domingo, 8 de janeiro de 2017

Curtas: Kansas, Ihsahn, Resurrection Kings, Khemmis

Curtas: Kansas, Ihsahn, Resurrection, Khemmis


Kansas - The Prelude Implicit
Kansas - The Prelude Implicit

Uma Jornada Inesperada

Com um Line Up para lá de renovado, o Kansas apostou no vocalista/tecladista Ronnie Platt para refazer seu caminho em estúdio, num inesperado retorno. Não que a banda estivesse parada, mas seu afastamento das gravações desde o fim da era Walsh parecia deixar claro que o Phil Ehart e sua trupe se contentavam em ser um circo itinerante de admirável nostalgia. Ledo engano.



The Prelude Implicit faz com sucesso o cruzamento entre o AOR (With this Heart, que abre o trabalho, que o diga) que garantiu a banda improvável sucesso ao final da década de 1970 e início dos anos 1980 com o Rock Progressivo que marcou seus discos mais festejados (espelhado em trechos instrumentais das músicas ao longo do disco, mas mais claramente nos oito minutos de Voyage of the Eight Eighteen). Longe de ser um disco essencial, ao menos garante uma viajem musical de uma hora de duração que dificilmente desagradará os fãs dos dois mundos pelos quais a banda transitou.


NOTA: 7,89


Pontos positivos: respeita o legado da banda sem medo de apresentar um novo caminho
Pontos negativos: senti a falta de um pouco mais de energia 
Para fãs de: Kansas em todas as fases
Classifique como: Prog Rock, AOR, Classic Rock


Kansas redivivo
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Ihsahn - Arktis
Ihsahn – Arktis (Cd-2016)

Ihsahn Goes Pop?

O sexto disco da carreira solo de Ihsahn, o cérebro do Emperor, representa a primeira vez que o multi-instrumentista norueguês se conteve nos experimentalismos. Talvez uma resposta ao algo hermético Das Seelenbrechen, de 2013. Mas não se assuste, o capirotesco músico não compôs um disco da Lady Gaga, não. Seu som continua aquela mistura bastante única de Black com diversas vertentes do Metal Moderno, se utilizando de saxofone e outros subterfúgios incomuns. Mas basta ouvir as duas ótimas faixas que abrem a bolachinha, Disassembled (com seu ex-parceiro de Emperor, Einar Solberg, na voz) e Mass Darkness (com o fanboy Matt Heafy, do Trivium) para chegarmos à conclusão que as esquisitices de Mr. Ihsahn nunca soaram tão coesas e acessíveis.



My Heart is of the North tem momentos de bela calmaria quebrados por riffs quebrados e um Hammond. Until I Too Dissolve tem seu riff inicial totalmente Hard Rock. Elementos eletrônicos dignos de Chelsea Wolfe dão as caras em South Winds (excelente) e o tal saxofone aparece em Crooked Red Line, mas nenhum desses elementos aparece no disco de forma gratuita, tudo servindo em prol de boas canções. Talvez seja essa a maior demonstração de evolução e maturidade de um músico. Enfim, se você até gostava de alguns elementos das músicas do cara, mas achava o todo meio indigesto, Arktis talvez seja sua chance de adentrar o estranho mundo de Ihsahn. Duvida? Confira então a épica e bela Celestial Violence, que encerra o trabalho e tire suas conclusões. Mais um discaço!


NOTA: 8,85


Pontos positivos: soa vanguardista sem ser hermético
Pontos negativos: a aura talvez seja um pouco otimista demais para os fãs do estilo 
Para fãs de: Opeth, Devin Townsend, Emperor, Pain Of Salvation
Classifique como: Prog Metal, Black Metal, Modern Metal


Ihsahn dando um gelo

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Resurrection Kings
Resurrection Kings - Resurrection Kings (Cd-2016)

Melodic Rock em Nome de Ronnie

Resurrection Kings é o nome de um dos “Spin Offs” que sucederam o desmonte da banda solo do Ronnie James Dio após sua morte, em 2010. O combo conta com o instrumental preciso de Craig Goldy nas guitarras (entre idas e vindas, o guitarrista mais constante na carreira do Dio), Sean McNabb (Dokken, Great White, House of Lords e Quiet Riot) no baixo e o mítico fiel escudeiro do mestre, o baterista Vinny Appice.



O começo da faixa de abertura, a ótima Distant Prayer, já entrega aquele timbre de guitarra que era a cara do Dio fase Craig Goldy. Mas quem apostaria num simulacro da sonoridade Dio tomará um susto quando entrar o vocal de Chas West (Bonhan, Tango Down, Foreigner, Tribe of Gypsies e Lynch Mob). Totalmente voltado para o Melodic Rock/AOR, Chas acaba levando o material mais para esse lado do que para a mistura Hard/Heavy típica de Dio, a banda. Em relação às composições, a banda acerta mais do que erra, como na já citada faixa de abertura, em Wash Away e Who Did You Run To. Mas quando erra, como na melecosa Never Say Goodbye, o negócio desanda bonito. Uma bela estreia, que merece sua atenção.


NOTA: 7,50


Pontos positivos: boas composições e sonoridade com clima oitentista
Pontos negativos: a voz de Chas West cansa com o tempo
Para fãs de: Journey, Foreigner, Lynch Mob
Classifique como: Melodic Rock, AOR


Resurrection Kings

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Khemmis - Hunted
Khemmis – Hunted (Cd-2016)

Enciclopédia Doom

Os estadunidenses do Khemmis surgiram em 2012 e assim que lançaram seu primeiro Ep, foram saudados como uma das bandas mais promissoras da cena underground por lá. Seu primeiro disco, Absolution (de 2015), representou uma boa estreia, mas aqui a coisa vai muito além. Basta ouvir a introdução da faixa de abertura, Above The Water, para perceber a palpável evolução da banda. As harmonias de guitarra intrincadas, com fortes referências ao Metal Tradicional, se mesclam a Riffs que flertam em igual simetria com o Doom e o Stoner. O vocal aqui é limpo e sem maiores maneirismos, como na segunda faixa, a igualmente ótima Candlelight. Mas existem ainda momentos de urros que remetem aos primórdios do Doom britânico, o equilíbrio facilitado pela presença de dois cantores principais, os guitarristas Phil e Ben.



A produção de Dave Otero conseguiu captar bem as qualidades do quarteto, soando saturada nos riffs e límpida nas melodias e harmonias de guitarra, com um Punch perfeito. Todas as cinco faixas são pequenos épicos, a menor sendo a terceira, a boa Three Gates, que soa até mesmo Uptempo para uma banda de Doom. Beyond The Door compila quase todas as vertentes do Doom Metal em seus 9 minutos de duração e o disco fecha com a faixa título, um épico de 13 minutos com riffs suficientes para garantir um disco inteiro e que já pode ser considerado o carro chefe dos caras. Facilmente um dos melhores discos desse prolífico ano de 2016.


NOTA: 9,29


Pontos positivos: equilibra bastante bem as vertentes diferentes do Doom com o Metal Tradicional
Pontos negativos: nada a destacar
Para fãs de: Candlemass, Trouble, Solitude Aeturnus
Classifique como: Doom Metal



Khemmis pegando a estrada






2 comentários:

  1. Khemmis fez um belo trabalho nesse álbum.

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    1. Olá, Leo
      Fez sim, e ainda há espaço para evoluir mais. Banda promissora!
      Abraço
      T

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