quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Accept – The Rise Of Chaos (Cd-2017)

Accept - The Rise Of Chaos

Chucrute Requentado
Por Trevas

Décimo quinto disco de estúdio do combo teutônico de Heavy Metal liderado pelo guitarrista e clone do Bruce Willis Wolf Hoffman, The Rise Of Chaos veio ao mundo com a perigosa missão de manter o altíssimo padrão de qualidade dos três discos anteriores, que proporcionaram um segundo surto de popularidade junto aos fãs antigos e que angariaram uma tonelada de novos fãs à banda.


Accept detonando em seu retorno

Só que dessa vez o desafio ainda se faz maior, já que os colaboradores de longa data Herman Frank e Stephan Schwarzmann resolveram abandonar o barco. Para o lugar deles foram chamados Uwe Lulis (guitarrista que fez fama junto ao Grave Digger) e o relativamente desconhecido Christopher Williams. De resto, temos novamente Tornillo nos vocais, com Peter Baltes no baixo e o patrão nas guitarras e, muito provavelmente (tendo em vista que não há créditos para as músicas no encarte), assinando as composições. A produção caiu de novo no colo do mestre Andy Sneap, uma parceria que vinha funcionando muito bem até o momento.

Die By the Sword é bem menos frenética que as faixas de abertura que acostumamos escutar nesse glorioso retorno. No entanto, o bom refrão e o exímio trabalho de guitarras acabam por vencer e fazem desta um dos destaques do disco.



Mas a dobradinha que vem a seguir faz a empolgação com o novo disco cair bastante. Hole In the Head até tem uma interessante interpretação Bon Scottiana nos versos, mas se perde em um andamento morno e um refrão desinteressante. Já a faixa título, ao que parece ganhou esse status por que compila o clima distópico que permeia a maioria das letras do material, uma faixa bem mais ou menos.



Koolaid pode até ter se inspirado um pouco além da conta em Thunderstruck, mas é muito mais cativante que suas colegas de repertório, enfim uma boa música, com o baixo de Baltes e as boas melodias de Tornillo dando o tom aqui. No Regrets é outra boa faixa, com refrão bacana e andamento pesadão.




Analog Man inicia com o som de uma fita rebobinando e termina com aquele velho tom de modem discado, para emoldurar uma letra legal, que fará muito coroa se identificar. Entretanto, a chupada que o pré-refrão dá em Balls to the Wall só vem evidenciar que talvez a banda devesse dar um tempo maior em seus lançamentos. Até faixas legais como What is Done is Done e Worlds Colliding tem seu poderio diminuído pela sensação de que a banda fizera as mesmas músicas de maneira mais inspirada nos discos anteriores.



Accept dessa vez está parecendo aquele meia alemão veterano que não volta para marcar

A produção de Andy Sneap tentou tornar o produto final menos parecido com seus irmãos mais velhos, apostando em músicas menos longas, um som um pouco mais dinâmico e menos pesado e com gang vocals bem mais discretos na mixagem. Mas sem muito sucesso, Carry the Weight segue a toada de músicas apenas boazinhas e os 46 minutos da bolachinha se encerram com a pouco inspirada Race To Extinction.

Saldo Final

The Rise Of Chaos é um disco legal, se você for um fissurado por Heavy Metal tradicional, dificilmente se sentirá incomodado com suas dez faixas. Mas é impossível não notar uma queda criativa em relação aos discos anteriores. A continuar nesse caminho, periga o Accept se tornar uma pálida imitação de si mesmo, coisa que o gnomo do UDO já faz a muito tempo em sua errática carreira solo, diga-se.


NOTA: 7,40

  
Gravadora: Shinigami Records (nacional).
Pontos positivos: Ainda é Accept e tem bons momentos
Pontos negativos: começa a soar como comida requentada
Para fãs de: Accept, UDO, AC/DC
Classifique como: Heavy Metal




4 comentários:

  1. Comentei anteriormente que o Accept é dentre todas as bandas alemãs do rock, a minha favorita e talvez a melhor de todas. A banda viveu seu período de glória nos anos 80, quando o pequeno grande Udo Dirkschneider (hoje em carreira solo) era o vocalista principal e a figura mais carismática do grupo. O Accept forneceu nesta década uma série de 4 álbuns fantásticos: Restless and Wild (1982), Balls to the Wall (1984), Metal Heart (1985 - meu favorito desta fase) e Russian Roulette (1986). Depois, Udo caiu fora do Accept para montar sua banda solo, voltou nos anos 90 para a banda e fez com Wolf Hoffmann e cia. uns discos meia-boca, em seguida a banda se desfez literalmente.

    O retorno do Accept em 2010 foi talvez o mais surpreendente retorno de uma banda de metal que só ficou conhecida nos anos 80, feito com a intenção de se tornar ainda mais relevante do que antes. A escolha do ex-vocalista da banda americana TT-Quick Mark Tornillo para ocupar o lugar de Udo caiu como uma luva para a nova fase que o Accept iria desfrutar daí pra frente. O resultado foi a trinca de álbuns notáveis que a banda lançou de 2010 á 2014: Blood of the Nations, Stalingrad e Blind Rage, conhecido como "o disco do touro bravo" (que é meu favorito da Era Tornillo).

    Sobre o The Rise of Chaos, ouvi-o recentemente e confesso que eu achei este novo disco do Accept um pouco fraco, talvez pelo fato de não ter mais de 50 minutos na duração. Vamos esperar que um dia a banda relance este álbum com umas faixas-bônus, tal como o Judas Priest fez no Redeemer of Souls... Parabéns ao Trevas pela resenha do mais recente álbum do Accept e que possamos curtir "os gigantes teutônicos do metal" sem medo!

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    1. fala, Igor!
      Possivelmente o Accept também é minha banda teutônica favorita. Gosto de quase tudo que eles fizeram com UDO. Ao menos até o Objection, pois Death Row e Predator são realmente meio murchos. Já a carreira solo do gnomo, acho bem mais ou menos.
      O retorno com Tornillo foi uma surpresa positiva, mas confesso que prefiro MUITO mais os dois primeiros ao Blind Rage e esse novo. E não vejo como sendo um problema de duração do disco não, adoro discos curtos e diretos. Acho que a inspiração não estava em alta mesmo. Talvez a vontade de manter o bom momento (a banda não para, é disco/turnê/disco de novo/turnê de novo) e o bolso cheio tenham feito com que a banda se apressasse um pouco além da conta. Ainda assim, está longe de ser um disco ruim.
      Abraço
      Trevas

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    2. Cada um com suas opiniões, amigo. Vamos aguardar então o relançamento de The Rise of Chaos, em breve...
      Abraço pra você também, Trevas!

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  2. Outra coisa que eu constatei friamente neste novo disco do Accept foi a chegada dos novatos Uwe Lulis (segunda guitarra) e Christopher Williams (bateria) ocupando os lugares respectivos de Herman Frank e Stefan Schwarzmann, que saíram da banda após a bem-sucedida turnê do maravilhoso álbum anterior (Blind Rage). Fico imaginando como seria The Rise of Chaos com a mesma formação de Blood of the Nations, Stalingrad e o já citado Blind Rage... Seria mais um álbum ótimo e com a qualidade típica do grupo alemão, incluindo aquele detalhe de incluir mais uma ou duas músicas para arredondar o repertório do CD que, apesar de não ser ruim, me soa irregular. Parece que o Accept em seu mais novo CD está realmente começando a perder um pouco daquela força, inspiração e equilíbrio que marcaram os três álbuns anteriores com Mark Tornillo e também o quarteto dos clássicos álbuns da fase com o baixinho Udo, que vão de Restless and Wild ao Russian Roulette.

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