quarta-feira, 21 de março de 2018

Beth Hart & Joe Bonamassa – Black Coffee (CD-2018)

Beth Hart & Joe Bonamassa - Black Coffee
Café Expresso do Bom
Por Trevas

Joe Bonamassa alardeou por aí anos atrás que seus dias de workaholic estavam contados. Uma das figuras mais prolíficas de sua geração, Smokin’ Joe chegou a ter média de 3 lançamentos por ano. Agora as coisas entraram nos eixos e o irrequieto bluesman se contenta em lançar apenas um ou dois trabalhos por ano com seus diversos projetos, ufa. Black Coffee é o terceiro lançamento do estadunidense com a cantora compatriota Beth Hart. O projeto já havia rendido um excelente trabalho de estreia, Don’t Explain, e outro decepcionante, Seesaw. A despeito dos diferentes resultados, o modelo se repetiu nos dois discos, e é aqui replicado: covers de clássicos e lados B do Soul e do Rythm & Blues. Novamente sob a batuta de Kevin Shirley e contando com uma banda de músicos de estúdio. Vamos ver se dessa vez o caldo não entorna.

Joe e Beth

Give Everything You Got (ver vídeo) mostra que a fórmula de arranjos de Seesaw se repete, ao menos em alguns números, com saxofone, trompete e trombone e backing vocals bem altos no mix. A música, de Edgar Winter, é ok, e Joe detona no solo. Ainda assim, um início que não me empolgou.



Damn Your Eyes, música que fez sucesso na voz de Etta James, já aposta na fórmula que funcionara tão bem no disco de estreia, uma canção mais dramática e soturna, o que casa muitíssimo com a interpretação da moça e com o feeling do nerdão.

Hora do café preto do título (ver vídeo), cortesia de grãos selecionados por Ike & Tina Turner. Uma boa faixa, com uma slide guitar bacana e bons arranjos, que empalidece severamente diante do brilhantismo que a dupla impõe à balada Lullaby Of the Leaves, de Connee Boswell. O climão de cabaré esfumaçado dá as caras em Why Don’t Do Right, de Lil Green, absolutamente deliciosa.


Repleta de elementos gospel e gravada originalmente por LaVern Baker, Saved é bacana e conta com uma bateria bem interessante por parte do pistoleiro de aluguel Anton Fig (fiel escudeiro de David Letterman na banda residente de seu programa, além de ter gravado com 789 artistas). Sitting On Top Of The World é outra balada climática que, embora funcione menos que as anteriores, dá bom espaço para Joe contracenar com o hammond de Reese Wynans (que tocou no Captain Beyond!). Joy (famosa na voz de Lucinda Williams, ver vídeo) é divertida e cheia de groove, trazendo um solo diferente de Bonamassa.



Segundo número originalmente gravado por LaVern Baker presente no disco, Soul On Fire é uma canção bonita e que funciona bem no respeitoso arranjo escolhido. A edição padrão termina com Addicted, de Klaus Waldeck, com um clima que destoa um pouco do resto do material, mas que ainda assim funciona na voz encardida e algo sexy de Beth Hart.

Beth & Joe

Veredito da Cripta


Black Coffee parece intencionalmente apostar na fusão de elementos dos dois trabalhos anteriores da dupla, tanto na escolha das músicas quantos nos arranjos. A aposta funcionou, e esse terceiro disco, se não é memorável como Don’t Explain, ao menos é extremamente agradável aos ouvidos.  


NOTA: 8,25

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Gravadora: Mascot Music Productions (importado).
Pontos positivos: boa escolha de músicas e a bela voz de Beth Hart 
Pontos negativos: os arranjos de big band em algumas músicas
Para fãs de: Gary Moore, Etta James, Joss Stone
Classifique como: Soul, Blues




2 comentários:

  1. Eu curto o Seesaw; não é assim a maior maravilha do mundo, mas não achei decepcionante, não.
    Bela resenha, caro trevoso.
    Valeu!!!
    ML

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    Respostas
    1. Fala, Lacerdão
      Seesaw fincou muito os pés naquele som de big band cheio de metais, não é nem de longe algo que eu curta. E o primeiro, extremamente melancólico, casou muito melhor com os dotes da dupla.
      Esse aqui acerta a mão, trazendo elementos dos dois.
      Abraço
      T

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