. Portanto, se esbarrar com essa edição, dê preferência, os bônus engrandecem e muito o material.

Volume 2

Volume 2

Lançado poucos meses depois do primeiro volume, o segundo disco veio ao mundo com a ingrata tarefa de igualar o alto nível de seu predecessor. Sem contar dessa vez com nenhuma participação especial, o Volume 2 foi alardeado pela banda em entrevistas se tratar da nata do material composto para a dobradinha. Parecia pura bravata, e é mesmo. Essa segunda parte é legal, mas não chega perto da primeira.

Here To Die, Weight Beneath My Sin e Wrecking Ball tentam quase com sucesso repetir o início radiofônico, porém arrasador do disco anterior. E se eu disse anteriormente que a banda fazia boas Power-ballads, é porque eu ainda não havia escutado essa fantástica Battle Born (ver vídeo). Os caras se tornaram mestres nesse tipo de baladinha metal. Tão previsível quanto viciante, essa música pode ser considerada o destaque absoluto do segundo disco e tocaria nas rádios facilmente tivesse sido lançada ao final dos anos 1980.


Cradle To The Grave mantém o híbrido peso/melodia/radiofonia vivo com méritos. Daí para a frente o disco fica um pouco irregular. A Matter Of Time é apenas correta, The Agony Of Regret não passa de uma curta introdução para Cold, a menos legal das baladas do pacote. Let This Go e My Heart Lied são bons exemplares de Pop Metal e A Day In My Life não traz nada demais. 
Como citado anteriormente, o 5FDP estourou de vez com uma versão metalizada para um clássico do rock. Por isso não deixa de ser curioso que o ponto baixo dos dois discos seja justamente uma tentativa de reproduzir esse sucesso, dessa vez errando feio com uma péssima rendição para House Of The Rising Sun (famosa por sua versão pelo Animals). Essa versão ficou tão ruim que parece coisa dos Mamonas Assassinas. E se nessa segunda parte não temos faixas bônus, por outro lado a edição limitada traz o DVD do show encartado como Cd na edição limitada da primeira parte, o que compensa bastante.


Saldo Final

A estratégia de marketing de mostrar que a banda “tem tanto material de qualidade composto que ficou impossível lançar tudo em um só disco” é manjada e não funciona tão bem atualmente, quando o conceito de disco já não parece fazer tanto sentido para as novas gerações. E via de regra os “discos gêmeos” poderiam funcionar muito melhor caso o material fosse bem escolhido e compilado em um só trabalho, mais forte. É o caso aqui. Se pegassem a primeira parte inteira e fundissem com as 4-5 melhores da segunda parte, teríamos um provável clássico em mãos. Ainda assim, tratam-se de dois bons lançamentos, com ampla vantagem para o Volume 1.

NOTAS
Volume 1: 9

Volume 2: 7,5




Queensrÿche: Queensrÿche x Frequency Unknown



Goleada na Primeira Partida

A história do rock conta com um sem número de aberrações e o capítulo recente da biografia do grupo estadunidense Queensrÿche exemplifica uma delas: o caso da banda que passa a existir em duas versões. A separação traumática do vocalista alemão radicado no Canadá Geoff Tate do restante do grupo foi um fato extensamente explorado pela mídia especializada desde seu acontecimento em junho de 2012 (clique aqui para ver um resumo).

Esses 4 juntos novamente? Só nos tribunais...
De lá para cá transcorre uma disputa legal pela marca, e até que a mesma seja findada, teremos duas versões do Queensrÿche, a do Geoff Tate e a de Michael Wilton, Eddie Jackson e Scott Rockenfield. Cada parte se defende como pode. Tate, autor de 90% do material do Queensrÿche, garante que esse fato por si só lhe garante o direito de seguir com a marca. Já os três outros tem a seu favor o fato de serem membros fundadores da banda, quando essa ainda atendia pelo epíteto The Mob. Além disso, acusam Tate de ter dilapidado a marca ao colocar seus familiares e agregados para tratar dos negócios do grupo, dando-lhe vantagens contratuais indevidas. Enquanto a justiça não dá seu veredicto, os dois Queensrÿches resolveram nos brindar com suas visões musicais do que representa a banda.

E essa visões, para um bom observador, ficam claras desde as escolhas dos nomes para os discos. Tate parece tentar dar prosseguimento ao Queensrÿche dos últimos lançamentos, nomeando o disco com um título, Frequency Unknown, que a princípio em nada faz transparecer toda a polêmica vivida atualmente. Aparentemente, pois na capa do disco, temos as iniciais F.U. em evidência. Simples abreviação ou um sonoro “Fuck You” para seus ex-parceiros?

Enquanto isso, o título homônimo escolhido pela outra versão, dá a clara sensação de retorno às origens. Um Queensrÿche Reboot. E essa sensação torna-se concreta assim que colocamos as duas bolachinhas para rodar. Vou analisar os dois discos por etapas.


Arte Gráfica

Duas artes simples e diretas. Tate nos presenteia com um soco na cara (de seus detratores? De seus ex-companheiros? De Seus Fãs? Não fica claro.) e a famosa logomarca aparece com discrição, sob a forma de um anel.
Na ordem: Queensrÿche, Frequency Unknown

Queensrÿche traz uma imagem simples e direta do logo da banda. Novamente a ideia de um reboot. A edição limitada desse segundo disco, além de três faixas ao vivo (novas rendições de velhos clássicos), traz uma embalagem em formato de caixa, contendo adesivo, patch e palheta.
Enfim, duas artes simples e nada chamativas, um empate técnico nesse quesito.


Pessoal

Tate aparentemente tentou atrair atenção para sua versão da banda ao incluir uma longa lista de convidados especiais em seu Frequency Unknown. Temos aqui, só para exemplificar, gente do naipe de Craig Locicero (Forbidden), KK Downing (ex-Judas Priest), Dave Meniketti (Y&T), Paul Bostaph (Slayer), Simon Wright (Dio e AC/DC), Ty Tabor (King’s X) e Rudy Sarzo (Ozzy, Blue Oyster Cult, Whitesnake, Quiet Riot). Um time de respeito, mas como essas participações soaram no disco, aí é história para mais tarde. A produção ficou ao encargo de Tate e Jason Slater.

Alguns dos culpados por Frequency Unknown
Já o Queensrÿche versão 2 não pareceu se importar muito com nomes. Além dos três membros originais, a banda conta com Parker Lundgren na segunda guitarra. Curiosidade mórbida à La João Cléber: Lundgren fora trazido ao mundo do Queensrÿche incialmente pelo próprio Tate, pois fazia parte de sua banda solo. Posteriormente casaria com uma das filhas do chefe (e se divorciaria pouco depois). Já para o posto de vocalista, foi escolhido o estadunidense Todd La Torre. Baterista de formação, La Torre teve sua primeira experiência como vocalista profissional já tardiamente, aos 35 anos, substituindo o falecido Midnight no Crimson Glory. Todd já vinha trabalhando com os atuais colegas no projeto Rising West e anteriormente em algumas demos de um projeto solo de Wilton.


Queensrÿche, com Todd ao centro.

Para remeter ainda mais ao som clássico da banda, o produtor escolhido foi James “Jimbo” Barton, engenheiro de som (e produtor eventual) da banda nos lançamentos do período Operation MindcrimePromised Land. Há ainda a participação de Pamela Moore (a Sister Mary de Operation Mindcrime) em uma das faixas.

Sonoridade e Músicas






















1. Frequency Unknown

Cold abre o trabalho indicando claramente que Tate não tem intenção alguma de desviar da evolução musical que vem implantando ao Queensrÿche desde á saída de Chris De Garmo. Soa como o Queensrÿche dos últimos discos. E a despeito da opinião negativa que essa afirmação possa trazer, é uma grande faixa e foi corretamente escolhida como primeiro single.


O disco segue com uma sequencia de faixas diretas, modernas e pouco interessantes, mas que poderiam ter um apelo um pouco maior caso não fossem prejudicadas por uma produção ruim, com os instrumentos soando sem brilho ou força, tal como a própria voz de Tate. A culpa foi jogada na mixagem, tendo rapidamente sido lançada uma versão com mixagem diferente, mas que ao que pude ler, não ajudou em muito. O disco soa como uma demo aceitável em se tratando de um artista já estabelecido. E o pior é que essa sonoridade sem vida acabou por tornar dispensável todo o cast unido pelo vocalista.


Tate: os caras me deixaram careca...
Surpreendentemente o material dá uma guinada de qualidade em suas últimas faixas. Life Without You, Everything, Fallen e a épica The Weight Of The World (com belo solo de Chris Poland), em contrapartida ao restante do material parecem querer trazer de volta um pouco que seja do velho Queensrÿche. Melancólicas, melodiosas e com uma veia mais old school, poderiam se encaixar sem muito estranhamento em discos como Empire e Promised Land.


Uma pena que pouco após nos mostrar que existe esperança, Tate faça o favor de jogar lama ao assassinar quatro clássicos da banda em rendições pouquíssimo inspiradas, e com produção pavorosa. I Don’t Believe In Love, Empire, Jet City Woman e Silent lucidity não mereciam isso.





















2. Queensrÿche

A breve introdução X2 parece nos preparar para uma viagem no tempo, remetendo a Rage For Order. E quando Where Dreams Go To Die entra em seus primeiros versos, somos fantasmagoricamente confrontados com o que parece ser o Geoff Tate de outrora. O susto é imenso, tamanha semelhança do timbre e interpretação de La Torre com o que o veterano vocalista fazia na década de 1980. Grande música, apesar do susto.


A produção de Jimbo parece colaborar com o clima vintage que as músicas nos passam, e a qualidade do material surpreende. Spore poderia estar em qualquer disco pré Empire da banda. Na ótima In This Light pode-se perceber que La Torre é mais que um mero macaco de imitação bem treinado, apesar de em alguns momentos ele fazer questão de nos lembrar do fantasma de Tate


Redemption foi a primeira música apresentada ao público e dá para entender o porque: parece uma amalgama de todas as fases do Queensrÿche. Uma boa amalgama, mas nem de longe a melhor música do pacote.


Vindication parece saída diretamente de The Warning, e poderia soar datada, não fosse uma faixa bastante boa. A intro Midnight Lullaby prepara o terreno para a soturna e bela balada A World Without. Don’t Look Back acelera as coisas com guitarras saídas dos anos 1980. Curta, old school e certeira. Fallout foi escolhida como música de trabalho, mas não me parece tão interessante para merecer esse destaque. Muito melhor resultado a banda obteve com a épica Power-ballad Open Road, que encerra os curtos 35 minutos da edição original com maestria. As três faixas ao vivo contidas na edição limitada são Queen Of The Reych, En Force e Prophecy, faixas muito raramente apresentadas nos palcos pela banda na última década. Boas rendições, mas nada que mereça um dinheiro a mais.

Saldo Final

Enquanto Tate não se decide entre modernidade e revival, a outra versão do Queensrÿche nos coloca uma máquina do tempo para nos fazer relembrar o quanto a banda havia sido fantástica. Obviamente de nada essa viagem valeria se as composições não fizessem justiça ao enfoque vintage escolhido. Mas elas o fazem, com louvor. Se formos suficientemente cínicos, o Queensrÿche sem Tate pode ser acusado de vilipendiar o passado, o que fica difícil de defender quando se escuta Todd La Torre imitar descaradamente Geoff Tate em boa parte do material. Mas os méritos tem que ser dados, os caras mergulharam fundo na auto-referência e ainda assim saíram de lá sem parecer uma mera paródia. Já Tate, esse deveria repensar sua carreira e se reinventar, pois independentemente do resultado dos tribunais, trata-se de um dos maiores vocalistas da história do rock e tem capacidade de apresentar algo melhor do que Frequency Unknown.

Em suma, se o resultado dos discos for refletido nos tribunais, dará uma goleada para o Queensrÿche de Wilton, Rockenfield e Jackson.

NOTAS:

Frequency Unknown: 5,5

Queensrÿche: 8,5  

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Dave Mustaine + Avenged Sevenfold + Motörhead + Beth Hart & Joe Bonamassa


Curtas: Dave Mustaine + Avenged Sevenfold + Motörhead + Beth Hart & Joe Bonamassa

Mustaine - Memórias do Heavy metal
Dave Mustaine (com Joe Layden) – Memórias  do Heavy Metal (Livro - 2013)

O Incrível Testemunho de Dave Megamouth

Primeira edição brasileira da autobiografia de Dave Mustaine, inicialmente publicada lá fora nos idos de 2010, Memórias do Heavy Metal chega às lojas pela Benvirá. Contando com a correta tradução de Marcelo Barbão, temos aqui 376 páginas de um conteúdo desigual, que explora desde os primórdios da vida de David Scott Mustaine, até os dias (não tão) atuais.

Lars, seu gnomo maldito!!!
O livro poderia ser resumido da seguinte forma: garoto criado num lar de Testemunhas de Jeová escolhe o caminho de sua vida como uma fuga à religiosidade excessiva de sua criação, atinge o sucesso, paga o preço com a degradação moral (e quase com a própria vida) e então reencontra abrigo e alento na fé que por anos renegara.

Parece um enfadonho exercício de estender um típico testemunho religioso ao longo de um livro inteiro, não?
Mas acredite Dave Mustaine o faz com um grau de honestidade tão grande que a obra torna-se interessante. Expiando culpas e tratando todos os assuntos com um bem vindo senso de humor (que eu nem sabia existir dentro da cachola de Dave), o livro peca apenas pela divisão desigual da narrativa. 

Se temos detalhes bastante interessantes sobre os primórdios do pequeno Dave Mustaine e de sua curta passagem pelo Metallica, pouco efetivamente é discutido sobre as relações dentro do Megadeth. Membros entram e saem da banda sem sequer merecer mais que uma citação no livro.

Ou seja, após uma excelente primeira metade a obra vai perdendo a força conforme se concentra menos nos acontecimentos que envolvem o Megadeth para centrar na redenção de Mustaine, sua libertação das drogas e reencontro com JC.

De qualquer forma, a primeira metade do livro é suficientemente boa para torná-lo obrigatório àqueles que são viciados em biografias sobre o mundo do rock.

NOTA: 8

Recomendado para: fãs de biografias de rock em geral e mais especificamente para os roqueiros cristãos.

Passe longe se: sei lá como, você ainda tiver simpatia pelo babaca do Lars Ulrich...


Avenged Sevenfold - Hail To The King
Avenged Sevenfold – Hail To The King (CD - 2013)

Maturidade Alcançada

Meu primeiro contato com o Avenged Sevenfold não foi dos mais animadores. Não lembro a música exatamente, mas o clipe trazia um som que parecia uma mescla do Poppy Punk pavoroso dos anos 1990 com guitarras de metal tradicional e toques modernos, somados a um visual mezzo emo, mezzo gótico de butique. Isso sem contar com os pífios nomes artísticos: Synyster Gates, M. Shadows...e os caras ainda roubam o mascote do Overkill?????

Em suma, achei um horror e torci o nariz por anos para a banda, como muitos da minha idade fizeram. Reação tipicamente “troo”, claro. Obviamente não levei em conta se tratar de uma banda formada por garotos ainda, e que existia muito potencial a ser desenvolvido ali. E muito menos levei em conta que várias bandas “Troo” das quais sou fã já passaram por fases vergonhosas, em especial quando se trata de fotos, nomes artísticos (o que dizer de Angelripper, Warrior, Cronos e baboseiras afins? Porra, e eu ainda sou conhecido como Trevas, quer coisa mais ridícula?) e roupas nos vexatórios anos 1980. Levei menos em conta ainda que o mascote roubado do Overkill já havia sido roubado da capa de um EP do Queensryche! E que parte das bandas de metal passaram a copiar o bem sucedido mascote do Iron (Megadeth, Iced Earth, Helloween, só para citar alguns que me vem a cabeça).

 Mas é tendência dos mais velhos sempre ter implicância com novidades. A galera da NWOBHM torcia o nariz pra “modinha” do Thrash da Bay Area, no início. Mas a ficha ainda não tinha caído, ao menos para o escriba aqui.

Ah, sim, metal é homem de tanguinha e óleo no corpo, né Manowar?
Por isso mesmo fiquei bastante surpreso quando Mike Portnoy, o prodigioso baterista do Dream Theater, e ávido consumidor de material Thrash Metal dos anos 1980 emprestou seu talento ao Avenged Sevenfold quando este perdeu seu baterista para as drogas.
Que diacho? Fui checar o resultado, um disco chamado Nightmare, e fiquei positivamente surpreso. Um bom disco de metal moderno, com mais toques clássicos que a maioria de seus contemporâneos da New Wave Of American Metal.

Mais curioso ainda fiquei ao saber que a banda, um sucesso entre os Metalheads mais novos, não estava satisfeita com a não aceitação de seu som por parte da velha guarda. Em uma entrevista à Metal Hammer UK, o vocalista M Shadows disse que o novo disco viria para mudar essa visão. E foi então que o A7X (como conhecido pelos fãs) em um passo arriscado, produziu esse Hail To The King diretamente para os Haters de plantão. Funcionou? Veremos...

Shepherd Of Fire já mostra de cara a mudança no som. Não que não dê para reconhecer a banda, mas fica clara a intenção em soar mais tradicional o possível. Grande começo. E já a segunda música, que dá título ao disco, bem poderia ser assinada pelo Accept. Guitarras classudas, bons riffs e uma melhora considerável na voz de M Shadows, que abandonou quase que por completo aquele timbre anasalado que faz referência ao mala do Axl Rose. QUASE disse eu, pois Doing Time traz o timbre de volta e se parece bastante com qualquer coisa do Guns. Mas diga-se, quisera que o GNR ainda fosse capaz de produzir algo tão direto e eficiente quanto essa música.


This Means War causou polêmica, por lembrar em partes Sad But true do Metallica. E lembra mesmo, mas ainda assim a música é bem bacana. Requiem traz um coro bem encaixado e uma aura épica que a banda já explorara antes. Outra boa música. A reta final do disco traz um dos destaques, Planets, que junto Heretic e Coming Home, mantém o nível alto.  Para não dizer que tudo são flores, as duas baladas do disco, Crimson Day e Acid Rain parecem coisa de banda iniciante e são absolutamente desnecessárias.
Dez músicas e cinqüenta minutos depois, fica a sensação que o A7X acertou a mão em sua tentativa em agradar o público mais velho. Mas é difícil para caramba vencer preconceitos, e o meio metálico costuma ser ainda mais cruel que o normal nesse quesito. A banda corre o risco de desagradar parte de seus fãs com a mudança de sonoridade e não conquistar a velha guarda como gostaria. Bom, a considerar as vendagens, deu certo: pela primeira vez o A7X estourou nas paradas européias, ficando no topo em 15 países simultaneamente.





É merecido, Hail To The King é um puta disco de metal. Muita banda que se diz Troo daria um rim para fazer um disco assim. E muita gente vai me xingar por dizer isso, mas é a vida. Os ídolos antigos estão chegando ao fim de suas carreiras (e vidas) e a renovação é necessária, queira ou não. Quem não gostar pode reviver para sempre seus discos favoritos do passado.

Prefiro ouvir os ídolos do passado sem fechar meus ouvidos para os do futuro. Que bom que tem gente para manter a chama acesa. Que o A7X mantenha a toada e venham novos discos como esse.

NOTA: 8,5

Recomendado para: fãs de metal tradicional e quem estiver a fim de dar uma chance a uma banda nova.

Passe longe se: estiver convencido de que não há a menor possibilidade de mudar seus conceitos.


Motörhead - Aftershock
Motörhead – Aftershock (CD - 2013)

As Verrugas da Danação

Falando em velha guarda, o novo disco do Motörhead ganhou destaque antes de seu lançamento por um motivo triste. Uma seqüência de cancelamentos de shows por parte da banda expuseram a atual fragilidade da saúde de Lemmy kilmister, personificação do roqueiro durão, figura que todos gostaríamos acreditar ser tão imortal quanto sua música.

Não, forasteiro, não tem nenhum Avenged sei-lá-o-que por aqui. Vá embora!
Muita gente correu para escutar o disco, com aquela curiosidade mórbida tipicamente humana de quem pode estar apreciando a obra derradeira de um gênio.

Trazendo quatorze faixas espalhadas em pouco mais de 45 minutos, Aftershock não dá nenhuma pista de que a fragilidade de Lemmy tenha afetado seu gosto por rockões rápidos e certeiros. Heartbreaker, música de trabalho, é tão boa quanto qualquer faixa de abertura de um disco da banda. Coup De Grace mantém a toada e então temos a primeira surpresa do disco. Lost Woman Blues, um bluesão (dã) encardido que em dobradinha com a também ótima Dust And Glass trazem um clima setentista para quebrar o senso de urgência do resto do material. Mas quando falo em Blues, não entenda BB King ou Bonamassa, isso é Motörhead, e a versão blueseira da banda se aproxima mais do ZZ Top dos bons tempos. Nem preciso dizer que essas faixas evidenciam o talento subestimado de Phil Campbell nas guitarras.


De resto, grandes faixas típicas do Motörhead, com destaque para End Of Time, Death Machine, Queen of the Damned e o encerramento com Paralyzed.

Não sei se esse será o último capítulo do Motörhead. Se for, Aftershock encerra uma longa história de maneira para lá de honrosa!

NOTA: 8,5

Recomendado para: todos aqueles que gostariam de ter verrugas na cara e Jack Daniels correndo nas veias...

Passe longe se: você nunca gostou de Motörhead. Nesse caso, nem sei o que você está fazendo aqui, vá embora!!!!

Beth Hart & Joe Bonamassa - SeeSaw
Beth Hart & Joe Bonamassa – See Saw (CD – 2013)

Faltou Algo Na Sopa

Joe Bonamassa é um artista tão prolífico quanto talentoso. Mas sua produtividade estonteante, de ao menos dois produtos audiovisuais trazendo sua marca por ano, começa a beirar o limite da superexposição. Na maioria das vezes essa superexposição acaba sendo perdoável pela alta qualidade dos produtos lançados, como fora o caso de sua parceria com a talentosíssima cantora californiana Beth Hart em Don’t Explain, discaço de 2011 no qual a dupla passeava com desenvoltura por clássicos do Soul e Blues de décadas passadas. Quando foi anunciado um repeteco dessa fórmula, fiquei bastante animado.

Foto bacana, disco chato
Uma pena que tudo que funcionara a perfeição no disco anterior não engrene nesse See Saw. O repertório, contendo desde Ike & Tina Turner (Nutbush City Limits), Louis Armstrong (Them There Eyes) até Al Cooper (I Love You More Than you’ll Ever Know) não é nem de longe ruim, mas por algum motivo não empolga. Bonamassa continua destruindo sua guitarra e Beth Hart possui uma voz fantástica e que se molda a qualquer canção, mas o resultado do disco fica aquém da soma dos dois talentos. Talvez sejam os arranjos, mais próximos das big bands, com sopros em profusão, talvez tenha faltado dinâmica na escolha do repertório. O certo é que See Saw acaba sendo uma tremenda decepção.  Um disco chato, por falta de melhor definição.

NOTA – 5,5

Recomendado apenas para fãs incondicionais dos dois artistas...

Não recomendado para todos os outros, nesse caso, passe para o item Motorhead, acima.



domingo, 22 de dezembro de 2013

Curtas: Anvil + Monster Magnet + Death Angel + Deep Purple + Trivium + Whitesnake


Curtas: Anvil + Monster Magnet + Death Angel + Deep Purple + Trivium + Whitesnake

Ano acabando e minha lista de melhores começa a ser elaborada. Faz um bocado de tempo que não posto por aqui, fim de ano complicado, então lá vai uma penca de resenhas, no atacado!

Anvil - Hope In Hell
Anvil – Hope In Hell (CD - 2013)

Mais do Mesmo

Segundo disco dos mestres do Speed/Thrash Metal canadense após o estouro do documentário History Of Anvil, Hope In Hell repete a dobradinha da banda com o renomado produtor Bob Marlette (Alice Cooper, Iommi, Seether). Infelizmente dessa vez sem o mesmo sucesso do ótimo Juggernaut Of Justice.

Ok, Lips, nós também gostamos de você. Mas vê se capricha mais na próxima!
Não que falte garra a Lips, Reiner e Sal Italiano, o Anvil continua com uma pegada bem pé no acelerador, e nem falta também o obrigatório senso de humor, vide a brincadeira com o riff e estrutura de Smoke On The Water, que atende pelo nome de Through With You. O que ficou faltando foram músicas memoráveis. Para se ter uma ideia, somente na quarta música, a vigorosa The Fight Is Never Won é que o disco ameaça engrenar. E só ameaça, pois afora a mencionada música e as duas bônus da edição limitada (Hard Wired e Fire At Will), o material do disco não empolga, embora também não chegue a ser ruim. Como a banda está excursionando como nunca, dá a nítida impressão que esse Hope In Hell foi produzido apenas como desculpa para o retorno aos palcos. Se não se cuidar com os próximos lançamentos, é possível que o Anvil comece a traçar seu retorno ao ostracismo. Melhor caprichar, então!

NOTA: 6,5

Recomendado para: apenas para os fanáticos pelo Anvil e/ou completistas.

Passe longe se: quiser conhecer a banda, nesse caso, a discografia dos caras tem coisas muito melhores, tente Juggernaut of Justice ou Metal On Metal...



Monster Magnet - Last Patrol
Monster Magnet – Last Patrol (CD - 2013)

(Not So) Hot Shit, Babe!

Após uma seqüência de grandes discos que tornaram o Monster Magnet provavelmente a banda mais bem sucedida e influente da história do Stoner Rock, o maluquete Dave Wyndorf sofreu uma overdose, e então tudo desandou. 

Seguiram-se os pouco inspirados 4 Way Diablo e Mastermind, que só chamaram a atenção dos fãs mais ardorosos. Dave parecia inclusive ter perdido a centelha que movia a banda e suas histórias de proxenetas interplanetários e drogas cósmicas (seria porque ironicamente sua overdose quase fatal fora de remédios para dormir?).

Seria Dave Wyndorf  = Sr. Madruga + LSD?
Bom, quando poucos esperavam alguma coisa da banda, foi anunciado esse Last Patrol, como uma audaciosa e triunfal volta aos primórdios lisérgicos do MM. Seria verdade ou bravata? Veremos.

Logo de início, na sombria faixa de abertura (I Live Behind) e na espacial faixa título que a segue, duas coisas ficam claras: 1. não, não é um retorno a Superjudge ou Spine of God; 2. Certamente trata-se de material muito melhor que o dos últimos dois discos.

Com uma sonoridade que fica entre God Says No e Monolithic Baby, o disco segue com uma surpreendentemente boa releitura para Three Kingfishers (do Donovan), e com as boas Paradise e Hallelujah e a “MM no piloto automático” Mindless Ones (música de trabalho, que se parece outras 789 músicas da banda). The Duke Of Supernature torna o disco novamente interessante, seguida pelo rockão End Of Time. Stay Tuned encerra a bolachinha como que para nos avisar de que Wyndorf tem planos mirabolantes para os novos capítulos. Que assim seja, pois Last Patrol, embora longe das glórias de outrora, deixa os fãs esperançosos para com o futuro do Monster Magnet!

NOTA: 7,5

Recomendado para: fãs de Stoner e Space Rock em geral.

Passe longe se: o Monster Magnet morreu para você após Superjudge.



Death Angel - The Dream Calls For Blood
Death Angel – The Dream Calls For Blood (CD - 2013)

Absolutamente Destruidor

Um raro caso de segunda chance na história do Metal, o Death Angel, banda promissora de Thrash a surgir na segunda leva da cena da Bay Area, retornou com sangue nos olhos em 2004. De lá para cá produziu três obras que facilmente suplantam em qualidade os três discos de sua encarnação original. E o quarto rebento desse ressurgimento, The Dream Calls For Blood já chama a atenção de primeira, graças à belíssima ilustração de Brent Elliot White que adorna sua capa, facilmente a mais bacana de 2013.

Death Angel - 2013
Mas de nada adiantaria se o conteúdo, produzido pelo guitarrista e principal compositor do D.A., Rob Cavestany e Jason Suecof (Trivium, Firewind, Six Feet under) não fizesse frente à bela arte de capa. Ah e como faz. Left For Dead, Son Of The Morning e Fallen formam uma trinca de derrubar tanque de guerra.

Mark Osegueda está usando sua voz peculiar (que poderia bem servir a uma banda sleaze, por exemplo) como nunca. Rob Cavestany e Ted Aguilar são os culpados por uma chuva de riffs e solos memoráveis e a cozinha de Damien Sisson (baixo) e Will Carroll (bateria) não deixam pedra sobre pedra.

O ritmo cai com a faixa título, somente em velocidade, já que a mesma cheira a clássico. E não para por aí, somos presenteados com uma pedrada após a outra, com destaque para Caster Of Shame e Empty. A edição limitada, além de um DVD com o Making Of do álbum, ainda vem com uma ótima versão para Heaven And Hell, do Black Sabbath.

Em suma, o Death Angel nos entregou o disco de Thrash de 2013!

NOTA: 9

Recomendado para: fãs de thrash,  seja ele old ou new school.

Passe longe se: seu ideal musical tenha algo com Jack Johnson e John Mayer...




Deep Purple - Now What?!
Deep Purple – Now What?! (CD - 2013)

Cuma?

O tempo pode ser cruel com alguns artistas. Mas com outros pode ser ainda pior. Esse é o caso do Deep Purple, que aos poucos se tornou uma caricatura hedionda do outrora seminal grupo do Rock britânico. Com seu último grande disco datando de 1984 (Perfect strangers), a fase atual da banda, com o enfadonho Steve Morse na guitarra, até começou com um brilhareco, sob a figura do corretinho Pupendicular, mas depois desceu uma interminável ladeira. E se você caiu na propaganda enganosa desse novo disco, de que o produtor Bob Ezrin (que produzira o the Wall, do Pink Floyd, dentre outros...) teria conseguido efetuar um milagre, esqueça. A ladeira Purpleniana  realmente  não tem fim...

Não, ainda não descobri se ali é o Gillan ou o Bill Murray...
Sim, acho um absurdo a banda ter mudado seu som para se encaixar no estilo do “novo” guitarrista, mas seria demais colocar toda a culpa por todas as mazelas da banda nas costas de Steve Morse. Na verdade, a saída de Blackmore representa muito mais que a mudança de um guitarrista. Representou a saída do compositor de 90% do material da banda. E disso o Purple nunca se recuperou. Atualmente a banda parece muito mais com um misto de projeto solo de Gillan e/ou Morse. Fato ainda mais acentuado após a saída do saudoso Jon Lord.

E não ajuda em nada o fato de Ian Gillan, outrora a voz mais prodigiosa dos anos 1970 hoje soar ridículo, com seu timbre anasalado que irrita até monge budista.

Bom, o que esse Now What?! Traz de novo, então? Bob Ezrin ajudou em todas as composições do disco, e orientou a banda a compor em forma de Jam. O álbum traz uma produção encorpada, com bastante punch e um clima progressivo que permeia todas as faixas. Um bom começo, desde que as faixas demonstrassem alguma qualidade. Não é o caso. A despeito de boas passagens instrumentais, inclusive com uma referência a ELP (Uncommon Man, homenagem à homenagem do ELP a Aaron Copland), o que temos aqui é um ótimo som tentando esconder músicas envelhecidas e desinteressantes. Curiosamente a melhorzinha da safra vem sob a figura da esquisitona Vincent Price, uma ode bacana aos filmes de horror do passado. Sintomaticamente, horror é quase o que temos aqui. 

NOTA: 5

Recomendado para: não consegui pensar em ninguém para recomendar isso aqui...

Passe longe se: for fã do Deep Purple!




Trivium - Vengeance Falls
Trivium – Vengeance Falls (CD - 2013)

Rumo Ao topo

Surgida como a possível cereja do bolo dentro da cena que vem sido chamada de New Wave Of American Metal, a banda Trivium acabou por ver sua carreira ratear para longe do topo, enquanto o Avenged Sevenfold era catapultado à estratosfera.

Quebrando a parceria de longa data com o produtor Jason Suecof (ver resenha sobre o novo do Death Angel, nesse mesmo post), os garotos assumiram a atitude do “ou vai ou racha”. Só que muitos estranharam quando foi anunciado o novo produtor: David Draiman, mais conhecido pelo posto de vocalista no controverso Disturbed.

Pelas orelhas de Matt Heafy! Esse disco é bom mesmo!
Mas não se desesperem caros amigos, a presença de Draiman não fez que Matt Heafy passasse a imitar orangotangos em suas linhas melódicas. Muito pelo contrário, a presença do diminuto careca fez com que finalmente Matt encontrasse sua voz, não mais pecando pelo excesso de referências a seus ídolos. A maior preocupação com as melodias vocais não tirou o foco das guitarras, que permanecem excelentes. Matt e Corey Beaulieu formam uma dupla de respeito, e não faltam solos e riffs memoráveis no novo disco. E o fato das músicas estarem mais diretas, isso não deveria assustar, já que In Waves já mostrava essa tendência.

Sem sequer uma música ruim, fica difícil apontar os momentos de destaque no novo disco, mas a tríade composta pela faixa título, Strife (a melhor) e No Way To Heal devem se tornar obrigatórias nos shows. O encerramento com a épica Wake (The End Is Nigh) deixa o ouvinte com aquela sensação de que poderia escutar mais uma hora de material desse nível. A apontar de negativo (se é que dá para considerar isso como negativo), apenas uma presença um pouco forte demais de Disturbed em algumas composições (como nos versos da boa To Believe, por exemplo). No mais, um grande salto de qualidade na carreira do Trivium e um dos melhores discos do ano.

NOTA: 9

Recomendado para: fãs de metal tradicional em geral.

Passe longe se: prefere músicas mais intrincadas e/ou extremas.



Whitesnake - Made In Japan
Whitesnake – Made In Japan (Blu Ray - 2013)

Rugas e Farofa em HD!

Após ter passado seu período de maior sucesso sem soltar sequer um disco ao vivo, o Whitesnake resolveu capitalizar na última década, lançando um atrás do outro. Não que isso seja ruim, David Coverdale nunca foi bobo e sempre se cercou da nata do hard/Heavy, fazendo com que uma apresentação da banda seja quase sempre certeza de sucesso.

Quase por um simples motivo, de alguns anos para cá a voz do tiozão anda pagando o preço de décadas de birita e muito cigarro. Como visto esse ano nos últimos shows da banda em território tupiniquim, Coverdale alterna bons shows com outros nos quais parece ter feito gargarejo com giletes.

Pode admitir, ele parece alguma tia sua, vai...
Para nossa sorte, nesse Blu Ray (com edições em DVD e CD duplo), que imortaliza a participação da banda no festival Loud Park de 2011 (realizado na Saitama Super Arena, Tóquio),  a voz de Coverdale está no melhor estado que sua idade permite atualmente. Somos agraciados com um set curto (cerca de 80 minutos), mas matador, contando com alguns clássicos misturados a faixas do ótimo Forevermore e do bom Good To Be Bad. Doug Aldrich e Reb Beach arregaçam as guitarras, como sempre. Brian Tichy é um tremendo baterista e dá até para não passar o solo do rapaz. Michael Devin pode não ser tão famoso quantos eus colegas, mas segura as pontas com louvor. E Coverdale, esse é um dos maiores frontmen da história, esbanjando vigor e simpatia, além de possuir uma das mais belas vozes do rock. Tudo isso coroando uma imagem cristalina (podemos ver as rugas de tio Cobrabranca com perfeição), e um som que em nada deve a essa imagem.

A reclamar, somente a escassez de extras de verdade. Se considerarmos que o show é bem curto e Blu Ray ainda custa um bocado para os incautos cucarachas, temos a relação custo/benefício um bocado prejudicada. Ainda assim, trata-se de um grande registro de uma grande banda.

NOTA: 8

Recomendado para: amantes de boas vozes e grandes guitarras...

Passe longe se: tem alergia ao verbete “Love”