sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Melhores de 2013 Pela Cripta do Trevas



Os Melhores de 2013 pela Cripta do Trevas
Por Trevas

Olá, criaturas da Cripta
Transcrevo aqui parte do texto que escrevi na lista dos melhores do ano passado:

”Listas e listas...

Listas são difíceis e raramente escapam da polêmica e da sensação de estarmos cometendo injustiças.

Acredito que as polêmicas façam justamente parte da graça que boa parcela das pessoas, e em especial os colecionadores, vêem em listar músicas/filmes/discos/times/jogadores por critérios que invariavelmente podem ser taxados como sendo completamente subjetivos. E realmente o são.

Graças a Odin, música não é uma ciência exata. E em se tratando de Heavy Metal, Hard Rock e seus congêneres, estamos falando de estilos musicais que raramente escapam de análises apaixonadas. Fãs de bandas de metal muitas vezes se comportam como torcedores de times de futebol. E algumas vezes, inclusive, como os menos civilizados deles. O primeiro desafio em fazer uma lista como essa é evitar o favorecimento de uma banda xodó, mesmo que ela não tenha lançado nada que preste esse ano. Canso de ver isso em eleições de revistas, bandas como Metallica e Iron Maiden são votadas mesmo sem ter lançado nada no ano. Não sofro desse mal, sei reconhecer quando minhas bandas favoritas lançam porcarias e quando bandas que passam longe do meu gosto habitual lançam obras primas.”

Bom, cabe ressaltar um ponto:
Escrevo sobre discos que compro, não faço resenhas baseadas em material baixado em MP3 ou visto no Youtube. Obviamente isso me limita bastante. Não tive acesso a alguns lançamentos muito bem falados, como os novos de Tesseract, Avatarium, Hell, The Black Spiders, Ihsahn, Watain e Carcass.

Como sempre, espero que vocês comentem e postem aqui seus pitacos sobre minha lista. Ou melhor ainda, montem suas próprias listas e publiquem aqui na Cripta!
Abraços
Trevas

20. The Next Day
20. David Bowie – The Next Day

Ok, ok. Talvez o novo disco do camaleão tenha recebido reações apaixonadas por ter chegado num momento onde ninguém mais esperava nada de um recluso Bowie. E a referência a Heroes é bastante forçada. Mas contra músicas como The Stars (Are Out Tonight) e Love Is Lost não há argumentos. Ponto para o camaleão.

19. The Devil Put Dinosaurs Here
19. Alice In Chains – The Devil Put Dinosaurs Here

Se esse disco tivesse somente a faixa de trabalho Hollow, já seria o suficiente para figurar na minha lista. Mas o resto do material também tem muita qualidade. Um caso raro de banda que volta dos mortos tão boa quanto em sua fase áurea.


18. Queensrÿche
18. Queensrÿche – Queensrÿche
Uma das duas versões dos veteranos de Seattle na ativa acertou a mão ao resgatar o passado. Boas músicas coroadas pela melhor personificação do jovem Geoff Tate que um vocalista poderia aspirar a fazer, cortesia de Todd La Torre.


17. Meir
17. Kvelertak – Meir

Punk’n’roll + Black Metal + Space rock. Parece indigesto, mas ficou divertido pacas, e Bruane Brenn é certamente uma das músicas do ano.


16 . Motherland
16. Pretty Maids – Motherland

AOR com Power Metal muito bem feito, com refrões pegajosos, peso na medida e ótimas melodias por conta do sempre eficaz Ronnie Atkins.


15. Darkness In A Different Light
15. Fates Warning – Darkness In A Different Light

Os mestres do Metal Progressivo andavam afastados dos holofotes, mas voltaram em grande estilo. Músicas cativantes e bem executadas, com arranjos que nunca apelam para o exagero típico do subestilo.

14. Aftershock
14.  Motörhead – Aftershock

Tio Crocotó não anda bem das pernas, mas continua afiado quando se trata de compor grandes músicas. Se este for o último disco da banda, encerram a história com chave de ouro.


13.13
13. Black Sabbath – 13

O retorno de ¾ da formação clássica do Black Sabbath tinha tudo para dar errado. Mas eis que 13 nos surpreende com boas músicas e uma performance excelente por conta de Tony Iommi.


12. Hail to the King
12. Avenged Sevenfold – Hail To The King

A banda que todos amamos odiar amadurece a cada disco. Das dez faixas aqui mostradas, oito são melhores que qualquer coisa que bandas como Maiden, Metallica ou Manowar produziram na última década. Simples assim.


11. The Eldritch Dark
11. Blood Ceremony – The Eldritch Dark

Tudo aqui soa deliciosamente empoeirado. Uma vocalista que nos remete aos tempos áureos do Renaissance, Riffs à lá Tony Iommi e flautas que gritam Jethro Tull fazem desse terceiro disco da banda uma pérola do Occult Rock atual.

10. Fortress
10. Alter Bridge – Fortress

Cada vez mais pesado e inspirado, o Alter Bridge evolui a cada disco. Se continuar assim o próximo álbum será um clássico e enfim poderei perdoar o excelente Tremonti pelo hediondo Creed.

09. Disarm The Descent
09. Killswitch Engage – Disarm The Descent

No retorno de Jesse Leach aos vocais, o KSE nos presenteou com um disco bom de ponta a ponta. Metalcore com peso e melodias em raro equilíbrio.


08. Vengeance Falls
08. Trivium – Vengeance Falls

Outrora postulante ao reinado metálico da nova geração, o Trivium viu sua carreira ratear um pouco. Mas se não for esse excelente disco a colocar os garotos na estrada para o sucesso novamente, melhor desistir.


07. Youngblood
07. Audrey Horne – Youngblood

A cena retro-rock/stoner começa a encher o saco, com 789 bandas investindo nesses subestilos surgindo a cada minuto, poucas delas merecendo algum destaque. Claro que em meio a mediocridade podem ser encontradas belezuras como esse Audrey Horne, que evoca Foghat e Thin Lizzy em seus rockões inspirados.


06. Life Sentence
06. Satan – Life Sentence

Um fóssil vivo da New Wave Of British Heavy Metal regurgitando um disco que impressiona pela qualidade e pela fidelidade em reproduzir o som daquela época.


05. The Wrong Side of Heaven...Volume 1
05. Five Finger Death Punch – The Wrong Side Of Heaven and The Righteous Side Of Hell – Volume 1

Metal de arena feito com esmero e chancelado por gente gabaritada como Rob Halford e Max Cavalera. Grudento e empolgante do início ao fim.


04. The Dream Calls For Blood
04. Death Angel – The Dream Calls For Blood

Violento e avassalador, o novo disco dos descendentes de Filipinos chuta bundas. Dizem que foi por conta desse disco que o Fecallica foi se esconder lá na Antártida.


03. Sacrifice
03. Saxon – Sacrifice

Poderia repetir o texto referente ao Satan, mas cabe lembrar que o Saxon fez desse disco um de seus melhores adicionando ao seu som um bem vindo toque de modernidade.


02. The Living Infinite
02. Soilwork – The Living Infinite

Aparentemente um tiro no pé, o disco duplo do Soilwork mostrou-se um trabalho de qualidade irretocável. Death Melódico muito bem feito e contando com refrões tão bacanas que deixaram algumas bandas de AOR babando. Seria minha escolha para disco do ano, mas como resolvi reescutar tudo para não cometer nenhuma injustiça...


01. Earth Rocker
01. Clutch – Earth Rocker

Bom, como disse antes, ia escolher o disco duplo dos suecos como o melhor do ano. Mas peguei essa belezura para reescutar e ela tocou por cinco vezes seguidas. Embora tenha uma discografia bastante boa, foi ao excursionar com Motörhead e Thin Lizzy que o Clutch teve o insight de produzir um disco que rescendesse a rock and roll por todos os poros. Simples, direto, inteligente e viciante, Earth Rocker é minha escolha para o ano de 2013!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Curtas: Soilwork e Satan



Curtas: Soilwork e Satan


Soilwork - The Living Infinite
Soilwork – The Living Infinite (2CD – 2013)

Pretensão Premiada

Considerado um dos artífices do famigerado Gothemburg Sound, o Soilwork viveu seu ápice criativo em seus álbuns Natural Born Chaos (de 2002) e Figure Number Five (2003), sendo esse último um grande sucesso comercial. Seu diferencial em relação a outras tantas bandas suecas de Death Metal Melódico se deve basicamente pela maior infusão de influências de outros subestilos do rock em eu som, além da presença de um vocalista muito acima da média, sob a figura de Björn “Speed” Strid.

Manter o Soilwork de pé custou caro ao escalpo de Björn
Mas uma das grandes promessas do metal no início dos anos 2000 viu sua carreira ratear perante mudanças de formação constantes, além de uma tentativa infrutífera em trilhar o mesmo caminho do In Flames em deixar-se influenciar pelo sucesso do New Metal. Vieram então o fraco Stabbing The Drama (2005, fracasso de crítica mas ainda um certo sucesso comercial) e o confuso Sworn To A Great Divide (2007), que minaram tanto o nome da banda que até mesmo o bom The Panic Broadcast (2010) passou desapercebido. Em viés de baixa e novamente perdendo seu principal compositor (Peter Wichers deixou a banda pela segunda vez em 2012), o Soilwork surpreendeu a todos com o anúncio de um disco duplo. Segundo Bjorn Strid: “quando anunciamos a saída de Peter, todos pareceram pensar que seria nosso fim e que o próximo trabalho seria um Sworn To A Great Divide – tínhamos que provar ao mundo que seríamos capazes de fazer um grande trabalho, e quando terminamos de compor, ficou claro que seria impossível escolher material para apenas um disco.” Seria mera pretensão ou estaria o Soilwork com uma obra-prima em mãos?

Soilwork 2013
Bem, precisei de meia dúzia de audições, mas posso garantir que estamos diante da segunda opção. Com seu Death metal melódico permeado por um ligeiro clima progressivo, o Soilwork apresentou em The Living Infinite uma coleção de 20 músicas impecáveis, divididas em dois discos e pouco mais de 80 minutos tão agradáveis que parecem durar muito menos tempo. No disco 1, podemos destacar This Momentary Bliss, Tongue, Vesta, a faixa título e The Windswept Mercy (que conta com os vocais de Justin Sullivan, do New Model Army). O senso melódico é tão grande, em especial nos refrãos, que não fosse o peso as músicas poderiam conquistar até os fãs de pop rock oitentista. Cortesia da perícia de Björn como vocalista e de David Andersson, substituto de Peter Wichers tanto nas guitarras como no papel de compositor.


E o segundo disco definitivamente não deixa o nível cair, o que fica evidente pela escolha de duas de suas faixas como músicas de trabalho, Long Live The Misanthrope e Rise Above The Sentiment (ver vídeo). Embora o material seja todo excelente, destacaria ainda Parasite Blues e o encerramento quase doom com Owls Predict, Oracles Stand Guard.


Saldo Final

Bendita seja a pretensão de Strid e sua turma, não estamos diante somente de um dos melhores lançamentos de 2013, mas também do melhor e mais completo álbum do Soilwork.  Altamente recomendado!

NOTA: 10



Ficha Técnica:

Banda (Nacionalidade): Soilwork (SUE)
Título (ano de lançamento): The Living Infinite (2013)
Mídia: CD Duplo
Gravadora: Nuclear Blast (lançamento nacional pela Laser Company)
Faixas: 20
Duração: 84’

Rotule como: Melodic Death Metal, Gothemburg Sound
Indicado para: fãs de Death metal Melódico e de prog metal em sua vertente menos exagerada.
Passe longe se: a mistura de vocais urrados e melódicos lhe soar indigesta.



Satan - Life Sentence
Satan – Life Sentence (CD - 2013)

Um Fóssil Vivo da NWOBHM

Nome forte e som idem, o Satan seguiu o caminho de boa parte das bandas da New Wave of British Heavy Metal, passando de grande promessa ao ostracismo num piscar de olhos. Após forjar um dos mais influentes discos daquela cena, Court In The Act, um álbum pesado cujo brilhantismo foi em muito prejudicado pela produção pobre, a banda sucumbiu às reações negativas ao seu nome. Tentando fugir da polêmica, acabou mudando a marca para Blind Fury, novamente para Satan, The Kindred e Pariah. A instabilidade no nome e as constantes mudanças de integrantes jogaram contra e sem nunca ter obtido o devido destaque, o Satan encerrou atividades, com dois de seus membros (Graeme English e Steve Ramsey) montando o Skyclad, banda pioneira da nascente cena do Folk Metal.

Satan no início dos anos 1980 - beleza não põe a mesa

O interesse pela obra do Satan (soou sombrio isso, não? hehe) ressurgiu ao final dos anos 1990, com o Blind Guardian (o mais bem sucedido produto alemão da moda Power metal que assolou aquela década) gravando um cover bastante bom para Trial By Fire, de Court In The Act. Após uma breve aparição para shows em 2004, a banda remontou sua formação original em 2011. Seguiu-se uma longa e surpreendentemente bem sucedida turnê, e então o Satan decidiu que era hora de retornar ao estúdio. A intenção era clara: lançar ao mundo o sucessor direto de Court In The Act.

Satan 2013 - ainda bonitões
Com produção da própria banda e mixagem por conta do italiano Dario Mollo (guitarrista do Voodoo Hill e Tony Martin e grande fã do Satan), Life Sentence cumpre o que promete. O som é cru, pesado e remete tanto estilisticamente quanto em termos de produção ao som do metal inglês do início dos anos 1980, com a pitada de velocidade que fez com que o Satan fosse considerado um grupo de proto-thrash dando as caras. Até mesmo a arte de capa remete ao clássico de 1983. As guitarras de abertura de Time To Die (cortesia de Steve Ramsey e Russ Tippings) são um presente dos deuses aos fãs da NWOBHM e a voz de Brian Ross soa tão bem quanto jamais soou.


Twenty Twenty Five, Siege Mentality e Cenotaph seguem arregaçando e é quase impossível não se sentir dentro de uma máquina do tempo musical, tamanha a fidelidade de tudo aqui em relação aos anos 1980. Claro que todo esse saudosismo poderia soar artificial e até mesmo ridículo, mas a qualidade do material é tamanha que nem por um minuto passa pela cabeça do ouvinte duvidar da honestidade do disco. Incantations, Testimony e Tears Of Blood vêm como numa torrente de sangue e sem dar tempo para respirar. A faixa título, longe de ser ruim, talvez seja o menos interessante por aqui, mas o Satan só tira mesmo o pé do acelerador no início da faixa de encerramento, a épica e lúgrube Another Universe, uma música excelente coroando um trabalho de igual qualidade.


Saldo Final

A fúria old school presente em Life Sentence deve conquistar uma nova penca de interessados no Satan e mais provavelmente fará a valha guarda do metal chorar de alegria. Life Sentence soa deliciosamente datado. Um dos grandes discos de 2013, com certeza!

NOTA: 9

Ficha Técnica:

Banda (Nacionalidade): Satan (ING)
Título (ano de lançamento): Life Sentence (2013)
Mídia: CD
Gravadora: Listeneable Records (importado)
Faixas: 10
Duração: 44’

Rotule como: Heavy Metal
Indicado para: fãs de Metal Tradicional, de Thrash Metal Antigo e da NWOBHM
Passe longe se: sua praia for metal mais moderno.