terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Helloween – United Alive (2x Blu-Ray)



Overdose de Abóbora
Por Trevas

Talvez uma das maiores notícias (e um dos maiores golpes de marketing) da cena metálica internacional desde o anúncio do retorno de Bruce e Adrian ao Iron Maiden em 1999, a fusão de formações de eras diferentes do Helloween gerou a turnê dos sonhos de muita gente que foi criada com a onda Power Metal dos anos 1990. A turnê, Pumpkins United, que começou titubeante devido a problemas de saúde envolvendo Michael Kiske e uma grave acusação de uso desenfreado de Playbacks, entrou logo nos eixos e terminou como um estrondoso sucesso. Claro que, em tempos modernos de grande apelo visual, onde cada movimento em cima de um palco é registrado por inúmeros aspirantes a “cinegrafista de celular”, uma turnê de tamanha importância pedia um registro audiovisual à altura. E cá temos United Alive, lançado em DVD triplo e Blu-ray duplo (aqui analisado), além de opções em Box Set e sua contraparte em CDs, denominada United Alive In Madrid. Disco rodando, vamos às impressões da Cripta para a turma da abóbora teutônica.

O Pacote sob análise
Imagem & Som
O disco 1 representa o set completo da turnê Pumpkins United. Mas as músicas foram escolhidas de 3 shows diferentes. Embora a edição seja competente o suficiente para que isso não venha a causar problemas de continuidade (quase não se sente os cortes quando o show “muda de lugar”), fator importante em qualquer ao vivo que se preze, a alternância de imagens e som entre os shows de São Paulo, Madrid e Wacken, além da óbvia mudança de cenário, ainda fazem com que exista uma diferença entre a qualidade do vídeo e som, ainda que essas diferenças não cheguem a atrapalhar. Pois para nossa sorte as câmeras são de alta qualidade, e em grande número, possibilitando uma edição ágil sem ser cansativamente frenética. Há a inserção de efeitos, em especial flashes em P&B e divisão da tela, mas ocorrem de maneira bacana. E quando o show muda de uma cidade para outra, simpáticas vinhetas aparecem para nos informar o paradeiro atual, com nome da música apresentada. Infelizmente o som já não acompanha a perfeição das imagens, longe de ser verdadeiramente ruim, mas mais próximo de embolado do que se esperaria para uma superprodução. Talvez tenha sido uma opção para deixar o trabalho com mais cara de ao vivo possível. O legal é que os públicos dos três shows, extremamente animados, aparecem consideravelmente na mixagem.


Performances & Repertório
Quem já assistiu qualquer show dos teutônicos, em qualquer era, provavelmente já sabe que instrumentalmente a banda é sempre impecável. A dupla atual de guitarristas, Sascha Gerstner e Michael Weikath abriram espaço para Kai Hansen brilhar, os arranjos para 3 guitarras soando muito melhores do que no caso do Iron Maiden, seja nas faixas recentes, seja nos clássicos da era Kiske/Hansen. É fácil fácil se perder embasbacado nas cascatas de solos dos 3 grandes guitarristas. A cozinha, formada por Dani Loeble e Markus Grosskopf funciona à perfeição, o que não é novidade.



Novidade mesmo, e uma novidade super esperada, é a união dos três vocalistas que já passaram pela banda. Michael Kiske, a cara do eunuco Varys da série Game Of Thrones, está com a voz cristalina e em dia. Mas o careca possui o carisma de uma abóbora cozida. Já o sempre divertido Hansen tem problemas com a voz tem séculos, mas sobrevive surpreendentemente bem aos seus números, quase todos compilados num Medley interessante, além de colaborar bastante nos Backings. Arrisco dizer que a união serviu para que os fãs deem mais valor ao excessivamente criticado Andi Deris – além de estar em sua melhor forma vocal em mais de década, Deris ainda carrega boa parte da atenção do longo show com seu carisma e dinamismo. Os arranjos foram todos muito bem bolados para aproveitar o melhor de cada vocalista, deixando espaço para duetos e momentos solo. Afinal, todos têm direito a descansar um pouco a voz em um set que beira as 3 horas de duração. De resto, a banda demonstra simpatia o show inteiro, além de se movimentar bastante em um palco com produção caprichada. Aos puristas, uma ressalva e alerta: a banda toca atualmente com a afinação 1 tom abaixo do original. A grande maioria das canções funciona sem maiores sustos, mas uma ou outra, mais notadamente Dr Stein, soam esquisitas aos meus ouvidos com essa mudança.


Outro ponto a ser discutido é a escolha de repertório. Claro que cada fã da banda tem seu “lado B” de estimação que pode não ter visto a luz do dia aqui. Mas num show com quase três horas de duração e 25 faixas (fora os trechos inclusos em dois Medleys), há mais Helloween do que a maioria ousaria sonhar. Um repertório bem equilibrado e que consegue o milagre de fazer com que o longo programa nunca chegue perto de ficar cansativo.


Extras
O segundo disco apresenta quatro faixas ao vivo, duas representando versões alternativas (em países diferentes) para músicas presentes no disco 1. As outras duas são faixas que não aparecem no show principal, Kids Of the Century e March Of Time. Qualidade de imagem? Ótima. De som? Boa, como no material do programa principal. De resto, documentários sobre a reunião, com incrível opção de legendas, inclusive para o português! 

Uma união fantástica, só resta saber quanto tempo vai durar
Veredito da Cripta

Um pacote que encapsula aproximadamente quatro horas de material já merece respeito. O que dizer então quando há visível esmero e capricho em cada pedaço do referido material? United Alive é a materialização dos sonhos molhados de qualquer fanático pelo Helloween que se preze. Uma deliciosa e imperdível overdose de abóbora! (NOTA: 10)

Gravadora: Nuclear Blast (importado)
Prós: Overdose de Helloween
Contras: Overdose de Helloween
Classifique como: Heavy Metal, Power Metal
Para Fãs de: Gamma Ray, Heavens Gate


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