Confissões do Metal God
Por Trevas
Confess é o livro que conta a saga de um certo Robert John Arthur Halford, nascido e
criado em uma Birmingham do pós-guerra, no coração poluído do Black Country, para se tornar uma das
mais emblemáticas figuras da história do rock.
Eventualmente,
Rob Halford ganharia o mundo à
frente do Judas Priest, uma das
maiores bandas de Heavy Metal em
todos os tempos, uma verdadeira instituição britânica. A própria redefinição do
British Steel.
Mas
Confess definitivamente não é um
livro sobre o Judas Priest.
Confess é sobre a jornada de descobertas e auto
aceitação de um jovem criado em um lugar empedernido, em uma época cinzenta,
escapando do destino do chão das fábricas, e vivendo sonhos, por culpa do amor
à música.
O
livro justamente funciona melhor em sua primeira metade, quando Rob relembra sua infância e juventude,
e as desventuras da descoberta de sua homossexualidade (a aceitação viria
muito, mas muito mais tarde), de maneira bem-humorada e leve.
Na
segunda metade o livro ameaça entrar na cansativa seara da “saga do junkie”,
lugar comum em 10 a cada 10 biografias do mundo do rock.
Ainda
assim, escapa do marasmo devido ao “brilho no olhar “ com que o quase
septuagenário senhor conta até os momentos mais trágicos, espelhando a
conhecida personalidade “boa praça” do careca mais famoso da cena. Por exemplo,
dá pra sentir a empolgação do já milionário senhor narrando sua fanboyzice em encontros com Andy Warhol, Cher, Jack Nicholson, Jimmy Page, Freddie Mercury, Dio, Lemmy, Madonna, a própria Rainha e...Lady
Gaga?!?
Sua
faceta pacífica só se mostra esgotada no episódio em que o babaquara Axl Rose tenta impedir que o Judas use a Harley Davidson no show do Rock
In Rio II. Por pouco um show histórico quase não acontece...
Aos
pudicos, um alerta, Rob é bastante
“gráfico” ao narrar suas descobertas sexuais, preparem-se para ouvir bastante
sobre punhetas e boquetes em desconhecidos em banheiros públicos, e descubram
que também nos EUA há uma estranha
relação entre Forças Armadas e o armário...enfim...
Os
fãs de Judas Priest terão sua cota
de anedotas, possivelmente algumas poucas delas inéditas, mas certamente
ficarão frustrados se encararem a leitura como uma dissecação da história da
banda e suas relações internas. Nesse ponto Rob é bem político e algo evasivo.
Há,
por exemplo, uma clara licença poética sobre sua saída da banda e sobre a
entrevista que o levou à se assumir para o mundo. Assim como um certo eufemismo
nos eventos que levaram à decisão de KK
de se desligar da mesma.
Mas
prefiro analisar o livro pelo que ele é, uma história incomum de um personagem
igualmente incomum, e contada de forma muito divertida.
Leitura
das boas.
Mas
o livro definitivo sobre a história do Judas
Priest, esse ainda está por ser escrito.
Mick Wall?? (NOTA: 8,00)
Formato: E-book Kindle (em inglês)
Editora: Hachette Books
363 páginas
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