domingo, 24 de maio de 2015

S.O.T.O. – Inside the Vertigo (Cd - 2015)

S.O.T.O. - Inside The Vertigo (Cd -2015)
Expurgando demônios
Por Trevas

Mais que um disco solo
Jeff Scott Soto é um dos vocalistas mais talentosos e prolíficos da história do rock pesado, e é muito difícil esbarrar com algum fã do estilo que não tenha tido contato com algum trabalho do grandalhão Nova Iorquino. Malmsteen, Axel Rudi Pell, Takara, Talisman, Soul Sirkus, Journey - a lista de bandas e projetos das quais JSS já participou poderia encher uma resenha inteira. Como artista solo, a carreira de Soto ficou muito mais próxima da vertente AOR/Melodic Rock do que outros estilos mais pesados. Mas Jeff vem passando por tempos sombrios ultimamente: o suicídio de seu amigo e parceiro do Talisman, Marcel Jacob; um divórcio milionário; sua demissão mal explicada do Journey – tudo levando a um estado de espírito sombrio que deveria ser expurgado através da música, obviamente demandando um estilo mais carregado de peso que o habitual.

JSS
Tendo divulgado amplamente sua vontade de trilhar um caminho mais pesado em seu próximo trabalho, JSS foi surpreendido negativamente por sua gravadora, a Frontiers Records, que cerceou sua criatividade quando da produção do ótimo Damage Control – a pressão existiu para que o disco não assumisse toda a carga de negatividade e peso que Soto visava, ficando o disco num meio termo entre o resultado esperado pelo artista e o enfoque desejado pelo selo (o padrão AOR/Melodic Rock). Soto não se deu por satisfeito e resolveu levar à cabo seu retorno ao heavy metal, mesmo que para isso fosse necessário lançar o trabalho por outra gravadora e sob um nome diferente. Então Inside The Vertigo foi pensado e trabalhado como um projeto, uma banda chamada S.O.T.O.


Uma boa solução, mas que não espelha a realidade: Inside The Vertigo foi executado por uma miríade de músicos de todos os cantos do planeta, com apenas um ponto em comum: todos são excelentes! Estão presentes Jorge Salán (guitarra – Mago de Oz), Gus G (guitarra – Firewind e Ozzy), Casey Grillo (bateria – Kamelot), Mike Orlando (guitarra – Adrenaline Mob), Al Pitrelli (guitarras – ex Savatage, Megadeth, Widowmaker...) e grande elenco. E em se tratando de brasileiros, temos uma legião de grandes músicos: os já costumeiros parceiros de JSS, Edu Cominato (bateria) e BJ  (guitarra e baixo), além de Henrique Baboom (baixo); Leo Mancini (guitarra - Noturnall) e Hugo Mariutti (guitarra – Viper, Henceforth). A brasilidade ainda aparece na ótima arte gráfica, ao encargo do sempre excelente Gustavo Sazes. A produção ficou nas mãos do próprio JSS, auxiliado por Cominato e pelo guitarrista, produtor e compositor americano Connor Engstrom. Com todo esse apoio, teria JSS conseguido se desvencilhar de seu DNA voltado para o AOR?  

Um precário Equilíbrio
ITV inicia com o pé fincado no peso, com a avassaladora Final Say e sua rifferama à lá Ozzy (cortesia de Mike Orlando) em uma versão aditivada e moderna. A igualmente matadora The Fall (ver lyric vídeo abaixo) é tão influenciada por Disturbed (em especial no refrão) que chega ser difícil acreditar que o Adrenaline Mob não a tivesse gravado antes (ok, sarcasmo, sorry).


Wrath mantém a qualidade do material, até agora absolutamente impressionante, ainda que nela já tenhamos um exemplo dos problemas que atrapalharam parte do material, as harmonias vocais à lá AOR típicas dos arranjos do JSS no refrão. O mesmo se repete de maneira aceitável na música de trabalho, também ótima, Break (ver vídeo).


Narcissistically Yours é a primeira bola fora, desinteressante, ainda que pesada. End Of Days foi obviamente pensada para ser um grande destaque: sombria, épica e algo progressiva, com orquestrações que deixam um clima de trilha sonora. Mas afunda completamente ao incluir um pavoroso coro de crianças (porra, quem diabos acha coro de crianças em música pesada bacana?????Já devo ter ouvido essa josta dúzias de vezes!!) e nas harmonias vocais à lá Queen que em absoluto não combinam com o peso e com a temática densa da música. Over para cacete. Parece que JSS por vezes não sabe soar tão malvado quanto intenciona.

Contracapa com a suposta formação do S.O.T.O.
Curiosamente a partir daí a bolachinha nunca mais retorna àquele padrão de qualidade absurdo de seu início. A faixa título chega perto, When I’m Older é uma ilha AOR bacaninha em meio ao restante do material. Já Trance flerta com o industrial de maneira algo preguiçosa e Jealousy é um hard moderno bem legal que lembra o material solo de Gus G (do qual JSS participou).  Karma’s Kiss lembra em seus riffs algo do material mais recente de Ozzy, mas não empolga (ah e as harmonias vocais...). Fall To Pieces é outra que difere bastante do restante do material, um Hard Rock mais tradicional que fecha o disco de forma agradável, mas nada marcante.

Saldo Final
Cercado de grandes músicos, Jeff bem que tentou fazer desse Inside the Vertigo um discaço de metal moderno. Não diria que falhou por completo, em seu melhores momentos ITV ameaçou passou perto de chegar ao patamar pretendido. Mas o material mostrou-se um pouco inconsistente e mesmo JSS pareceu algo perdido entre a tentativa de soar moderno e sombrio e não abrir mão de suas marcas registradas. De qualquer maneira, é um belo ponto de partida e se Jeff resolver soltar outro trabalho nesse estilo, é bem possível que tenhamos um disco monstruoso.

NOTA: 7,5

Indicado para:
Fãs da fusão entre metal moderno e clássico.
Fuja se:
For um fã xiita de AOR e Melodic Rock.

Classifique como: Hard Rock, Heavy Metal

Para Fãs de: Disturbed, Adrenaline Mob.
Ficha Técnica
Banda: S.O.T.O.
Origem: VAR
Disco (ano): Inside The Vertigo (2015)
Mídia: CD
Lançamento: e-a-r music

Faixas (duração): CD  - 12 (54’).

Produção: Jeff Scott Soto
Arte de Capa: Gustavo Sazes

Formação:
Muita gente, ler resenha!!

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