domingo, 28 de maio de 2017

Amon Amarth + Abbath – Circo Voador (26/05/2017 – Rio de Janeiro/RJ)









Amon Amarth + Abbath – Circo Voador (26/05/2017 – Rio de Janeiro/RJ)

Fotos e texto por Trevas




Abbath - We’re Abbath! Abbath! Abbath!!!!!


Alguns Headbangers raivosos acreditam que bandas-piada como Massacration ou Steel Panther “Denigrem a imagem do estilo” ou “fazem piada com aquilo que amo”, Tolice. O finado e caricato Immortal já fazia isso com resultados muito mais danosos lá na década de 1990. Às 20:30 uma cortina de fumaça tomava o palco, anunciando o início do show daquele que havia se tornado líder e principal compositor da banda em sua fase final. Um baterista mascarado assume seu posto, circundado por duas esguias figuras de corpse paint. To War! toma de assalto os ouvidos incautos. Em segundos o meme ambulante que atende pelo nome de Abbath assume seu posto. Difícil descrever o que veio após isso.


Esse é o Patati ou o Patatá?


Massas de um Black Metal simplista nos falantes, alternando entre Immortal, I e carreira solo. A banda de apoio tocando de forma correta e algo mecânica. Nenhum sorriso permitido, claro. Abbath vomita palavras inaudíveis se fazendo de bêbado entre as músicas. “balwaharagehiamegamheahfolegweerhgh” Durante elas, toca corretamente, se move com estranha desenvoltura daquela maneira caricata que se tornou marca registrada e canta o esperado. Sim, o rotundo batráquio cara pintada Abbath está com sua voz monocórdia de lagarto em dia. E com as caretas também. Parece o filho do Groo, o Errante, com um guaxinim. Ao anunciar o nome da banda, late “We’re Abbath! Abbath! Abbath!!!”, como se fosse a menina do Exorcista vomitando vitamina de abacate. Dancinhas ridículas se seguem (se teve a infame dança do siri, ou demon dance como os troozões chamam, eu infelizmente perdi). Pose para lá, pose para cá. Mais fumaça. Um roliço simulacro de Gene Simmons das trevas tapa uma narina e ejeta ranho satânico a metros pela outra. Talvez a parte mais criativa do show. 



Gene Simmons e Ace Fr...não, péra...

Outra música se segue. Fumaça. A plateia, até então em sua maioria impassível durante as músicas tal qual a banda de apoio, se empolga após a demonstração explícita de fanfarronice. Talvez na única fala compreensível de toda a apresentação, o monstrinho pergunta “are you feeling Immortal, tonight?” Não, amigão, me sinto apenas cansado desse stand up comedy de cemitério que repete a mesma piada por tempo demais. O set programado termina com cerca de 50 minutos. O baixista se dirige ao patrão, obviamente pedindo para tocarem mais uma música. Abbath se move para a lateral do palco, retornando com semblante derrotado fazendo com os ombros o gesto de “é, tentei, mas não deu”. Não sei quem vetou a continuidade do show, mas agradeço. Próximo aos banheiros, uma fila se formava para o meet and greet, garantido através da compra de merchandise oficial, algo bem satânico (ah, o vil metal). Saio sem entender qual a magia de Abbath, mas é certo que ao menos para alguns, ela existe. Não para mim. Eu preferia ter visto o filme do Pelé. (NOTA: ????)


Rocket Racoon na guitarra






Amon Amarth - Conjurando o Ragnarok

Com um atraso mínimo de cerca de 5 minutos, belas luzes e o som mecânico anunciam a chegada aos palcos dos suecos do Amon Amarth. Infelizmente sem a majestosa produção de palco habitual, The Pursuit Of Vikings começa, e o hirsuto gigante pançudo Johan Hegg nem precisa fazer nada para que a plateia comece a saltitar cantando cada nota do riff. Em apenas uma música os vikings já haviam posto o show de abertura no alforje, mas tinha mais, muito mais. Você sabe quando uma banda atingiu um patamar diferente quando uma sequência de três faixas novas (First Kill, The Way Of Vikings e At Dawn’s First Light), cantadas palavra por palavra pela casa lotada, tem receptividade tão boa quanto as faixas antigas.

Hegg...ou seria Chewbbacca?

Como é comum em bandas escandinavas, a precisão é tamanha na execução das músicas que dá a impressão que estamos ouvindo o disco de estúdio. Falta então energia? Nem um pouco. Todos ornados de instrumentos wireless, os músicos da banda não guardam posição no palco, se movimentando a todo momento e interagindo com a plateia e entre eles mesmos. Em determinado duelo de guitarras durante uma das músicas, Olavi Mikkonen arremessa uma palheta ao final de seu solo para o colega Johan Söderberg, que a pega no ar e continua o solo seguinte. Tudo parece ensaiado, e os rapazes da linha de frente tem cansaço estampado nos olhos, mas em nenhum momento baixam a guarda ou diminuem o ritmo. O único erro que consegui notar foi quando Mikkonen puxou Tattered Banners and Bloody Flags antes do esperado. Erro reparado em segundos.



Pilhando as seis cordas

A formação era quase a mesma do show de 2014, excetuando a adição do baterista Jocke Wallgren, que desempenhou seu papel com precisão e força. O simpático e comunicativo gigante gentil Hegg canta como se tivesse 7 pulmões, e sua performance na repetição do refrão final de Destroyer of the Universe deveria ser estudada pela Nasa. Alternando sua cara de ogro para um sorriso quase infantil ao ver a reação do público a suas músicas, é um raro caso de frontman carismático dentro do universo extremo. A plateia, ensandecida, além de cantar, moshear e pular a todo o momento, ainda ensaiou um simulacro de barca viking que o palhaço Abbath aprovaria.


Destruidores do universo...e do Circo também...


O quarteto Death in Fire, Father of the Wolf, Runes to My Memory e War of the Gods já seria o suficiente para incitar a pilhagem de dezenas de vilas. Mas ainda tinha o bis, que começou mais morno com a fanfarrona Raise Your Horns e teve seu ápice com as clássicas Guardians of Asgaard e Twilight of the Thunder God. Faltou pouco, muito pouco, para a banda igualar o show de 2014, um dos melhores que já vi, mas ainda assim o Amon Amarth prova mais uma vez ser capaz de proporcionar um dos melhores shows de Heavy Metal da atualidade. Excelente! (NOTA: 9,50)


Hegg pedindo para a galera conferir se seu desodorante de sebo de javali já estava vencido





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