terça-feira, 30 de abril de 2019

Candlemass – The Door To Doom (CD-2019)



A Porta Da (Des)Esperança
Por Trevas

Confesso que o anúncio do 12º disco de estúdio da lenda sueca do Doom Metal me deixou tão animado quanto um convite para uma feijoada vegana à base de jiló. Não me entendam errado, amo Candlemass e acho a discografia dos caras matadora até Death Magic Doom, de 2009. O problema é que, de lá para cá, o dono da bola, Leif Edling, parece ter perdido o rumo. Envolto em sérios problemas de saúde (que praticamente encerraram sua jornada nos palcos), e titubeante em encerrar ou não em definitivo as atividades do Candlemass, Leif passou a compor e gravar discos para diversos projetos, com resultados diversos em termos de qualidade. E essa inconsistência atingiu em cheio sua banda principal, que teve uma aposentadoria melancólica (com o medíocre Psalms For The Dead) interrompida por dois Eps algo burocráticos (na voz de Mats Levén). E se o anúncio de que o novo trabalho Full Length teria como trunfo o retorno de Johan Längqvist (que eternizara sua voz no clássico absoluto Epicus Doomicus Metallicus, de 1986) ao microfone parecia promissor, a arte gráfica burocrática e o nome tacanho (Door to Doom?!?Sério?!?) me fizeram temer por mais um disco “para cumprir tabela”. Graças a Odin eu provei mais uma vez estar epicamente enganado...


Leif and The Car Of Doom - Candlemass 2019


Microfonia a postos, riff monolítico e andamento de tartaruga sifilítica. Bela introdução, mas Splendor Demon Majesty acelera e a ótima voz de Johan (parecendo uma improvável versão demoníaca de Roy Khan) nos joga na cara: com todo respeito a Mats Levén e Robert Lowe, o Candlemass achou novamente sua voz. Os arranjos épicos emulando uma orquestra satânica pontuam dramaticamente uma faixa que talvez não soasse tão perfeita nas vozes dos vocalistas citados. O clima de Epicus Doomicus Metallicus é conjurado na bela melodia, declamada sobre um dedilhado misterioso na introdução, da apoteótica Under The Ocean, que logo assume um peso digno de um peido carregado do Godzilla.



Confesso que nesse exato momento eu estava a procurar meu cu, recém caído da bunda, quando AstorolusThe Great Octopus (que nome brilhantemente idiota!) varreu meus tímpanos da face da Terra. Ao longo das décadas, muitos acusaram Leif Edling de fazer do Candlemass um eterno tributo ao Black Sabbath. Senhores, vocês estão certos, mas fodam-se, solenemente. Pois Leif traz nessa faixa o próprio Iommi para carimbar sua obra, com um daqueles solos que só poderiam ter saído do bigode do “criador” do heavy metal como o amamos.



A produção do disco é seca, pesada e sombria, como pede o figurino. O produtor, Marcus Jidell, já trabalha com Edling (também como guitarrista) tem um tempo, seja no Avatarium (ele é esposo da cantora, que faz backing vocals aqui) ou no Doomsday Kingdom), então sabe exatamente como agradar bem o patrão. E o rapaz tira um ótimo som, sem frescuras, potencializando o poder de fogo dos veteraníssimos Mappe e Lars (guitarras) e Jan Lindh. Mas nem só de trauletadas vive a bolachinha, que tem na viajante balada Bridge Of The Blind um de seus mais belos momentos, coroando o retorno estelar de Mr Längqvist.



A pressão retorna em Death’s Wheel, com aquela queda de andamento no refrão bem típica da banda, uma faixa que parece saída do pesadíssimo disco homônimo de 2005. Até aqui The Door To Doom soa tão perfeito que até a boa Black Trinity parece representar uma enganosa “queda” de qualidade. E se você acha que estou exagerando sobre o quanto Johan fez bem à banda, ouça a nova rendição para House Of Doom e contemple o quanto ela soa absurdamente melhor que na versão do Ep homônimo. Logo em seguida a belíssima e épica The Omega Circle encerra os 49 minutos da bolachinha com maestria, nos lembrando mais uma vez que estamos diante de um dos grandes momentos da carreira da banda.



Veredito da Cripta

Épico, Doom e Metal para caralho. Se você ama heavy metal, faça um favor a vossa existência patética e corra atrás de uma cópia desse CD, que é desde já um dos melhores trabalhos de toda a discografia do Candlemass. Fortíssimo candidato a disco do ano!


NOTA: 9,75


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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: tem as melhores composições de Leif desde o disco homônimo, a voz de Johan
Contras: a produção pode soar preguiçosa a ouvidos mais frescos
Classifique como: Doom Metal
Para Fãs de: Black Sabbath, Saint Vitus

4 comentários:

  1. Depois de "andamento de tartaruga sifilítica" eu nem quis ler mais nada!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Vou escutar saporra, depois te digo se curti.
    Abração

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  2. Faz uma critica do novo álbum do Whitesnake 👍

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