sábado, 5 de outubro de 2019

Sacred Reich – Awakening (CD-2019)



Dividindo e Conquistando
Por Trevas

O anúncio de que após 23 anos um novo trabalho do Sacred Reich veria a luz do dia pegou praticamente a cena inteira de surpresa. Tendo testemunhado o impressionante poder de fogo dos caras ao vivo recentemente, abri um sorriso. Mas apesar de toda a esperança, bem no fundo pairava o medo de que o quarteto, que nunca conseguiu vencer o status de Banda Cult, pudesse queimar seu prestígio perante os fãs de Thrash, uma galera tão fiel quanto cabeça fechada. O medo aumentou quando vi que o disco foi antecipado por um monte de “não ouvi e não gostei” por parte dos direituchos estadunidenses, magoadinhos com as posições progressistas e anti-Trump do vocalista/baixista Phil Rind. Mas convenhamos, se incomoda essa galera hipócrita, a promessa é de que vem coisa realmente boa por aí. Vamos lá...

Phil e sua trupe ao ouvir mais um lamurio de Thrasher conservador 
Riff poderoso e seco com a batera virulenta de um controlado polvo Dave McClain (retornando após abandonar o mala do Robb Flynn com seu take solo do Machine Head) no comando, solos debulhando (Joey Radziwill       e Wiley Arnett são os feras das seis cordas aqui), tudo soa muito bem. A voz poderosa e urgente de Phil convocando os fãs para o regresso da banda, numa abertura perfeita de disco que promete detonar ao vivo também.


Divide & Conquer mantém a pegada, um hino contra a estratégia das Fake News, que deram as caras no ressurgimento mundial de uma imbecilizada extrema direita. Obviamente uma das faixas que motivaram o chororô da parte mais conservadora do público headbanger. Um povo que definitivamente parece desconhecer (ou que propositalmente quer esquecer, ou pior, reescrever) a história do próprio Rock and Roll. Vai entender....Música porreta, independente da mensagem. E que fica ainda melhor justamente pela mensagem. Salvation parece querer arrefecer um pouco os ânimos com sua letra de libertação pela música. Temática manjada, mas funciona bem demais. E se as duas primeiras faixas indicavam um retorno bem Thrasher, daqui para frente eventualmente vemos que o Sacred Reich não renega discos bons e injustiçados como Independent e Heal, com seu Thrash’n’Roll mesclado com elementos de rock mais moderno.


Manifest Reality retorna ao Thrash mais puro, mas dessa vez não acertando tão bem o alvo. Killing Machine, com sua letra antimilitarismo meio anos 1960, é uma excelente pedrada Rocker que por vezes remete ao Corrosion Of Conformity da era Keenan. O espírito COC (e toques de Classic Rock) também infectou a gostosa Death Valley, que traz até mesmo uma penca de Cowbells à mistura. Aliás, que interessante é ouvir Dave capitaneando de maneira Old School uma bateria, em contraste com o estilo mais “polvo” de sua era no Machine Head. Versatilidade e repertório, que chama, né?



Revolution faz aumentar a velocidade da bolachinha com sua pegada algo punk que deve funcionar melhor ao vivo. Something To Believe in encerra com pegada rocker e baixo gorduroso os parcos (mas deliciosos) 31 minutos de um dos discos de retorno mais legais que já escutei. Despretensioso e obrigatório (NOTA: 8,96)

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Gravadora: Urubuz Records (Nacional)
Prós: despretensioso e viciante
Contras: a galerinha conservadora magoou
Classifique como: Thrash Metal, Heavy Metal
Para Fãs de: Nuclear Assault, Corrosion Of Conformity