domingo, 16 de fevereiro de 2020

British Lion – The Burning (CD-2020)



Leão de Pelúcia
Por Trevas

Oito anos se passaram desde que Steve Harris surpreendeu o mundo ao adotar uma desconhecida banda britânica como canal de seu primeiro trabalho longe do Iron Maiden. O primeiro trabalho do British Lion, ainda lançado de forma confusa, se confundindo com um cd solo do baixista, era para lá de desinteressante. Produção mediana, banda apenas competente e faixas inócuas povoavam um disco para lá de esquecível. Quando The Burning foi anunciado, confesso que fiquei surpreso, e confesso também que não tinha nenhuma intenção de gastar meu tempo com essa banda novamente. As faixas de trabalho lançadas só aumentaram meu desinteresse, mas me deparei com uma porção de boas resenhas, que davam a impressão de que os amigos do patrão haviam evoluído em relação à estreia. E cá estou eu então.

Steve e seus amigos do clube de bocha
Olha, não sei que disco esse pessoal anda escutando, mas definitivamente não deve ser esse aqui. City Of Fallen Angels abre o disco com uma suposta energia renovada, mas que dura muito pouco. Os vocais irritantemente comportados e genéricos de Richard Taylor estão ali, tão magrinhos e qualquer nota quanto estiveram no primeiro disco. A faixa título chega em seguida, e tudo que ouço é aquele pastiche de Hard moderno, uma versão de quinta categoria de um Alter Bridge, com elementos tímidos de Melodic Rock e uma ou outra guitarra Heavy Metal.


Father Lucifer e Elysium mantém a toada, canções que nem irritam nem chamam a atenção. A produção de Steve Harris novamente não faz bonito, tudo soa sem punch aqui. Lightning, uma das faixas de trabalho, mostra-se uma boa escolha: é bem melhor que suas irmãs, mas a continuidade da audição prova que essa tarefa nem era exatamente das mais difíceis. Músicas vem e vão, nada fica em nossos ouvidos, num amontoado de passagens instrumentais competentes e melodias vocais absolutamente apagadas.


O pior é que o disco se arrasta por longos 60 minutos. Se por um lado fica difícil entender o que Steve Harris faz aqui, por outro, só posso admirar a coragem do mestre das quatro cordas: ele podia bem ter chamado qualquer músico famoso da cena e feito um trabalho clinicamente indicado aos ouvidos do Headbanger médio. Mas não o fez. British Lion pode ser um pudim de chuchu com calda de jiló, mas é a visão e vontade de Mr. Harris. Boa sorte se for encarar esse prato. (NOTA: 5,90)

Visite o The Metal Club
Gravadora: Parlophone (importado)
Prós: é corretinho, dá para rolar no consultório do dentista
Contras: dá sono, e os vocais são MUITO chatos.
Classifique como: Melodic Rock, Hard Rock
Para Fãs de: Creed, Alter Bridge   

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Os Melhores de 2019 - Pela Cripta do Trevas!



Olá, Guardiões da Cripta!

Chega o fim de um ano e me pego tendo a mesma impressão de sempre, quantos bons lançamentos que tive em mãos! E quantos outros podem ter me escapado...

A facilidade de acesso que instrumentos como o streaming nos proporciona faz com que consigamos explorar cada recanto do “universo música”, se assim nosso dia a dia permitir.

E se considerarmos que ainda assim existem mundos pouco afeitos a expor sua arte nessas plataformas, chega a assustar quanta coisa boa pode estar perdida por aí...

Quem já lê a Cripta com frequência, provavelmente sabe que a maior parte do material nela resenhado é composta por aquisições em mídia física para a minha coleção pessoal. Como não sou rico, claro que isso limita bastante meu range. O Spotify tem me ajudado a ter acesso a materiais que não encontro e/ou não consigo comprar.

Como habitual, tentei escutar nesse janeiro eventuais “discos do ano” que me passaram desapercebidos. Uma tarefa dura, a cada lista de “melhores do ano” que exploro, ao menos dois ou três discos que nunca ouvi são citados. Na maioria das vezes, com mérito.

Então, encarem essa presente lista como um instrumento falho, incompleto, mas cheio de boas intenções. Uma lista de recomendações, já que o conceito de “melhor ou pior” me parece injusto. 

Por tabela, segue a minha playlist do spotify para 2019.

Leiam, escutem, divirtam-se, cornetem. E se quiserem, me mostrem suas listas!
Saudações
Trevas 

Revelação

No Rio de Janeiro, o Facing Fear lançou seu primeiro disco (Ana Jansen) e vem causando barulho com seu metal revivalista (até no visual) e com letras eventualmente em português. Já o combo Prog Metal Vikram, com músicos de vários lugares de nosso vasto país, fez um disco que merece com sobras entrar na nossa listinha. O Tanith, que traz Russ Tippins, do Satan, Tysondog e Blind Fury fez uma promissora estreia num elo perdido musical entre os anos 1970 e a NWOBHM. Somaria aos três a brilhante estreia dos paraguaios do Nightbound, num Ep homônimo caprichado, que soa uma delícia aos ouvidos dos fãs de bandas como Thin Lizzy.

Revelações
Melhor DVD/Blu-Ray

Ainda que não conte com nenhum extra de bastidores, Songs From The Dead é o Home Video dos sonhos (ou pesadelos?) de qualquer fã do mestre King Diamond que se preze. O dinamarquês, aliás, está em forma impressionante após quase antecipar sua sentada no colo do Capeta. Em contrapartida, o apoteótico registro da bem-sucedida turnê Punpkins United, reunindo eras diferentes dos Lordes teutônicos do Power Metal Helloween, é tão recheado de material caprichado, que não poderia ficar de fora da lista. Um dos pacotes mais bem servidos já lançados no formato.

Os melhores Home Videos que o dinheiro pode comprar, em 2019

PLAYLIST de 2019 – Criptozoologia 2019:




Agora, fiquem com a lista dos 30 (+1, pois errei a conta e só vi quando fui publicar...típico, hehehehe) melhores trabalhos de 2019:


30. Baroness – Gold & Grey
Os esquisitões estadunidenses por pouco não lançaram seu disco definitivo. Ainda que minado por exageradas 17 faixas e uma produção incomodamente suja, quando Gold & Grey acerta a mão, é espetacular e único.



29. Gloryhammer - Legends from Beyond the Galactic Terrorvortex
Power Metal escocês e galhofeiro entre os melhores do ano? Teria Trevas comido um cogumelo estragado? É possível. Mas é inegável que os caras conseguiram lançar um disco para lá de divertido e diferente, mesmo brincando com clichês de um dos gêneros mais bobocas dentro do Metal.


28. Vírus – Contágio
O tão aguardado disco de estreia dos veteranos da cena Brazuca enfim chegou. E mesmo com o atraso de décadas, impossível resistir às versões definitivas para petardos como Matthew Hopkins e Batalha No Setor Antares. Isso sem contar com os “novos” clássicos Povo do Céu e Sacrifício. Imperdível aos ouvidos dos fãs do metal em Português.


27. Týr – Hèl
Essa lista está tão estranha que entra até banda das Ilhas Faroe. Sim, os caras chegam aqui na cota de Viking que deveria ser do Amon Amarth. Já que os suecos lançaram um disco bom, mas inferior ao alto padrão por eles imposto...fico com esse belo trabalho que mistura de forma única vários gêneros dentro do metal.


26. The 69 Eyes – West End
Olha, mesmo eu curtindo muito vários trabalhos dos Vampiros de Helsinque, os caras andavam tanto no piloto automático que jamais imaginei gamar em um disco deles de novo. West End é uma delícia do Gothic Rock, viciante.


25. Overkill – The Wings Of War
Faz tempo que a máquina de Thrash estadunidense não erra a mão. Em Wings Of War o Overkill se recusa a trilhar a fórmula que dera tão certo no surpreendente disco anterior. Com uma sonoridade mais próxima de seus primórdios, acertam em cheio em um disco que é uma muqueta na zoreia.


24. Pristine – Road Back To Ruin
Heidi Solhein comanda com sua bela voz e feeling o combo norueguês em Road Back To Ruin, um disco que, apesar da evidente cara retro-rocker, não é para ficar limitado somente a esse nicho. Um baita trabalho que merece ser ouvido por fãs de Rock em geral 


23. Arch/Matheos – Winter Ethereal
A junção de metade da formação original do Fates Warning traz um trabalho complexo e repleto de melancolia, com cascatas de melodias vocais e instrumental sofisticado nos levando para uma viagem sombria. Um disco de Prog Metal maduro, sem os exibicionismos estéreis do gênero.


22. RAM – The Throne Within
Para não dizer que não há espaço para o Metal-Metal da nova leva nesse 2019, o novo trabalho dos suecos troozões chuta bundas com seu coturno gasto e surrado. Fãs de Accept e Judas Priest certamente ficarão com suas cacetas em riste perante o Metal puro e vigoroso do quinteto, que parece nunca errar a mão.


21. Angel Witch – Angel Of Light
Eu falei Metal-Metal? Pois olha quem nos surpreendeu esse ano: Direto e certeiro, Angel Of Light pode ser a luz (oops) que faltava para o Angel Witch enfim engrenar e, quem sabe, construir uma reputação que faça justiça ao status de lenda que o quarteto ganhou exclusivamente por conta de seu excelente debut. Imperdível


20. Sacred Reich – Awakening
Despretensioso, virulento e direto ao ponto! De onde menos se esperava veio um disco de retorno dos mais legais que já escutei. Viciante, Awakening tem como único grande “defeito” durar parcos 30 minutos.


19. Death Angel – Humanicide
Desde seu triunfal e prolífico retorno, os ex-menudos da Bay Area definitivamente não podem ser acusados nem de amansar seu som, nem de se deitar no saudosismo repetitivo que acomete a cena Thrasher. Humanicide é definitivamente um dos discos mais poderosos dos californianos, audição obrigatória para qualquer fã de Thrash, de qualquer era.


18. In Flames – I, The Mask
Ainda que seja fã de carteirinha dos suecos, fazia tempo que nada deles me empolgava tanto. Longe da discussão infrutífera sobre os rumos que a banda tomou quase 20 anos atrás, temos em mãos o melhor e mais equilibrado disco do In Flames em muito tempo. Um disco direto, moderno, grudento e ainda assim cheio de nuances. Viciante.


17. Crobot – Motherbrain
Os malucos do Crobot conseguem unir em Motherbrain elementos de Retro-Rock e Stoner com o som alternativo dos anos 1990 e tempero Hard/Heavy, num dos discos mais viciantes desse 2019. E Brandon Yeagley é um dos vocalistas mais bacanas que ouvi da nova safra.


16. Vikram – Behind The Mask – I
Um punhado de ótimos músicos de nossa cena se unem em uma viagem conceitual num dos melhores Debuts dos últimos anos. Prog Metal inteligente, único e vigoroso, uma feliz prova de que há sim renovação e esperança para a cena Bazuca!


15. Evergrey – The Atlantic
Se alguém quer um exemplo de como uma banda pode amadurecer seu som sem soar meramente pretensiosa, reserve uma hora de seu tempo e embarque em The Atlantic. Um disco colossal, ao mesmo tempo pesado, denso e sensível. Isso sem nunca soar piegas. Uma pena que não consegui conferir o show no Rio.


14. Lacuna Coil – Black Anima
Após alguns anos de estagnação, os italianos acertaram a mão ao apostar em uma guinada no peso e em temáticas mais sombrias. Delirium já era matador, mas Black Anima vai além, um forte concorrente a melhor disco da prolífica carreira de Cris Scabbia e seus amigos.


13. Thunder – Please Remain Seated
Fiquei em dúvida se incluía ou não esse disco aqui, já que se trata praticamente de uma compilação. Mas esse não é um Best Of normal, os britânicos escolheram faixas não necessariamente incensadas de sua carreira e praticamente as reconstruíram em um delicioso formato anos 1950. Uma bela maneira de se explorar o passado sem soar apelativo. Um disco único e muito bacana de se ouvir.


12. Cellar Darling – The Spell
The Spell pode se mostrar uma jornada demasiadamente longa e melancólica ao ouvinte de um Metal mais convencional, mas é uma jornada na qual vale a pena embarcar, para aqueles afeitos a músicas que permeiam várias vertentes do estilo. O Cellar Darling encontrou enfim sua cara, e ela é bela e triste.


11. Kadavar – For The Dead Travel, Fast
Os retro-rockers teutônicos do Kadavar mergulham de maneira firme e certeira na história de Drácula e num som que parece erguido triunfantemente das brumas lisérgicas do final dos anos 1960. Absolutamente matador.


10. Eclipse – Paradigm
Paradigm pode não ter exatamente quebrado nenhum paradigma do Melodic Hard Rock/AOR, mas é facilmente um dos melhores trabalhos do estilo que escuto em anos, e provavelmente o melhor disco da carreira dos prolíficos suecos.


09. Sabaton – The Great War
Os simpaticíssimos suecos do Sabaton vêm tomando o mundo do Metal de assalto. The Great War alcançou o Top 10 em nada menos que 13 países (e Top 50 em 21), chegando ao número 1 na Alemanha. E é merecido. Dentro do estilo que se propõe, é facilmente um dos melhores discos desse 2019, e tem aquele raro mérito de pedir por um repeteco tão logo os 39 minutos se encerram. Excelente.


08. Rammstein – Rammstein
Com a estética do “menos é mais”, o quinteto ganhou foco, caprichando bastante nas composições. Até aquelas que aparentemente nada trazem de novo ao bestiário Rammsteiniano soam deliciosas. Com parcos 46 minutos de duração (e as tradicionais 11 músicas), Rammstein é cirúrgico e denso. Um dos melhores discos de 2019, que também ameaça se tornar um dos favoritos dos fãs dentro da discografia da banda.


07. Insomnium – Heart Like A Grave
Retornando a um formato de disco mais tradicional, o combo finlandês mergulha ainda mais na melancolia para produzir um disco de Melodic Death Metal excepcional, adotando elementos de diversos gêneros dentro do rock para temperar seu som. Denso e pesado, belo e sombrio.


06. Tuatha De Dannan – The Tribes Of Witching Souls
Um Ep vitaminado por algumas versões diferentes de faixas já apresentadas anteriormente, The Tribes Of Witching Souls é a prova cabal de que os mineiros são das melhores bandas de nossa cena. Um daqueles trabalhos que tão logo terminam já pedem por um novo toque compulsivo no “PLAY” do aparelho de som.

DAQUI PARA  FRENTE, A ORDEM NÃO IMPORTA!


Tygers Of Pan Tang – Ritual
Difícil esperar de um combalido veterano do segundo escalão da NWOBHM qualquer sinal vital em pleno 2019, certo? Porra nenhuma. Os tigres britânicos já vêm ameaçando lançar um novo clássico tem pelo menos 10 anos. E Ritual, ainda que seja apenas um simples disco de Metal tradicional, consegue grudar em nossa mente feito chiclete. 53 minutos que farão qualquer fã Old School sorrir sem parar.


Jinjer- Macro
Eis que vem da improvável Ucrânia um dos melhores e mais inventivos discos de 2019, que nos prova com sobras que o Jinjer não é mais uma promessa da cena, e sim uma retumbante realidade. Pesado, inteligente, criativo e diversificado.


Rival Sons – Feral Roots
Incapaz de fazer um disco minimamente medíocre, o combo Retro-rocker estadunidense nos presenteia com um discaço ao mesmo tempo simples e bastante sofisticado. Um forte rival (oops) para The Great Western Valkyrie pelo trono de melhor disco da carreira dos caras.


Candlemass – The Door To Doom
Os mestres suecos do Doom Metal parecem uma fênix sombria. Renasceram anos atrás com o impecável disco homônimo, ressurgiram de novo quando Rob Lowe assumiu os vocais da banda. Anunciaram o fim. E do nada retornam, com o vocalista original que gravara Epicus Doomicus Metallicus, com um disco tão matador que não merecia o título tosco. Um dos melhores de toda a carreira.


Swallow The Sun – When A Shadow Is Forced Into The Light
Quando os finlandeses sorumbáticos lançaram o ambicioso disco triplo Songs From The North, acreditei piamente que esse seria o ápice criativo que uma banda como eles poderia atingir. Ledo engano. Movidos pela dor do luto de seu líder e principal compositor, os caras fizeram um disco tão sombrio e denso quanto delicado e belo. Um Gothic Doom de cortar o coração (e os pulsos).


Soilwork  - Verkligheten
E não é que o The Night Flight Orchestra fez muito bem ao Soilwork? Após anos de estagnação criativa, os caras vêm enfileirando discaço atrás de discaço. Até fica difícil escrever aqui sem cair na armadilha da adulação gratuita de fanboy. Mas o fato é que no novo trabalho os suecos conseguiram encontrar um raro equilíbrio entre peso, melodia e inserção de elementos estranhos ao seu som tradicional. As composições são tão caprichadas, e o clima tão único, que nos resta aplaudir quando You Aquiver nos presenteia com os últimos acordes de um disco fadado a se tornar um clássico do estilo.