sexta-feira, 21 de julho de 2017

Inglorious – II (Cd-2017)







Bastardo Glorioso
Por Trevas

Inglorious é a maior banda a surgir na Inglaterra desde o Led Zeppelin.”
A frase, dita pelo conceituado produtor Sul-Africano Kevin Shirley (Iron Maiden, Journey, Dream Theater, Joe Bonamassa e grande elenco...) é de uma audácia de fazer os pentelhos dos fãs mais tradicionalistas de Classic Rock despencarem. Curiosamente a estranha afirmação a respeito de uma banda que mal completou 3 anos de existência encontra eco no genial guitarrista do Queen, Brian May. Mas afinal, quem diabos é esse tal Inglorious?

Na verdade, o primeiro ponto passível de crítica na fala de Mr. Caveman é chamar o Inglorious de banda. De fato, a dita "banda" não passa de um projeto capitaneado pelo gigante loiro Nathan James, uma figura que ao que consta possui um imenso talento e um ego ainda mais vultuoso. Nathan, um britânico que ainda não chegou aos 30 anos de idade, começou sua carreira cantando em eventos de fãs do Queen. Ganhou maior notoriedade ao participar de dois programas da TV inglesa. No The Voice, foi absolutamente ignorado pelos jurados ao cantar um clássico do Bon Jovi. Sentindo-se humilhado, o jovem somou o sentimento de rejeição a sua ambição feérica e jurou que iria mostrar não só à Grã-Bretanha, mas também ao resto do mundo seu talento.

Nathan, o próprio bastardo inglório
Uma segunda chance na TV quase rendeu-lhe de vez o estrelato. Dessa vez participando do programa Superstar, Nathan foi adotado pelo mentor do reality show, nada mais nada menos que Andrew Lloyd Webber. Os dois viraram unha e carne, até que um choque de egos fez com que o famoso produtor/compositor expulsasse o pupilo do programa. Webber ainda dirigiu palavras duras ao cantor via imprensa, criticando seu ego inflado, críticas que ganharam eco nas palavras de outros músicos participantes do programa. Ainda assim a experiência rendeu frutos ao jovem vocalista, que recebeu um convite para integrar a Trans Siberian Orchestra e a banda solo do lendário Uli Jon Roth. Com Uli, a quem Nathan chama de Mestre Yoda das guitarras, Nathan aprendeu a apreciar a magia da música de uma maneira mais pura e romântica. Mas foi com a TSO, onde passou a ver a cor do dinheiro, capitaneando shows para 20/30.000 pessoas, que o vocalista decidiu que era hora dele mesmo montar sua banda, com a certeza de que seu talento seria o suficiente para alçar voos igualmente altos. Arrogância? Coragem? Fé?

Provavelmente todos os itens misturados. O primeiro disco do Inglorious (cuja formação muda mais do que o Rainbow) saiu ano passado, recebendo boas críticas (ver o ponto de vista da Cripta aqui) e grande destaque na mídia especializada. Poucos meses depois recebi a notícia de que o novo disco, simplesmente intitulado II, ganharia as lojas de disco ao redor do globo.


Inglorious, em sua 789 formação em 3 anos...

Inglorious II, com sua arte de capa que remete ao infame Mean Busisness, do não menos infame supergrupo The Firm, foi produzido pela banda e mixado pelo Kevin Shirley. Foi justamente ao mixar o trabalho que o Caveman se sentiu surpreendido pela qualidade do material, soltando a frase citada no início da matéria. Vamos conferir então se o que temos em mãos é realmente tão impressionante assim.

Após uma climática e tristonha introdução, somo atacados com um peso e groove impressionantes da ótima I Don’t Need Your Loving (ver vídeo). Bons riffs, baixo pulsante, produção cristalina e um ótimo refrão. Um começo para lá de promissor.






Taking The Blame (ver vídeo) começa e você jura que está ouvindo Whitesnake em seus anos pré-farofagem. Mas a voz de Nathan tem qualidade e personalidade suficientes para afastar tais pensamentos impuros.





A sonoridade mais contida e menos estridente do disco trona sua audição mais prazerosa do que na estreia e a evolução vocal de Nathan James é visível, se antes o grandalhão irritava com gritos desnecessários e firulas vocais em profusão, aqui a interpretação é que é o foco, como na bela Tell Me Why. Read All About It (ver vídeo) tem um clima algo Zeppeliano ao mesmo tempo que traz uma pitada de modernidade à mistura. Change Is Coming tem no hammond e nos vocais repletos de tempero soul seus charmes não tão secretos, outra boa faixa num disco que vai se mostrando deliciosamente homogêneo.




A power balada Making Me Pay quebra um pouco o andamento da bolachinha e vem nos lembrar que o vocalista pode estar mais contido, mas gosta de se exibir. Por muito pouco não ultrapassa a fronteira do bom gosto. Mas bom gosto é o que não falta à excelente e vigorosa Hell Or High Water, a melhor faixa do disco (e possivelmente a melhor da banda, ver vídeo). No Good For You segue aquela pegada Whitesnakeana, mantendo o padrão de qualidade elevado.




I’ve Got A Feeling é corretinha, mas fica um pouco aquém do restante do material. Só que vem seguida da ótima e algo setentista Black Magic (ver vídeo), outro dos destaques do disco, tal qual a belíssima balada Faraway (Led Zeppelin até o talo). Perto dessa sequência o encerramento com a competente High Class Woman mostra-se até mesmo um bocado anticlimático.


Saldo Final

Longe de entrar na onda de exagero de Kevin Shirley, Inglorious II não apresenta absolutamente nada de novo ao já bastante explorado bestiário do Hard Rock. Mas mesmo apostando em uma fórmula batida, é impossível passar incólume à qualidade das canções e aos vocais cada vez mais maduros do privilegiado Nathan James. Inglorious II está repleto de clichês, e tenho lá minhas dúvidas se será suficiente para atender à ambição de lotar arenas ao redor do globo, mas é inegavelmente um disco muito divertido que deve figurar em muita lista de melhores do ano por aí.


NOTA: 8,74


Gravadora: Frontiers/Nuclear Blast (importado)
Pontos positivos: belas canções, produção caprichada e ótima performance vocal
Pontos negativos: não traz nada de novo ao estilo 
Para fãs de: Whitesnake, Badlands
Classifique como: Hard Rock, Classic Rock






















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