segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Jeff Scott Soto – Rio Rock & Blues (22.09.12)



Prólogo – Descobrindo Chewbacca

Não consigo em absoluto precisar a época...

Em uma era pré internet, conheci muitas bandas e artistas no velho esquema de fitas K-7 gravadas, sob a forma de coletâneas, que os amigos faziam para mostrar uns aos outros suas novas descobertas.
Uma vez um camarada me emprestou a cópia da cópia da filha da cópia de um VHS mascado, contendo um show daquele que ele acabara de descobrir como o melhor guitarrista de todos os tempos.
O guitarrista, o doido ególatra Yngwie Malmsteen.
Realmente foda, o cara era como o Ritchie Blackmore com esteróides, tocava aquelas coisas neoclássicas à velocidade da luz e sua música ficava em algum lugar entre o Heavy rock à lá Rainbow e o AOR, então em voga.
Fiquei boquiaberto com a destreza do sueco, certamente.


Mas confesso que o que me chamou mais a atenção foi um vocalista grandalhão, feio feito a peste, que apesar de lembrar um dublê do Chewbacca, cantava monstruosamente bem, mas de maneira diferente do padrão habitual do metal.

Marcel Jacob e Jeff  Scott Soto em sua época Chewbacca 
Havia ali algo que me lembrava as bandas clássicas dos anos 1970 e outras coisas que eu então não conhecia direito...minhas referências musicais eram tão extensas quanto sinopse de pornô.

O vocalista em questão era Jeff Scott Soto. Virei fã desde então.

E embora o cara tenha participado de mais bandas e projetos do que eu seria capaz de listar em uma só resenha, para minha falha curricular, nunca havia assistido o caboclo ao vivo. Eis aqui minha redenção, então.


O Show – 22.09.12

Pouco depois das 22h, com a simpática casa da Lapa ainda com algum lugar para respirar, pouco a pouco os membros da nova banda de Jeff Scott Soto tomam seus postos. Sob uma névoa de gelo seco tomam de assalto o bairro boêmio do Rio de Janeiro com a pesada Take U Down, do novo disco Damage Control (resenha em breve aqui na Cripta). Jeff Scott Soto adentra o palco como um furacão, um furacão algo rotundo, demonstrando um domínio de palco bastante acima da média, para alguém com talento vocal já muito acima da média. Um showman completo, com um estilo que por vezes faz referência a uma de suas maiores influências, Freddie Mercury, com seus trejeitos exagerados que quase esbarram na breguice.


O som ainda estava algo embolado e o vocal do patrão um pouco baixo, mas os problemas logo corrigidos foram pontuais.

JSS
O que se seguiu foi um show intenso, divertido e com um fantástico clima intimista. E não tardou para a casa ficar abarrotada. Boa parte do repertório foi dedicado ao novo disco, representado por seis músicas, e o material ficou excelente ao vivo. Destacaria a faixa de trabalho, Look Inside Your Heart, cantada por muito na platéia e a algo soturna Afraid To Die, que só saiu em algumas edições limitadas de Damage Control e marcou o momento mais próximo musicalmente do que Jeff fez com Axel Rudi Pell e Malmsteen.

Deu tempo até para dar uma descansada
Mas se algumas partes da carreira do cantor foram negligenciadas no repertório apresentado, houve espaço também para algumas surpresas: One Love, do projeto W.E.T. marcou presença, assim como Living The Life, da trilha sonora de Rock Star e uma versão empolgante para Shot In The Dark, do comedor de morcegos Ozzy.

Momento piano e voz



A banda também ganhou espaço para mostrar seu talento e brindar o público com algumas brincadeiras musicais interessantes. Nela estiveram presentes os brasileiros Edu Cominato (bateria - Remove Silence, Tempestt) e o talentoso BJ (Tempestt), que além de tocar teclados e guitarra, ainda cantou bem como sempre, segurando nos backings e até fazendo um breve duelo com o patrão. O restante da banda contou com dois madrilenhos: o bom guitarrista Jorge Salan e o baixista Fernando Mainier, ambos egressos do gigante do Folk Metal Espanhol Mago de Oz. Todos brilharam e demonstraram imensa felicidade em estar ali com uma platéia participativa e que conhecia todas as músicas.

BJ, Mainier, Cominato, JSS e Salan
Dessa vez o Talisman, banda que Jeff Scott Soto capitaneou junto com o falecido Marcel Jacob por boa parte de sua carreira, apareceu representada apenas por um Medley, contendo Break The Chains, e os covers para Madonna (Frozen) e Seal (Crazy), dentre outras. Mas o grande destaque ficou por conta da recepção à I’ll Be Waiting, cantada em uníssono por todos os presentes. Foi tamanha a euforia que essa música causou que a banda acabou por retornar ao seu refrão por outras vezes só para instigar a platéia.

Set List da Noite
Chegada à hora do bis, Mr. Soto faz uma espirituosa brincadeira com a platéia: como a casa não tem camarins, não faria sentido ele sair do palco, esperar os aplausos e voltar. Pediu então para a galera virar de costas para o palco e gritar o nome dele e então se virar – para dar a sensação do retorno para o bis. Após a piada, engatam a faixa de abertura do novo disco, Give A Little More, seguida de Stand Up, música composta por Sammy Hagar para o projeto Planet Us, com Neal Schon. Projeto esse que se transformou no Soul Sirkus, mas que deixou essa música de herança para a trilha sonora de Rock Star.

Uma hora e quarenta e muita diversão depois, Jeff Scott Soto e sua banda deixam o palco debaixo de muitos aplausos. Uma noite bastante agradável que para os que se dispuseram a tal, ainda contou com um Meet and Greet com a banda, no próprio pub. Resta recomendar a todos os que perderam esse show que não deixem de conferir Chewie quando ele aparecer por essas bandas novamente. Vale cada centavo.

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