sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Lacuna Coil – Black Anima (CD-2019)



De Alma Negra Lavada
Por Trevas

Difícil acreditar, mas os italianos do Lacuna Coil já estão comemorando 20 anos desde o lançamento de In A Reverie. Outra das bandas a explorar um território bem mais moderno após figurar entre as trocentas promessas do Gothic Metal no fim dos anos 1990, transição que operou com surpreendente sucesso, mas não sem dividir opiniões entre os fãs, chegam enfim ao seu 9º trabalho de estúdio em um recente espiral crescente de peso. O disco, novamente conceitual, traz o trio principal de fundadores Andrea Ferro (voz), Cristina Scabbia (voz) e Marco Coti-Zelati (baixo e teclados) agora amparados por Diego Cavalotti (guitarra) e Richard Meiz (bateria). A produção ficou ao encargo de Marco, e a temática parece lidar com a dualidade luz/sombra que permeia nossa existência. Na verdade, não muito diferente do mergulho na loucura contido em Delirium, apenas um pouco mais abstrato.

Cris e suas assombrações de estimação
Anima Nera é uma introdução climática, onde Scabbia soa como uma versão sombria da Lady Gaga, preparando o terreno para a pesadíssima Sword Of Anger. Chama a atenção a versatilidade nas vozes da banda: Scabbia cada vez migrando para uma pegada entre o Pop e o Rock e Andrea crescendo consideravelmente de produção, o cara está melhor que nunca, em especial nos guturais. Esse casamento funciona às mil maravilhas aqui, como podemos comprovar na acachapante faixa de trabalho, Reckless.


Primeira das músicas do novo trabalho a ser apresentada, e postulante a clássico imediato, Layers Of Time é das coisas mais pesadas que o Lacuna Coil já fez. Possivelmente o ouvinte casual só vai conseguir identificar a banda no refrão, quando Cristina deposita pitadas de doçura numa trauletada de fazer inveja a muita banda Troozona por aí. Apocalypse baixa um pouco a poeira, mas sem baixar a qualidade.



Now Or Never sobe o tom novamente, pesada e com um riff cortante. Nunca os italianos soaram tão raivosos, em alguns momentos temos a impressão de estar ouvindo os discos mais recentes do Paradise Lost, uma das maiores influências da banda, diga-se. Under The Surface parece querer resgatar um pouco o espírito do Lacuna Coil dos primeiros discos, mas com a nova roupagem, e funciona bem. Outra novidade é o resgate dos solos de guitarra, sempre curtos, mas bonitos, e presentes em maior número que o usual. Veneficium é um espetáculo à parte, unindo o peso atual a um então inédito viés sinfônico. A melhor faixa do disco e uma das mais impressionantes da carreira do quinteto.


Chegamos à reta final do disco e fica claro que o mesmo perde um pouco de fôlego, as três últimas canções soando bem mais calmas que o restante do material. Mas até nisso o Lacuna Coil acerta dessa vez, o trabalho não se estende por tempo demais (como em alguns CDs deles no passado) e quando a faixa título termina, ficamos com a certeza de estar diante do disco mais forte da carreira dos italianos. Surpreendente. (NOTA:  9,27)

Visite O The Metal Club

Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: ainda mais pesado que Delirium, possivelmente o disco mais inspirado da carreira
Contras: apenas continua não recomendável a quem não curte metal moderno
Classifique como: Modern Metal, Gothic Metal, Metal Industrial
Para Fãs de: Paradise Lost, Disturbed 


Nenhum comentário:

Postar um comentário