quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Curtas: Dimmu Borgir, Bullet, Five Finger Death Punch & Behemoth







Dimmu Borgir – Eonian (Cd-2018)

Dimmuwish?
Por Trevas

A gestação do nono disco de estúdio dos mestres noruegueses do Black Metal Sinfônico foi surpreendentemente longa: 8 anos de espera, com anúncios desencontrados e expectativas minguando nesse percurso. Hoje resumido a um restrito polo criativo, com Shagrath, Silenoz e Galder formando uma nada santa trindade, o Dimmu Borgir definitivamente é uma entidade bem diferente daquela que no passado entregou Enthrone Darkness Trumphant. E é também uma entidade muito bem-sucedida, obrigado. E em que obscuros recônditos teria ido vagar a sonoridade da banda após tanto tempo? Pois então, se Abrahadabra já potencializava de maneira assustadora o lado sinfônico dos monstrinhos, a primeira faixa de trabalho, Interdimensional Summit fez com que muito fã de carteirinha regurgitasse o sangue de virgem consumido na ceia: substitua a voz rasgada de Shagrath pela da Floor Jansen e a música passaria com facilidade como algo do Nightwish. Se isso é um elogio ou heresia, da resposta dada podemos inferir se existe alguma possibilidade de você digerir o restante da bolachinha.



Sim, por que Eonian eleva os coros operísticos e orquestrações à estratosfera, deixando o restante da banda em segundo plano, um profano refém de sua própria audácia e grandiloquência. Particularmente, apesar de entender o horror que o disco vem causando nos fãs mais puristas, não consegui nutrir pela bolachinha tamanho desencanto. Eonian flui como uma trilha sonora, com momentos que lembram a fúria de outrora entremeados a construções operísticas e sinfônicas que raramente colam de imediato, mas podem convencer com repetidas audições. The Empyrean Phoenix e Lightbringer talvez sejam ótimos exemplos do caráter quase esquizofrênico do disco, que tem em Alpha Aeon Omega seu destaque absoluto. Enfim, um trabalho ambicioso em sua concepção e algo titubeante em sua execução, que vem recebendo uma saraivada de críticas pesadas bem mais pela expectativa criada pelos oito anos de ausência do que pela falta de qualidade em si. Ainda assim, temos que concordar que Eonian está distante dos melhores momentos dos noruegueses.

NOTA: 7,57

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: complexo e variado
Contras: chega a esbarrar no Disney Metal de um Nightwish
Classifique como: Black Metal
Para Fãs de: Therion, Cradle OF Filth

É, acho que está na hora da Floor para com os anabolizantes...
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Bullet – Dust To Gold (Cd-2018)

Fast As A Sh...Bullet?
Por Trevas

O sexto full length do combo sueco de heavy metal tradicional começa com os dois pés na porta: Speed And Attack é um veloz (ooops) ataque (oooooops) inclemente que quase nos remete aos primórdios do Accept. E olha que isso é um elogio para lá de colossal. A voz do corpulento Hell Hofner é aquela coisa meio troglodita e algo idiossincrática que parece ter desaparecido do mapa após 1987. As guitarras de Alex Lyrbo e Hampus Klang dificilmente irão figurar na capa da Guitar Player, mas são mais que suficientes para nos abastecer de riffs e solos simples e certeiros. Dois Gustavs fazem uma cozinha correta em técnica mas que garante uma pressão analógica muito bem vinda na produção Old School e precisa, nas mãos sei-lá-de-quem, já que o belo encarte não traz nenhuma informação a respeito.


O bacana é que dentro da falta de pretensão do Bullet em reinventar a roda e de sua evidente simplicidade é possível afirmar que há uma sonoridade com cara bem própria. Sim, e isso ocorre mesmo nos números que parecem tentar homenagear monstros sagrados do estilo. Highway Love pode ter toneladas de AC/DC, mas é a versão Bullet para o som dos australianos. O mesmo pode ser dito de Wildfire, que traz um irmão sueco e mais novo do melhor material do W.A.S.P. E seguindo a onda de emular o som e visual das bandas de Heavy Metal oitentista, uma das tendências mais legais da chamada NWOTHM é a de produzir discos curtos, sem encheção de linguiça. Não dá tempo nem de pensar em ficar saturado da voz de carniça de Hofner, o disco acaba e o pescoço continua a balançar, quase que num movimento fantasma. Para quem está atrás de um Heavy Metal com cara de anos 80 e sem nenhuma pretensão, Dust To Gold garante 38 deliciosos minutinhos para lá de bem investidos de seu tempo! 

NOTA: 8,88

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Old School e grudento
Contras: não tem sequer 1 minuto de inovação aqui
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Accept, Grim Reaper

Valderrama e os Impedidos? Bullet 2018
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Five Finger Death Punch – And Justice For None (Cd-2018)

Soco De Raspão
Por Trevas

O metal macho-burro-com-uma-arma-na-mão dos estadunidenses é a cara de um mundo ocidental que aos poucos vira à direita. Mas limitar o acachapante sucesso comercial dos caras a fatores desse tipo seria reducionismo da minha parte. O FFDP nos presenteou com uma série de discos deliciosamente diretos que misturam a estética macho-alfa de um Pantera com a simplicidade do Metal tradicional e trejeitos do Nu-Metal não tão Nu-Metal assim do Disturbed. O problema é que após a dobradinha inspirada de The Wrong Side Of Heaven, a fonte parece ter começado a secar. Some isso à banda andar perdendo mais tempo com os problemas com a gravadora (que adiou por quase dois anos o lançamento do disco) e com os demônios pessoais de alguns integrantes e temos a impressão de que o timing está prestes a se perder. E a abertura com a algo formulaica Fake só parece corroborar que o FFDP perdeu a mão.



Mas não é tão simples assim, Top Of The World é divertida e remete aos primeiros discos da banda. Sham Pain, a despeito do trocadilho idiota, tenta recuperar os flertes com o Hip Hop e é bem grudenta. A produção para lá de plástica de Kevin Churko (por Odin, não consigo gostar do som dos discos que esse cara produz) dilui o poder de fogo dos rapazes, mas a capacidade de escrever faixas diretas e grudentas definitivamente ainda está viva, ainda que entre erros e acertos. Blue On Black (uma improvável cover do Kenny Wayne Shepherd) detona e soa como puro Lynyrd Skynyrd moderno, Fire In The Hole tem mais dinâmica do que a média do trabalho anterior e I Refuse tenta (e falha) emular o sucesso das Power Ballads que ajudaram a escalada comercial no passado recente. And Justice For None marca de maneira honesta o encerramento do relacionamento conturbado com a gravadora Prospect Park e o fim da parceria com o baterista Jeremy Spencer, que deixa os colegas por motivos médicos.  Um bom disco de passagem. Resta saber se o próximo passo fará efetivamente aquele que consolidará o FFDP entre os Headliners de festivais no futuro ou se eles ficarão no confortável patamar em que se encontram. 
 

NOTA: 7,26


Gravadora: Prospect Park (importado)
Prós: boas músicas, refrães grudentos
Contras: produção pau mole, fórmula repetida
Classifique como: Metal Moderno
Para Fãs de: Stone Sour, Disturbed


Olha, tem que tocar isso aí, taokey?
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Behemoth – I Loved You At Your Darkest (Cd-2018)

Uma Capirotagem Muito Digna
Por Trevas

A batalha vencida contra um câncer devastador rendeu a Nergal, líder inconteste dos poloneses do Behemoth, munição pesada para produzir The Satanist, um dos grandes discos de metal em qualquer de seus subgêneros nos últimos dez anos. O problema de quando se faz um trabalho cuja repercussão transcende seu restrito nicho de fãs é que o inesperado sucesso torna o passo criativo seguinte uma caminhada arriscada em terreno pantanoso. Nergal chegou até mesmo a questionar se conseguiria efetivamente compor algo que fosse digno de seguir o legado do disco anterior. Quando ILYAYD foi anunciado, ficou clara a curiosidade de todos na cena em relação à direção que o Behemoth tomaria. E, vejam só, eles não repetiram a fórmula. E deu muito certo.


A primeira metade do disco é de uma fúria e concisão impressionantes. Solve é uma introdução assustadora, que traz o peculiar senso distorcido de humor de Nergal unidos a um coral de crianças profanas, tudo para nos lançar na desgraceira que é Wolves Of Siberia. Não contente com isso, o primeiro single, God=Dog, mostra como se produz uma peça diabólica, pesada e ainda assim grudenta, tal como faz a brilhante Ecclesia Diabolica Catholica. Bartzabel é o mais perto que essa horda de poloneses capirotescos se aproximará de uma Power Ballad, bela e poderosa. E o mais legal é que o conteúdo musical novamente é amparado por um cuidado gráfico exemplar, repleto de belas imagens para lá de profanas. É na segunda parte da bolachinha que ILYAYD acaba por se distanciar da quase perfeição de Satanist. Não que o padrão de qualidade despenque, nenhuma das faixas é menos do que boa, mas com a exceção de Sabbath Mater e Havohej Pantocrator (que parece tentar replicar a estonteante O Father, O Satan, O Sun), o material da segunda metade do disco não atinge o patamar de memorável. Ainda assim, temos um disco excelente e único que consegue sobreviver ao árduo teste de suceder um clássico moderno.   

NOTA: 9,00

Gravadora: Nuclear Blast (importado)
Prós: um capítulo único no livro blasfemo de tio Nergal
Contras: a produção é um pouco lamacenta
Classifique como: Black Metal, Death Metal
Para Fãs de: Vader, Sceptic Flesh


Trouxe um presentinho, tia Damares

Notas Baseadas no sistema The Metal Club





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