sábado, 4 de agosto de 2018

Aglarion – Beyond The Void (Cd-2018)



Um Incidente Incomum Em Um Planeta Distante...
Por Trevas

Às vezes a vida nos prega umas peças. Estava eu a fazer um show com minha banda tributo ao Black Sabbath e Ozzy, a Blizzard Of Ozz, num domingo. Um amigo e ex-colega de paleontologia (sim, vejam só, já trilhei esse caminho bacana), hoje um renomado pesquisador/professor, cantava cada música a plenos pulmões lá da plateia. Começamos a tocar Crazy Train, chamo ele ao palco, enquanto faço um stage dive. O cara detona. O show estava sendo filmado, a filmagem vai parar no Youtube. Uma banda de progressivo procurava um vocalista, viu o vídeo e bum, deu o clique. Leo Avilla é o nome do dono da bela voz. Aglarion o nome da banda. E eu me tornei um orgulhoso padrinho incidental.

A Aglarion surgiu em 2012, quando um grupo de amigos repleto de influências em comum decidiu montar uma banda de Metal Progressivo. O nome escolhido, o de um planeta fictício que flutua num oceano de luz numa galáxia distante. A intenção de suas composições? Mesclar arte e ciência nas temáticas e letras. Diversas formações se passaram até que eles enfim resolvessem gravar seu primeiro Cd, Beyond The Void. Por enquanto eu sou um dos poucos com acesso ao material, que sairá até o final de 2018. E vou então contar de primeira mão um pouco do que espera vocês.


Beyond The Void, o disco

Dharma, a instrumental que abre o disco, é uma verdadeira salada de referências progressivas. De Marillion a Genesis, passando por Kansas e Eloy, há de tudo um pouco para os fãs do estilo nos temas inclusos em seus belos 5 minutos. Innonimata, um reflexo sobre a natureza belicosa dos homens, inicia com uma parte falada e clima espacial e ritmo marcial, quebrados pela primeira aparição da voz de Leo Avilla. Um belo timbre que em muito lembra o saudoso Mac, do Threshold, com linhas melódicas dramáticas que agradarão aos fãs dos melhores momentos do Arena. Ótima música, repleta de dinâmica, um tema de teclado que gruda na mente (e que poderia estar tanto numa música progressiva quanto numa canção do My Dying Bride) e belos solos.

Sinos e efeitos sonoros, um belo timbre de guitarra e começa a instrumental Streets Of Salem, repleta de reviravoltas. Ao que tudo indica, a curta e épica We Are The Ones, cujo subtítulo é Koyaanisqatsi, tem sua letra baseada no filme cult homônimo, que expunha uma visão muda sobre as relações entre a humanidade, a natureza e a tecnologia.

On Clocks And Clouds tem um baixo pulsante (cortesia de Diogo Sarcinelli, que também co-assina as guitarras), bateria inspirada (por Filipe Barbosa) e clima Marillionesco em meio às mudanças de andamento e guitarras (Luiz Menezes) que flertam ligeiramente com o Heavy Metal aqui e acolá.  O tecladista Demison Motta mostra seu repertório de timbres no belo interlúdio Twilight Of A Life, preparando o terreno para a longa, sombria e por vezes bem pesada, Nostradamus. Talvez a primeira do material que indubitavelmente pode entrar no nicho do Prog Metal, é também a música que traz a performance mais versátil de Leo, numa linha melódica incomum e bem bonita. A fusão do peso metálico com a complexidade progressiva segue na ótima instrumental Nordgalen e em Icarus (The Myth), essa última com os teclados talvez um pouco acima do aconselhável na mixagem, mas com uma interessante resolução que remete aos melhores momentos do Neo Prog do início dos anos 1980. O disco tem fim com outra faixa épica, sintomaticamente chamada Valhalla, bem dramática (e com um gutural bem colocado, juro que ouvi) e que condensa o clima de todo o trabalho em seus sete minutos de duração.

Veredito da Cripta

Beyond The Void é um disco repleto de ótimas ideias e performances espalhadas num material de qualidade, mas que demanda atenção do ouvinte, crescendo com as repetidas audições. Como um bom disco de Progressivo deve ser, diga-se. Uma estreia promissora de uma banda que aposta num estilo pouco explorado em nosso país!


NOTA: 8,26


Gravadora: Ainda a definir.
Pontos positivos: muita dinâmica e ótimas performances
Pontos negativos: complexo, demanda a atenção do ouvinte em tempos de informações simples e mastigadas
Para fãs de: Marillion, Arena, Pendragon
Classifique como: Rock Progressivo, Metal Progressivo


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