quinta-feira, 18 de maio de 2017

Chris Cornell - Citibank Hall (Rio de Janeiro - 12/12/2007)


Prólogo, um dia triste
Acordo essa manhã e olho meu whatsapp. Quase todas as mensagens se referem à inesperada partida de um senhor de 52 anos. Esse senhor, Chris Cornell, fora o vocalista do Soundgarden e do Audioslave, uma das maiores vozes de seu tempo.
Olho para o céu lá fora, um tempo fechado e chuvoso. Que me lembrou de uma noite fria e chuvosa em 2007, quando esse mesmo senhor foi responsável pela felicidade de muita gente, em uma casa de shows na Barra da Tijuca. Como homenagem ao legado de Cornell, reproduzo aqui a resenha para seu show solo, em 2007, como fora publicada na versão anterior da Cripta do Trevas, no falecido Fotolog.

R.I.P. Chris Cornell, você fará muita falta.

Trevas


Chris Cornell - Citibank Hall (12/12/2007)

THE MIGHTY CORNHOLIO!!!!!
Por Trevas

Eram pouco mais de 22:00 de uma noite muito chuvosa no Rio de Janeiro, quando Chris Cornell e sua banda adentram o palco de um Metropolitan (sempre será!) meio vazio (meio cheio?), com o andamento marcial de ”Silence”, uma música lenta demais para a abertura de um show de rock, “o que será que nos espera?”, pensei.

Chris, esquálido como uma modelo, com seu olhar vidrado de quem parece ainda não ter voltado de uma viagem de ácido que dura anos e aparentando cada um dos 43 verões vividos (20 deles regados à excessos que lhe custaram caro), com um visual que faria Bob Dylan gritar: “Meu Filhote!”, abre o bico: a voz está lá! Rouca e forte, uma das mais belas da história recente do rock.

Mal me dei conta e a primeira música, que funcionou bem, acaba, e ele anuncia que a próxima canção fala sobre sua terra natal: e lá vai “Original Fire”...ninguém mais tinha dúvidas: Mr. Cornell está vivo como nunca, e pronto para chutar o rabo de cães simérios infiéis como este escriba aqui!!!!

A platéia carioca, cada dia mais fria, aplaude e grita efusivamente nos intervalos das músicas, mas parece morta durante as mesmas. Mas era só olhar para qualquer lado que você veria uma grande quantidade de pessoas que sabia de cor todas as letras.

A ótima “No Such Thing” mostra que Chris, além de ter voltado a cantar bem, passou a se movimentar bastante no palco, esqueça a performance patética de “Live in Cuba”, aliás, jogue fora essa bosta e espere o DVD dessa turnê!

Outro ponto positivo foi a escolha do repertório, cobrindo toda a discografia do cantor, como provou a próxima faixa: “Outshined”, a primeira de várias do Soundgarden. A platéia já está mais que ganha. Gritos histéricos femininos são ouvidos no intervalo das músicas.

A banda que acompanha Mr. Cornell é realmente muito boa e experiente, embora formada por músicos pouco conhecidos: Peter Thorn (Courtney Love, Jewel, Alicia Keys, Chaka Khan...) e Yogi Lonich (Wallflowers, Buckcherry, Fuel, Third Eye Blind, Ron Sexsmith, Kid Rock, Bonnie Raitt, Axl Rose, Slash, Sarah Mclachlan, Anastacia, Meredith Brooks) nas guitarras; Corey McCormick (Rafael Moreira, Roberta Robinson, Dennis Hamm) no baixo e Jason Sutter (Joe Walsh) arrebentando nas baquetas. Depois de arregaçar em “Hunger Strike”, “Be Yourself” e “Spoonman”, sua banda deixa o palco, para uma sequência acústica.

O set acústico começa com “Call Me a Dog”, passando por ótimas versões de “Billie Jean” e “Wide Awake” (a melhor do fraco Revelations), terminando em “Doesn’t Remind Me”, quando a banda volta, em sua metade. No meio do acústico, achei que o público fosse dormir, mas quebrei a cara (de novo!): a plateia aplaudiu muito, e pareceu despertar, contagiando cada vez mais os músicos, que pareciam estar se divertindo muito (vide a guerra de palhetas que travaram durante todo o show).

E tome música: “Cochise”, precedida por uma curta instrumental, o single “Arms Around ypur Love” (com trecho de “Jesus Christ Pose”), “Fell on Black Days” e “Black Hole Sun” simplesmente destroçaram! A ótima “You Know My Name” ficou esquisita sem o arranjo pomposo de estúdio, e a banda se despede ao som matador de “Rusty Cage”.

Já estava de bom tamanho, mas tinha mais: a melhor música de Euphoria Morning, “Can’t Change Me”, “Burden in My Hand”, “Sunshower” (anunciada como a primeira música que ele escreveu, gravada na trilha de Great Expectations, fime de 1998) e “Slaves and Bulldozers” continuaram o ataque.

Um medley meio mal encaixado contando com faixas do Soundgarden e dois covers fechou a noite, totalizando duas horas e quarenta minutos muito inspirados de um show que realmente deve estar na lista dos melhores do ano para todos os que ousaram enfrentar o mau tempo.

Se em estúdio Chris parece perdido, ao vivo está melhor do que nunca, fazendo justiça àquela pesquisa da MTV que o colocou como uma das 22 vozes mais marcantes do rock.

SET LIST (set acústico*):
1. Silence (Solo)
2. Original Fire (Audioslave)
3. No Such Thing (Solo)
4. Outshined (Soundgarden)
5. Show Me How To Live (Audioslave)
6. Hunger Strike (Temple of The Dog)
7. Be Yourself (Audioslave)
8. Spoonman (Soundgarden)
9. Call Me A Dog (Temple of The Dog)*
10. Billie Jean (Solo)*
11. Getaway Car (Audioslave)*
12. Finally Forever (Solo)*
13. Wide Awake (Audioslave)*
14. Like a Stone (Audioslave)*
15. Doesn’t Remind Me (Audioslave)*
16. Instrumental/Cochise (Audioslave)
17. Pushin’ Foward Back (Temple of The Dog)
18. Arms Around Your Love (Solo)
19. You Know My Name (Solo)
20. Fell on Black Days (Soundgarden)
21. Black Hole Sun (Soundgarden)
22. From What You Are (Audioslave)
23. Rusty Cage (Soundgarden)
Bis:
24. Can’t Change Me (Solo)
25. Burden In My Hand (Soundgarden)
26. Sunshower (Solo)
27. Slaves and Bulldozers (Soundgarden)

28. Medley:Searching With My Good Eye Closed/4th of Jully(Soundgarden)/Waiting For The Sun (the Doors)/Whole Lotta Love(Led Zeppelin)

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