sábado, 4 de abril de 2015

Jorn Lande & Trond Holter – Dracula: Swing Of Death (Cd – 2015)

Dracula: Swing Of Death (Cd -2015)
Um Vampiro Romeno na Escandinávia
Por Trevas

Disco Conceitual? Eca!
Não sou exatamente um entusiasta dos famigerados álbuns conceituais. A despeito de algumas pérolas produzidas nesses moldes (e.g.: Dark Side Of The Moon e The Wall do Pink Floyd, Operation Mindcrime do Queensrÿche, Into the Electric Castle do Ayreon e Leviathan do Mastodon), geralmente vejo o artista sacrificar a música em prol da narrativa de uma história nem sempre tão interessante assim. E lá vem interlúdios pomposos, longos trechos narrados, discos duplos de 80 minutos cada...enfim, uma ode ao ego. Quando ouvi falar sobre esse disco aqui, uma versão musicada da história contada originalmente por Bram Stoker e revisitada zilhões de vezes em mídias diferentes desde então, fiquei bastante reticente.

Os atores principais envolvidos, ambos veteranos e noruegueses, também não despertaram minha curiosidade. Jorn lande, vocalista de talento indiscutível, parece sofrer do mesmo mal de Tim Ripper Owens: raramente canaliza seu talento para algo que mereça ser ouvido. Sua carreira solo alterna entre grandes discos como The Duke e Spirit Black com coisas absolutamente “qualquer nota” como Lonely Are The Brave. Suas participações em outros projetos produzem tanto discos memoráveis (como Burn The Sun, do Ark e o primeiro do Masterplan) quanto álbuns fracos (como os dois outros discos dele com o Masterplan e o novo do Allen/Lande).

Jorn imita muito bem Dio, Coverdale e...Leôncio???
Já o caso do guitarrista Trond Holter envolve meu desinteresse pela cena que o consagrou: Mr. Holter fez sua fama como Teeny, guitarrista do venerado combo Glam Metal Wig Wam, que passa longe do meu gosto musical. As conversas para esse projeto nasceram quando Trond produziu o último disco de estúdio de Jorn, o apenas razoável Traveller. Aqui Mr. Holter assume a produção (ao lado de Lande), mixagem e masterização, além da guitarra e piano.

Trond Holter duckface
O disco
Com apenas o som de uma tempestade assolando um mar agitado, a algo Doom Hand Of Your God inicia o trabalho inusitadamente. A boa faixa prepara terreno para a fantástica Walking On Water, música de trabalho (ver clipe abaixo) que já me deixou arrependido do ceticismo inicial. Um Hard pesado e moderno com ótima interpretação de Jorn. Aliás, como é bom ver o gorducho saindo de sua zona de conforto, que é misturar em suas linhas melódicas influências de Whitesnake, Dio e Thin Lizzy. Não que seja um Jorn como aquele brilhante do segundo disco do Ark, em absoluto, mas ao menos um vocalista bem mais inventivo do que nos últimos discos. E não posso esquecer de citar o ótimo trabalho de Holter nas guitarras, trazendo belas dobras à lá Iron/Thin Lizzy e um belo solo.


O clima do disco oscila entre um Hard/Heavy moderno com elementos de clara influência de Broadway, soando por vezes como a parceria Meat Loaf/Jim Steinman, tal qual na ótima faixa título e em Masquerade Ball. Some a isso algumas influências folk nas dobras de guitarra e lá vamos nós. De negativo, apenas os efeitos sonoros nessa última, representando o romeno sugando sangue de Mina, que soaram mais como algo retirado de uma sessão de Deep throat de algum filme da Sasha Grey.

Jorn & Trond não podem ser considerados só rostinhos bonitos...
Save Me e River Of Tears apresentam outro trunfo do disco, a vocalista Lena Floitmoen, cujo trabalho desconheço, mas que faz uma aparição bastante marcante aqui. Sua participação, aliás, faz com que fique ainda mais evidente o paralelo com os discos do Meat Loaf, que sempre trazem duetos marcantes com alguma voz feminina. A voz de Lena lembra muito mais o canto de uma Christina Scabbia do que aquelas chatices operísticas de Simone Simmons ou Tarja, o que conta muitos pontos a favor para o resultado final. O restante do line up conta com os pouco conhecidos Bernt Jansen no baixo e Per Morten Bergseth na bateria, ambos com grandes atuações.

Lena Floitmoen, o bendito fruto na bolachinha
Queen of the Dead segue a toada em grande estilo, terminando em um festival de guitarras indefectível. Into the Dark é outra pérola da dupla Lena/Jorn que grudará no teu cérebro. O desavisado poderia achar que essa música é alguma coisa nova do Lacuna Coil seguindo um estilo mais tradicional dentro do metal. Isso por conta do refrão, que parece muito algo dos italianos. Reparou que em nenhum momento falei sobre interlúdios inúteis ou narrativas em Off? Então, é porque nenhum desses artifícios idiotas de discos conceituais existe aqui. True Love Through Blood é uma instrumental pesada e bacana que antecede o encerramento – Under the Gun – que está longe de ser o destaque aqui, mas tem lá seu charme, muito por conta da dobradinha vocal marcando a despedida de Mina e o infame Conde.

Saldo Final
Jorn Lande precisava de uma sacudida em sua carreira, e essa parceria com Trond Holter veio a calhar. Esse Swing Of Death é um discaço Hard/Heavy com uma pegada moderna e criativa que não deve nada aos melhores momentos do norueguês. Pontos para Trond e para a pouco conhecida Lena, que transcende seu posto original como artista coadjuvante, brilhando em pé de igualdade com os nomes maiores do letreiro. Uma tremenda bola dentro.

NOTA: 9

Prós:
Grandes performances vocais, grandes músicas, grandes guitarras.

Contras:
A sessão de Deep throat da Sasha Grey em Masquerade Ball.

Classifique como: Hard Rock, Heavy Metal

Para Fãs de: Dio, Meat Loaf, Jorn

Ficha Técnica
Banda: Jorn Lande & Trond Holter
Origem: NOR
Disco (ano): Dracula: Swing Of Death (2015)
Mídia: CD
Lançamento: Frontiers Records

Faixas (duração): CD  - 10 (45’).

Produção: Jorn Lande & Trond Holter
Arte de Capa: Stan W Decker

Formação:
Jorn Lande – voz;
Lena Floitmoen – voz;
Trond Holter – Guitarra e piano;
Bernt Jansen – baixo;
Per Morten Bergseth – bateria.

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