segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Curtas: Pretty Maids, Tygers of Pan Tang, Diamond Head, Armored Saint

Curtas: Pretty Maids, Tygers of Pan Tang, Diamond Head, Armored Saint

Pretty Maids - Kingmaker
Pretty Maids – Kingmaker (Cd-2016)

Algo Morno no Reino da Dinamarca

O 15º disco de estúdio dos prolíficos dinamarqueses, 4º no curto período de 5 anos – uma raridade em tempos de download ilegal - traz a mesma fórmula que a banda vem lapidando desde meados dos anos 1990: Pitadas de Power Metal europeu em meio a melodias que não ficariam nem um pouco deslocadas em um trabalho de AOR. Some-se a isso uma produção moderna, com importante uso de teclados nos arranjos e uma ou outra balada incidental farofenta e você tem um diagrama de todos os lançamentos recentes dos caras. O fato é que a fórmula, quando funciona, como na faixa título, é irresistível. E ninguém soa como os cabruncos.




O problema é que para funcionar bem, toda a perfeição dos músicos e da produção do sempre competente Jacob Hansen tem que vir acompanhados de canções marcantes. E, embora Kingmaker não tenha nada em seus quase cinquenta minutos de duração que ofenda os ouvidos, também passa longe de gerar músicas passíveis de integrar o repertório ao vivo do Pretty Maids. Enfim, um disco competente, mas que passa longe dos melhores momentos de uma banda única. Talvez seja hora de desacelerar na quantidade de lançamentos e atentar para o padrão de qualidade.


NOTA: 7,30


Pontos positivos: produção caprichada
Pontos negativos: falta algo à boa parte do material 
Para fãs de: Eclipse, Scorpions
Classifique como: Power Metal+AOR




Power Farofa Dinamarquesa


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Tygers of Pan Tang
Tygers Of Pan Tang - Tygers Of Pan Tang (Cd-2016)

O Bonde Do Tigrão

Fóssil vivo da NWOBHM, o Tygers of Pan Tang escolheu não nomear seu quinto rebento desde o retorno à ativa (em 1999). Quando uma banda lança um disco homônimo a essa altura da carreira, geralmente o faz com a intenção de mostrar ao mundo um suposto renascimento. E é mais ou menos o que temos aqui. Não, os caras não reinventaram seu som, ainda temos aqui aquela mistura de Hard com um Heavy Metal tipicamente britânico, mas cara, a inspiração estava em alta. Que o diga a abertura, com Only the Brave, facilmente uma das melhores músicas de 2016.


A formação atual traz apenas o guitarrista Rob Weir dos primórdios, mas está longe de ser um catadão sem personalidade. O vocalista Italiano Jacopo Meille já acompanha Weir desde 2004, e a despeito de soar meio irritante em discos anteriores, simplesmente detona aqui. Outro que já está na banda tem muito tempo (desde 2002, para ser mais preciso) é Craig Ellis (batera), que forma uma ótima cozinha com Gavin Gray (baixo). Outro destaque fica para o excelente Micky Crystal, que debulha solos e riffs de primeira. Musicalmente temos faixas que equilibram muito bem o Hard/Heavy (a já citada Only the Brave, Never Give In e Do It Again – todas muito boas) e outras mais festivas, como a contagiante Glad Rags, a bela Praying For a Miracle e o cover bacana para I Got The Music In Me (Kiki Dees Band). A banda estava com a mão tão boa que, até mesmo quando arriscou uma balada xarope tipicamente anos 1980 (The Reason Why), o fez muito bem. Ao final dos 45 minutos do disco homônimo, fiquei com a certeza de estar diante de um dos melhores trabalhos da longa carreira dos britânicos. Só dispenso o grunhido tosco de tigre após a última música, que me deu um baita susto. Excelente!


NOTA: 8,93


Pontos positivos: Inspiração em alta, ótimos vocais, riffs e solos
Pontos negativos: tem cara de anos 1980, se espera modernidade, nem passe perto 
Para fãs de: Saxon, Diamond Head, Def Leppard antigo
Classifique como: Power Metal+AOR

Bonde do tigrão geriátrico
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Diamond Head
Diamond Head – Diamond Head (Cd-2016)

Diamante Errante

Bem, repita aqui a introdução da resenha acima. Temos um disco homônimo tardio de um dos baluartes da NWOBHM. O Diamond Head hoje tem seu nome marcado na história do Rock por sempre ser lembrado pelos estadunidenses do Metallica como uma das suas principais influências nos primórdios da banda. Mas, verdade seja dita, sua carreira nunca sobreviveu ao peso de seu primeiro disco, o excelente Lightning To The Nations. Essa é a segunda tentativa de retorno da banda, com uma formação que traz apenas o guitarrista Brian Tatler de seus primórdios, auxiliado pelo baterista Karl Wilcox, que figurou na encarnação noventista dos caras, além dos novatos Rasmus Bom Andersen (voz), Andy Abberley e Dean Ashton (baixo).


Bones abre o disco de forma vigorosa, mostrando um cruzamento da sonoridade NWOBHM com uma leve e bem-vinda modernidade. Shout At The Devil tem um bom riff prejudicado pela óbvia indução ao clássico homônimo do Motley Crue. A boa Set My Soul On Fire poderia até figurar num disco do Audioslave, não fossem os timbres e algumas sutilezas estilísticas. See You Rise tem aquela rifferama que cheira a AC/DC e bons vocais do competente, mas algo comum, Rasmus Andersen. E talvez aí resida o único problema do disco. É tudo bastante bem tocado, as músicas nunca ficam exatamente enfadonhas, mas o todo carece de personalidade. Tudo soa comum como a voz de Rasmus. Se All The Reasons You Live é outra que bem poderia estar num disco do Audioslave, Wizard Sleeve já é a cara dos primórdios do NWOBHM e talvez mais próxima do que se esperaria da banda. Outras, como Blood on My Hands, remetem ao mediano British Lion do Steve Harris. Ou seja, o ouvinte casual provavelmente irá transitar pelas 11 músicas desse disco sem saber exatamente quem diabos é o Diamond Head. Um disco correto, mas que passa longe de ser essencial.


NOTA: 6,98


Pontos positivos: muito bem produzido
Pontos negativos: algo sem personalidade
Para fãs de: British Lion, Audioslave
Classifique como: Heavy Metal

Diamond Head 2016




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Armored Saint - Saints Will Conquer
Armored Saint – Saints Will Conquer (Cd – 1988/2016)

Desenterrando um Clássico

Saints Will Conquer é o Ep ao vivo que os estadunidenses do Armored Saint soltaram em 1988, registrando 7 faixas nos palcos da turnê de Raising Fear, além de uma música de estúdio inédita. O clássico Ep foi recentemente relançado aqui no Brasil pela Heavy Metal Rock, curiosamente pouco antes da banda lançar seu segundo disco ao vivo na carreira. O material ao vivo da bolachinha é feroz e nada lapidado, e aí reside seu principal charme: todas as versões aqui são superiores às originais de estúdio, graças ao clima quase tosco e à velocidade acelerada das rendições.




Os gang vocals são praticamente jogados nos microfones, John Bush se preocupa muito mais com a garra das interpretações do que com pormenores técnicos. David Pritchard, que morreria dois anos depois, segura muito bem as guitarras sozinho. Gonzo  Sandoval e Joey Vera fazem uma cozinha de respeito, colaborando um bocado para o impressionante peso do resultado final. A oitava faixa é uma até então inédita sobra das gravações da primeira demo dos Saints, datada de 1983. Um imperdível registro de uma era romântica da história do Heavy Metal.


NOTA: CLÁSSICO DA CRIPTA


Pontos positivos: energia pura, ótimas músicas
Pontos negativos: deixa a gente querendo ouvir mais do show
Para fãs de: Riot, Jag Panzer
Classifique como: Heavy Metal


Realce, reaaalce - Armored Saint 1987






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