quarta-feira, 22 de julho de 2020

Heavy Duty: Days and Nights in Judas Priest - K.K. Downing + Mark Eglinton (Livro-2018)





Texto por Moisés Cipriano (mentor e fundador do The Metal Club)
Moisés, nosso convidado especial

Para quem gosta de heavy metal, Judas Priest é uma entidade e encontra-se normalmente no topo das bandas preferidas. Foi essa a razão que me fez correr atrás de um livro que explicasse mais em detalhes as origens da banda. E nada como ler diretamente do fundador, do membro mais antigo da banda, daquele que pegou o nome emprestado e definiu o visual da banda. O livro, em inglês, se chama Heavy Duty – Days and Nights in Judas Priest. O livro contém uma série de fotos legais no meio dele que não me atrevo a rebater, por questões de direitos.

O objetivo dessa resenha não é traduzir o livro, pois seriam quase 300 páginas, mas sim dividir algumas histórias que guardarei na memória e fazer um pequeno resumo desse belo livro que, por enquanto, não possui sua versão em português.

- K.K. Downing nasceu como Kenneth Downing Jr., ou Ken, em 27 de outubro de 1951 em Black Country, West Bromwich, Inglaterra.

- Ken ficou louco com o som da guitarra de Jimi Hendrix, em especial, Foxy Lady. Ele teve o privilégio de ver alguns shows do mestre quando jovem e isso o influenciou bastante o querer tocar guitarra.

- O ambiente em sua casa era hostil. Não havia amor. Seu pai o proibia de interagir com outras crianças por motivos psicológicos. O cara era um vagaba e apostava o que conseguia do governo em cães e cavalos. Eram pobres e moravam um pouco afastados, na região central da Inglaterra em um ambiente industrial. Bem Heavy, né?

- Com amigos, fez uma viagem louca pela Europa, foi parar na Alemanha e, quando finalmente, retornou à sua cidade, perdeu o bom emprego de cozinheiro que tinha em um bom hotel.

- Al Atkins já tinha um nome na cena local e junto com K.K compuseram as primeiras canções do Judas Priest. Sem novidade. Todo mundo já sabia.

- Após alguns shows com Al Atkins, a falta de grana falou mais alto para quem já estava em outra fase da vida. Sem vocalista, K.K. recebeu a dica de uma amida da namorada e bateu na porta de Rob Halford.

- O contrato para a gravação do 1º álbum Rocka Rolla foi conseguida através da ralação dos shows e antes da entrada de Glenn Tipton na banda. Momento bom para entrar numa banda. O Budgie era uma das bandas parceiras para as quais o Judas abria os shows.

- Junto com o esforço e alegria de um primeiro contrato e primeiro álbum, veio a decepção da mixagem ruim. Lição aprendida sobre a importância da mixagem logo de cara.

- E a grana? Que grana? Veio então com o 2º álbum Sad Wings of Destiny? Sem chance. A coisa só começou a entrar de leve quando trocaram para Sony/CBS e gravaram Sin After Sin. Com ele, fizeram uma pequena tour no U.S.

- A relação difícil com Tipton vem dos primórdios com a divisão injusta dos solos e inicio do domínio de Tipton sobre a banda. O perfil de K.K. nunca foi de confronto dado tudo que passou e teve que enfrentar dentro de casa quando criança.

- O visual da banda na década de 70 era disparate. A imagem e as roupas que definiram o heavy metal vieram de K.K. Downing. Ele definiu a imagem do Judas e a imagem do metal. Halford comprou logo de cara a ideia das roupas de couro, tachas e chicote. Por que será?

- O Judas sempre valorizou as bandas de abertura assim como foi valorizado pelas bandas do início do movimento no início da década de 70. Mas a treta com o Maiden foi real. Segundo a versão deles, Paul Di’ Anno e cia eram meio metidos e intrusos, o que nunca favoreceu  uma boa relação entre as bandas.

- Ibiza na Espanha foi o paraíso onde foram gravados Point of Entry, Screaming for Vengeance, Defenders of the Faith e outros.

- Assim como li em outros livros, a importância do US Festival e a ostentação de chegar de helicóptero e ver um planeta inteiro em um festival é inesquecível para os músicos que fizeram parte do festival.

- Turbo foi polemicamente um sucesso. Sintetizadores não foram um problema só para o Judas. Ahhh conhecem Top Gun? Pois é, a banda não topou entrar na trilha do filme. Bola murcha.

- A banda sempre soube e respeitou a posição sexual de Rob Halford. Bola dentro.

- A tour com Motorhead e Alice Cooper foi o fim da banda. Desgaste de relacionamento, confusões, brigas e acidente no palco determinaram a saída de Halford antes mesmo de K.K. entregar sua própria carta de demissão - carta essa que só seria entregue muitos anos depois em sua aposentadoria do Judas.

- Ralph Scheepers foi sim cogitado. Ripper entrou e foi importante para a banda. Manteve a chama acesa e fez seu papel da melhor forma possível. Profissional na entrada e saída.

- Com o retorno de Halford, a banda voltou com força nos festivais e lançou Angel of Retribution que continha material da fase Screaming for Vengeance como, por exemplo, Judas Rising, que quase virou o título do álbum, o que estaria totalmente com a temática metal-religiosa da banda ao longo dos anos.

- Nostradamus é um álbum bem valorizado por K.K que, segundo ele, não funcionou ao vivo e perdeu uma grande oportunidade cênica e teatral que poderia ter marcado ainda mais o Judas.

- O livro termina com a carta de demissão ou aposentadoria em Abril de 2011. Será? Termina com algumas histórias da vida como ela foi pós-Judas e algumas frustrações superáveis em especial com o documentário Heavy Metal Britannia onde K.K. não foi convidado para contar a origem do metal na Inglaterra industrial. Eu assisti ao documentário e recomendo.

- Em resumo, um metaleiro com infância difícil, guerreiro, riffeiro, determinado, que ajudou as mulheres e pessoas que passou pela sua vida e, mais do que tudo, contribuiu para a solidificação do heavy metal e de sua imagem.





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