segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Alice Cooper – Paranormal (2CDs – 2017)

Alice Cooper - Paranormal
Tia Alice: 69 com Tudo em Cima!
Por Trevas

O 27º disco de estúdio de Alice Cooper vem num momento especial na vida do shock rocker mais amado do planeta: próximo de completar 70 anos, o estadunidense está com sua popularidade em dia, e vem participando ativamente dos maiores festivais do planeta com uma performance que deixa muita gente com metade de sua idade em suas pantufas de monstrinho. Pensando no grande bestiário de clássicos que tia Alice tem em sua coleção, seria compreensível que ela optasse por viver somente das glórias passadas, não? Não, cá estamos em mais uma parceria com o superprodutor canadense Bob Ezrin para mais uma leva de material inédito.

Bob e Alice tramando algo muito, muito malvado...

A bolachinha, nomeada Paranormal, vem em formato duplo. O primeiro disco contendo 10 canções inéditas executadas por Alice, convidados ilustres (Billy Gibbons, Roger Glover, Larry Mullen) e uma penca de músicos de estúdio. Já a segunda bolachinha tem duas canções inéditas gravadas pelos sobreviventes da Alice Cooper Band original, mais uma meia dúzia de clássicos executados ao vivo pela banda atual do patrão. O formato me pareceu esquisito numa primeira análise, veremos mais à frente o veredito. A edição nacional, lançada pela Shinigami, vem num caprichadíssimo digipack duplo, com encarte em ótimo material. Uma pena que a arte de capa seja horrenda, lembrando até aquela péssima capa do disco mais atual do Metallica (cuja péssima ideia era plágio da arte de um disco do Crowbar, mostrando que o mau gosto é contagioso). Mas como o que importa é a música, vamos em frente.



DISCO 1:

A faixa título, primeira música de trabalho, que já havia aparecido em Lyric Video (ver abaixo), me deu uma tremenda impressão errada do que eu encararia por aqui. Épica e misteriosa, com uma cara bem moderna, parecia indicar um trabalho conceitual nos moldes de Welcome To My Nightmare. A se estranhar, notei de cara que a banda que gravou a música, com a exceção de Tommy Henriksen (guitarra), não é a formação que excursiona com Alice. Há até Roger Glover (Deep Purple) no baixo. Uma ótima faixa, a despeito da bateria meio disco de Larry Mullen (U2).



Epa, de uma música com características teatrais e bem épica somos jogados na deliciosa e absolutamente sessentista Dead Flies. Com cara de Who e Hendrix, faz lembrar os primórdios da carreira de tia Alice. E o que falar do rock psicodélico à lá Monster Magnet da excelente Fireball, com órgão tocado pelo próprio Bob Ezrin? A essa altura do campeonato qualquer fã de rock já ostenta um sorriso na face. Paranoiac Personality faz menção à Welcome To My Nightmare e The Wall em sua introdução e novamente evoca os primórdios da carreira solo de Alice Cooper, mais uma boa música, talvez só um pouco aquém das anteriores.



Não sou fã das produções exageradas de Mr. Ezrin, e em especial, acho que ele acabou de destruir o que sobrou do Purple atual. Mas há de se admitir, Bob consegue canalizar as ideias teatrais de Alice como poucos e fez um ótimo trabalho aqui, encontrando um meio termo entre sua grandiloquência excessivamente polida e uma cara um pouco mais old school. Uma pena que as gravações tenham ficado a encargo de uma série de convidados e músicos de estúdio, ao invés da banda fixa do cantor.

Tia Alice e sua trupe, 2016


Fallen In Love é divertida e descompromissada, e se tem um clima que remete ao ZZ Top de sua era MTV, não é à toa, Billy Gibbons está aqui. Já Dynamite Road me fez pensar seriamente que alguém deveria bem ter entregue a música ao Meat Loaf. Private Public Breakdown é o mais perto que o material da bolachinha chega de soar chato, mas ainda assim não é de todo ruim. Ah, mas Holy Water, com seu refrão matador e um naipe de metais muito bem encaixado, acerta na mosca e traz de volta a vontade de sacudir o esqueleto. E o que dizer dos pouco mais de dois minutos de Rats? Nada, só tire o tapete da sala! The Sound Of A fecha o repertório do disco 1 em inexplicáveis 34 minutos com um clima mais soturno que acompanha a faixa de abertura.


DISCO 2:

Bom, aqui temos o que deveria ser a cereja do bolo: as duas músicas construídas para celebrar a reunião de Alice com os membros sobreviventes da Alice Cooper Band, Neal Smith (bateria) Dennis Dunnaway (baixo) e Michael Bruce (Guitarra), que reinaram absolutos ao lado do falecido Glen Buxton (falecido em 1997) de 1969 até 1973. Primeiro ponto, as duas músicas compostas e gravadas não destoam quase nada do clima do material do disco 1, difícil entender o por quê foram separadas. Segundo ponto, essa reunião já havia acontecido em três faixas de Welcome 2 My Nightmare, de 2011. Difícil entender o furor, já que desde 2015 essa formação prometia um disco completo. Sobre a qualidade do material, são boas canções, mas nada que mude o mundo e inferiores a boa parte do material do disco 1. Uma pequena decepção, eu diria.

Alice Cooper Band: o cheiro de cânfora no momento dessa foto é pungente 
Completando os parcos 38 minutos do disco 2, tempos uma seleção de 6 clássicos do Alice Cooper executados pela formação que excursiona com a tia já tem dois anos, muito bem gravados, obrigado. Bacana, mas nada de excepcional, tendo em vista a miríade de versões ao vivo das mesmas músicas lançadas ano sim ano sim.


Saldo Final

A despeito do formato duplo não dizer muito ao que veio, o material inédito de paranormal coloca a bolachinha dentro do hall dos grandes discos da discografia de Alice Cooper. Difícil encontrar artistas na cena rocker que ainda consigam gravar discos tão divertidos e cheios de energia a essa altura da carreira. Tia Alice é realmente paranormal!


NOTA: 8,66


Gravadora: Shinigami Records (nacional).
Pontos positivos: Alice inspirado e bem old school
Pontos negativos: Difícil entender a opção por dois cds com menos de 80 minutos de música
Para fãs de: Rock and Roll no geral
Classifique como: Hard Rock, Rock and Roll



2 comentários:

  1. Eu gostei do disco, mas eu esperava mais (acho que não só eu, né rs). Enfim, muito legal sua resenha, espero que você sempre possa continuar a analisar os discos assim, com muito boa vontade.

    Abração!

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