terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Tygers Of Pan Tang – Ritual (CD-2019)



Tigres Em Alta
Por Trevas

Três anos atrás os veteranos da NWOBHM resolveram soltar um disco homônimo. Como se sabe, no meio do Rock, quando uma banda faz isso, geralmente é o equivalente a botar o pau na mesa. Dito e feito, Tygers Of Pan Tang nos brindou com o material mais forte dos britânicos desde sua era de ouro, na longínqua primeira metade dos anos 1980. O barulho causado pela bolachinha foi tamanho que conseguiu até mesmo o milagre de estabilizar uma formação por dois discos seguidos, algo raríssimo na história dos caras. Novamente apostando na autoprodução, o quinteto se apressou em aproveitar o bom momento, e cá temos Ritual, em lançamento nacional pelas mãos da Hellion Records.

Uma tigela de trigo para três tigres tristes: Tygers 2019
Wolds Apart de cara já põe as garras da banda de fora: um Hard & Heavy viciante com ótimas guitarras e linhas melódicas que grudam de imediato. Ainda assim com espaço para alguma modernidade, vide o riff do início da avalanche de solos do ótimo Micky McCrystal.


Falei em refrão grudento? Te desafio a não sair cantando o de Destiny já pela metade da canção. Outra belezura oitentista com pitadas de AOR que só não soa “velha” devido ao ótimo trabalho da produção (com auxílio da mixagem de Soren Andersen, braço direito do Glenn Hughes), que capricha no punch, captando aquela energia cativante que o quinteto tem ao vivo. Os solos de Micky novamente impressionam: que achado para a banda! 



Aliás, todos estão em ótima forma aqui, mas além de Micky, outra importante peça merece pontos extras: o italiano Jacopo Meille já vinha controlando melhor seu invejável (e por vezes exagerado) alcance vocal. E tem em Ritual sua melhor performance junto à banda. Duvida? O poder de interpretação e versatilidade do cara tornam músicas bacanas como Rescue Me (com algo mais ‘sensual”) e a paulada Raise Some Hell (mais diretona e esganiçada, lembrando muito o estilo do início da carreira da banda) ainda melhores. Spoils Of War chega épica, cadenciada e bem pesada, algo que o Saxon atual bem poderia ter assinado. A primeira metade do disco se encerra com a faixa de trabalho White Lines, tão forte quanto Only The Brave havia sido no disco anterior.


Words Cut Like Knives é uma bela Power Ballad daquelas que parecem receita exclusiva de bandas dos anos 1980. Eu disse anos 1980? É exatamente dessa era que saiu Damn You! Não fosse a produção e a voz de Meille, juraria se tratar de alguma faixa perdida do Spellbound. Já Love Will Find A Way traz novamente a pegada Hard/Heavy, com um teclado singelo bem ao fundo dando um toque AOR a mais uma bela canção. Art Of Noise é a faixa mais moderna e pesada de todo o pacote, mas não soa deslocada e é muito bem-vinda. Como chato que sou, poderia muito bem implicar que o disco é longo demais, 53 minutos para um disco de Heavy Metal tradicional é um exagero e tal, blébléblé-mimimi. Mas aí chega o Tygers e enfia na minha fuça os quase 8 minutos da poderosa Sail On e eu tenho então que me resignar e reconhecer, os caras venceram: Ritual é um puta disco, simples, empolgante e viciante! Forte candidato a melhor de toda a carreira dos caras. Absolutamente imperdível. (NOTA: 9,56)

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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: voz, riffs, cozinha e solos, todos em perfeita sintonia em ótimas canções
Contras: para ser chato: tem 53 minutos, podiam ser menos hehehehe
Classifique como: Heavy Metal
Para Fãs de: Saxon, Diamond Head, Iron Maiden   

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