sexta-feira, 6 de junho de 2014

Down - Down IV, Part 2 (EP-2014)

Down IV, Part 2
Muito Barulho Por Nada
Por Trevas


Em Constante Mutação
Tendo surgido como um projeto paralelo de figuras bem sucedidas da cena metálica de New Orleans, o Down aos poucos tomou status de banda de verdade (ver histórico da banda pela Cripta do Trevas), tendo lançado três discos muito bem recebidos por público e crítica (ver clipe abaixo para Stone The Crow).


Curiosamente, ao assumir a postura de banda principal de alguns de seus membros, o Down acabou por desencadear uma verdadeira dança das cadeiras. Rex Brown saiu em 2011 e ano passado o mundo do rock pesado foi pego de surpresa ao ver o guitarrista e membro fundador Kirk Windstein abandonar o barco para se concentrar no futuro do Crowbar. Em seu lugar foi recrutado Bobby Landgraf, que até então dividia seu tempo entre a banda Honky e o trabalho como técnico de guitarra do próprio Down. O primeiro lançamento sem a presença de Kirk seria o segundo capítulo da seqüência de quatro EPs programados pelo Down. O primeirão, resenhado aqui na Cripta (ver resenha aqui e clipe para Whitchtripper abaixo), foi um tremendo sucesso, o que aumentou as expectativas para esse Down IV, part 2. Conseguiria a banda manter o padrão de qualidade?

Parte 2

A sensação de continuidade passada pela arte de capa e pelo nome do Ep logo cai por terra. A entrada de Steeple, um riff arrebatadoramente Doom é quebrado por um urro de Phil Anselmo, num enfoque bem diferente daquele do trabalho anterior. Pesada como o Godzilla, a faixa é bem menos acessível que o material do Purple EP, mas ganha respeito pela garra.


We Knew Him Well (ver vídeo) é a primeira faixa de trabalho do novo EP. Difícil entender o porquê. Sua aura Sludge somada a linhas vocais totalmente desinteressantes e preguiçosas tornam sua audição um suplício. Hogshed/Dogshead começa melhor, mostrando que Pepper Keenan e o novo guitarrista formam uma boa dupla, mas novamente Phil põe tudo a perder, com uma performance que em nada enriquece o bom instrumental.


Phil por outro lado prova que ainda sabe efetivamente cantar na completamente Doom Conjure, o que ajuda a tornar a faixa o possível destaque da bolachinha. Sufferer’s years é mais acelerada e soa legal, mas nada que mereça um lugar no repertório dos shows da banda, por exemplo.

Down 2014
Bacchanalia é o épico do disco, do alto de seus quase 9 minutos de duração. Bons riffs ameaçam afundar em mais uma performance algo cacofônica de Phil, mas a música sobrevive e as referências de classic rock (em especial Led Zeppelin) ao final da mesma ficaram bem legais.

Saldo Final

O segundo EP da série soa bastante pesado, e talvez seja de fato o trabalho mais esporrento da carreira do Down. Mas senti uma brusca queda de qualidade em relação ao disco anterior, em muito pela performance menos inspirada de Phil. Se no primeiro EP ele buscava um enfoque que misturava influências de classic rock em seu estilo bem próprio de cantar, aqui ele parece contaminado pela cacofonia explorada em seu recém lançado trabalho solo. Mas de resto, temos bons riffs e aquele Doom/Sludge virulento característico do Down. A ausência de Kirk não foi tão sentida assim em termos de peso, mas fico na esperança de que o próximo EP traga músicas mais cativantes, já que não há absolutamente nada memorável aqui.

NOTA: 6

Prós:
Pesado e com bons riffs.

Contras:
Pouca criatividade nas linhas vocais, músicas pouco cativantes.

Classifique como: Doom Metal, Sludge, Stoner

Para Fãs de: Corrosion Of Conformity, Crowbar, Trouble, Saint Vitus.

Ficha Técnica
Banda: Down
Origem: EUA
Site Oficial: www.down-nola.com/
Disco (ano): Down IV - Part 2 (2014)
Mídia: CD (EP)
Lançamento: ILG (Importado)

Faixas (duração): 06 (36’).
1. Steeple; 2. We Knew Him Well; 3. Hogshead/dogshead; 4. Conjure; 5. Suffering’s Years; 6. Bacchanalia.

Produção: Michael Thompson e Down
Arte de Capa: Vance Kelly e Pepper Keenan

Formação:
Phil Anselmo – voz;
Pepper Keenan – Guitarra;
Bobby Landgraf – Guitarra;
Patrick Bruders – baixo;
Jimmy Bowers – bateria.

domingo, 1 de junho de 2014

Jess And The Ancient Ones - Astral Sabbat (EP-2013)

Astral Sabbat
Três Deliciosos Atos de Psicodelia
Por Trevas


Pouca Rodagem e Muito Barulho na Cena

Tentar encontrar informações aprofundadas sobre o Jess And The Ancient Ones (vou chamar aqui de JATAO) para enriquecer essa resenha foi perda de tempo. Banda finlandesa formada em 2010, sua carreira é tão curta quanto promissora. Em sua discografia, constam o primeiro cd, homônimo (ver pôster reproduzindo a bela capa logo abaixo), e um Split-Ep com uma banda espanhola, ambos lançados em 2012.


Cartaz de festival reproduzindo arte do primeiro disco
O debut conseguiu uma ótima resposta na terra natal da banda, atingindo a 7ª posição nas paradas musicais. Aproveitando a atual onda européia de Occult Rock, que elevou ao status de bandas Cult combos capitaneados por vocalistas femininas como Purson, Blood Ceremony, Mount Salem, Royal Thunder (ver resenha aqui), JATAO vive um boom de popularidade surpreendente. Para aproveitar o momento, a banda resolveu lançar esse EP contendo apenas 3 músicas, duas autorais e um cover. Embalado em um Papersleeve contendo uma bela arte de capa e encarte condizente com a sonoridade psicodélica praticada, teria Astral Sabbat poderio sonoro suficiente para justificar sua existência?

Astral Sabbat

A faixa título (ver vídeo abaixo) surge de um crescendo criado por bateria, baixo e guitarra, explodindo num surf rock psicodélico que parece trilha sonora de algum filme nunca lançado. Um filme estranho e algo sombrio, certamente. O clima etéreo é embelezado pela ótima voz de Jess, completamente calcada nos anos 1960. A letra rescende a ocultismo e referências celestiais. Ótima faixa que por si só valeria uma checada no trabalho.


Long And Lonesome Road é uma versão para lá de inspirada para o hit sessentista do Shocking Blue, banda neerlandesa de vida efêmera (1967-1974) cujo grande sucesso vivido e milhões de cópias vendidas foram esquecidos com o passar dos anos.

Jess And The Ancient Ones
A bolachinha é encerrada por um épico, sob o nome de More Than Living. Seus 14 minutos de existência passam como um raio, tamanho a beleza e versatilidade da música, que inicia serena como algo composto pelo Pink Floyd, ganha traços de psicodelia rockeira à lá Jefferson Airplane e ao seu final explode em uma fúria setentista quase metálica. Em suma, a cereja de um bolo psicodélico que já valia o investimento de tempo e dinheiro.

Jess conduzindo o ritual de conquistar nossos ouvidos
Saldo Final
Duas pérolas autorais somadas a conjuração de um clássico perdido dos anos 1960. Astral Sabbat é uma grata e viciante surpresa que não para de rodar no meu som. Já encomendei o primeiro disco da banda, pelo qual aguardo a chegada com enorme ansiedade. O JATAO possui um futuro promissor e esse EP é seu brilhante presente.

NOTA: 10

Prós:
Psicodélico sem soar hermético, belos arranjos e bela voz.

Contras:
Curto, deixa a gente querendo mais...

Classifique como: Occult Rock, Rock Psicodélico

Para Fãs de: Pink Floyd, Jefferson Airplane, Purson, Royal Thunder, Blood Ceremony.

Ficha Técnica
Banda: Jess And The Ancient Ones
Origem: Finlândia
Disco (ano): Astral Sabbat (2013)
Mídia: CD (EP)
Lançamento: SVART (Importado)

Faixas (duração): 03 (24’).
1. Astral Sabbat; 2. Long And Lonesome Road; 3. More Than Living.

Produção: Tore Stjerna e JATAO
Arte de Capa: Nightjar Illustration

Formação:
Jess – voz;
Thomas Corpse – Guitarra;
Thomas Fiend – Guitarra;
Von Stroh – Guitarra;
Fast Jake – baixo;
Abraham – teclados;
Yussuf – bateria e percussão.