segunda-feira, 9 de março de 2015

Dobradinha: Alice Cooper – Raise the Dead (Live From Wacken)/ Rob Zombie – The Zombie Horror Picture Show (2014 – BD)


Criador x Criatura
Por Trevas

Quando Vincent Furnier e seus colegas de banda plantaram a sementinha do Shock Rock lá nos idos de 1968, duvido que tenha passado por suas ébrias cabeças a possibilidade de que aquela aventura marcaria tanto a história do rock a ponto de influenciar gerações e gerações de jovens ao redor do globo. De Ozzy a Marilyn Manson, passando por Dio e Rammstein, praticamente toda a cena Hard e Heavy pescou alguma coisinha de Alice Cooper.

Seria o chapeleiro louco ou a Gretchen???
Dentre todas as crias diretas que tia Alice e seu Shock Rock geraram, poucas se tornaram mais emblemáticas do que o multimídia Rob Zombie. Seja com o White Zombie, seja em carreira solo, Rob sempre fez questão de deixar claro sua idolatria por Alice Cooper, em especial no que tange à produção dos seus shows.

Rob tentando pegar um trampo de Top Model 
Em 2014 tivemos o lançamento em BD e DVD de shows de criador e criatura, Rob com seu primeiro registro em vídeo oficial, The Zombie Horror Picture Show e Alice com Raise The Dead Live From Wacken. Nada mais justo então que a Cripta faça uma dobradinha especial com Alice e Rob!!!!

Shock Rock ontem e Hoje
Banda, som, repertório e performances

Alice e Rob sempre contam com bandas no mínimo para lá de funcionais. Nos dois casos as execuções são clinicamente corretas, com destaque absoluto para o cuidado com a dinâmica das músicas da banda da tia Alice, o que ajuda a tornar as partes teatrais da apresentação ainda mais bacanas e dramáticas. É um show para se apreciar como um todo, e seu repertório pesca pérolas da fase hard (Poison, House Of Fire), mistura com clássicos eternos (Under My Wheels, School’s Out), material recente (Dirty Diamonds) e covers, esses últimos bem inseridos no contexto (My Generation, Another Brick In the Wall). Além de Alice, que usa com perfeição sua limitada e imitada voz, destacaria a presença da pequenina guitarrista australiana Orianthi, que fica à frente dos outros dois bons guitarristas da formação. O som do show é perfeito e a contraparte do pacote em CD duplo ainda apresenta duas faixas a mais.


Rob possui uma banda para lá de competente e que segura muito bem o show, com destaque absoluto para John 5. O vocalista está em ótima forma mesmo aos 50 anos e quica pelo palco mais que cantora de axé no carnaval de Salvador. O som da apresentação é ótimo, mas o show peca um pouco no quesito repertório. Músicas excelentes como Dragula, Super-charger Heaven e Superbeast acabam destoando de coisas menos inspiradas como Ging Gang Gong De Do Gong De Laga Raga (????) e Dead City Radio. No mais, impossível não notar a semelhança vocal entre criador e criatura.


Produção de Palco e reação do Público

A produção de palco dos dois shows é excelente. Na verdade, o show de Rob Zombie parece uma versão atualizada das artimanhas que Alice utiliza desde sempre. Um tem robôs gigantes, o outro, guilhotinas e camisas de força. Tudo bacana de assistir, mas o clima de humor do show de Alice torna as coisas mais interessantes. Quanto à reação da plateia, o show de Zombie leva ampla vantagem, com mulheres histéricas colocando seus peitos de fora contra um público respeitoso e mais comportado, ainda que participativo, no show do Wacken. É a diferença entre tocar exclusivamente para seu público e tocar num festival para um público variado.

Orianthi e Alice
Qualidade de Vídeo e Edição

Nesse quesito, curiosamente o diretor renomado Rob Zombie toma uma lavada. Enquanto o show do Wacken conta com uma excelente qualidade de imagens, sempre cristalinas e com uma edição correta e que destaca as brincadeiras no palco, o show de Zombie fica contaminado por uma edição repleta de efeitos visuais desnecessários, tornando tudo muito cansativo e com aquela cara desagradável de videoclipe estendido. Algumas câmeras, em especial as que captam o público, contam com imagens granuladas que estragam a experiência em HD. Realmente decepcionante se considerarmos se tratar do primeiro lançamento em vídeo para um artista cuja marca é justamente o cuidado visual em suas apresentações.

Duração e Extras

Os viciados em conteúdo adicional ficarão muito decepcionados. No caso de Raise The Dead, há apenas uma entrevista de 20 minutos com Alice Cooper, nada mais. E Zombie decepciona mais uma vez ao não incluir absolutamente nada além do tradicional slideshow de fotos no pacote. Tsc tsc.
Em relação à duração dos shows, os dois ficam próximos de 90 minutos, um pouco mais para Alice, um pouco menos para Rob.

Saldo Final

Os dois lançamentos são divertidos e tem tudo para agradar aos fãs dos respectivos artistas, mas Alice Cooper leva vantagem pelo repertório melhor escolhido (também, convenhamos, o cara tem muito mais material em quantidade e qualidade para escolher), pela edição correta e pela alta qualidade de imagens. Mas que não fique aqui a impressão de que Zombie falhou retumbantemente. É que em termos de shock rock, tia Alice ainda reina absoluta!!!

NOTAS
Alice Cooper - Raise The Dead Live From Wacken – 9
Rob Zombie – The Zombie Horror Picture Show - 7 

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