Amon Amarth + Abbath – Circo Voador (26/05/2017 – Rio de Janeiro/RJ)
Abbath - We’re Abbath! Abbath! Abbath!!!!!
Alguns Headbangers
raivosos acreditam que bandas-piada como Massacration
ou Steel Panther “Denigrem a imagem do estilo” ou “fazem piada com aquilo
que amo”, Tolice. O finado e caricato Immortal
já fazia isso com resultados muito mais danosos lá na década de 1990. Às 20:30
uma cortina de fumaça tomava o palco, anunciando o início do show daquele que
havia se tornado líder e principal compositor da banda em sua fase final. Um
baterista mascarado assume seu posto, circundado por duas esguias figuras de
corpse paint. To War! toma de assalto os ouvidos
incautos. Em segundos o meme ambulante que atende pelo nome de Abbath assume seu posto. Difícil
descrever o que veio após isso.
Esse é o Patati ou o Patatá? |
Massas
de um Black Metal simplista nos falantes, alternando entre Immortal, I e carreira
solo. A banda de apoio tocando de forma correta e algo mecânica. Nenhum sorriso
permitido, claro. Abbath vomita
palavras inaudíveis se fazendo de bêbado entre as músicas. “balwaharagehiamegamheahfolegweerhgh”
Durante elas, toca corretamente, se move com estranha desenvoltura daquela
maneira caricata que se tornou marca registrada e canta o esperado. Sim, o
rotundo batráquio cara pintada Abbath
está com sua voz monocórdia de lagarto em dia. E com as caretas também. Parece
o filho do Groo, o Errante, com um
guaxinim. Ao anunciar o nome da banda, late “We’re Abbath! Abbath! Abbath!!!”, como se fosse a menina do Exorcista vomitando vitamina de abacate.
Dancinhas ridículas se seguem (se teve a infame dança do siri, ou demon dance como os troozões chamam, eu infelizmente perdi). Pose para
lá, pose para cá. Mais fumaça. Um roliço simulacro de Gene Simmons das trevas
tapa uma narina e ejeta ranho satânico a metros pela outra. Talvez a parte mais
criativa do show.
Gene Simmons e Ace Fr...não, péra... |
Outra
música se segue. Fumaça. A plateia, até então em sua maioria impassível durante
as músicas tal qual a banda de apoio, se empolga após a demonstração explícita
de fanfarronice. Talvez na única fala compreensível de toda a apresentação, o
monstrinho pergunta “are you feeling
Immortal, tonight?” Não, amigão, me sinto apenas cansado desse stand up comedy de cemitério que
repete a mesma piada por tempo demais. O set programado termina com cerca de 50
minutos. O baixista se dirige ao patrão, obviamente pedindo para tocarem mais
uma música. Abbath se move para a
lateral do palco, retornando com semblante derrotado fazendo com os ombros o
gesto de “é, tentei, mas não deu”.
Não sei quem vetou a continuidade do show, mas agradeço. Próximo aos banheiros,
uma fila se formava para o meet and
greet, garantido através da compra de merchandise
oficial, algo bem satânico (ah, o vil metal). Saio sem entender qual a magia de
Abbath, mas é certo que ao menos
para alguns, ela existe. Não para mim. Eu preferia ter visto o filme do Pelé. (NOTA: ????)
Rocket Racoon na guitarra |
Amon Amarth - Conjurando
o Ragnarok
Com um atraso mínimo
de cerca de 5 minutos, belas luzes e o som mecânico anunciam a chegada aos
palcos dos suecos do Amon Amarth. Infelizmente sem a majestosa
produção de palco habitual, The Pursuit
Of Vikings começa, e o hirsuto gigante pançudo Johan Hegg nem precisa fazer nada para que a plateia comece a
saltitar cantando cada nota do riff.
Em apenas uma música os vikings já
haviam posto o show de abertura no alforje, mas tinha mais, muito mais. Você
sabe quando uma banda atingiu um patamar diferente quando uma sequência de três
faixas novas (First Kill, The Way Of
Vikings e At Dawn’s First Light),
cantadas palavra por palavra pela casa lotada, tem receptividade tão boa quanto
as faixas antigas.
Hegg...ou seria Chewbbacca? |
Como é comum em bandas escandinavas, a precisão é tamanha na execução
das músicas que dá a impressão que estamos ouvindo o disco de estúdio. Falta
então energia? Nem um pouco. Todos ornados de instrumentos wireless, os músicos
da banda não guardam posição no palco, se movimentando a todo momento e
interagindo com a plateia e entre eles mesmos. Em determinado duelo de
guitarras durante uma das músicas, Olavi
Mikkonen arremessa uma palheta ao
final de seu solo para o colega Johan Söderberg,
que a pega no ar e continua o solo seguinte. Tudo parece ensaiado, e os rapazes
da linha de frente tem cansaço estampado nos olhos, mas em nenhum momento
baixam a guarda ou diminuem o ritmo. O único erro que consegui notar foi quando
Mikkonen puxou Tattered Banners and Bloody Flags antes do esperado. Erro reparado
em segundos.
Pilhando as seis cordas |
A formação era quase a mesma do show de 2014, excetuando a adição do
baterista Jocke Wallgren, que
desempenhou seu papel com precisão e força. O simpático e comunicativo gigante
gentil Hegg canta como se tivesse 7
pulmões, e sua performance na repetição do refrão final de Destroyer of the Universe deveria ser estudada pela Nasa. Alternando sua cara de ogro para
um sorriso quase infantil ao ver a reação do público a suas músicas, é um raro
caso de frontman carismático dentro
do universo extremo. A plateia, ensandecida, além de cantar, moshear e pular a todo o momento, ainda
ensaiou um simulacro de barca viking
que o palhaço Abbath aprovaria.
Destruidores do universo...e do Circo também... |
O quarteto Death in Fire, Father of the Wolf, Runes to My Memory e War of the Gods já seria o suficiente
para incitar a pilhagem de dezenas de vilas. Mas ainda tinha o bis, que começou
mais morno com a fanfarrona Raise Your
Horns e teve seu ápice com as clássicas Guardians of Asgaard e Twilight
of the Thunder God. Faltou pouco, muito pouco, para a banda igualar o show
de 2014, um dos melhores que já vi, mas ainda assim o Amon Amarth prova mais uma vez ser capaz de proporcionar um dos
melhores shows de Heavy Metal da
atualidade. Excelente! (NOTA: 9,50)
Hegg pedindo para a galera conferir se seu desodorante de sebo de javali já estava vencido |