segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Saxon – Solid Book Of Rock (Box Set - 2017)

Saxon - Solid Book Of Rock (Box Set - 2017)




As Verdadeiras Crônicas Saxônicas
Por Trevas

Um fóssil vivo de uma era perdida do rock pesado, o Saxon sempre conseguiu se virar, independente das modas e reviravoltas da indústria musical. Resiliente e determinada, a trupe de Biff Byford também anda bastante antenada com um fenômeno que assola no mercado musical atual: os consumidores de mídias físicas, cada vez mais raros, estão também mais exigentes em relação ao material em que vão investir suas economias. Pensando nisso, a banda recorrentemente vem lançando boxes variados, a maioria apostando em compilados de apresentações ao vivo. Mas aqui temos um ser diferente dentro do bestiário Saxônico: uma caixa contendo os 9 Cds que a banda lançou sob a batuta da Virgin Records, mais 2 Cds bônus e 3 DVDs bônus. Sim, 14 disquinhos para fazer qualquer fã babar até quase se afogar. Como é hábito na Cripta, primeiro vamos avaliar a apresentação do pacote, depois farei um apanhado da qualidade do material audiovisual encartado.


Vista interna do belo Box


Apresentação

O pesado box é todo feito de um sólido (oops) papel cartão, muito resistente e bonito. Ao abrir o box, nos damos de cara com uma dedicatório de Biff. A partir daí o padrão de apresentação é: uma folha contendo a contracapa de 4 Cds, e a folha seguinte contendo os respectivos Cds envelopados em slipcases. A proteção de cada bolachinha está garantida devido ao material robusto. Ao final, duas folhas de fotos e uma grande aba protegendo o imenso encarte, mais uma reprodução da arte de capa em papel cartão, com autografo à mão (em caneta dourada) do próprio mítico vocalista. No encarte, temos as capas reproduzidas em tamanho da capa de um vinil, somadas ás informações técnicas e letras para cada álbum. Tudo com imensa qualidade de impressão e transpirando durabilidade. Quem quiser checar o Unboxing, segue no vídeo abaixo!  





Os Discos


Disco 1: Solid Ball Of Rock (1990) foi o disco de redenção da banda após alguns anos e vários lançamentos que almejavam o mercado estadunidense, voltados para uma sonoridade mais antenada com o Hair Metal que virara moda lá para aqueles lados. Então quando o disco começa com um som algo sintetizado, a impressão é de que teríamos mais uma “bola fora”. Para nosso deleite, o que se segue é uma aula de Hard/Heavy bem ao estilo Saxon, emoldurado pela faixa título, uma ode ao Rock And Roll com cara de AC/DC. O disco, que começa matador e cai um pouco em sua segunda metade, marcaria a estreia do tresloucado Nibbs Carter no baixo, que já de cara assinara três das músicas da bolachinha. Um promissor retorno às origens. As duas músicas bônus inclusas são a versão single para Requiem, pouco diferente da original, e a dispensável Reeperbahn Stomp. Faixas de destaque: Solid Ball Of Rock, Altar Of The Gods, Requiem, Lights in The Sky (NOTA: 8,60)


Disco 2: Eu disse que Solid Ball Of Rock foi um promissor retorno às origens? Pois então o disco seguinte, Forever Free (1992), tratou de ser um tremendo balde de água fria. Produção magrinha (“cortesia” de Biff com Herwig Ursin) e músicas pouco inspiradas fizeram desse um dos piores discos do Saxon em todos os tempos. Não é que as músicas sejam exatamente horrorosas (ok, Grind é realmente ruim...), e até que a faixa título e Iron Wheels mereceriam uma vez ou outra serem tocadas ao vivo. É que além das músicas citadas e um ou outro trecho, tudo aqui soa bem mediano mesmo, simplesmente esquecível. De faixas bônus, temos boas versões ao vivo para Princess of the Night e Forever Free. Faixas de destaque: Forever Free e Iron Wheels (NOTA: 6,84)


Disco 3: A redenção não se fez por completo, mas teve um ótimo início com Dogs Of War. A faixa título, Great White Buffalo e Burning Wheels se encaixam no hall das melhores músicas da banda. Mas temos também coisas bem menos interessantes, como Give It All Away e a chatíssima Walking Through Tokyo, fazendo deste um disco um pouco desigual. Não ajuda em muito a produção ainda sem tanto punch, de Biff ao lado de Rainer Hansel. De faixas bônus, temos versões ao vivo para Great White Buffalo e Denin And Leather. Faixas de destaque: Great White Buffalo, Burning Wheels e Dogs Of War. (NOTA: 7,74)



Disco 4: Composto após uma briga bastante feia que culminou com a saída de Graham Oliver do Saxon, Unleash the Beast representa o renascimento da banda para uma nova geração de fãs, a geração Power Metal. A produção encorpada de Kalle Trapp fica evidente logo de cara, na veloz e ótima faixa título. Mas dessa vez a companhia é excelente e temos pérolas como Circle Of Light, the Thin red Line e Cut Out The Disease (escrita em “homenagem” a Oliver), todas com uma roupagem que fazia um meio termo entre o som típico do Saxon e as produções europeias da época. Enfim, Unleash se tornou um dos grandes destaques da discografia da banda e fez com que as turnês passassem a incluir territórios antes inexplorados (América Latina inclusive). Faixas de destaque: a porra toda!! (NOTA: 9,30)


Disco 5: falei em modernização do som do Saxon? A mesma é levada um passo adiante em Metalhead, através da produção para lá de caprichada do saudoso Charlie Bauerfeind, que trabalharia outras vezes com a banda. A faixa título é um clássico absoluto da banda, e ganha a impressionante companhia de pesos pesados como All Guns Blazing, Song Of Evil e a épica e fenomenal Sea Of Life. A veia Hard aparece em What Comes Around, já a Power Metal Conquistador dita o caminho que a banda escolheria pelos próximos dois discos. É a primeira das bolachinhas inclusas no pacote a não apresentar nenhum material bônus. Um ótimo disco, que infelizmente é pouco lembrado dentro da discografia dos britânicos. Faixas de destaque: Metalhead, Song Of Evil, Sea Of Life. (NOTA: 8,83)


Disco 6: lembra ali em cima quando falei que Conquistadores ditaria os novos rumos do som do Saxon? Pois é. Com a produção correta nas mãos de Biff, Killing Ground é o primeiro dos discos da banda a deliberadamente cruzar o som tradicional dos britânicos com o Power Metal Europeu, que vivia um momento de destaque ao redor do globo. À época, eu, saturado dessa cena, vi a mudança com péssimos olhos, o que me levou a abandonar os lançamentos dos caras por muito tempo. Mas escutando hoje em dia, vejo que minha reação foi absolutamente desmedida. A faixa título é mais um clássico da banda pronto para o repertório em qualquer turnê que viesse a partir daí. A inusitada versão para Court Of the Crimson King (do King Crimson) ficou igualmente sensacional. E apesar de material como Dragon’s Lair flertar demais para meu gosto com os Hammerfalls da vida, a banda ainda reservou sua mistura de rock com Metal em coisas como Comin Home e Running For The Border. Um bom disco, enfim. Faixas de destaque: Killing Ground, Court Of the Crimson King, Running For The Border, Shadows On The Wall. (NOTA: 8,54)


Disco 7: Classics Re-Recorded é o disco bônus originalmente encartado em algumas edições especiais de Killing Ground. Traz oito faixas clássicas (dã) da banda em rendições fiéis executadas pela então formação mais atual do Saxon. Não entendi bem o por quê desse disco estar no box, já que ele servia como um aperitivo para o duplo Heavy Metal Thunder, que continha bem mais material clássico regravado e inexplicavelmente não aparece por aqui. De qualquer forma, as regravações são respeitosas demais e ficam sempre aquém das originais. Não é ruim, apenas desnecessário. (NOTA: 7,00)



Disco 8: hoje me pergunto como pude ser tão idiota de ter deixado Lionheart passar batido à época de seu lançamento. Pois é. Ainda com a ideia de que a banda queira virar o Hammerfall, um disco produzido por Charlie Bauerfeind com o péssimo Jörg Michael na bateria e com temática calcada no passado medieval da Grã-Bretanha me pareceu xarope demais. Ah, se eu tivesse ao menos dado a chance para trauletadas como Witchfinder General, English Man O’War ou Man And Machine, ou para as épicas e sensacionais Searching For Atalntis e Lionheart. Pois é, por sorte tive tempo de me redimir e virar fã incondicional desse que se trata de um dos discos mais vigorosos da banda até hoje. Faixas de destaque: Witchfinder General, Man and Machine, Lionheart, Searching For Atlantis. (NOTA: 9,34)



Disco 9: o nono disco do pacote é a versão “rough mix” para Lionheart. As faixas são exatamente as mesmas e estão na mesma ordem que a bolachinha traria em seu lançamento. Um material curioso, mas duvido que alguém vá fazer mais que uma ou duas audições dele, apenas para verificar as diferenças para a mixagem final, que nem são tão brutais assim.

Disco 10: Tenho um carinho muito grande por The Inner Sanctum, por se tratar do disco que me trouxe de volta ao Saxon após um período de pinimba gratuita. É também o disco que marca o retorno do excelente Nigel Clockler à banda. Sua aura sombria sempre me agradou, fazendo este um disco com uma cara bem única dentro do bestiário saxônico. Méritos para a excelente produção de Mr. Bauerfield, que fez seu melhor trabalho junto à banda em termos de sonoridade. Não sei se foi a empolgação pelo retorno do baterista clássico à banda, mas a batera de Glockler bate tão fundo na mixagem que parece que o aparelho de som vai quebrar. Temos uma penca de material épico, sombrio e climático (como Atila The Hun e State of Grace) misturada a alguns rockões puros (Going Nowhere Fast), todos executados com imensa energia.  Faixas de destaque: Atila The Hun, State of Grace, Red Star Falling, If I Was You. (NOTA: 9,22)


Disco 11: Into the Labyrinth é o último trabalho de inéditas incluso no pacote. Seu início com a sombria, climática e pesada Batallions Of Steel parece remeter a uma continuação sonora do disco anterior. O que não pode ser considerado exatamente ruim. Fato que o disco parece um Inner Sanctum parte 2, só que menos inspirado. E talvez essa repetição da fórmula tenha feito com que esse tenha sido o último trabalho do Saxon junto ao produtor Charlie Bauerfeind. Longe de ser um disco fraco, Into the Labyrinth pode ser apreciado sem problemas, apenas não tem lá muitas faixas que mereçam ganhar o set ao vivo da banda.  Faixas de destaque: Battalions of Steel, Demon Sweeney Todd, Valley of the Kings. (NOTA: 8,00)






Os DVDs:

O disco 12 é o DVD que vinha encartado na edição deluxe de Lionheart. Ele traz o Making Of do álbum, mais uma versão ao vivo da faixa título, o vídeo para Beyond the Grave e uma mixagem em alta resolução para o Lionheart. Melhor se sai o disco 13, um DVD que vinha em algumas edições de Inner Sanctum (inclusive a nacional). Nele temos o especial A Night Out With The Boys, contendo entrevistas entremeadas com 7 músicas ao vivo pouco tocadas pela banda. Muito bom. O último disco é o DVD originalmente encartado na edição especial de Into the Labyrinth. No material, temos Biff falando sobre cada música do disco, um pequeno documentário sobre a engenharia de luz e som que envolvem os shows da banda e um curta espanhol onde Biff interpreta o rei Arthur. Bizarro.


Veredito da Cripta

Solid Book Of Rock é um box muito bem feito e que encapsula uma fase bastante prolífica de uma banda clássica da história do Heavy Metal. Talvez a maioria dos fãs de carteirinha já tenha boa parte dos Cds aqui presentes, nesse caso, o material audiovisual extra não se faz exatamente imperdível, embora certamente para lá de satisfatório. Mas se você não possui os discos dessa fase, não perca seu tempo, é garantia de muita diversão embalada cuidadosamente em muito luxo. Excelente! 


NOTA: 10

Gravadora: Edsel Records (Iportado).
Pontos positivos: excelente embalagem, ótimos discos e autógrafo de Biff
Pontos negativos: não traz nenhum grande atrativo aos fãs de carteirinha fora a apresentação.
Para fãs de: Iron Maiden, Riot, Judas Priest
Classifique como: Heavy Metal

5 comentários:

  1. Nunca fui muito fã deles, muito por causa do timbre vocal do Biff, q parece uma velha gasguita reclamona; depois, qdo vi alguns vídeos deles tocando me gritava uma impressão q permaneceu por muito tempo em minha cabeça: "we're in it for the money" - me parecia q eles faziam aquilo tudo meio q por obrigação, como se fossem funcionários públicos concursados, meio deslocados, e o visual deles ainda ajudava muito pra aumentar essa sensação; me passava a sensação de q estavam fazendo aquele tipo de música meio contra a vontade deles, mais pra seguir uma tendência do mercado do q por tesão e vontade em si.
    Apesar disso, não há como não gostar de uma pancada de músicas deles das antigas, claro, lógico, of course... Dessa época, "Power & The Glory" era o meu preferido.
    Mas, pelo menos pra mim, a coisa começou a degringolar a partir do "Innocence Is No Excuse" e se tornou irremediavelmente merdolenta a partir do "Rock the Nations" e "Destiny" matou a banda pra mim. Desde então, o único disco q cheguei a escutar por inteiro, uma única vez, e achei bem marromeno, foi o "Killing Ground".
    Lendo essa sua resenha me veio a vontade de escutar porra toda - como tenho feito com várias bandas ultimamente. Vamos ver...
    Valeu, mizifio!!
    Abs!!!
    ML

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    1. Fala, Marcello!
      A voz de tia velha do capitão monocelha é inegável. Mas, sabe-se lá o por quê, eu gosto muito.
      Sobre eles ao vivo, já tive a oportunidade de assistir eles, em 1998, e foi absurdamente foda. Talvez você tenha visto shows mais daquela fase do final dos anos 1980, quando a banda efetivamente esteve meio perdida.
      Não odeio a tríade Innocence, Rock the Nations e Destiny, mas a banda nunca mais fez nada nessa linha, pode ficar tranquilo.
      Abraço
      Trevas

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  2. Muito bom hem?! Fiquei tentado. Abraço; Julio.

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    1. Fala, Julio
      Vale a aquisição, ou ao menos, relembrar na internet esses discos hehehehhe
      Abraço
      T

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  3. Bacana esse box. Apesar de ter a maioria dos discos que vem nesse box em versões limitadas com os dvds mas fiquei tentado em comprar.Pena que é bem caro.

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