sábado, 20 de janeiro de 2018

Pain Of Salvation – In The Passing Light Of Day (Cd-2017)

Pain Of Salvation - In The Passing Light Of Day (CD-2017)
Do Nascer Ao Pôr Do Sol
Por Trevas

O que um multi-instrumentista sueco que tem uma banda de Prog Metal para lá de idiossincrática faz quando passa meses no leito de um hospital, alguns deles entre a vida e a morte, lutando contra uma bactéria comedora de carne e resistente a boa parte dos antibióticos conhecidos? Anota tudo mentalmente direitinho para lançar um disco conceitual, claro. Brincadeiras à parte, foi exatamente o que fez Daniel Gildenlöw, líder do Pain Of Salvation (ou POS, para encurtar), após passar o ano de 2014 numa feroz luta pela vida.

Daniel, o Prog Hipster? 
In The Passing Light Of Day percorre momentos da vida do sueco, entre altos e baixos, entremeados com os pensamentos que perpassaram sua mente no que poderia ter sido seu leito de morte. Como tudo o que envolve o POS, na verdade um projeto solo mal disfarçado de banda, tanto a temática quanto as músicas sempre trilham a tênue linha entre o genial e o pedante.


Uma música cheia de dinâmica, luz e sombras, silêncios intensos quebrados por riffs cortantes e um refrão excelente - essa é a faixa de abertura, On A Tuesday. Tongue Of God tem um ar calmo rompido repentinamente por aqueles riffs que remetem tanto a uma versão mais Heavy Metal do Faith No More, o que também se reflete no refrão grudento e sombrio.


Meaningless, a bela Power Ballad de contornos Folk, foi muito bem escolhida como primeira música de trabalho do disco. Já nessa terceira música, duas coisas me pareceram bem claras: o tom para lá de sombrio e melancólico do disco. Nada surpreendente dado o tema que norteia a obra. A segunda coisa é a produção um pouco aquém do esperado pelas mãos de Daniel Bergstrand. As músicas tem um som seco e a falta de tato em lidar com os silêncios e rompantes de peso tornam a audição meio complicada em alguns momentos. As partes calmas super baixas no mix, aí você aumenta o volume e daqui a pouco vem um som altíssimo. Um problema semelhante ao que afetou o X Factor do Iron Maiden.


Em termos de musicalidade, a banda soa boa como sempre, a despeito das inúmeras mudanças de formação que basicamente tornaram o POS um projeto de Daniel Gildenlöw. Daniel desenvolveu uma maneira única de cantar e compor. Suas interpretações soam quase esquizofrênicas de tão variadas, mas são de uma sensibilidade ímpar, como podemos ver em números mais “normais”, como Silent Gold, talvez influenciada pela experiência acústica do trabalho anterior.


E na saída da sauna...
Full Throttle Tribe mantém a tradição de faixas midtempo com refrãos marcantes. Já Reasons é irritante até a medula, confesso que me forcei a chegar ao fim da música em todas as tentativas. A baladinha Angels Of Broken Things não ajuda muito (a despeito do belo solo em seu final) e o interesse pela bolachinha dá uma tremenda caída nesse ponto...e a apenas razoável To Tame A Beast não ajuda muito a melhorar o panorama, mesmo com sua eventual transmutação em Rock alternativo dos anos 1990, e o mesmo panorama encontrei em If This Is The End. Se realmente fosse esse o fim, o disco terminaria numa gigantesca decepção.


Sobra então a expectativa de que a faixa título, ao longo de seus mais de quinze minutos de duração, retome o alto padrão de qualidade do disco em sua primeira metade. E In the Passing Light Of Day realmente corresponde a expectativa. Um épico nos moldes dos melhores momentos do Marillion fase Hogarth, com seus momentos de calmaria e fúria sempre guiados por belas melodias.



Veredito da Cripta

In The Passing Light Of Day, fosse um filme, seria daqueles que tem um início fantástico, acaba por se alongar por mais tempo que o necessário, mas que tem um final tão bem bolado que acaba por tornar a experiência irregular uma jornada para lá de válida. Longe de ser o melhor trabalho do POS, ainda assim é um belo álbum. E dia 01 de fevereiro os suecos estarão no palco do Teatro Rival, no Rio de Janeiro...não dá para perder.


NOTA: 8,32


Gravadora: Hellion Records (Nacional).
Pontos positivos: A primeira metade do disco e a faixa título são excelentes
Pontos negativos: a produção e alguns xaropes na segunda metade do disco
Para fãs de: Evergrey, Devin Townsend, Fates Warning
Classifique como: Prog Metal, Metal Moderno

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