domingo, 9 de setembro de 2018

Paradise Lost – Medusa World Tour (31/08/2018 - Teatro Rival – Rio de Janeiro/RJ)





Deliciosamente Miserável
Fotos e texto miserável por Trevas

Sexta-feira à noite talvez seja tradicionalmente o momento menos Doom de uma semana, e se do lado de fora do sempre agradável Teatro Rival centenas de pessoas tomam as ruas em busca de cerveja, conversas e relacionamentos que os levem para longe de suas vidas miseráveis, dentro do Teatro temos o inverso, pessoas felizes e ansiosas justamente para serem arremessadas em uma atmosfera depressiva e...miserável. Sim, a casa, com um bom público, aguarda a chegada de mais um show dos mestres do Doom/Gothic Metal, os britânicos do Paradise Lost.

Miserável Quinteto
O quinteto adentra o palco com apenas um par de minutos de atraso, ao som de From The Gallows, e algo parece não clicar. Talvez seja o semblante pouco confiante do rabugento vocalista Nick Holmes, visivelmente incomodado com a torrente de feedback que toma o som da casa cada vez que ele ousa atravessar o meio do palco com seu microfone, talvez seja simplesmente o fato da banda estar afastada dos palcos há quase 20 dias. Difícil dizer. Após uma breve introdução na qual Nick faz sua primeira intervenção de um seco humor tipicamente britânico, Gothic toma de assalto a casa e a receptividade por parte do público desmonta por absoluto qualquer eventual sensação de que a noite não funcionaria. One Second causou terror nos Headbangers quando foi introduzida ao mundo 21 anos atrás, hoje é cantada em uníssono, o que mostra o quanto público de Heavy Metal evoluiu (e a receptividade para a dançante Erased? Quem diria?). A emoção era palpável, em especial no rosto do simpaticíssimo Aaron Aedy, que agita sua calva e reluzente fronte a cada música, cantando de coração cada letra e agradecendo aos fãs com um sorriso no rosto a cada intervalo.

Aaron, miseravelmente feliz. Talvez seja demitido...
Greg Mackintosh continua com sua aura mutante e algo perigosa, comandando as guitarras solo, quase inaudíveis do lado onde eu estava do palco. Stephen Edmondson capricha nos graves que fazem tão bem a esse tipo de som, com seu semblante quase impassível. O jovem finlandês Waltteri Väyrynen é mais um de uma longa lista de bateristas que faz o Paradise Lost enrubescer até o Spinal Tap, e sua performance não compromete, embora fique claro que o garoto (ainda) não tem a mão necessária para os números mais carregados no Doom. E eles estão presentes em profusão no repertório, representados por Medusa, An Eternity Of Lies, No Hope In Sight e a apoteótica Beneath Broken Earth. Entre elas Nick Holmes, com sua voz limitada funcionando cada vez melhor ao vivo, destilava tiradas intencionalmente mal-humoradas, sempre seguidas de um olhar de soslaio aos colegas de palco e um sorriso que era um leve esgar, como quem dissesse “nossa, essa foi péssima”. A palavra “miserável” foi citada tantas vezes quanto “Love” num show do Whitesnake. “Essa próxima música nós tocamos todo show tem só uns 20 anos, mas que parecem centenas”, diz Nick sobre seu entusiasmo por tocar As I Die pela bilionésima vez. “Essa música que nós tocamos é tão miserável que fará a próxima parecer pop e feliz, só que não”. “Essa música é sobre morrer, pois estamos todos morrendo não é mesmo, isso se vocês já não morreram”. “Quem esteve no show de 1995? Ah, que bom que vocês ainda não morreram”. Sim, o arsenal de tiradas de humor negro parecia interminável, mas o auge foi a dedicatória de uma música do set (não lembro qual) à (inexistente) banda de abertura, nomeada Cryptic Penis. Nick é estranho...

Para nossa sorte, o humor miserável de Nick Holmes não cabe na foto 

O show, de 90 minutos de duração foi suficientemente diferente dos anteriores na cidade, o que fez a felicidade de boa parte do público, que cantou cada letra e se retirou com um sorriso miserável do rosto ao final abrupto com a manjada Say Just Words. As reclamações existiram, todas centradas na ausência de material de um ou outro disco, algo corriqueiro para uma banda com tantos discos lançados e que mudou consideravelmente seu som entre um e outro desses trabalhos. Mas nada que apague a realidade, foi mais um miserável showzaço dos britânicos (NOTA: 9,00)  




É, meu celular só permite fazer fotos miseráveis, vou me matar e já volto...






4 comentários:

  1. ha ha ha Ao contrário das piadas aparentemente sem graça do Sr. Holmes, seu bom humor sempre é contagiante, Señor de Las Tinieblas ha ha Mais uma ótima resenha. Abração!
    Ps: "Erased' : tirem o tapete!

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  2. "Aaron, miseravelmente feliz. Talvez seja demitido..."

    Com esta frase, cai por terra qualquer tentativa de comentar de forma mais sarcástica... Huahuahuahuahuahuahua

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